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Gaveta de núvens, acrílico s/ tela s/ platex, Costa Brites 2001
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Conheci em tempos uma pessoa que transcrevia comunicações mediúnicas das reuniões espíritas que frequentava.
Com as responsabilidades familiares que tinha, a tarefa fazia-se longa e cansativa.
Sendo de minha amizade muito próxima permiti-me dizer-lhe um dia:
Olha, sendo assim, não tens que transcrever tudo. Dos apontamentos, passa a limpo só as coisas que tiverem história, que sejam aproveitáveis. Com o resto, não te cansas.
Olhou-me a minha serena e confiante amiga, com aquele silêncio perturbado e suspenso com que olhamos temerosamente as coisas que achamos que podemos perder por descuido, e disse-me:
OBRIGADO QUERIDO AMIGO
com essa bem intencionada proposta com que querias sossegar-me
descobri porque são verdades invencíveis as coisas que nos contam os Espíritos nossos amigos:
Nunca nos contam duas coisas iguais, ou ditas da mesma forma.
As comunicações dos espíritos, além de corresponderem a factos comprováveis pela própria vida vivida,
nunca repetem as mesmas verdades da mesma forma, porque,
como a vida vivida, são sempre diversos, variam como
a água de uma fonte, que a cada instante se renova.
As comunicações dos espíritos são de uma verdade que não ilude e não simulam a realidade
são exatamente como a realidade – irrepetível e infinitamente diversa;
é fundamental aproveitá-las todas
da primeira à última letra
Carlos Lobo, um olhar aberto no meio da multidão ; Publicado no “Diário de Coimbra” de 7 de Dezembro de 2001
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