22 DE ABRIL DE 2017 – Apresentação nacional em Braga de “O Livro dos Espíritos”, traduzido para português de Portugal

.

.

.
.

Razões dos tradutores:

A nossa tradução de “O Livro dos Espíritos” foi feita inicialmente apenas para uso pessoal, visto que não nos agradavam completamente as versões que conhecíamos em língua portuguesa.
Para além da mensagem dos Espíritos que o Livro nos apresenta, a linguagem e a argumentação desenvolvidas por Allan Kardec, ao longo da obra, foram talhadas de acordo com a sua sensibilidade, face à complexidade da época em que viveu.
No tratamento dessas componentes essenciais, tivemos que seguir o seu exemplo, pensando numa nova geração de leitores, que alargue sensivelmente o número de interessados no esclarecimento da sua origem e do seu destino, em contexto de evolução espiritual.
Por isso se justificaram, não apenas a inclusão de um “Prefácio de tradutores”, com dados genéricos para as pessoas que nunca leram Kardec, como também um conjunto de notas finais de contextualização histórico-cultural, que achámos não só adequadas, mas imprescindíveis.
Não é possível manter intocada uma obra que ensina a viver e que tem de concorrer com as novas conceções da vida e do mundo, correndo com isso o risco imediato de não ser nem compreendida, nem aceite pelas gerações que já nasceram sob o signo de novas ideias.Estamos a pensar na nova geração de leitores que, habituados a linguagens muito mais atraentes e dinâmicas, só poderá aceitar um livro que lhes explique de forma clara, leve e transparente:

‒ O funcionamento do mundo;
‒ As regras e princípios que norteiam a vida;
‒ O que precisam de fazer para cumprir as suas missões de aperfeiçoamento moral e intelectual.

Acreditamos na universalidade e na perenidade da mensagem de “O Livro dos Espíritos”. Estamos seguros que tem argumentos e qualidades suficientes para levar às pessoas de todas as idades uma mensagem válida de edificação da vida.
Pertencendo ambos à geração de portugueses que tiveram o Francês como segunda língua e tendo tido uma experiência continuada, não só com o idioma mas também com a cultura da nação francesa, foi fácil começarmos de há muito a ler Allan Kardec nos originais, tendo assumido recentemente o projeto de traduzir para português o mais possível da sua importantíssima obra.
O trabalho que foi feito destina-se a cumprir um objetivo fundamental, que julgamos elementar.
A justificação para tomarmos tal iniciativa poderá talvez apoiar-se no teor da parábola dos “talentos”, contada por Jesus de Nazaré, pois compreendemos que era a altura propícia e que não devíamos esperar nem mais um dia para realizá-la.

Fizemos a nossa leitura/tradução com a máxima atenção e gosto.
Concluímos que a obra de Allan Kardec é demasiado preciosa para ficar prisioneira de uma errada consagração imobilizadora.
O trabalho feito proporcionou-nos um convívio precioso, a quase intimidade intelectual com a personalidade e a obra de Allan Kardec.

Queremos passar a palavra, dando de graça o que de graça recebemos, o que estamos a fazer agora. Para isso tivemos a generosa hospitalidade de alguns amigos, diligentes trabalhadores da causa espírita, que fomos encontrar na ASEB de Braga.
Agradecemos também à Editora “Luz da Razão”, pelo magnífico trabalho produzido.
A sua hospitalidade e o seu aberto acolhimento são a principal razão pela qual chegámos aqui.

 

 Notas breves sobre o método de tradução que seguimos

Sendo o francês e o português línguas da mesma família latina, tivemos a preocupação de fugir ao critério erróneo da “tradução à letra”, respeitando o fundo e não a forma das palavras do grande livro, tal como os ensinamentos nele contidos recomendam.
O autor teve o intuito de escrever um livro que fosse acessível a todos os leitores da sua época. Sabemos, contudo, as profundas modificações que registaram, entretanto, todas as técnicas de comunicação.
A frase mais curta, a economia de recursos de carácter retórico e enfático, a simplificação dos tempos verbais e muitos outros meios, foram usados por nós para facilitar a aproximação aos leitores, respeitando, entretanto, o carácter próprio que foi conferido à obra pelo seu autor.
Sabendo que as palavras têm alma, usámos uma estrutura lexical coerente com o carácter filosófico e moral da obra, no contexto da sua visão otimista da magnânima Obra da Criação e do glorioso destino da Humanidade.
Para além das versões em português, procurámos esclarecer muitos dos seus aspetos através de traduções noutras línguas e da pesquisa de outras obras do mesmo autor.
Consultámos, por exemplo, a tradução em castelhano de Alberto Giordano, publicada na Argentina em 1970 e influenciada pela que foi feita pelo professor brasileiro José Herculano Pires, que também analisámos com cuidado; e a excelente tradução em língua inglesa da autoria da jornalista Anna Blackwell, profunda conhecedora da cultura espírita, que foi contemporânea e amiga da família Rivail durante o tempo que viveu em Paris. A edição de que nos servimos tinha por intuito revelar a obra de Allan Kardec no universo cultural anglo-saxónico e foi publicada em Boston em 1893, mas o prefácio da autora está assinado de 1875, em Paris.
Também lemos, naturalmente, as conhecidíssimas traduções de Guillón Ribeiro, a seu tempo dirigente da Federação Espírita Brasileira.

 José da Costa Brites e Maria da Conceição Brites

Abril de 2017

 

Clicar na imagem para aceder à LUZ DA RAZÃO EDITORA

.

.

.

.

.

.

.

.

 

 

Contracapa – vale a pena ler

.

.

Contracapa da obra publicada.
para poder ler: é favor clicar e ampliar imagem.

Todo o arranjo gráfico e artístico do livro é de autoria de Ulisses Lopes.

.

.

.

.

.

.

.

PowerPoint sobre a nossa tradução de “O Livro dos Espíritos”

.

.

.

Para ter acesso ao PowerPoint é favor clicar na imagem

 

 

Razões que tivemos para realizar a tradução de “O Livro dos Espíritos”, o seu Prefácio e as suas Notas finais

1 – Insatisfação pelas versões conhecidas em português do Brasil, e o desconhecimento de uma tradução disponível em Português de Portugal que correspondesse às nossas expectativas;
2 – O valor da obra, a sua cosmovisão progressista, optimista e emancipadora, que abre de par em par as portas de uma cultura cientifico-filosófica com objectivos morais, estimulou o gosto de a estudar com método e de a traduzir com rigor para nosso próprio uso;
3 – As Notas finais resultaram do grande interesse do trabalho de pesquisa a respeito da obra de Allan Kardec, cujos benefícios desejámos partilhar com os leitores, cientes de que fica muito por saber e muito por investigar.
4 – Concebida como trabalho para uso pessoal, esta tradução foi feita por puro gosto, sem interesses materiais ou pessoais. O seu resultado final foi eleito à categoria de ato de partilha, para ajudar o maior número possível de leitores a esclarecerem o funcionamento do Universo, a sua origem e o seu destino, que são os temas de que trata “O Livro dos Espíritos”.

 

José da Costa Brites e Maria da Conceição Brites
22 de Abril de 2017

Nos 160 anos de “O Livro dos Espíritos”

.

 

.
.
.

,

,

,

,

 

Duas leis morais que mudam de nome

.

.

.

“passagem para a Atlântida”, grafite e acrílico s/ tela s/ platex, Costa Brites 1998

Livro III Capítulo V e Capítulo VI

Continuamos a abordar na última série de notícias aqui publicadas, temas relacionados com a nossa tradução de “O Livro dos Espíritos”, convictos – da nossa parte – que a análise aprofundada dos aspectos linguísticos que com o mesmo se relacionam, se encontra apenas no seu começo. Isso também faz parte da ideia que apresentámos de fazer de “O Livro dos Espíritos uma Obra Viva e Aberta.

A revisão linguística a que procedemos vai ser muito incompletamente apreciada se os leitores só repararem na mudança do nome de duas das leis morais.
Esta escolha (a lei da destruição, que para nós fica designada como lei da transformação; e a lei da conservação, que para nós fica designada como lei da sobrevivência) não obedece ao capricho de marcar diferenças, mas única e simplesmente porque consideramos que as traduções até agora em vigor são equívocos sérios do ponto de vista cultural e filosófico, mais do que simples erros de opção formal. Ora vejamos:

A palavra “transformação”

Perguntas 728 a 736 (sobre a ideia da morte como transformação necessária ou como destruição abusiva)

A palavra francesa “destruction”, nas várias versões em língua portuguesa de “O Livro dos Espíritos” foi, até ao presente, traduzida pela palavra “destruição”. Prevaleceu o conceito incorreto da “tradução à letra”.

Assinalemos o distanciamento semântico da palavra “destruição” relativamente à ideia da morte como momento feliz de regresso à pátria espiritual, episódio natural da transformação evolutiva, permanente e universal, que caracteriza a cosmovisão espírita.

Nos dicionários de português o primeiro significado da palavra destruir é: “proceder à destruição de; causar destruição em; demolir, arrasar; aniquilar”. Esses significados remetem o termo para o seu mais nítido campo significativo, tal como está claramente definido na pergunta n° 752 desta mesma obra, ao definir de modo contundentemente negativo o “instinto de destruição”:

Podemos ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?
É o instinto de destruição no que ele tem de pior, porque se a destruição é às vezes necessária, a crueldade nunca é necessária. Ela é sempre a consequência de uma natureza má.

De resto, o próprio teor da pergunta n° 730 vem em apoio do que dizemos acima:

Uma vez que a morte deve conduzir-nos a uma vida melhor, livrando-nos dos males deste mundo, sendo mais de desejar do que de temer, porque é que o ser humano tem por ela um horror instintivo que a torna motivo de receio?

Como forma de justificar a adoção da palavra “transformação” como tradução mais correta de “destruction”, para além da pesquisa feita na base de dados Ortolang, podemos ainda socorrer-nos de outros momentos desta mesma obra de Allan Kardec. Recorremos ao texto em francês da resposta a esta mesma pergunta n° 728, que é totalmente eloquente a este respeito:

Il faut que tout se détruise pour renaître et se régénérer ; car ce que vous appelez destruction n’est qu’une transformation qui a pour but le renouvellement et l’amélioration des êtres vivants.

Traduzindo :

É necessário que tudo se extinga, para que renasça e se regenere; porque aquilo que chamais a morte do ser vivo é apenas uma transformação que tem por objetivo a renovação e o melhoramento de todos eles.

No comentário à pergunta n° 182, Allan Kardec esclarece que nos mundos mais evoluídos do que a Terra, a morte não causa a mínima apreensão aos Espíritos, porque a aceitam sem temor, como uma simples “transformação”:

L’intuition qu’ils ont de leur avenir, la sécurité que leur donne une conscience exempte de remords, font que la mort ne leur cause aucune appréhension; ils la voient venir sans crainte et comme une simple transformation.

Traduzindo:

A intuição que têm do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência isenta de remorsos, fazem com que a morte não lhes cause nenhuma apreensão: vêem-na aproximar-se sem medo e como uma simples transformação.

Isto é: A intuição que têm do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência isenta de remorsos, fazem com que a morte não lhes cause nenhuma apreensão: veem-na aproximar-se sem medo e como uma simples transformação.

Coube ao francês Antoine Lavoisier a honra de dar nome a essa importantíssima lei da ciência, que encerra até profundo significado filosófico, mediante a conhecidíssima expressão: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

As razões de natureza científico-cultural que podem ter levado Allan Kardec à adoção do termo “destruction”, neste capítulo de “O Livro dos Espíritos”, foram esclarecidas por Gabriel Delanne, um dos mais importantes seguidores de Kardec, na sua obra “L’Evolution Animique”, no que toca às investigações e descobertas efetuadas, por altura da publicação de “O Livros dos Espíritos”, pelo cientista francês Claude Bernard, fundador da medicina experimental, sobretudo na sua obra publicada em Paris no ano de 1867 “Principes de Médecine Expérimentale”.

Quanto ao uso corrente da língua portuguesa, se alguém morre de morte natural ou acidental, ninguém dirá entre nós – em sentido próprio – que essa pessoa “se destruiu” ou “foi destruída”.

Juntámos aos argumentos disponíveis no próprio texto do original redigido por Allan Kardec, o comentário seguinte:

A morte, transformação libertadora

Pergunta 339 (O momento da encarnação é seguido de perturbação semelhante ao que se verifica na desencarnação?)

A morte aparece na resposta a esta pergunta bem caracterizada como uma transformação libertadora, o contrário da destruição: “na hora da morte, o Espírito deixa a escravidão”. A que corresponde, no original: “A la mort, l’Esprit sort de l’esclavage”.

A palavra “sobrevivência”

Perguntas 702 – 703 (sobre o instinto de sobrevivência)

Preferimos a palavra “sobrevivência” à palavra “conservação”, pela contaminação semântica que esta arrasta consigo, longe da generalidade antropológica que oferece a primeira. Ao fazer esta opção, sabemos que estão a ser quebrados velhos hábitos de tradução de “O Livro dos Espíritos” para a língua portuguesa. Julgamos, entre outras razões, que foi o conceito da “tradução à letra”, que de maneira nenhuma perfilhamos, que justifica a tradução do termo francês original “conservation” pelo termo português “conservação”.

Consultando muito cuidadosamente a base de dados francesa Ortolang, criada pelo CNRTL-Centre National de Ressources Textuelles et Lexicales, uma boa quantidade de razões recomenda a opção do termo “sobrevivência” e outras tantas razões prejudicam a escolha do termo “conservação”.

Poderia até esta última ser preferida, caso se compusesse com uma segunda palavra, isto é: “conservação da espécie”. Mas a ideia de “sobrevivência” tem maior grau de generalidade e é mais adequada à variedade de usos que a palavra tem ao longo de “O Livro dos Espíritos”, onde o uso do termo “conservação” sempre apresenta inconvenientes expressivos. Concentrar a designação da lei numa só palavra também é vantajoso.

.

.

.

.

.

.

.

 

Apóstolos de Verdade ~ lugar@lfa

.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS, OBRA VIVA, OBRA ABERTA!…


NOTA: a categorização de “O Livro dos Espíritos” como obra viva/obra aberta esteve sempre em mente do trabalho que desenvolvemos, por oposição ao estatismo de um livro até certo ponto intocável ou inamovível. O intuito de trazer para a linha da frente da abordagem do espiritismo o ensino dos Espíritos metodizado e categorizado pelo autor/fundador da obra que o apresentou à modernidade, com verdadeiro sentido emancipador e luminoso, começou imediatamente a dar frutos.

lugar@alfa, noutra casa, noutra cidade, noutra cabeça, um site espírita que é uma selecta espírita de relevo exemplar, deu o primeiro passo.

Começou a abordar de modo especializado, divulgando, a primeira NOTA FINAL que figura entre outras CINQUENTA E NOVE, que conferem teor de contextualização histórica, filosófica e científica à tal obra a que só raríssimos autores ousaram acrescentar também NOTAS FINAIS, algumas das quais, de resto, citadas também por nós.
Todas as cabeças, em todas as casas de todas as cidades, podem desde já começar a fazer esse exercício, publicando o resultado do mesmo, o que dá corpo (e alma!…) ao propósito da *obra viva/obra aberta*.
Na importante tarefa da renovação lexical que colocámos em marcha, há um conjunto de palavras (que possuem profundo significado no contexto de uma tradução feita com “espirito próprio”) e que mereceram o devido esclarecimento, que pretendemos ir desenvolvendo no futuro, na reedição deste LIVRO e, quem sabe, na CONTINUAÇÃO DA TRADUÇÃO DE TODA A OBRA DE KARDEC!,,,


OS AMIGOS CAMINHAM SORRIDENTES, DE MÃOS DADAS, AMANDO A VERDADE SEM RECEIOS…

apóstolos de verdade ~

lugalf-01Para visitar a notícia original em lugar@lfa, com a grande alegria dos amigos pela leitura atenta, é favor clicar a imagem, para o maravilhoso encontro das grandes descobertas!…


[ 1 – O Espiritismo é uma religião? ] – Nota final situada na página nº 256.

Este é um assunto que tem tido interpretações diferentes no meio espírita. No livro “O que é o Espiritismo?” Kardec diz-nos:

“O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, trata das relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, esclarece as consequências morais derivadas dessas relações”.

Numa definição de Espiritismo tão clara como esta, Allan Kardec (i) não menciona o termo “religião”. Talvez prevendo que esse problema pudesse colocar-se no futuro, explicou muito bem o seu ponto de vista no discurso que fez na Sociedade de Paris, no dia 1 de Novembro de 1868, publicado na REVISTA ESPÍRITA do mês seguinte, com o título: “O Espiritismo é uma religião”? Todo o artigo é bastante importante e merece uma leitura integral. Porque é muito longo, vamos aqui ver só alguns excertos.

Kardec utiliza como ponto central do seu discurso a importância daquilo a que chamou “a comunhão de pensamentos.” Falou do poder da união de pensamentos capaz de gerar reacções extraordinárias de efeitos morais e físicos.

Revista Espírita de Dezembro de 1868 (excertos”):

“…Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; com efeito, é aí que podem e devem exercer a sua força, porque o objectivo deve ser a libertação do pensamento das amarras da matéria. Infelizmente, a maioria afasta-se deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo o seu dever consistir na realização da forma, se julga livre de dívidas para com Deus e para com os homens, já que praticou uma fórmula.

Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de fraternidade em relação aos outros assistentes; fica isolado no meio da multidão e só pensa no céu para si mesmo.

Por certo não era assim que o entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.” Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, a sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e acções…”

“…Se é assim, perguntarão: então o Espiritismo (ié uma religião? Sem dúvida! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e vangloriamo-nos por isso, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que motivo, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Por não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, é que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem.

Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com o seu cortejo de hierarquias, de cerimónias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a nossa opinião se levantou.

Não tendo o Espiritismo nenhuma das características de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que motivo simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.

As reuniões espíritas podem ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembleias religiosas.

Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuance é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada ideia …”.

CONCLUSÃO:

Lidos atentamente estes excertos da REVISTA ESPÍRITA (i), ficamos com ideias suficientemente esclarecidas para não confundirmos o espiritismo com as organizações histórico culturais dogmáticas, com fortíssimas ligações aos poderes político-estratégicos, que têm assumido o papel das: “…castas sacerdotais com o seu cortejo de hierarquias, cerimónias e privilégios; (…) e das “…ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a nossa opinião se levantou. HUMBERTO MARIOTTI (19051982) (i), grande intelectual que foi por duas vezes presidente da Confederação Espírita Argentina, no fim dos anos 30 e durante os anos 60, elaborou no prólogo escrito para a obra “El Sermón de la Montaña”, uma síntese especialmente feliz que nos ajuda a acomodar uma cultura científico-filosófica de índole positiva e racionalista, com a espiritualizada atitude íntima de tantos dos adeptos espíritas:

“…O Espiritismo, nos estudos universais que realiza, dedica à inteligência a ciência, ao pensamento a filosofia e ao sentimento a religião…”

Esta distribuição dos diferentes horizontes que o espiritismo contempla pelas diversas formas do potencial humano, permite-nos acomodar a análise da fenomenologia mediúnica (i) com o pensamento racional e com a subjectividade íntima. Os factos devem ser considerados como factos, as ideias ordenadas como ideias, restando livres os sentimentos para vibrar do modo que mais convier à pessoa humana. Isso só pode suceder num plano totalmente livre dos constrangimentos do dogma, do pensamento fechado, da repressão íntima e da intolerância colectiva.

Os adeptos e estudiosos do espiritismo são tão fortemente sensíveis à ideia de Deus como ao uso da razão crítica; são tão assíduos praticantes e beneficiários da prece, como estão disponíveis para entender a complexidade do mundo e a memória da Humanidade e as suas contradições.

O desenvolvimento das relações sociais humanas e as contingências do trabalho e da vida não os incapacitam de se sentirem perto dos seus queridos ausentes, íntimos confidentes e agentes invisíveis da espiritualidade envolvente. Porque é sempre possível analisar racionalmente factos concretos, ao mesmo tempo que se organizam ideias produtivas e harmoniosas, enquanto se eleva o pensamento a Deus com um sorriso, uma lágrima ou uma prece.

Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Notas Finais [ 1 – O Espiritismo é uma religião? ] – in Prefácio dos tradutores, pag. 8. Edição “espiritismo cultura” (i), uma tradução para o português de Portugal, de José da Costa Brites e Maria da Conceição Brites © 2016 – todos os direitos reservados; fragmento do livro.

(imagem de contextualização: São Luís com a coroa de espinhos, lápis e giz de Alexandre Cabanel)

Música proposta e oferecida in lugar@lfa:

(DvořákSinfonia nº 9 in E menor “Sinfonia do Novo Mundo” | Symphonieorchester Des Bayerischen Rundfunks, direcção de Mariss Jansons)

ALLAN KARDEC desaconselhou grandes coletivos espíritas

.

.

Dando sequência ao primeiro destaque das Notas Finais da nossa tradução para a língua portuguesa de Portugal dos nossos dias, estamos hoje a inserir o tema apresentado na Nota Final nº 2, inserida na página nº 257, que tem por tema “a organização do espiritismo”, com o qual Allan Kardec muito se preocupou durante todo o período que tão afincada e generosamente se dedicou à sua tarefa de organizar o espiritismo (usando as suas póprias palavras).
Allan Kardec foi muito claro nos avisos que fez a esse respeito, por ter adivinhado os riscos que corria o espiritismo face às perspectivas de apropriação por grandes grupos organizados de uma doutrina que tem essencialmente a ver com a íntima atitude espiritual de cada pessoa, sob a orientação do raciocínio desinteressado  e da reta consciência moral.

 


[ Allan Kardec e a organização do espiritismo] Nota Final situada na página nº 257.

Muitas foram as intervenções de Allan Kardec, de que eloquentemente nos falam os seus livros e a Revista Espírita, a respeito da organização do espiritismo e dos cuidados que os seus dirigentes deverão tomar para impedir a centralização abusiva e os desvios dogmáticos.

Notemos que têm sido esses vícios que, há milénios, têm retirado à Humanidade a capacidade de se auto determinar social, cultural e moralmente. Fundamental é que a cultura espírita possa configurar-se como abordagem racional, tolerante e objectiva do mundo e da vida, de modo a permitir a realização concreta da Lei do Progresso.

As citações abaixo não passam de referências esparsas colhidas através da leitura das fontes indicadas. Contudo, ao mesmo tempo que designam os núcleos pouco numerosos de interessados como forma ideal de agremiação espírita, afirmam a decidida rejeição das várias formas de concentração de poder nas organizações espíritas, que possam reduzir o seu sentido de honestidade moral e intelectual.

Revista Espírita de Dezembro de 1861, sobre “Organização do Espiritismo”

“…aos que têm a coragem da sua opinião, e que estão acima das mesquinhas considerações mundanas, diremos que o que têm a fazer se limita a falar abertamente do Espiritismo, sem afectação, como de uma coisa muito simples e muito natural, sem pregá-la, e sobretudo sem buscar nem forçar convicções, nem fazer prosélitos a todo custo. O Espiritismo não deve ser imposto. Vem-se a ele porque dele se necessita, e porque ele dá o que não dão as outras filosofias…”

“…é sabido que as grandes reuniões são menos favoráveis às belas comunicações e que as melhores são obtidas nos pequenos grupos. É necessário, pois, empenhar-se em multiplicar os grupos particulares. Ora, como dissemos, vinte grupos de quinze a vinte pessoas obterão mais e farão mais pela propaganda do que uma sociedade única de quatrocentos membros.…”

“…Quer a sociedade seja una ou fraccionada, a uniformidade será a consequência natural da unidade de base que os grupos adoptarem. Ela será completa em todos os grupos que seguirem a linha traçada pelo Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns. Um contém os princípios da filosofia da ciência; o outro, as regras da parte experimental e prática. Essas obras estão escritas com bastante clareza para não dar lugar a interpretações divergentes, condição essencial de qualquer nova doutrina…”

“O Livro dos Médiuns” − Segunda parte

– “Das manifestações espíritas” Capítulo XXIX – “Das reuniões e das Sociedades Espíritas”:

“…A grande dificuldade de reunir grande número de elementos homogéneos (…) leva-nos a dizer que, no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações….”

“…As grandes assembleias excluem a intimidade, pela variedade dos elementos de que se compõem; exigem sedes especiais, recursos pecuniários e um aparelho administrativo desnecessário nos pequenos grupos. A divergência de carácter, das ideias e das opiniões, é nelas mais frequentes e oferece aos Espíritos perturbadores mais facilidade para semearem a discórdia. Quanto mais numerosa é a reunião, tanto mais difícil é conterem-se todos os presentes…”

“…Os grupos pequenos jamais se encontram sujeitos às mesmas flutuações. A queda de uma grande Associação seria um insucesso aparente para a causa do Espiritismo, do qual os seus inimigos não deixariam de tirar partido. A dissolução de um grupo pequeno passa despercebida e, além disso, se um se dispersa, vinte outros se formam nas proximidades. Ora, vinte grupos, de quinze a vinte pessoas, terão mais êxito e muito mais farão pelo ensino do espiritismo, do que uma assembleia de trezentos ou de quatrocentos indivíduos…”

Revista Espírita de Dezembro de 1868; “Constituição transitória do Espiritismo”:

“…Estabelecida a necessidade de uma direção, de quem receberia poderes o seu chefe? Será aclamado pela totalidade dos adeptos dispersos pelo mundo inteiro? É uma coisa impraticável. Se se impuser pelo seu próprio poder, será aceite por uns, rejeitado por outros e vinte pretendentes poderão surgir disputando a sua posição: seria ao mesmo tempo o despotismo e a anarquia. Semelhante ato seria próprio de um ambicioso, e ninguém seria menos adequado que um ambicioso, e por isto mesmo orgulhoso, para dirigir uma doutrina baseada na abnegação, no devotamento, no desinteresse e na humildade. Estando fora do princípio fundamental da Doutrina, não poderia senão falsear-lhe o espírito….”

“…pretender que o Espiritismo em toda a parte seja organizado da mesma maneira; que os espíritas do mundo inteiro sejam sujeitos a um regime uniforme, a uma mesma maneira de proceder; que devam esperar a luz de um ponto fixo no qual deverão fixar-se, seria uma utopia tão absurda como esperar que todos os povos da Terra formem uma só nação, governada por um único chefe, regida pelo mesmo código de leis e sujeita aos mesmos costumes…”


“…O Espiritismo é uma questão de essência; ligar-se à forma seria uma puerilidade indigna da sua grandeza. Os verdadeiros centros espíritas deverão dar-se as mãos fraternalmente e unirem-se para combater os seus inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo…”

.

cab-05

.

.

.

.

.

.

.

.

O nome de Jesus

.

.

um rosto impossível de retratar

.

Esta é a terceira notícia da série que reproduz Notas Finais da nossa tradução para português de “O Livro dos Espíritos”, situada na página nº 260.

[9] – O nome de Jesus – Introdução VI – Resumo da Doutrina dos Espíritos

É neste ponto de “O Livro dos Espíritos” que surge a primeira referência ao nome de Jesus, tendo utilizado Allan Kardec o adjetivo “Cristo”, o que nos obriga a esclarecer qual foi o motivo que nos levou, ao longo de toda esta obra, a usar para designá-lo exclusivamente o seu verdadeiro nome.
Há dois mil anos, no Próximo Oriente como em muitas outras partes do mundo, as pessoas não tinham nomes tão organizados como agora, com sobrenomes e apelidos. Tinham apenas um nome pessoal ao qual se juntava um designativo para diferençar pessoas com o mesmo nome: o seu local de origem, a profissão ou uma característica muito própria do indivíduo.
Jesus (derivado do nome judaico Jeshua) era conhecido no local onde vivia como filho de José, o carpinteiro, e mais genericamente como “o nazareno”, por ter nascido em Nazaré. É muito comum, em meio espírita usar-se esta designação, Jesus de Nazaré.
No tempo de Allan Kardec, numa sociedade profundamente influenciada pelo pesadíssimo predomínio católico, “Jesus Cristo” era designação usual, tanto que uma imensa maioria de católicos julgava que Cristo seria parte integrante do nome de Jesus, o que não é verdade.
Sendo o espiritismo uma cultura que é orientada pela ordenação racional de factos comprováveis pela experiência, isto é, uma filosofia não dogmática que parte de uma ciência de observação, não pode correr o risco de se deixar embalar por ideias que não são apenas diferentes, são perfeitamente antagónicas.

Ou seja, o espiritismo não aceita dogmas como o da designada “santíssima trindade” que sacralizou Jesus de Nazaré, afastando-o da sua natureza humana, escamoteando o seu papel fundamental de modelo de comportamento moral que nos propõe o ensino dos Espíritos.
Isto é muito claro ao lermos a pergunta nº 625 de “O Livro dos Espíritos”, que pedimos leiam com profunda atenção:

Pregunta: Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu aos seres humanos, para lhe servirem de guia e modelo?

Resposta: Considerai o exemplo de Jesus; a que se segue o muito elucidativo comentário de Allan Kardec:

Jesus é, para os seres humanos, o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão da sua lei, porque estava animado do Espírito divino e por ter sido o ser mais puro que apareceu na Terra.
Se alguns dos que pretenderam instruir os seres humanos na lei de Deus algumas vezes os desviaram para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como leis divinas o que eram apenas leis humanas, criadas para servir as paixões e dominar os homens.

Sendo, portanto, modelo de homens, é impossível conceber Jesus como entidade por qualquer forma constituído de forma artificialmente diferente de qualquer um de nós, seus irmãos, também muito legitimamente honrados pela categoria inalienável de filhos de Deus.
“Cristo”, por seu turno, é um nome que deriva da palavra grega “christos”, que no contexto do cristianismo primitivo de influência greco-judaica inseria Jesus no elenco do messianismo judaico, que quer dizer exatamente “o messias”, “o enviado”, “o ungido”.

...

Paulo, que nunca conheceu pessoalmente Jesus, deu um primeiro passo nessa direção, quando criou “O Cristo da fé” que se afastava muito do Jesus histórico, cuja vida e mensagem lhe não interessavam, uma vez que ele centrava toda a sua doutrina na “morte e ressurreição” de Jesus. Quando o cristianismo começou a helenizar-se e a expandir-se entre os gentios (os não judeus), o título de Cristo passou a ser uma espécie de sobrenome.

Depois do colapso do poder dos Césares de Roma, esvaziados da prerrogativa da sua divinização que lhes era conferida pelo paganismo, tiveram que lançar mão da popularidade crescente e progressiva do cristianismo.
Este tinha avançado de forma imparável impulsionado pelos ensinamentos de Jesus de Nazaré, em coerência com as antigas sabedorias e com a vanguarda científico filosófica das escolas de pensamento Grego, nomeadamente Pitágoras, Sócrates e Platão (Vide capítulo III da Introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo”).
O Império romano, aliado ao poder de alguns altos dignitários do cristianismo nascente, apoderou-se do cristianismo para impor a universalidade da sua influência política e estratégica.
Cristo foi-se tornando uma expressão corrente, enquanto o Jesus ressuscitado recebia o sobrenome de “senhor” ou “kyrios”, fórmula que encaixa adequadamente nas determinações políticas que foram assumidas no Concílio de Niceia, no ano de 325, pelo Imperador Constantino, o grande, para obedecer exclusivamente a interesses de predomínio político e estratégico.

...

Allan Kardec usou indistintamente as palavras Jesus, Cristo, e até Jesus Cristo com o mesmo significado. Porém, quer na ordem das ideias de carácter doutrinário, quer na ordem da consideração histórica da pessoa de Jesus, cento e cinquenta anos depois da elaboração de “O Livro dos Espíritos”, entendemos que é forçoso fazer opções quanto à utilização desta diversidade de nomes, que pode carregar consigo o peso de graves contradições.
A nossa decisão não é apenas linguística nem apenas doutrinária: respeita e faz a devida utilização da memória dos povos, leva em conta as trágicas consequências de mais de 1.700 anos de dogmatismos impiedosamente intolerantes e sangrentos.
Reforçando ideias, repetimos as esclarecidas palavras de Kardec:

“…Se alguns dos que pretenderam instruir os seres humanos na lei de Deus algumas vezes os desviaram para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como leis divinas o que eram apenas leis humanas, criadas para servir as paixões e dominar os homens.”

.

.

um rosto impossível de retratar

.

.
.
.
.

.

.

.

A estrutura didática de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, palestra de Cosme Massi

..

.

 

00498 p.

Tendo restabelecido o contacto com os caros seguidores e todos os visitantes em geral, informamos que não temos estado de modo nenhum afastados do interesse pela cultura espírita.
Temos até já muito avançados uma série de trabalhos para publicar em “espiritismo cultura” e “espiritismo estudo”.
Para já vamos privilegiar uma abordagem metódica a uma obra central do vastíssimo legado de Hippolyte Léon Denisard Rivail, aliás Allan Kardec: “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”.

.

Sem ComM

Apresentamos hoje mais uma palestra da autoria do professor COSME MASSI, investigador e divulgador da cultura espírita de nacionalidade brasileira, que tem por tema a “Estrutura Didática de O Livro dos Espíritos”, a cujo ficheiro PDF é possível aceder pela ligação colocada ao fundo desta notícia.

.

No fim da palestra acima referida, o professor Cosme Massi respondeu a algumas perguntas do auditório, não audíveis na gravação. Devido ao interesse das respostas e para enriquecer esta notícia juntamos uma síntese de extratos de momentos dessas intervenções:

.

SOBRE A INTERVENÇÃO DE ALLAN KARDEC NA CONFIGURAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA

“…para edificar a doutrina espírita Allan Kardec usou uma metodologia própria. A obra tem muito dele.
Também há o equívoco de achar que a obra é exclusivamente dos Espíritos, a obra tem muito de Kardec que foi o seu coautor. Isso está demonstrado por vários autores. É uma obra também de produção humana; tem a produção espiritual e a produção do homem. Sofre todas as dificuldades da produção do homem…”

KARDEC NUNCA ENTENDEU O ESPIRITISMO COMO VERDADE ABSOLUTA;

“…Kardec contrariou firmemente a ideia de uma verdade absoluta de qualquer teoria ou doutrina.
O Espiritismo jamais se colocou, na visão de Allan Kardec, como detentor da verdade absoluta.
Em “A Génese” no Capítulo I, número 13, e seguintes, na definição do carácter da revelação espírita, vemos que o espiritismo é uma doutrina eminentemente progressista.
(…)
Kardec afirma no nº 55 no referido Capítulo I de “A Génese” que: “…caminhando a par com o progresso, o espiritismo jamais será ultrapassado, porque se verdades novas demonstrarem que ele está em erro acerca de um ponto, ele modificar-se-á nesse ponto”.
Significa isto que o espiritismo é progressivo e não afirma verdades absolutas, NO SENTIDO DE UMA DOUTRINA QUE TENHA O EXCLUSIVISMO DA VERDADE…”

A CIÊNCIA MATERIALISTA ACADÉMICA E A CIÊNCIA ESPÍRITA

“…a ciência não tem que se encarregar do estudo da reencarnação, não é função dela. Há entretanto vários cientistas em várias universidades do mundo interessados no estudo de alguns fenómenos que, no campo da psiquiatria ou da psicologia, colocam o problema da reencarnação. Isso é uma decisão deles, mas o objeto das ciências é sempre do domínio material.
As ciências não admitem, pelo âmbito materialista dos seus estudos, as premissas fundamentais para estudar a reencarnação, que é a existência do próprio espírito.
(…)
Pode ser que as limitações da explicação desses fenómenos apenas à base do cérebro cheguem a um momento em que a ciência seja obrigada a DAR O SALTO. Quando a ciência já não conseguir de maneira nenhuma explicar certos fenómenos à base do estudo materialista do cérebro, passando o tempo, poderá ver-se obrigada a admitir OUTRA HIPÓTESE DE ESTUDO, nomeadamente a hipótese da existência do espírito.
(…)
Há pessoas que têm a certeza da sobrevivência da alma, porque:
– É UMA CERTEZA TÃO FORTE COMO A CERTEZA CIENTÍFICA – essa certeza pertence à ciência espírita, que é uma ciência tão boa como qualquer outra, só que está fundamentada em premissas diferentes.
A diferença entre as ciências depende muito das premissas de que elas partem. Não existe uma coisa que seja “a ciência” que concorde em tudo com ela própria.
(…)
Não há portanto “A CIÊNCIA”, há CIÊNCIAS, no plural; diferentes e de acordo com os teóricos que as adoptam. O que faz parte do progresso intelectual.
Nós acreditamos que a realidade do espírito se irá impor um dia como teoria muito sólida, até nas academias.
Vamos aguardar…”

PERGUNTA SOBRE A NECESSIDADE DE MODIFICAÇÃO DO ESPIRITISMO

“…Uma questão muito frequentemente abordada por certas pessoas é a de que o espiritismo precisa de modificações. O problema é que nunca apontam onde.
Não sendo dogmático e não considerando o espiritismo como uma obra perfeita, acho que quem quer mudanças deve dizer onde deveriam ser feitas.
Kardec recomenda em “A Génese” que se reflita sobre tudo; uma das características da doutrina espírita é de que exige, obriga à crítica e ao exame sério.
O espiritismo exige que se faça um exame sério das questões, convida a fazer uma crítica profunda.
O espírita não pode ser dogmático; tem que ser aberto.
Mas não pode ser aberto sem sentido de responsabilidade, não pode aceitar tudo o que aparece, o que é muito comum. Responsável não é o que aceita tudo; é o que aceita depois de crítica, de exame profundo, de reflexão…”


205 avulso pp

A estrutura didática de O LIVRO DOS ESPÍRITOS – PDF

(clicar neste título para descarregar ficheiro)

 

.

.

.

.

.

.

.

O método recomendado por Allan Kardec, palestra de Cosme Massi

.

 


RE CM 04

– para os interessados no método recomendado por Allan Kardec para estudar o espiritismo, apresento abaixo uma palestra do professor Cosme Massi reduzida a escrito em ficheiro PDF.

bt_test06


O professor Cosme Massi é uma presença destacada no panorama internáutico e editorial do Brasil na comunicação de ideias e de princípios situados na linha essencial do legado de Allan Kardec.
Para os interessados, apresentamos abaixo uma palestra sua reduzida a escrito em ficheiro PDF.

“…Para edificar a doutrina espírita Allan Kardec usou uma metodologia muito própria; a obra tem muito dele…”
“…a obra tem muito de Kardec, que foi seu coautor. Isso está demonstrado por vários autores”

palavras de Cosme Massi, nas respostas finais ao auditório de uma palestra aqui documentada


.

RE CM 05
.
“COMO ESTUDAR O ESPIRITISMO” de Allan Kardec – ficheiro PDF

(Para descarregar ficheiro, é favor clicar na frase)

 


.

.bt_test06

 


.

00571

flores e oliveiras silvestres do Portugal interior, turbilhão de luz com serras em fundo


.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

%d bloggers gostam disto: