Entre nós há uma vergonha, um medo e uma aversão enorme de falar a respeito das coisas essenciais da vida. Afinal, há ou não há Vida depois da morte ?…… As pessoas viram a cara para o lado, é evidente o medo que têm de abordar a questão.
Perante o segredo que se oculta, não querem esclarecer a verdade, mergulhadas numa indiferença sobre questões inevitáveis.
Quem passear pelas estradas da internet, pelos sítios bem informados dos países mais desenvolvidos, as páginas que nos permitem o esclarecimento a este respeito, são facílimos de encontrar.
Depois de ler este artigo sugerimos que façam o favor de ler os outros que se seguem a respeito do mesmo assunto.
As referências acima, bem como muitas outras que têm sido publicadas nestas páginas, abrem para uma infinidade de assuntos da maior importância. Com a maior seriedade cultural e científica ajudará todos os que lhe prestarem a devida atenção.
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SÓCRATES (469—399 AC.) É um dos poucos indivíduos dos quais se poderá dizer, pela influência cultural e intelectual que exerceu no mundo, que sem ele a história teria sido profundamente diferente. Ficou especialmente conhecido pelo método, que tem o seu nome, de pergunta e resposta, pela noção que tinha da sua própria ignorância e pela afirmação de que uma vida sem o questionamento de si mesma não merece a pena ser vivida.
PLATÃO (427—347 AC.) é um dos mais conhecidos, lidos e estudados filósofos do mundo. Foi aluno de Sócrates e professor de Aristóteles, e viveu na Grécia em meados do século IV A.C. Embora influenciado inicialmente por Sócrates, a tal ponto de o ter tornado a principal figura dos seus escritos, também foi influenciado por Heráclito, Parménides e pelos Pitagóricos.
Sócrates e Platão, precursores do cristianismo e do espiritismo
.. O Capítulo IV da Introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo” surpreende-nos com uma referência fortíssima ao legado de Platão e de Sócrates que está na linha do que nos informa a Introdução de “O Livro dos Espíritos”, no número VI – Resumo dos ensinamentos dos Espíritos, e é coerente com a restante obra de Allan Kardec.
São esses os temas desta publicação, que apresenta os seguintes conteúdos:
NOTA PRÉVIA alertando para a falta de memória da Humanidade e os seus trágicos efeitos.
CAPÍTULO IV da Introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, com o texto introdutório e resumo do legado de Sócrates e Platão, em vinte e cinco pontos, a maioria dos quais é seguido por um comentário de Allan Kardec, salientado a azul;
Como elemento de contextualização do texto anterior, referência de um valioso trabalho de Reinaldo Di Lucia, apresentado no VII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, São Paulo, Brasil, em 2001, cujo ficheiro PDF incluímos e cuja leitura e análise completa empenhadamente recomendamos;
Inserção Capítulo VI da Introdução de “O Livro dos Espíritos”, para os visitantes poderem reler e comparar o seu conteúdo com o Capítulo IV da Introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e o referido legado de Sócrates/Platão.
A FALTA DE MEMÓRIA DA HUMANIDADE E OS SEUS TRÁGICOS EFEITOS
A impiedosa e quase sempre cruel marcha da História impediu que a sequência das culturas e das sensibilidades pudessem ter tido acesso, ao longo dos séculos, às conceções filosóficas aqui referidas e à sua proveitosa utilidade no estabelecimento da paz e na manutenção da tolerância. Referimos, é claro, o manancial de informações científico-filosóficas que nos apresenta a cultura espírita dos nossos dias, em paralelo com o conhecimento já em evidência na Grécia Clássica, plasmado há mais de dois mil anos por alguns dos mais insignes pensadores da História da Humanidade.
Levando em conta o momento superior da civilização, salto qualitativo da Humanidade, durante o qual passou pelo planeta a presença, a palavra e o exemplo de Jesus de Nazaré, muito se perdeu na memória dos homens desde o classicismo Grego até aos tempos de hoje.
Entre o pensamento dos Clássicos Gregos e a actualidade posterior a Allan Kardec, não estamos perante conhecimentos casuais ou desirmanados. Foram informações coligidas a seu tempo exatamente pelos mesmos métodos e derivaram das mesmas fontes de que ainda hoje nos servimos, OS ESPÍRITOS. Os Espíritos na Grécia falaram aos viventes na Terra, irmãos seus como nós o somos agora, com os mesmos propósitos, a mesma vontade generosa e, tantas vezes, para minorar as saudades da pátria espiritual daqueles que prestavam provas e cumpriam expiações como nós o fazemos nas nossas vidas.
Profundo e precioso é o património de conhecimentos da Humanidade, mas lamentável a força dispersiva das piores tendências do Homem, em luta consigo mesmo!…
Com a prática condizente com as ideias aqui expostas, os critérios dogmáticos não teriam surgido ou podiam ter-se resolvido em paz, em harmonia e convivência.
De nada serviram, pelo caminho, os hábitos de milhões de vidas sombrias orientadas pelo medo dos infernos e purgatórios, DAS CRUZADAS ‒ exportação da violência pelo recurso organizado dos organismos político-estratégicos EM ESTREITA CUMPLICIDADE com o DOGMATISMO RELIGIOSO, as conversões à força, a colonização dos corpos, das mentes e das culturas, o pretexto das dilatações da FÉ e dos IMPÉRIOS para a prática dos maiores abusos históricos de todos os tempos, o silêncio mantido à custa de TORMENTOS INQUISITORIAIS e tantas outras abominações que esmagaram as sociedades e foram transportados por todos os continentes, num delírio materialista, desalmado e cego!…
A acentuação destas ideias nada tem de despropositado, antes pelo contrário. A senda pedregosa dos dogmatismos está aberta, e muitos milhões de almas e poderosas forças obscuras continuam a trilhá-la.
Por isso temos recomendado, ao longo destas páginas, uma atenção permanente à memória dos povos e à História da Humanidade. Porque, com o conhecimento dos erros do passado, se resolvem os erros do presente e se evitam as infelicidades injustas do futuro. Muitíssimo grande é a responsabilidade dos portadores de mensagens do ESPÍRITO EMANCIPADOR.
Capítulo IV da Introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo”
A morte de Sócrates, de Jacques-Louis David (1787)
Resumo dos conceitos de Sócrates e Platão que elucidam a ideia da origem e do destino do homem: Depois de cada tema segue a azul comentários de Allan Kardec.
I – “O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, existia junto aos modelos primordiais, às ideias do verdadeiro, do bem e do belo. Separou-se deles ao encarnar e, lembrando o seu passado, sente-se mais ou menos atormentada pelo desejo de lá voltar.”
Não se pode enunciar mais claramente a distinção e a independência do princípio inteligente e do princípio material. É, além disso, a doutrina da preexistência da alma, da vaga intuição que ela conserva da existência de outro mundo ao qual aspira, da sua sobrevivência à morte do corpo, da sua saída do mundo espiritual para encarnar, e do seu regresso a esse mundo após a morte. É, enfim, o germe da doutrina dos anjos caídos.
II – “A Alma perturba-se e confunde-se quando se serve do corpo para analisar algum objeto. Sente vertigens, como se estivesse ébria, porque se liga a coisas que são, pela sua natureza, sujeitas a transformações. Em vez disso, quando contempla a sua própria essência volta-se para o que é puro, eterno, imortal, e sendo da mesma natureza, aí permanece ligada tanto tempo quanto possa. Cessam então as suas perturbações, porque está unida ao que é imutável. Este estado da alma é o que chamamos sabedoria”.
Assim, o homem que considera as coisas vistas de baixo, terra à terra, do ponto de vista material, vive iludido. Para as apreciar com clareza é necessário vê-las do alto, ou seja, do ponto de vista espiritual. O verdadeiro sábio deve, por qualquer forma, isolar a alma do corpo, para ver com os olhos do Espírito. É isso o que ensina o Espiritismo (Cap. II, n° 5).
III – “Enquanto tivermos o nosso corpo, e a nossa alma se encontrar mergulhada nessa corrupção, nunca possuiremos o objeto dos nossos desejos ─ a verdade. De facto, o corpo oferece-nos mil obstáculos, pela necessidade que temos de cuidar dele. Além disso, enche-nos de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de maneira que, com ele, é impossível ser sensato, mesmo por um momento. Mas, se nada se pode conhecer verdadeiramente enquanto a alma está unida ao corpo, uma destas duas coisas se impõe: ou que nunca se conhecerá a verdade, ou que se conhecerá depois da morte. Livres da loucura do corpo, então conversaremos, é de esperar-se, com pessoas igualmente livres, e conheceremos por nós mesmos a essência das coisas. É por isso que os verdadeiros filósofos se preparam para morrer e a morte não lhes parece de maneira alguma temível”. (Ver O Céu e o Inferno, 1ª parte, cap. II, e 2ª parte, cap. I).
Aqui está o princípio das faculdades da alma, obscurecidas devido aos órgãos corporais, e da expansão dessas faculdades depois da morte. Mas trata-se aqui das almas evoluídas, já depuradas. Não acontece o mesmo com as almas impuras.
IV – “A alma impura, nesse estado, encontra-se pesada e é novamente arrastada para o mundo visível, pelo horror ao que é invisível e imaterial. Vagueia, então, segundo se diz, ao redor dos monumentos e dos túmulos, junto dos quais foram vistos, às vezes, fantasmas tenebrosos. Assim devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estar inteiramente puras, e que conservam alguma coisa da forma material, o que permite aos nossos olhos apercebê-las. Essas não são as almas dos bons, mas as dos maus, que são forçadas a vaguear nesses lugares, onde carregam as penas das suas vidas passadas e onde continuam a vaguear até que os apetites inerentes à sua forma material as coloquem de novo a habitar um corpo. Então, retomam sem dúvida os mesmos costumes que, durante a vida anterior, eram da sua predileção”.
Não somente o princípio da reencarnação está aqui claramente expresso, mas também o estado das almas, que ainda estão sob o domínio da matéria, é descrito tal como o Espiritismo o demonstra nas evocações. E há mais, pois afirma-se que a reencarnação é uma consequência da impureza da alma, enquanto as almas purificadas estão livres dela. O Espiritismo diz isto mesmo, apenas acrescenta que a alma que tomou boas resoluções na erraticidade, e que tem conhecimentos adquiridos, trará ao renascer menos defeitos, mais virtudes e mais ideias intuitivas do que na existência anterior. Assim, cada existência marca para ela um progresso intelectual e moral. (O Céu e o Inferno, 2ª parte: Exemplos).
V – “Após a nossa morte, o génio (daïmon, em grego) que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que devem ser conduzidos ao Hades, para aí serem julgados. As almas, depois de permanecerem no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida por numerosos e longos períodos”.
Esta é a doutrina dos Anjos da Guarda ou Espíritos protetores, e das reencarnações sucessivas, após intervalos mais ou menos longos de erraticidade.
VI – “Os demónios preenchem o espaço que separa o Céu da Terra, são os laços que ligam o Grande Todo consigo mesmo. A divindade nunca entra em comunicação direta com os homens, é por meio dos demónios que os deuses se relacionam e conversam com ele, quer durante o estado de vigília quer durante o sono”.
A palavra “daïmon”, que originou o termo “demónio”, na Antiguidade não tinha o sentido do mal, como acontece entre nós. Não se aplicava essa palavra exclusivamente aos seres maldosos, mas a todos os Espíritos em geral, entre os quais se distinguiam os espíritos superiores chamados deuses e os Espíritos menos elevados ou demónios propriamente ditos, que comunicavam diretamente com os homens. O Espiritismo ensina também que os Espíritos povoam o espaço, que Deus não comunica com os homens senão por intermédio dos Espíritos puros, encarregados de nos transmitir a sua vontade, que os Espíritos comunicam connosco durante o estado de vigília e durante o sono. Substituindo a palavra demónio pela palavra Espírito teremos a doutrina espírita; usando a palavra anjo, teremos a doutrina cristã.
VII – “A preocupação constante do filósofo (tal como o compreendiam Sócrates e Platão) é a de ter o maior cuidado com a alma, não tanto por esta vida, que é apenas um instante, mas tendo em vista a eternidade. Se a alma é imortal, não é sábio viver para a eternidade?”
O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa.
VIII – “Se a alma é imaterial, deve voltar, após esta vida, a um mundo igualmente invisível e imaterial, da mesma forma que o corpo, ao decompor-se, volta à matéria. Importa somente distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimenta, como Deus, da sabedoria e dos pensamentos, da alma mais ou menos manchada por impurezas materiais, que a impedem de se elevar ao divino, retendo-a nos lugares da sua passagem pela Terra”.
Sócrates e Platão, como se vê, compreendiam perfeitamente os diferentes graus de desmaterialização da alma. Insistem nas diferenças que resultam da sua maior ou menor pureza. O que eles diziam por intuição, o Espiritismo prova-o, pelos numerosos exemplos que nos põe diante dos olhos (O Céu e o Inferno, 2ª parte).
IX – “Se a morte fosse o desaparecimento total do homem, isso seria de grande vantagem para os maus, que após a morte estariam livres, ao mesmo tempo, dos seus corpos, das suas almas e dos seus vícios.
Só aquele que enriqueceu a sua alma, não com estranhas ornamentações, mas com as que lhe são próprias, poderá esperar tranquilamente a hora da sua partida para o outro mundo”.
Por outras palavras: o materialismo, que proclama o nada após a morte, seria a negação de todas as responsabilidades morais posteriores e, por conseguinte, um estímulo ao mal. O malvado tem tudo a ganhar com o nada, o homem que se livrou dos seus vícios e se enriqueceu de virtudes é o único que pode esperar tranquilamente o despertar na outra vida. O Espiritismo mostra-nos, pelos exemplos que diariamente nos apresenta, quanto é penosa a passagem desta para a outra vida e a entrada na vida futura, para os que praticam o mal. (O Céu e o Inferno, 2ª parte, cap. I).
X – “O corpo conserva bem marcados os vestígios dos cuidados que se teve com ele ou dos acidentes que sofreu. Acontece o mesmo com a alma. Quando está separada do corpo conserva os traços evidentes do seu caráter, dos seus sentimentos, e as marcas que nela deixaram os atos que praticou durante a vida. Assim, a maior desgraça que pode acontecer a um homem é a de ir para o outro mundo com uma alma carregada de crimes. Tu vês, Callicles, que nem tu, nem Polus, nem Górgias, podereis provar que se deve levar outra vida que nos seja mais útil quando formos para o outro mundo. De tantas opiniões diferentes, a única que permanece inabalável é a de que mais vale receber uma injustiça do que cometê-la, e que antes de tudo devemos aplicar-nos, não a parecer, mas a ser um homem de bem”. (Conversas de Sócrates com os discípulos na prisão).
Aqui encontra-se outro ponto capital hoje confirmado pela experiência, segundo o qual a alma não purificada conserva as ideias, as tendências, o caráter e as paixões que tinha na Terra. Esta máxima: mais vale receber uma injustiça do que cometê-la, não é totalmente cristã? É o mesmo pensamento que Jesus exprime por este juízo: “Se alguém te bater numa face, oferece-lhe a outra”. (Cap. XII, nºs 7 e 8)).
XI – “De duas, uma: ou a morte é a destruição absoluta, ou é a passagem da alma para outro lugar. Se tudo deve extinguir- se, a morte será como uma dessas raras noites que passamos sem sonhar e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Mas se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem para um lugar onde os mortos se devem reunir, que felicidade a de ali reencontrarmos os nossos conhecidos! O meu maior prazer seria o de examinar de perto os habitantes dessa outra morada e distinguir entre eles, como aqui, os que são sensatos dos que creem sê-lo e não o são. Mas já é tempo de partirmos, eu para morrer e vós para viver”. (Sócrates aos seus juízes).
Segundo Sócrates, os homens que viveram na Terra encontram-se depois da morte e reconhecem-se. O Espiritismo no-los mostra, continuando as suas relações, de tal maneira que a morte não é uma interrupção, nem uma cessação da vida, mas uma transformação sem solução de continuidade. Sócrates e Platão, se tivessem conhecido os ensinamentos transmitidos por Jesus quinhentos anos mais tarde, e os que o Espiritismo nos transmite hoje, não teriam falado de outra maneira. Nisso, nada há que nos deva surpreender, se considerarmos que as grandes verdades são eternas e que os Espíritos adiantados devem tê-las conhecido antes de vir para a Terra, para onde as trouxeram. Sócrates, Platão e os grandes filósofos do seu tempo poderiam estar, mais tarde, entre aqueles que secundaram Jesus na sua divina missão, sendo escolhidos precisamente porque estavam mais aptos do que outros a compreenderem os seus sublimes ensinamentos. E pode acontecer que façam agora parte da grande plêiade de Espíritos encarregados de virem ensinar aos homens as mesmas verdades.
XII – “Não se deve nunca retribuir a injustiça com a injustiça, nem fazer mal a ninguém, qualquer que seja o mal que nos tenha feito. Poucas pessoas, contudo, admitem este princípio, e as que não concordam com ele só podem desprezar-se umas às outras”.
Não é este o princípio da caridade, que nos ensina a não retribuir o mal com o mal e a perdoar aos inimigos?
XIII – “É pelos frutos que se conhece a árvore. É necessário qualificar cada ação por aquilo que ela produz: chamá-la má quando a sua consequência é má, e boa quando produz o bem”.
Esta expressão: “É pelos frutos que se reconhece a árvore”, encontra-se textualmente repetida, muitas vezes, no Evangelho.
XIV – “A riqueza é um grande perigo. Todo o homem que ama a riqueza, não se ama a si próprio nem ao que é seu, mas ama algo que lhe é mais estranho do que aquilo que é dele”. (Cap. XVI).
XV – “As mais belas preces e os mais belos sacrifícios agradam menos à Divindade do que uma alma virtuosa que se esforce por se lhe assemelhar. Seria grave que os deuses se interessassem mais pelas nossas oferendas do que pelas nossas almas. Se tal acontecesse, os maiores culpados poderiam conquistar os seus favores. Mas não, pois só são verdadeiramente retos e justos os que, pelas suas palavras e pelos seus atos, cumprem os deveres para com os deuses e os homens”. (Cap. X, nºs 7 e 8).
XVI – “Chamo homem violento ao amante vulgar, que ama mais o corpo do que a alma. O amor está por toda a natureza que nos convida a exercitar a nossa inteligência. Encontramo-lo até mesmo no movimento dos astros. É o amor que ornamenta a natureza com os seus admiráveis adornos. Enfeita-se e fixa a sua morada onde encontra flores e perfumes. É ainda o amor que traz a paz à Humanidade, a calma ao mar, o silêncio aos ventos e o sossego à dor”.
O amor, que deve unir os seres humanos por um sentimento de fraternidade, é uma consequência desta teoria de Platão sobre o amor universal, como lei da natureza. Sócrates disse que “o amor não é um deus nem um mortal, mas um grande Daïmon”, ou seja, um grande Espírito que preside ao amor universal. Foi sobretudo esta afirmação que lhe foi imputada como crime.
XVII – “A virtude não pode ser ensinada, vem por um dom de Deus aos que a possuem”.
É quase como a graça no conceito cristão. Mas se a virtude é um dom de Deus, um favor, pode perguntar-se por que razão não é concedida a todos? Por outro lado, se é um dom, não há mérito da parte do que a possui? O Espiritismo é mais explícito, ensina que aquele que a possui já a adquiriu pelos seus esforços nas vidas sucessivas, ao livrar-se pouco a pouco das suas imperfeições. A graça é a força que Deus concede aos homens de boa vontade, para se livrarem do mal e fazerem o bem.
XVIII – “Há uma disposição natural em cada um de nós, é a de nos apercebermos muito menos dos nossos defeitos do que dos defeitos alheios”.
O Evangelho diz: “Vês o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu?” (Cap. X, nº 9 e 10).
XIX – “Se os médicos não conseguem debelar a maior parte das doenças, é porque tratam o corpo sem a alma, e porque, se o todo não se encontra em bom estado, é impossível que as suas partes estejam bem”.
O Espiritismo esclarece as relações entre a alma e o corpo, e prova que um atua incessantemente sobre o outro. Assim, abre um novo caminho à ciência. Mostrando-lhe a verdadeira causa de certas doenças, dá-lhe, pois, o meio de as combater. Quando a ciência levar em conta a ação do elemento espiritual no conjunto orgânico, será mais eficaz.
XX – “Todos os homens, desde a infância, fazem mais mal do que bem”.
Estas palavras de Sócrates tocam a grave questão da predominância do mal sobre a Terra, questão insolúvel sem o conhecimento da pluralidade dos mundos e do destino da Terra, onde habita apenas uma pequena parte da Humanidade. Só o espiritismo lhe dá a solução, que se encontra desenvolvida mais adiante, nos capítulos II, III e V.
XXI – “A sabedoria está em não julgares que sabes aquilo que não sabes”.
Isto vai dirigido àqueles que criticam as coisas de que, frequentemente, nada sabem. Platão completa este pensamento de Sócrates, ao dizer: “Tentemos primeiro torná-los, se possível, mais honestos nas palavras. Se não conseguirmos, não nos preocupemos com eles e busquemos nós a verdade. Tratemos de nos instruir, mas sem nos incomodarmos“. É assim que devem agir os espíritas, em relação aos seus contraditores de boa ou má-fé. Se Platão vivesse hoje encontraria as coisas mais ou menos como no seu tempo e poderia usar a mesma linguagem. Sócrates também encontraria quem zombasse da sua crença nos Espíritos e o tratasse como se fosse louco, assim como ao seu discípulo Platão. Foi por ter professado esses princípios que Sócrates foi ridicularizado, primeiro, depois acusado de impiedade e condenado a beber a cicuta. É bem certo que as grandes e novas verdades, levantando contra si os interesses e os preconceitos que elas ferem, não podem ser estabelecidas sem lutas e sem mártires.
Para as pessoas interessadas em documentar histórico-culturalmente, identificando bem a origem destas referências a Sócrates e Platão, recomendo a leitura integral do seguinte trabalho de Reinaldo Di Lucia:
VII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita / São Paulo 2001 da autoria de REINALDO DI LUCIA
A Escola de Atenas, de Raffaello Sanzio (pintura de 1509-1511), uma das obras mais extraordinárias do Museu do Vaticano que representa grande número de pensadores, entre os quais Platão e Sócrates.
Para completar e actualizar as referências aqui expostas, nada como a palavra de ALLAN KARDEC, com a conhecida síntese:
Resumo dos ensinamentos dos Espíritos, conforme o Capítulo VI da Introdução de “O Livro dos Espíritos”:
Os seres que deste modo comunicam designam-se a si mesmos – como já dissemos – pelo nome de Espíritos ou génios, e como tendo pertencido, pelo menos alguns, a pessoas que viveram na Terra. Constituem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante a vida, o mundo corporal. Resumimos a seguir, em poucas palavras, os pontos mais salientes dos ensinamentos que nos transmitiram:
Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, soberanamente justo e bom. Criou o Universo que inclui todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais. Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal e os seres imateriais constituem o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
O mundo corporal é secundário, poderia deixar de existir ou nunca ter existido sem alterar a essência do mundo espírita. Os Espíritos animam temporariamente um corpo material perecível, cuja morte os devolve à liberdade.
Entre as diferentes espécies de seres corporais, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a um certo grau de desenvolvimento, o que lhe dá superioridade moral e intelectual sobre as outras. A alma é um Espírito encarnado num corpo material.
Há nos seres humanos três coisas:
1º) O corpo ou ser material, semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2º) A alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo;
3º) O sistema de ligação que une a alma ao corpo, o perispírito, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
O ser humano tem assim duas naturezas: pelo corpo participa da natureza dos animais, dos quais possui os instintos; pela alma participa da natureza dos Espíritos. O sistema de ligação entre corpo e Espírito, o perispírito, é um complexíssimo sistema semimaterial.
A morte é o falecimento do corpo mais denso. O Espírito conserva o organismo de ligação ou perispírito, que lhe serve como corpo semimaterial, de muito baixa densidade, invisível para nós no seu estado normal. O Espírito pode torná-lo circunstancialmente visível e mesmo tangível, como acontece no fenómeno das aparições.
O Espírito não é, portanto, um ser abstrato, indefinido, que só o pensamento pode compreender. É um ser real, definido, que em certos casos pode ser apreendido pelos nossos sentidos da vista, da audição e do tato. Os Espíritos pertencem a diferentes níveis, não sendo iguais em poder, inteligência, saber ou moralidade:
– Os da primeira ordem são os Espíritos superiores que se distinguem dos outros pela perfeição, pelos conhecimentos, pela proximidade de Deus, pela pureza dos sentimentos e pelo seu amor ao bem: são os anjos ou Espíritos puros.
− Os dos outros níveis distanciam-se progressivamente desta perfeição.
– Os dos níveis inferiores são propensos às nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. e comprazem-se no mal.
Neste número há os que não são muito bons nem muito maus, são mais perturbadores e intrigantes do que maus. A malícia e as inconsequências parecem ser as suas características: são os Espíritos tolos ou frívolos.
Os Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem. Todos se vão aperfeiçoando, passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta evolução dá-se mediante a encarnação, imposta a uns como expiação e a outros como missão.
A vida material é uma prova a que devem submeter-se repetidas vezes até atingirem a perfeição absoluta: é uma espécie de filtro purificador, do qual vão saindo mais ou menos aperfeiçoados.
Deixando o corpo, a alma regressa ao mundo dos Espíritos, do qual saíra para reiniciar uma nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual fica no estado de Espírito errante. Devendo o Espírito passar por muitas encarnações, conclui-se que todos nós tivemos muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja na Terra, seja noutros mundos. A encarnação dos Espíritos ocorre sempre na espécie humana. Seria um erro acreditar que a alma ou Espírito pudesse encarnar no corpo de um animal. (Ver pergunta 611 e seguintes.)
As diversas existências corporais do Espírito são sempre de evolução positiva e nunca de evolução negativa ou retrógrada: a rapidez desse progresso evolutivo, contudo, depende dos esforços que fazemos para chegar à perfeição. As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós. Assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem perverso a de um Espírito impuro.
A alma tinha a sua individualidade antes da encarnação e conserva-a após a separação do corpo. No seu regresso ao mundo dos Espíritos, a alma reencontra ali todos os que conheceu na Terra e todas as suas existências anteriores desfilam na sua memória, com a recordação de todo o bem e de todo o mal que fez. (Ver perguntas 305 a 307)
O Espírito encarnado está sob a influência da matéria. O ser humano que supera essa influência, pela elevação e purificação da sua alma, aproxima-se dos bons Espíritos com os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites mais rudes, aproxima-se dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal.
Os Espíritos encarnados habitam a multiplicidade dos astros do Universo.
Os Espíritos não encarnados ou errantes não ocupam nenhuma região determinada ou circunscrita. Estão por toda a parte, no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e convivendo connosco com grande proximidade: é toda uma população invisível que se agita em nosso redor.
Os Espíritos exercem sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico uma ação incessante. Agem sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das forças da natureza, causa eficiente de uma multidão de fenómenos até agora inexplicados ou mal explicados, que só encontram solução racional no espiritismo.
As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos estimulam-nos para o bem, apoiam-nos nas provas da vida e ajudam-nos a suportá-las com coragem e resignação. Os maus instigam-nos ao mal: para eles é um prazer ver-nos sucumbir e tornarmo-nos iguais a eles.
As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As comunicações ocultas têm lugar pela boa ou má influência que exercem sobre nós sem o sabermos, cabendo ao nosso julgamento discernir as más e as boas inspirações. As ostensivas realizam-se por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, na maioria das vezes através dos médiuns que lhes servem de instrumentos.
Os Espíritos manifestam-se espontaneamente ou pela evocação.
Podemos evocar todos os Espíritos:
− Os que animaram homens obscuros e os das personagens mais ilustres, qualquer que seja a época em que tenham vivido;
− Os dos nossos parentes, dos nossos amigos ou inimigos e deles obter, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se acham além túmulo, sobre os seus pensamentos a nosso respeito, assim como as revelações que lhes seja permitido fazer-nos.
Os Espíritos são atraídos em função da sua simpatia pela natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores gostam das reuniões sérias, dominadas pelo amor do bem e pelo desejo sincero de instrução e de melhoria. A sua presença afasta os Espíritos inferiores que, pelo contrário, têm acesso fácil e liberdade de ação entre pessoas frívolas guiadas apenas pela curiosidade, onde quer que predominem os maus instintos.
Longe de obter bons conselhos e informações úteis, só é possível esperar desses Espíritos futilidades, mentiras, brincadeiras de mau gosto ou mistificações, pois servem-se frequentemente de nomes veneráveis para melhor induzirem em erro.
Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. A linguagem dos Espíritos superiores é constantemente digna, nobre, cheia da mais alta moralidade, livre de qualquer paixão inferior. Os seus conselhos revelam a mais pura sabedoria e têm sempre por alvo o nosso progresso e o bem da Humanidade.
A dos Espíritos inferiores, pelo contrário, é inconsequente, muitas vezes banal e mesmo grosseira; se dizem às vezes coisas boas e verdadeiras, dizem com mais frequência falsidades e absurdos, por malícia ou por ignorância. Zombam da credulidade e divertem-se à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade e alimentando os seus desejos com falsas esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na verdadeira aceção da palavra, só se verificam nos centros sérios, cujos membros estão unidos por uma íntima comunhão de pensamentos dirigidos para o bem.
A moral dos Espíritos superiores resume-se, como a de Jesus, nesta máxima evangélica: “Fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam”, ou seja, fazer o bem e não o mal. O ser humano encontra nesse princípio a regra universal de conduta, mesmo para as ações menores.
Os Espíritos superiores ensinam-nos que:
─ O egoísmo, o orgulho e a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria;
─ Aqueles que neste mundo se libertam da matéria, pelo desprezo das futilidades mundanas e pelo exercício do amor ao próximo, se aproximam da natureza espiritual;
─ Cada um de nós se deve tornar útil segundo as faculdades e os meios que Deus nos colocou nas mãos, como prova;
─ O forte e o poderoso devem apoio e proteção ao fraco, porque aquele que abusa da sua força e do seu poder para oprimir o seu semelhante viola a lei de Deus.
Ensinam-nos, enfim:
─ No mundo dos Espíritos, onde nada pode estar escondido, o hipócrita será desmascarado e todas as suas torpezas reveladas;
─ A presença inevitável e incessante daqueles que prejudicámos é um dos castigos que nos estão reservados;
─ Ao estado de inferioridade e de superioridade dos Espíritos correspondem penas e alegrias que nos são desconhecidas na Terra.
Os Espíritos superiores ensinam-nos, também, que não há faltas cujo perdão seja impossível e que não possam ser apagadas pela expiação. É nas sucessivas existências que o ser humano encontra os meios que lhe permitem avançar, segundo o seu desejo e os seus esforços, no caminho do progresso que conduz à perfeição, que é o seu objetivo final.”
Este é o resumo do espiritismo tal como resulta do ensino dado pelos Espíritos superiores.
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Com sugestões de leitura e requisitos essenciais para entender a obra
Esta nova tradução de O Livro dos Espíritos, da autoria de Hipólito Leão Denisard Rivail, sob o pseudónimo de Allan Kardec, foi feita pelos abaixo-assinados diretamente da língua francesa, conforme a segunda edição original de 1860, de modo a torná-lo acessível a todas as pessoas que falam a língua portuguesa dos dias de hoje, isto é, do ano de 2018.
Destina-se tanto a leitores espíritas como não espíritas, tendo sido este prefácio especialmente redigido para pessoas não espíritas, dando a conhecer as condições essenciais para aceder à mensagem da obra e aos seus ensinamentos. Além da renovação linguística, esta versão do livro contém algumas dezenas de comentários de contextualização cultural, publicadas no fim do mesmo e designadas como “Notas finais”. Têm a finalidade de esclarecer certas palavras e ideias que se encontram deslocadas ou desatualizadas, devido à antiguidade histórica do escrito original.
O que aqui fica dito resulta da imensa admiração e respeito que temos pelo ensinamento dos Espíritos, na forma que foi metodicamente organizada por Hipólito Leão Dénisard Rivail, aliás Allan Kardec.
Como autores da tradução, deste prefácio e das Notas finais, obedecemos exclusivamente, na forma e no conteúdo desse trabalho, à nossa consciência cultural e moral, visto que não somos membros de qualquer organização religiosa, ideológica ou política.
O espiritismo falado em português de Portugal
Tendo procurado traduções de acordo com o português de Portugal dos dias de hoje, só encontrámos versões revistas para português, mas visivelmente subsidiárias das antigas traduções brasileiras, com todas as respectivas características.
Pensamos que não é prestigiante para os espíritas portugueses terem deixado passar tanto tempo sem afirmarem uma desejável autonomia cultural, que tivesse realizado a tradução completa de todos os muito notáveis trabalhos de Allan Kardec, incluindo a Revista Espírita, que teriam ganho, junto dos utilizadores da esplêndida língua portuguesa, mais vigor e trato familiar.
Carácter da obra e suas qualidades essenciais
O Livro dos Espíritos trata de assuntos de índole universal, cujo conhecimento é indispensável a todos os seres humanos conscientes do seu devir ontológico.
O Livro dos Espíritos fornece informações concretas e baseadas em factos, explicando de onde viemos antes de nascer e para onde vamos depois da morte, bastando uma consulta cuidadosa ao índice para ter uma ideia dos seus conteúdos científico-filosóficos e bem assim dos seus objectivos morais.
Pormenoriza a natureza e o significado de fenómenos de todos os dias, dos mais simples aos mais complexos, e qual a atitude mais recomendável para enfrentá-los. Esclarece-nos acerca da alegria, da tristeza, da saúde e das enfermidades, da razão de existirem ricos e pobres e por que razão há pessoas que nascem belas, inteligentes e afortunadas e há outras que nascem com dificuldades, tristezas e até desfiguradas fisicamente.
O Livro dos Espíritos fala com profundidade do bem e do mal, ajudando-nos a compreender a sua complexidade, por vezes desconcertante. A cultura que nos apresenta tem o intuito de melhorar o entendimento do mundo e de reforçar a nossa consciência em clima de responsabilidade sem medo; não obriga ninguém a nada, não é uma religião, não configura um catecismo; apresenta uma visão otimista da vida e alarga os caminhos que conduzem à paz dos indivíduos e da sociedade no seu conjunto.
[1 – O espiritismo é uma religião?]
(NOTA: esta numeração passa a ser inscrita em certos pontos do texto e diz respeito às “Notas Finais” de contextualização cultural, que convirá ir consultando.)
Sugestões para a leitura de O Livro dos Espíritos:
Para quem começa, este não é um livro para ler de empreitada, como uma peregrinação e, muito menos, como uma penitência. Alguns conselhos que aqui registamos aumentarão a receptividade de muitos leitores, dando-lhes a exata noção do que vão encontrar pela frente.
Allan Kardec dedicou uma parte muito importante da sua argumentação com os leitores dirigindo-se, naturalmente, às pessoas do seu tempo. Um número significativo de textos é dirigido aos “opositores”, aos “incrédulos” e aos “adversários” do espiritismo. Nesse tempo, diferentemente do que se passa hoje, escasseavam as actividades lúdicas, e a comunicação social, como a conhecemos hoje, estava à distância de muitos anos. Havia, portanto, certas pessoas que, com a popularidade das “mesas girantes” e das “reuniões espíritas” em geral, se aproximavam desse fenómeno para o contestar, argumentando das mais diversas formas.
É a essas pessoas que Allan Kardec se dirigia em larga porção da “Introdução”, da “Conclusão” e de muitos parágrafos dos extensos comentários espalhados ao longo do Livro.
O leitor da actualidade, posto de sobreaviso, vai compreender o que foi escrito e saberá levar esses textos na devida conta. Estar a argumentar com opositores incrédulos e adversários do espiritismo não faz sentido nenhum na actualidade, porque esses, muito dificilmente abrirão sequer “O Livro dos Espíritos”.
O livro propriamente dito só começa depois de toda a complicada “Introdução” e vem a seguir a um pequeno texto chamado “Prolegómenos”, palavra que quer dizer: “introdução” ou “noções preliminares de uma obra ou de uma ciência”.
O leitor deve ter a liberdade de procurar inicialmente no livro o que mais lhe interessar, lendo por aqui e por ali os temas mais apetecíveis. Poderá, para esse efeito, consultar primeiramente o Índice.
Leia e releia com atenção o que achar mais válido e interessante.
Se não estiver de acordo com o que está explicado em certo ponto, tenha a coragem de prosseguir. Adie as certezas difíceis de atingir com facilidade imediata, para que a longa jornada da vida possa abrir-lhe uma outra maneira de ver as coisas que agora não alcança, mas que tanta falta lhe fazem: o sentido otimista da vida, a esperança, a serenidade e a confiança. Se quiser prosseguir desse modo, é nossa convicta opinião que a leitura deste livro poderá ser um precioso auxiliar para atingir esses objetivos.
Não se pode esperar que a vida e o mundo, a natureza e todo o Universo sejam de entendimento imediato e fácil. Deve, pois, continuar a explorar, mais na atitude de quem estuda do que na atitude de quem lê por simples curiosidade.
O leitor que queira aprender, realmente, deve estar preparado para relacionar diversas partes do livro entre si, tentando encontrar relações coerentes entre os diversos ensinamentos. Só depois de ter feito estas explorações iniciais, com todo o interesse e vontade, valerá a pena ler o livro de uma assentada, ou passar, em alternativa favorável, à leitura de todos os escritos de Allan Kardec, incluindo o formidável conjunto da Revista Espírita, também publicada em vida pelo seu autor.
Requisitos essenciais para entender o livro e a origem dos seus ensinamentos
Sendo muito difícil avaliar a complexidade extraordinária do Universo e configurar com facilidade o significado da vida e da morte, há pessoas que desistem de compreender a realidade como projeto coerente, justo e generoso.
A ciência de observação baseada no estudo dos fenómenos espirituais, associada à enorme coerência de tudo o que nos rodeia desde o átomo às estrelas permite, pelo contrário, concluir que nada acontece de forma gratuita ou casual.
A par dessa conclusão fortemente documentável, todos nós necessitamos de construir reservas de convicção e de energia que nos auxiliem a vencer os obstáculos com êxito, podendo, desejavelmente, ajudar quem nos rodeia, familiares, amigos e a sociedade, com vista ao progresso, à felicidade, à verdade e à justiça, tais como se encontram fielmente configurados pelo conhecimento espírita.
A conclusão contrária de que o mundo e a vida resultam de acasos sem nexo, sem origem nem destino perfeitamente harmonizados, é uma desistência negligente que conduz à desmoralização, à dureza e ao medo.
As provas da coerência do plano das vidas e da natureza são tão volumosas e eloquentes, estão aqui tão próximas de cada um de nós, que não será necessário gastarmos muito tempo argumentando em seu favor. Os que ainda não atingiram esta ideia comecem a prestar atenção: ler “O Livro dos Espíritos” pode ser um bom começo.
Pensamos, portanto, de forma inabalável, que tudo o que existe deriva de uma inteligência suprema criadora de todas as coisas.
Fiquemos agora apenas por essa expressão, à qual não é necessário dar nome. É mais um sentimento que uma ideia definida que reside no íntimo intuitivo da sensibilidade. Deixemos que ela permaneça aí, onde melhor se compreende e onde mais perto está de tudo o que somos.
Quanto ao leitor que ainda duvida, esperamos com toda a convicção que nos encontre mais tarde, comungando da mesma fé que nos anima, com esperança e vontade esclarecida, harmonia e paz no coração. A criação magnânima da vontade superior que nos trouxe aqui não tem pressa. A jornada, que começou não se sabe onde nem como, continuará a desenvolver-se por todo o sempre. Tenhamos, pois, a serenidade que corresponde a esse devir sem limites nem fronteiras.
Como parte mais técnica e prática, sem cujo entendimento é impossível avançar para a leitura, é favor considerar o seguinte: apesar de dotados de importantíssimo património de capacidades orgânicas e racionais, os seres humanos entendem o Universo com ferramentas muito modestas e limitadas.
Os nossos cinco sentidos, a vista, o ouvido, o olfato, o paladar e o tato, deixam-nos a distâncias inimagináveis da realidade das coisas concretas, do mais perto ao mais longínquo, do mais pequeno ao infinitamente grande.
Tudo o que existe é muito mais do que podemos entender com essas limitadas ferramentas sensoriais, por muito completas e exigentes que sejam a nossa imaginação e a nossa inteligência.
No Universo (ou nos Universos?…) é muito mais aquilo que não se vê e não se entende, do que aquilo que se percebe e se sente com a vista e com o entendimento. A espantosa marcha da ciência tem dado passos de gigante ao tentar aproximar-se dessa enormidade de segredos. Mas quanto mais avança, mais profunda é a noção das coisas ignoradas.
Teremos que regressar ao grande Sócrates e à ideia que lhe conferiu a categoria do homem mais sábio de toda a Grécia: aquele que tinha a noção máxima de tudo o que desconhecia.
Existimos, pois, antes de nascermos neste mundo, num outro plano de que não temos conhecimento, no qual continuaremos a existir depois de falecido o corpo que nos serve de veículo existencial. O nascimento e a morte, portanto, não são o começo e o fim de tudo, e esse é um dos ensinamentos fundamentais de “O Livro dos Espíritos”.
Para confirmar factualmente essa realidade são conhecidas fontes de informação, de cuja existência há provas abundantes, que estão documentadas ao longo de toda a existência da Humanidade.
A mediunidade e a troca direta de informações entre o mundo dos vivos e o dos mortos
Havendo pessoas especialmente dotadas com mais um do que os normalíssimos cinco sentidos, têm por isso a capacidade, incompreensível para a maioria, de poderem sentir, ver e até dar voz às entidades espirituais que, depois da vida material, passam a existir no plano a que chamamos “mundo espiritual”.
Essa capacidade, esse sentido raro, chama-se “mediunidade”, porque são chamados “médiuns” os que a possuem.
Médium é uma palavra latina que signifíca “meio”, e que serve para designar o “intermediário” ou “tradutor” das inumeráveis mensagens que têm sido trocadas entre os dois planos da existência, de forma que pode ser comprovada pela realidade dos factos.
A mediunidade é muito mais abundante do que se julga, tem graus de operacionalidade e modalidades muito diversas e já foi estudada em meio científico por diversas autoridades isentas e da maior competência, para além de se tornar evidente para qualquer pessoa que dela tenha o conhecimento direto.
“Mundo material” é o nosso, o do corpo físico que conhecemos, o mundo das coisas que vemos e palpamos à nossa volta.
O “mundo espiritual” é o mundo que não vemos, mas que se faz sentir poderosamente, porque é nele que existimos antes e iremos existir depois, por toda a eternidade. Os contactos entre o “mundo material” e o “mundo espiritual” são contínuos e realizam-se de diversas formas desde há uma imensidade de anos.
O autor de “O Livro dos Espíritos”, Hipólito Leão Denisard Rivail, aliás Allan Kardec, organizou e sistematizou de modo filosófico um grande conjunto de apontamentos tirados de conversas tidas, ao longo de anos, entre pessoas vivas e entidades espirituais, que puderam “conversar” normalissimamente por intermédio de médiuns. Esse trabalho foi desenvolvido em França, em meados do século dezanove. O autor referido designou essa cultura como sendo: “o espiritismo, ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como das suas relações com o mundo corporal”.
É destas conversas, e dos comentários feitos pelo autor da obra a respeito das ideias por ele organizadas, que é feito “O Livro dos Espíritos”.
Segundo as conclusões seguras a que o “espiritismo” chegou, todos nós somos Espíritos, temporariamente ocupados por um breve intervalo de aprendizagens e experiências diversas através da vida no nosso corpo material.
Depois regressaremos, em paz e na maior das liberdades, ao nosso estado natural e mais permanente de Espíritos. Não se esqueçam: com letra maiúscula, por todas as razões mais nobres e mais válidas.
Notas breves sobre o método de tradução que seguimos
Sendo o francês e o português línguas da mesma família latina, tivemos a preocupação de fugir ao critério erróneo da “tradução à letra”, respeitando o fundo e não a forma das palavras do grande livro, tal como os ensinamentos nele contidos recomendam. O autor teve o intuito de escrever um livro que fosse acessível a todos os leitores da sua época. Sabemos, contudo, as profundas modificações que registaram, entretanto, todas as técnicas de comunicação. A frase mais curta, a economia de recursos de carácter retórico e enfático, a simplificação dos tempos verbais e muitos outros meios, foram usados por nós para facilitar a aproximação aos leitores, respeitando, entretanto, o carácter próprio que foi conferido à obra pelo seu autor.
Para além das versões em português, procurámos esclarecer muitos dos seus aspetos através de traduções noutras línguas e da pesquisa de outras obras do mesmo autor.
Consultámos, por exemplo, a tradução em castelhano de Alberto Giordano, publicada na Argentina em 1970 e influenciada pela que foi feita pelo professor brasileiro José Herculano Pires, que também analisámos com cuidado; e a excelente tradução em língua inglesa da autoria da jornalista Anna Blackwell, profunda conhecedora da cultura espírita, que foi contemporânea e amiga da família Rivail durante o tempo que viveu em Paris. A edição de que nos servimos tinha por intuito revelar a obra de Allan Kardec no universo cultural anglo-saxónico e foi publicada em Boston em 1893, mas o prefácio da autora está assinado de 1875, em Paris.
Também lemos as conhecidíssimas traduções de Guillón Ribeiro, a seu tempo dirigente da Federação Espírita Brasileira que, quando pelas primeiras vezes nos vieram à mão, desde logo despertaram em nós a determinação de fazer uma tradução para português de Portugal dos nossos dias. Com o devido respeito por esse trabalho, não foi o modelo que procurámos seguir, por razões muito concretas, mas que não é oportuno detalhar nesta breve apresentação.
A escolha das palavras
Sabendo que as palavras têm alma, usámos uma estrutura lexical coerente com o carácter filosófico e moral da obra, no contexto da sua visão otimista da magnânima obra da criação e do glorioso destino da Humanidade.
No texto original de Allan Kardec, por tendências de época que serão compreensíveis e estão bem estudadas, é usado em certas passagens do Livro algum vocabulário herdado das teorias penalizantes do universo filosófico das antigas religiões.
O aproveitamento dessas expressões nas traduções dos dias de hoje, deixou em absoluto de fazer sentido. Prosseguimos, nesta edição, no uso de referências lexicais compatíveis com a cultura que nos orienta com todo o rigor moral e toda a exigência intelectual. Porém, com uma visão do mundo, que encoraje a conquista da paz e do progresso pelo raciocínio, e da ultrapassagem do erro pelo conhecimento racional. Para colocar esta questão plano histórico cultural, sugerimos a leitura da Nota Final nº 39, que trata da “queda do homem”, e do ensino primordial das religiões dogmáticas.
Allan Kardec
Hipólito Leão Denisard Rivail,
organizador dos ensinamentos dos Espíritos
No início deste prefácio de tradutores escolhemos a grafia do nome Hipólito Leão Denisard Rivail, com os dois nomes próprios traduzidos e Denisard com “s”, como está na sua certidão de nascimento. Fizemos isso por ser a versão que nos parece mais perto da nossa língua e, especialmente, porque nos temos habituado a pensar nele como um semelhante, nosso amigo íntimo.
O destino fez com que Hipólito Leão/Allan Kardec tivesse ficado sem biografia oficial propriamente dita, feita por um contemporâneo seu. Por alguma coisa foi: a obra é o que interessa, ditada por narradores invisíveis, configurada pelo autor que organizou a mensagem.
Vale muito a pena ler tudo o que deixou escrito, sobretudo este “Livro dos Espíritos”, trabalho estruturador da mensagem de que se encarregou. De cada vez que se lê, novas coisas se descobrem e melhor se entendem o todo e os pormenores. Será estudo útil para os que desejam encontrar o fio da vida, tantas vezes encarada como drama sem solução, e serem capazes de construir agora um destino que valha a pena, com alegria e entusiasmo, porque há um depois!…
Hipólito Leão começou a interessar-se pelo tema que iria tratar de forma tão brilhante e generosa numa posição distanciada de qualquer crença, outros- sim cuidadosamente positivista e até cautelosamente cético, numa idade de plena maturidade, apenas por ter sido insistentemente convidado por amigos para esse efeito.
O trabalho, que começou aos 55 anos de idade (numa época em que a esperança de vida era muito inferior à da atualidade), foi levado a cabo com dedicação total, mediante um esforço hercúleo, sem medida, que de certa forma conduziu ao desenlace da sua vida.
Convém referir que o modelo expositivo que serve à estruturação de O Livro dos Espíritos, desenvolvido nas restantes obras de Allan Kardec, obedece ao formato que durante os séculos XVIII e XIX constituía os princípios da exposição cientifica clássica, definindo ordenadamente:
1° – A escolha do objeto de estudo, que se conclui ser o Espírito, tratado no Livro Primeiro (As Causas Primárias); 2° – A análise do objeto de estudo, ou seja, a consideração e avaliação de toda a fenomenologia que constitui a sua razão de ser, que é tratada no Livro Segundo (O Mundo Espírita ou dos Espíritos); 3° – O estabelecimento das leis que regulam esse conjunto de fenómenos, que é feito no Livro Terceiro (sobre as Leis Morais); 4° – A dedução das consequências da aplicação dessas leis, que é feita no Livro Quarto (sobre as Esperanças e Consolações).
O critério de Hipólito Leão, em todo o imenso trabalho que efetuou, nunca foi o de se promover pessoalmente à condição de dirigente ou autoridade ideológica e muito menos religiosa. A metodologia utilizada para a estruturação do “corpus” de informações e saberes científico-filosóficos que levou a cabo foi isenta de segundos sentidos de proveito pessoal ou institucional.
O professor Hipólito Rivail desaconselhou os grandes coletivos espiritas
Obedecendo a critérios que foi enunciando em diversas intervenções, nunca favoreceu o agrupamento de grande número de adeptos em instituições federativas as quais, de antemão, declarou perniciosas, por facilitarem a arquitetura do poder e a manipulação das consciências. Toda a realidade que se seguiu ao seu falecimento, quer em França, quer no estrangeiro, deu plena razão às previsões e avisos que formulou.
Os pequenos grupos de cidadãos, harmonicamente associados numa convivência produtiva de pensamento claro e de reta consciência, na obediência da razão crítica e do diálogo construtivo, formam o modelo mais claramente por si recomendado para constituir a sociedade espírita.
Em síntese, fique esclarecido que a obra traduzida e a filosofia que encerra oferecem uma visão otimista da vida, liberta de dogmatismo, verdadeiramente emancipadora da Humanidade e produtora de paz, na igualdade entre todos os seres humanos.
Consideramos ainda que O Livro dos Espíritos defende, com o máximo respeito, a integridade ecológica do planeta que habitamos, o direito à dignidade, à justiça e à máxima felicidade de todos os seres que nele habitam.
A característica essencial desta tradução, que sugere a passagem de toda a obra de Kardec para o português de Portugal/2018, num clima cultural aberto, é propor o regresso metódico a uma obra muito conhecida pelo seu nome, mas escassamente debatida; abrindo o seu acesso, se possível, a novos públicos e a jovens inquietos pelo grande mistério da sua origem e do seu destino. Para esta terceira edição foram cuidadosamente revistos e ampliados os seus conteúdos de referenciação cultural, além de se ter procurado com mais abertura uma versão mais próxima da nossa linguagem de todos os dias, usando as prodigiosas qualidades estético-culturais de que dispõe a magnífica língua portuguesa.
Consideramos, não obstante, que a nossa tarefa de ler atentamente o que nos deixou Allan Kardec, não fica por aqui. A sua leitura em português dos nossos dias faz parte de um debate de ideias que gostaríamos de ver partilhado e enriquecido pelo maior número de leitores, espíritas e não espíritas.
O destino adequado para O Livro dos Espíritos não é permanecer imóvel, como peça sacralizada de ideias petrificadas. Julgamos que deve ser entendido por todos os seus leitores de antes, de agora e do futuro, como uma obra energicamente VIVA e justificadamente ABERTA.
Entregamo-lo a todos os prezados leitores com os melhores votos de feliz e proveitosa leitura
José da Costa Brites e Maria da Conceição Brites
Setembro de 2018
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Já no terceiro milénio, dispondo de informações e métodos de observação como nunca houve na História da Humanidade, a ciência académica institucionalizada continua a gerir-se de forma muito fechada, oferecendo exclusivamente o ponto de vista materialista para esclarecimento do mundo e da vida.
Sentimo-nos por isso no dever de continuar a apresentar documentos importantes de abertura cultural e científica, no sentido de alargar esses horizontes, hoje em dia ultrapassados e empobrecidos.
A muito conhecida e prestigiada Psi Encyclopedia, apresenta-nos uma lista fabulosa de intelectuais, cientistas, escritores e homens da arte e do pensamento que, já de há muito tempo, têm prestigiado e feito progredir todo o género de saberes que nos tornam mais capazes de compreender o passado e o presente, e muito melhor habilitados para vencer o futuro.
Como forma concreta de documentar a visão do que é eterno e fundamental durante toda a vida de milhares de milhões de pessoas, junto anexamos o prodigioso elenco de individualidades que, nos mais diversos ramos do conhecimento intelectual e da sensibilidade ESPIRITUAL, dão testemunho fundamental do seu elevado ENTENDIMENTO das suas, e das nossas VIDAS.
Com esta apresentação, confiamos no conhecimento bastante alargado da língua inglesa para que o artigo se torne perfeitamente elucidativo.
Many more eminent scientists, thinkers, writers, politicans and artists of various kinds than is generally relized took the possibility of psychical phenomena seriously. Here is a list of more than two hundred of them. Contents
Henri Bergson (1859-1941), philosopher, 1927 Nobel Prize in Literature, president of the Society for Psychical Research and theoretician of consciousness and psi.29
Bjørnstjerne Bjørnson (1832-1910), 1903 Nobel Prize in Literature, wrote an article about a person said to be psychic.30
Pearl S Buck (1892-1973), 1938 Nobel Prize in Literature, visited JB Rhine’s parapsychology meetings.31
Nicholas Murray Butler (1862-1947), 1931 Nobel Prize in Peace, President of Columbia University, philosopher and diplomat, wrote about psi32 and helped organize the American Society for Psychical Research.
Alexis Carrel (1873-1944), 1912 Nobel Prize in Physiology or Medicine, discussed anomalous healing in a book.33
Arthur Holly Compton (1892-1962), 1927 Nobel Prize in Physics, was supportive of psi in his correspondence with JB Rhine.34
Marie Curie (1867-1934), 1903 Nobel Prize in Physics, 1911 Nobel Prize in Chemistry, participated in séances with Eusapia Palladino and wrote of the importance of research in parapsychology.35
Pierre Curie (1859-1906), 1903 Nobel Prize in Physics, participated in séances with Eusapia Palladino and wrote of the importance of research in parapsychology.36
John Eccles (1903-1997), 1963 Nobel Prize in Physiology or Medicine, edited a book discussing psi and participated in related conferences.37
Albert Einstein (1879-1955), 1921 Nobel Prize in Physics, wrote the preface to a telepathy book38 and commented, ‘We have no right to rule out a priori the possibility of telepathy. For that the foundations of our science are too uncertain and incomplete.’39
T. S. Eliot (1888-1965), 1948 Nobel Prize in Literature, a major figure in poetry and essay, ‘regarded highly’ the theory of precognition by Dunne and reprinted his An Experiment with Time while he was director of Faber and Faber. He described a similar view of time in his poem Burnt Norton. ’40
Brian Josephson (1940-), 1973 Nobel Prize in Physics, has written about psi and been a staunch advocate of psi research for decades.41
Maurice Maeterlinck (1862-1949), 1911 Nobel Prize in Literature, wrote on ostensible psi phenomena.42
Thomas Mann (1875-1955), 1929 Nobel Prize in Literature, attended and reported on séances.43
Guglielmo Marconi (1874-1937), 1909 Nobel Prize in Physics, developer of radio and radio telegraphy, interested in spiritualism, he wanted to invent a technology to communicate with the deceased. 44
Kary Banks Mullis (1944-), 1993 Nobel Prize in Chemistry, has participated in psi research and spoken in support of it.45
Wolfgang Pauli (1900-1958), 1945 Nobel Prize in Physics, discussed with Carl Jung the notion of synchronicity and was believed, by himself and by colleagues, to have an interfering psychokinetic effect on machines.46 (See Otto Stern, below)
Jean Perrin (1870-1942), 1926 Nobel Prize in Physics, was a member of the Institut Général Psychologique’s (IGP) Group of Study of Psychic Phenomena.47
Max Planck (1858-1947), 1918 Nobel Prize in Physics and author of quantum theory, expressed his interest in psychical research in his correspondence.48
Sully Prudhomme (1839- 1907), 1901 Nobel Prize in Literature, participated in the Société de Psychologie Physiologique’s committee for the study of telepathy.49
Santiago Ramón y Cajal (1852-1934), 1906 Nobel Prize in Physiology or Medicine, researched hypnosis and psi phenomena and wrote a book about them (destroyed during the Spanish Civil War).50
Sir William Ramsay (1852-1916), 1904 Nobel Prize in Chemistry, discoverer of the noble gases, collaborator of Lord Rayleigh, was a member of the SPR and corresponded with Rayleigh on the SPR’s research activities51
Charles Richet (1850-1935), 1913 Nobel Prize in Physiology or Medicine, founded the Annales des Sciences Psychiques, president of the Society for Psychical Research (1905), and of the Institut Métapsychique International (1923).
George Bernard Shaw (1856-1950), 1925 Nobel Prize in Literature, best known for his very influential plays, including Pygmalion and Arms and the Man. He attended with psi researcher Frank Podmore meetings of the (British) Society for Psychical Research and mentioned incidents of ostensible psi.52
Albert Schweitzer (1875-1965), 1925 Nobel Prize in Peace, reported the paranormal phenomena he observed in Africa and remarked that he would like to carry out psi research.53
Glenn Seaborg (1912-1999), 1951 Nobel Prize in Chemistry for the investigation of traunsuranium elements, co-wrote with Margaret Mead a praising statement about a book on parapsychology. 54
Aleksandr Solzhenitsyn (1908-2008), 1970 Nobel prizewinner in literature, mentions precognition as a fact in his work.55
Otto Stern (1888-1969), 1943 Nobel Prize in Physics, is said to have banned Pauli from his lab, for fear that Pauli’s involuntary PK effect would interfere with the machinery there.56
John William Strutt, Lord Rayleigh (1842-1919), 1904 Nobel Prize in Physics, discovered of argon, collaborator of William Ramsay, president of the Society for Psychical Research.57Eugene Wigner (1902-1995), 1963 Nobel Prize in Physics, encouraged research on physics and psi.58
JJ Thompson (1856-1940), 1906 Nobel Prize in Physics, member of the governing council of the Society for Psychical Research for 34 years.59
WB Yeats (1865-1939), 1929 Nobel Prize in Literature, member of the Society for Psychical Research, wrote extensively about psi and esoterism.60
Other Eminent Figures: Physics, Chemistry, Engineering, Invention
Jacques-Arsène d’Arsonval (1851-1940), physician, physicist, and inventor, led the IGP and carried out research with a spirit medium.61
John Logie Baird (1888-1946), engineer and inventor of television, attended spiritist séances and was persuaded by them.62
Sir William Barrett (1845-1925): Chair of physics at the Royal College of Science in Dublin, Fellow of the Royal Society, and founder and president of the Society for Psychical Research.63
Olivier Costa de Beauregard (1911-2007), quantum physicist, published on parapsychology, first under the pseudonym E. Xodarap, and considered psi phenomena as to ‘be expected as very rational’.64
Alexander Graham Bell (1847-1922), inventor of the telephone, thought that the device might allow communication with the dead.65
John Stewart Bell (1928-1990), physicist, developer of the Bell theorem, employee of the European Council for Nuclear Research (CERN), originator of the Bell theorem, wrote about keeping an open mind regarding psi.66
David Bohm (1917-1992), quantum theoretician, sought to integrate his theory with psi.67
Édouard Branly (1844-1940), physicist, inventor of a component of wireless telegraphy, member of the French Academy of Sciences, was a member of the IGP’s Group of Study of Psychic Phenomena.68
Alexander Butlerov (1828-1886), chemist, pioneer of the theory of chemical structure and discoverer of various elements, researched ostensible psychic manifestations and wrote articles about them.69
Chester Carlson (1906-1968), physicist and inventor of electrophotography, donated money to and was interested in psi research.70
Sir Arthur C. Clarke (1917-2008), fiction and science writer and inventor, discussed psi in his novels and non-fiction, becoming increasingly, but not completely skeptic, about the paranormal.71
Gérard Cordonnier (1907-1977), mathematician, engineer, winner of the Arts, Sciences and Letter Silver Medal, wrote on psi.72
Sir William Crookes (1832-1919), chemist, physicist, and inventor, carried research on DD Home and spiritualism, president of the Society for Psychical Research.73
JW Dunne (1910-1949), aeronautical engineer, wrote An Experiment with Time, a book about precognition.74
Freeman Dyson (1923-2020), theoretical physicist and mathematician who made fundamental contributions to various areas of science, wrote a foreword to a book on psi phenomena in which he stated: ‘ESP is real, as the anecdotal evidence suggests, but cannot be tested with the clumsy tools of science.’75
Thomas Alva Edison (1847-1931), inventor of electric light and sound recording, among other things, was convinced by some psi demonstrations and proposed that instruments could be developed to communicate with the deceased.76
Harold Eugene Edgerton (1903-1990), professor of electrical engineering at MIT, participated in research on remote viewing.77
Gerald Feinberg (1933-1992), physicist, worked at Columbia and Princeton Universities, considered precognition to be at the base of most, or perhaps all, psi phenomena.78
Camille Flammarion (1842-1925), astronomer and writer, founder and first president of the Société Astronomique de France, wrote on psi and mediumship.79
J. T. Fraser (1923-2010), engineer and inventor, founded the multidisciplinary study of time. In his most important book, he refers positively to the naturalistic and experimental work on precognition by the Rhines.80
Richard Buckminster Fuller (1895-1983), systems theorist, inventor, talked about the reality of telepathy.81
George Gamow (1904-1968), physicist, wrote on the ostensible macro-PK effect called the Pauli Effect.82
Arnaud de Gramont (1861-1923), physicist, member of the French Académie des Sciences, founding member of the Institut Métapsychique International.83
Heinrich Hertz (1857-1894), physicist, showed the existence of electromagnetic waves, was a member of the Society for Psychical Research.84
Robert Jahn (1930-2017), dean of engineering at Princeton University, pioneer of deep space propulsion, founded the Princeton Engineering Anomalies Research Lab to study mind-machine interactions and other psi phenomena.85
Ernst Jordan (1902-1980), quantum physicist, wrote on quantum mechanisms and psi.86
Sir Oliver Lodge (1851-1940), physicist and mathematician, developer of wireless telegraphy, principal of Birmingham University, president of the Society for Psychical Research, wrote on mediumship and survival.87
Henry Margenau (1901-1997), Higgins Professor of Physics at Yale and staff at Princeton and MIT, philosopher of science, wrote favorably about parapsychology.88
James Smith ‘Mac’ McDonnell (1899-1980), engineer and chair of the McDonnell-Douglas corporation, supported research in parapsychology.89
Edgar Dean Mitchell (1930-2016), aeronautical engineer, 6th person to walk on the moon. He founded the Institute of Noetic Sciences, in which research on psi is conducted, and published a psi study himself.90
Edward Pickering (1846-1919) astronomer and physicist, director of the Harvard College Observatory, wrote on psi.91
Sir Alfred Pippard (1920-2008), Cavendish Professor of Physics, Cambridge, gave an address to a joint SPR/Parapsychological Association on his mother’s telepathic experiences.92
Michael Polanyi (1891-1976), made important contributions to various fields including chemistry, economics, and epistemology, including the concepts of personal and tacit knowledge. He was cognizant of JB Rhine’s work and remained open to it, mentioning the parapsychological explanation as the simplest one.93
Archie E. Roy (1924-2012), Professor of Astronomy, University of Glasgow, SPR president, wrote on psychical research.94
Giovanni Schiaparelli (1835-1910), astronomer, historian of science and senator, researched Eusapia Palladino.95
Richard Shoup (1943-2015), computer scientists, innovator in digital animation and winner of an Emmy and an Academy Award, proposed a time symmetric theory of psi. 96
Balfour Stewart (1828-1887), physicist, member of the Royal Society, president of the Society for Psychical Research.97
F J M Stratton (1881-1961), Professor of Astrophysics and Director of Solar Physics Observatory at Cambridge, president of the Society for Psychical Research.98
Julien Thoulet (1843-1936). Professor of Mineralogy at the University of Nancy, oceanographer99, described a psi event in a letter to Charles Richet.100
Cromwell Fleetwood Varley (1828-1883), engineer and developer of telegraph technology, conducted physics experiments with mediums.101
Evan Harris Walker (1935-2006), physicist and inventor, developed a quantum explanation of psi.102
Arthur M Young (1905-1995), polymath, helicopter inventor, sought to integrate parapsychology with other branches of science.103
Johann Karl Friedrich Zöllner (1834-1882), astrophycist who provided a measure of the Sun’s radiance and created optical illusions. He was a psychical researcher and wrote on his experiments with medium Henry Slade, who very likely was fraudulent.104
Mathematicians
Burton H Camp (1880-1980), president of the Institute of Mathematical Sciences, wrote that the statistical analyses conducted by Rhine and his team were ‘essentially valid’.105
Augustus de Morgan (1806-1871), mathematician and logician, advanced the study of induction. His wife Sophia, under a pseudonym, wrote a book reporting their investigations on psychic phenomena, with a pseudonymous preface by De Morgan, in which these phenomena were not considered per se precluded by science and a truly agnostic view about psychic phenomena was proposed.106
Sir Ronald A Fisher (1890-1962), statistician and geneticist, corresponded with JB Rhine and published articles on statistical analyses in parapsychology.107
Thomas Greville (1910-1988), statistician, Professor at the University of Wisonsin-Madison, editor of the Journal of the Society for Industrial and Applied Mathematics, developed statistical techniques for psi experiments.108
Irving Good (1916-2009), statistician and cryptologist, colleague of Alan Turing, suggested a physiological method to study nonconscious psi.109
Hans Hahn (1879-1934), mathematician and philosopher, was Vice-president of the Austrian Society for Psychical Research and collaborated in research on psi. 110
John Littlewood (1885-1977), Ball Professor of Mathematics, Cambridge, fellow of the Royal Society, conducted card guessing experiments and wrote on their statistics.111
Eleanor Sidgwick (1845-1936), mathematician, principal of Newnham College, president of the Society for Psychical Research.112
Alan Turing (1912-1954), mathematician, pioneer of computer science and artificial intelligence, wrote of the ‘overwhelming’ statistical evidence for telepathy.113
Psychologists and Social Scientists, Neuroscientists, Biologists, Physicians
Roberto Assagioli (1888-1974), psychiatrist, pioneer of humanistic and transpersonal psychology, wrote a book on psi.114
David Bakan (1921-2004), professor of psychology at the Universities of Chicago and York, discussed Biblical prophecy and contemporary psi research in his courses115
Vladimir Bekhterev (1856-1927), neurologist and reflex psychologist, studied psi in humans and animals.116
Hans Berger (1873-1941), neurologist, created the electroencephalogram, inspired by a telepathic event with his sister.117
Filippo Bottazzi (1867-1941), physiologist, biochemist, wrote a book on mediumistic phenomena.118
Henry Pickering Bowditch (1840-1911), physician, dean of the Harvard Medical School, founding member of the Society for Psychical Research, wrote on psi.119
William Brown (1881-1952), director of the Institute of Experimental Psychology at Oxford University, supported psi research.120
Luther Burbank (1849-1926), botanist, creator or developer of many species, founder of agricultural science. He described his own and his family’s telepathic abilities in his autobiography.121
Dorothy Tiffany Burlingham (1891-1979), pioneer of child psychoanalysis and co-founder of the Hampstead Clinic in London (currently the Anna Freud Centre). Wrote a paper positing psi processes among mothers and children. 122
Rémy Chauvin (1913-2009), biologist, honorary professor at La Sorbonne, researched and wrote on animal psi.123
Irvin L Child (1915-2000), chair of psychology at Yale University, wrote a supportive meta-analysis of the Maimonides dream research program.124
Frederik Willem van Eeden (1860-1932), psychiatrist, writer, and progressive thinker, participated in séances and wrote about lucid dreaming.125
HJ Eysenck (1916-1997), psychologist, researcher in personality, intelligence, and psychotherapy, supported the validity of some psi phenomena and criticized scientistic dogmatism.126
Gustav Fechner (1801-1887), physicist, one of the founders of experimental psychology, participated in séances and wrote about the possibility of survival after death.127
Sándor Ferenczi (1873-1933), central theorist in psychoanalysis, wrote on psi phenomena in development and therapy and communicated with Freud about it.128
Théodore Flournoy (1854–1920), psychologist, professor at the University of Geneva, wrote important books on dissociation without discarding the possibility of psi processes.129
Sigmund Freud (1856-1939), founder of psychoanalysis, wrote a number of papers on psi in psychotherapy.130
Hans Driesch (1867-1941), biologist and philosopher, wrote a book on psi, president of the Society for Psychical Research.131
Sir Ronald A Fisher (1890-1962), statistician and geneticist, corresponded with JB Rhine and published articles on statistical analyses in parapsychology.132
William Hewitt Gillespie (1905-2001), President of the International Psychoanalytical Association, Freud Memorial Professor of Psychoanalysis at University College, London, wrote supportively of psi phenomena.133
Karl Gruber (1881-1927), zoologist, professor at Munich Polytechnic, conducted psi research on animals.134
Guðmundur Hannesson (1866-1946), physician, founder of the Icelandic Scientific Society and rector of the University of Iceland, investigated the medium Indriði Indriðason.135
Sir Alister Hardy (1896-1985), Linacre Professor of Zoology at Oxford, founder of the Religious Experience Research Unit at Oxford, President of the Society for Psychical Research, wrote on psi and religion.136
Raúl Hernández-Peón (1924-1968), neurophysiologist of sleep, sought to integrate psi and neurophysiology137
James Hillman (1926-2011), psychologist, Jungian author, wrote on psi and depth psychology.138
Sir Julian Huxley (1887-1975), evolutionary biologist and first director of UNESCO, mentioned psi supportively in his writing.139
Aniela Jaffé (1903-1991), psychologist, Jungian author, wrote on psi and synchronicity.140
William James (1842-1910), psychologist and philosopher, president of both the British and the American Societies for Psychical Research.141
Pierre Janet (1859-1947), pioneer in the study of dissociation, had success on experiments on hypnosis and psi (but later became cautious about psi).142
CG Jung (1875-1961), founder of analytical psychology, wrote on synchronicity and ostensible psi phenomena.143
Elizabeth Kübler-Ross (1926-2004), psychiatrist, proponent of the hospice care movement, wrote on near-death experiences and the possibility of survival. 144
A N Leontiev (1903-1979), head of the psychology department at Moscow University, investigated remote viewing.145
Jacques Jean Lhermitte (1877-1959), neurologist and neuropsychiatrist, clinical director at the Salpêtrière hospital, member of the Institut Métapsychique International.146
Cesare Lombroso (1835-1909), criminologist and physician, wrote a book on spiritualism and psi.147
Alexander Luria (1902-1977), neuropsychologist, wrote about parapsychology.148
Elizabeth Lloyd Mayer (1947-2005), psychoanalyst, professor at the University of California, investigated psi in depth after a psychic traced a valued stolen possession.149
William McDougall (1871-1938), psychology professor at Harvard and later at Duke, president of both the American and the British Societies for Psychical Research.150
Margaret Mead (1901-1978), cultural anthropologist, helped the Parapsychological Association become a member of the American Association for the Advancement of Science and wrote a supportive introduction to a remote viewing book.151
Paul Meehl (1920-2003), psychologist and philosopher of science, wrote on the likely compatibility of science and ESP.152
Thomas Walter Mitchell (1869-1944), physician, for many years editor of the British Journal of Medical Psychology, president of the Society for Psychical Research.153
John Muir (1838-1914), geologist and naturalist, recounted in a letter having an accurate premonition of encountering an unexpected friend in a valley.154
Gardner Murphy (1895-1979), president of the American Psychological Association and of the Society for Psychical Research,155 wrote extensively on human potentials and on psi.156
Traugott Konstantin Oesterreich (1880-1949), psychologist and philosopher, professor in Tübingen, wrote on spirit possession and psi.157
Sir Alan S Parkes (1900-1990), researcher at University College, London, on reproductive biology, organized and participated in a symposium on psi.158
Candace Pert (1946-2013), neuropharmacologist, chief of the Section on Brain Biochemistry of the Clinical Neuroscience Branch, National Institute of Mental Health, was interested in psychokinetic effects on living systems and subtle energies.159
Théodule-Armand Ribot (1839-1916), psychologist, professor at the Collège of France and La Sorbonne, published papers on psychical research in his journal Revue Philosophique.160
Sante de Sanctis (1862-1935), doctor, psychologist, and psychiatrist, investigated ostensible psi phenomena.161
Hans Schäfer (1906-2000), professor and director of the department of physiology at the University of Heidelberg, epidemiologist, wrote about psi.162
Rocco Santoliquido (1854-1930), physician and Director General of Public Health, investigated a medium, and was founder and president of the Institut Métapsychique International.163
Pitirim Sorokin (1889-1968), founder and director of the department of sociology at Harvard, wrote an introduction to a book on psi.164
Mabel St Clair Stobart (1862-1954), founder of the Women’s Sick and Wounded Convoy Corps (1912) and the Women’s National Service League (1914), wrote about spiritualism.165
Wilhelm Stekel (1868-1940), one of the first associates of Freud and prolific writer, authored a book about telepathy in dreams.166
John R Swanton (1873-1958), president of the American Anthropological Association and editor of American Anthropologist, endorsed parapsychology.167
Leonid I Vasiliev (1891-1966), professor of physiology at Leningrad University, researched extensively psi and suggestion at a distance.168
Alfred Russel Wallace (1826-1923), co-creator of the theory of evolution, investigated and was a supporter of spiritualism.169
William Grey Walter (1910-1977), neurophysiologist and robot inventor, wrote on the use of the EEG to investigate psi.170
Humanities, Philosophers
Bhikhan L Atreya (1897-1967), professor of philosophy at Banaras Hindu University, expert on Hinduism, carried out research and wrote on parapsychology.171
Samuel Bergman (1883-1975), philosopher of physics, dean of the Hebrew University, wrote a book on telepathy.172
Émile Boirac (1851-1917), philosopher, president of the Grenoble and Dijon universities, researched Eusapia Palladino, wrote a book on psychical research.173
Kenneth E Boulding (1910-1993), economist, systems scientist, philosopher, president of the American Association for the Advancement of Sciences, declared to the Washington Star in 1979: ‘The evidence of parapsychology can’t just be dismissed out of hand’.174
CD Broad (1887-1971), Knightsbridge Professor of Moral Philosophy at Cambridge, president of the Society for Psychical Research.175
Kenneth Burke (1897-1993), literary theorist, discussed psi phenomena in the context of creativity.176
Rudolf Carnap (1891-1970), philosopher and member of the Vienna Circle, wrote on the importance of researching psi.177
Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), philosopher and palentologist, wrote on the evolution of psi abilities in The Phenomenon of Man.178
CTK Chari (1909-1993), head of the department of philosophy at Madras Christian College, wrote on philosophy of physics and psi.179
Ernesto de Martino (1908-1965), historian of religion and anthropologist, wrote on the link between ethnology and parapsychology.
Jacques Derrida (1930-2004), philosopher, founder of deconstructionism, wrote an essay discussing the nature of telepathy and its relation to psychoanalysis.180
Max Dessoir (1867-1947), philosopher, psychologist, professor at the University of Berlin, coined ‘parapsychology’ and other psi terms.181
ER Dodds (1893-1979), classical scholar, Regius Professor of Greek (Oxford), president of the Society for Psychical Research.182
CJ Ducasse (1881-1969), professor of philosophy at Washington and Brown Universities, wrote on parapsychology and was a Board member of the American Society for Psychical Research.183
Mircea Eliade (1907-1986), Professor at the University of Chicago, historian of religion and fiction writer, asserted that real paranormal phenomena were at the base of some religious beliefs.184
Antony Flew (1923-2010), philosopher of religion, while not convinced about psi phenomena, opined that there was ‘much interesting and suggestive evidence’.185
Isaac K Funk (1839-1912), lexicographer, editor, founder of Funk & Wagnallis, wrote on psi phenomena.186
Maurice Garçon (1889-1967), lawyer, writer, conjurer, member of the Académie Française, researched psi phenomena.187
James H Hyslop (1854–1920), philosopher, psychologist, professor at Columbia University, wrote extensive on psi.188
LP Jacks (1860-1955), professor of philosophy and principal at Manchester College, Oxford, president of the Society for Psychical Research.189
Andrew Lang (1844-1912), writer and anthropologist, president of the Society for Psychical Research.190
Gabriel Marcel (1889-1973), philosopher, member of the Académie des Sciences Morales et Politiques, honorary president of Institut Métapsychique International.191
Gilbert Murray (1866-1957), classicist, professor at Oxford and Harvard universities, vice president of the League of Nations Society after World War I, president of the Society for Psychical Research.192
Frederic Myers (1843-1901), classical scholar and poet, president and one of the main authors of the Society for Psychical Research.193
Haraldur Níelsson (1868-1928), theologian and spiritualist, first rector of the University of Iceland, investigated the medium Indriði Indriðason. 194
HH Price (1899-1984), philosopher, Wykeham Professor of Logic at Oxford, president of the Society for Psychical Research.195
Adolf Reinach (1883-1917), pioneer phenomenologist and language and law theoretician, documented and discussed instances of soldiers’ foreboding (precognition) in WWI of their impending death.196
Josiah Royce (1855-1916), philosopher, professor at the University of California and Harvard, member of the American Society for Psychical Research, wrote on psi.197
Ferdinand de Saussure (1857-1913), linguist and semiotician, attended séances of Hélène Smith (Catherine-Elise Müller) and analyzed her created languages.198
FCS Schiller (1864-1937), professor of philosophy at the Universities of Oxford, Cornell, and Southern California, president of the Society for Psychical Research, supported the epistemological foundation of parapsychology.199
Henry Sidgwick (1838-1900), Knightsbridge Professor of Moral Philosophy at Cambridge, President of the Society for Psychical Research.200
Kees van Peursen (1920-1996), philosopher and theologian, professor of philosophy at Groningen and Leiden U, wrote on psi.201
AW Verrall (1851-1912), classics scholar and first King Edward VII Chair of English, was interested in psi along with many others in his immediate family.202
Johannes Maria Verweyen (1883-1945), philosopher, anti-Nazi resistance fighter, poet, wrote on parapsychology and occultism.203
Gerda Walther (1897-1977), philosopher, pioneer phenomenologist with important contributions as well to parapsychology and the study of schizophrenia.204
Aloys Wenzl (1887-1967), philosopher, dean and president at Ludwig-Maximilians-Universität München, was an official observer at a 1954 conference on psi.205
Writers, Artists
Jelly d’Arányi (1893-1966), violinist, participated in séances and chanelled various messages. Sister of Adila Fachiri.206
L Frank Baum (1856-1919), writer, creator of the Oz series, attended spiritist séances and wrote about them.207
Ingmar Bergman (1918-2007), film and theatre director and author, recounted autobiographical ostensible psi phenomena208
Algernon Blackwood (1869-1951), writer, declared that his interest in psychic matters was ‘in questions of extended or expanded consciousness’ and saw ‘the rapprochement between Modern Physics and so-called psychical and mystical phenomena’.209
Jorge Luis Borges (1899-1986), writer, published an appreciative foreword to a Spanish version of JW Dunne’s An Experiment with Time.210
Victor Brauner (1903-1966), surrealist painter, considered himself also a visionary.211
André Breton (1896-1966), founder of surrealism and knowledgeable of the psi literature, researched experientially and wrote extensively on psi and automatisms, often in collaboration with other surrealists.212
John W. Campbell, Jr. (1910-1971), writer of science-fiction (SF) and editor of Astounding Science Fiction during the Golden Age of Science Fiction. He discussed psi phenomena in his magazine and encouraged its inclusion into SF literature213
Gilbert Keith (GK) Chesterton (1874-1936), writer, best known perhaps for his Father Brown series, advocated an open investigation and consideration of psi phenomena.214
Samuel Clemens (Mark Twain) (1835-1910), writer, member of the American Society for Psychical Research, described various autobiographical psi events.215
Michael Crichton (1942-2008), writer, physician, and filmmaker, wrote about his personal experiences with psi.216
Rubén Darío (Félix Rubén García Sarmiento) (1867-1916), writer and diplomat pioneer of the modernismo literary movement. He referred to psychical researchers in his work (eg, in his short story El caso de la señorita Amelia) and was interested in parapsychology, dreams, and spiritualism.217
Robert Desnos (1900-1945), surrealist poet and automatist, claimed to have been in telepathic contact with another artist, Marcel Duchamp and to see into other people’s future.218
Philip K Dick (1928-1982), writer, described various ostensible psi phenomena in his autobiographical works, including xenoglossy and an accurate diagnosis of his son’s hernia.219
Charles Dickens (1812-1870), writer, member of The Ghost Club, organization devoted to psychical research.220
Charles Dodgson (Lewis Carroll) (1832-1898), author of Alice in Wonderland, mathematician, member of the Society for Psychical Research.221
Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930), creator of Sherlock Homes, unflinching defender of ostensible psi phenomena and spiritualism.222
Theodor Dreiser (1871-1945), writer and journalist, corresponded with psi researcher Hereward Carrington.223
George Eliot (Mary Ann Evans) (1819-1880), writer, corresponded with psychical researchers and premised her The Lifted Veil on psi. She wrote to George Combe in 1852, ‘But indications of clairvoyance witnessed by a competent observer are of thrilling interest and give me a restless desire to get more extensive and satisfactory evidence.’224
Adila Fachiri (1886-1962), violinist, participated in séances and chanelled various messages. Sister of Jelly d’Arányi.225
Anne Francis (1930-2011), actress, winner of a Golden Globe and nominated for an Emmy, described her interest in psychic phenomena in her autobiography.226
Maxim Gorky (1868-1936), writer, was convinced of the existence of telepathy.227
Graham Greene (1904-1991), novelist shortlisted for the Nobel Prize, was convinced that Dunne’s view of precognition was correct and explained some of his vision.228
Alec Guiness (1914-2000), actor, wrote that he precognized the fatal accident of James Dean.229
Thomas Hardy (1840-1928), writer, claimed to have had a telepathic and other psi experiences.230
Victor Hugo (1802-1885), writer, creator of Les Misérables, experimented with automatic writing and drawing, participated in séances.231
Ted Hughes (1930-1998), British Poet Laureate, described psi phenomena in his life.232
Aldous Huxley (1894-1963), writer, proponent of a Mind at Large, advisor to the Parapsychology Foundation.233
James Joyce (1882-1941), writer, his sister claimed that she and he had seen the ghost of their mother. He read and was influenced by Myers’s Human Personality, and its Survival of Bodily Death.234
Wassily Kandinsky (1866-1944), painter and art theoretician, wrote about direct transmission of art.235
Hilma af Klint (1862-1944), painter, pioneer of abstractionism, worked as a medium with automatic writing, drawing, and painting.236
Arthur Koestler (1905-1983), author, provided funds for what became the Koestler Unit for the study of parapsychology at the University of Edinburgh, wrote on psi.237
Stanley Kubrick (1928-1999), film director, screenwriter, producer, etc., discussed psi positively as an inspiration for his film The Shining.238
Einar Hjörleifsson Kvaran (1859-1938), writer, editor, and spiritualist, participated in the investigations of Icelandic mediums including Indriði Indriðason and Hafstein Björnsson.239
František Kupka (1871-1957), one of the founders of abstractionist art, proposed a direct mind-to-mind transmission of the artist’s inner world.240
Dame Edith Sophy Lyttelton (1865-1947), playwright, recipient of various awards including Dame Commander of the British Empire, wrote books about psi phenomena.241
James Merrill (1926-1995), poet, winner of the Pulitzer among other prices, some of his works derives from sessions with a ouija board during more than two decades.242
Robert Musil ( 1880-1942), writer, author of one of the foremost novels of the 20th century, The Man without Qualities, mentioned the possibility of psi phenomena during séances.243
Vladimir Nabokov (1899-1977), writer, author of Lolita and other prose classics, kept a diary to test whether his dreams could anticipate future events, inspired by Dunn’s An Experiment with Time.244
JB Priestley (1894-1984), writer, supported the notion of precognition in his essays and plays.245
Marguerite Radclyffe-Hall (1880-1943), writer, pioneer of lesbian literature with The Well of Loneliness. She co-authored an important study of the medium Gladys Osborne Leonard.246
Rainer Maria Rilke (1875-1926), one of the foremost poet in German language, attended séances and experimented with automatic writing.247
George Rochberg (1918-2005), composer, discussed psi phenomena in the context of his creative work.248
Gene Rodenberry (1921-1991), writer and Star Trek creator, was convinced of the reality of psi phenomena.249
Jules Romains (Louis Henry Jean Farigoule) (1885-1972), writer, member of La Académie Française, wrote a book on sightless vision and alluded to psi in other writings.250
John Ruskin (1819-1900), influential art critic, member of the Society for Psychical Research.251
George William (AE) Russell (1867 –1935), writer, painter, activist, claimed he was clairvoyant.252
Sigfried Sassoon (1886-1967), WWI poet, member of The Ghost Club.253
Victorien Sardou (1831-1908), writer, best-known for the libretto to Tosca, experimented with automatic writing and drawing.254
Alvin Schwartz (1916-2011), fiction writer and essayist, discussed ostensible psi phenomena in his life.255
Upton Sinclair, Jr. (1878-1968), Pulitzer prizewinner, wrote a detailed account of psi experiments with his wife in his book Mental Radio.256
Dame Edith Louisa Sitwell (1887-1964), poet and critic, helped direct some research with mediums. 257
Olaf Stapledon (1886-1950), writer and philosopher, was interested in and recommended the scientific study of psi phenomena.258
William Thomas Stead (1849-1912), pioneer of investigative journalism and progressive activist who battled, among other topics, child prostitution. He published Borderland, a quarterly on psychic topics, described using automatic writing and telepathy, and repeatedly wrote about shipwrecks and himself as drowning after one, before perishing during the sinking of the Titanic. It was also claimed that he had communicated post-mortem. (See William T Stead.)259
Rudolf Steiner (1861–1925), philosopher, theoretical founder of the Waldorf education, wrote about personal psi experiences.260
Robert Louis Stevenson (1850-1894), author of Treasure Island, member of the Society for Psychical Research, corresponded with FWH Myers.261
Karlheinz Stockhausen (1928-2007), one of the most influential classical electronic and avant-garde music, in an interview he mentioned “telepathy and telekinesis” as facts.262
August Strindberg (1849-1912), writer, painter and playwright, discussed personal experiences that he interpreted as parapsychological in his writings.263
Andrei Tarkovsky (1932-1986), film and theatre director and writer, discussed ostensible psi phenomena as sources for his films.264
Alfred, Lord Tennyson (1809-1892), Poet Laureate of Great Britain and Ireland, member of the Society for Psychical Research.265
Jacques Tourneur (1904-1977), director of various acclaimed horror films, including Cat People. He was considered to be a psychic himself.266
Kurt Vonnegut, Jr. (1922-2007), author of Slaughterhouse Five, artist, described ostensible psi phenomena that occurred in his life.267
Florizel von Reuter (1890-1985), violinist and composer, professor at the Vienna Musical Academy, wrote on his experience as a medium.268
H(erbert) G(eorge) Wells (1866-1946), writer of fiction and non-fiction, and futurist, President of PEN, author of The Time Machine and The War of the Worlds. His multi-volume summary of biology, co-authored with Julian Huxley and G. P. Wells, included a sympathetic and well-informed discussion of psychical research in Book 8, ‘Man’s Mind and Behaviour’ in Voume 3.. 269
Politicians, Explorers, Others
Alexander Aksakov (1832-1893), Russian State Councilor, writer, researched, contributed to and edited publications on psi.270
Arthur Balfour (1848-1930), philosopher, British prime minister, president of the Society for Psychical Research.271
Gerald Balfour (1853-1945), scholar, Chief Secretary for Ireland, president of the Society for Psychical Research.272
Donald Campbell CBE (1921-1967), speed record breaker in land and water, member of the Ghost Club.273
Air Chief Marshal Hugh Dowding (1882-1970), commander of the RAF during the Battle of Britain, author of various books on survival and member of the Ghost Club.274
Winifred Coombe Tennant (1874-1956), suffragette, politician, representative at the League of Nations, practised as a medium.275
Alexandra David-Néel (1868-1969), explorer, writer, expert on Tibet, declared that psychic phenomena should be studied ‘just like any other science’.276
Willliam Gladstone (1809-1898), served as British prime minister four different terms, member of the Society for Psychical Research, commented that psi research ‘is the most important work in the world’.277
Claiborne de Borda Pell (1918-2009), six-term US Senator, head of the Senate Foreign Relation Committee, supported psi research.278
William Lyon Mackenzie King (1874-1950), longest serving prime minister of Canada, spiritualist.279
Loren McIntyre (1917-2003), photojournalist, discoverer of the source of the source of the Amazon River. He described communicating telepathically with the chief shaman of a Majoruna tribe.280
Dame Edith Lyttelton (1865-1948), British delegate to the League of Nations, author, president of the Society for Psychical Research, wrote on psi.281
Francisco I Madero (1873-1913), provided the intellectual basis to the Mexican revolution and became its first democratically elected president, practised automatic writing and mediumship.282
Erik Kule Palmstierna (1877-1959), Swedish politician and diplomat, wrote books based on chanelled material.283
Sir Henry Morton Stanley (1841-1904), explorer and journalist, wrote about psi phenomena in his autobiography.284
Cort van der Linden (1846-1935), progressive Prime Minister of The Netherlands, was a member of the (British) Society for Psychical Research.285
Henry A. Wallace (1888-1965), progressive Vice President of the United States, besides occupying other important posts. He was a sponsor of the Round Table Foundation, which sponsored research on parapsychology.286
NOTA Para colheita de muito mais referências e informações (em língua inglesa, é claro), é favor consultar os sites respectivos, nomeadamente no seguinte endereço: https://psi-encyclopedia.spr.ac.uk/
A Ética de Immanuel Kant e o Imperativo Categórico
Os textos aqui apresentados foram colhidos com liberdade de um site na internet que é da autoria de Pedro Menezes, apresentado ao fundo.
Immanuel Kant (1724-1804) criou um modelo ético independente de qualquer tipo de justificação moral religiosa, baseado na capacidade de julgar inerente ao ser humano. Para isso, elaborou um imperativo, uma ordem que o indivíduo pudesse utilizar como bússola moral: o Imperativo Categórico. Esse imperativo é uma lei moral interior, baseada na razão, sem causas sobrenaturais supersticiosas ou relacionadas com a autoridade do Estado ou da Religião. Kant procurou fazer com a filosofia o que Nicolau Copérnico fez com as ciências, cujos estudos transformaram – no seu tempo – toda a forma de compreensão do mundo. A ética kantiana está desenvolvida, sobretudo, no livro “Fundamentação da Metafísica dos Costumes” (1785). Nele, o autor procurou estabelecer um fundamento racional para o dever.
A Moral Cristã e a Moral Kantiana
Kant foi largamente influenciado pelos ideais do Iluminismo laico que rompeu com o conhecimento baseado na autoridade dogmática. Segundo Kant o pensamento é uma faculdade autónoma e livre das amarras impostas pela religião, sobretudo, pelo pensamento da Igreja Medieval. Kant reforça essa ideia ao afirmar que somente o pensamento autónomo poderia conduzir os indivíduos ao esclarecimento e à maioridade. A maioridade em Kant não está relacionada com a idade, ou maioridade civil, ela é a independência dos indivíduos fundamentada na sua capacidade racional de decidir por si mesmos o que é o dever. A moral kantiana opõe-se à moral cristã, que entende que o dever é entendido como uma norma vinda de fora para dentro, a partir das Escrituras ou dos ensinamentos religiosos, ou seja, uma heteronomia, ainda por cima, com carácter dogmático.
“Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim.” Immanuel Kant
A ética de Kant fundamenta-se única e exclusivamente na Razão, as regras são estabelecidas de dentro para fora a partir da razão humana e da sua capacidade de criar regras para a sua própria conduta. Isso garante a laicidade, independência da religião, e a autonomia, independência de normas e leis da moral kantiana. Kant substituiu a autoridade imposta pela Igreja, pela autoridade da Razão.
Immanuel Kant é um dos filósofos mais estudados na modernidade. Seus trabalhos são pilar e ponto de partida para a modernafilosofia alemã, com seguidores como Fichte, Hegel, Schelling e Schopenhauer. Kant tentou resolver as questões entre o racionalismo de Descartes e Leibniz e o empirismo dos filósofos David Hume e John Locke.
Vida e Obra de Kant
Immanuel Kant nasceu em Königsberg, na Prússia Oriental, no dia 22 de Abril de 1724. Foi o quarto de nove filhos do casal Johann Georg Kant, fabricante de arreios para cavalgaduras, e Anna Regina Kant. Viveu uma vida modesta e devota ao luteranismo. Estudou no “Colégio Fredericianum” antes de ir para a “Universidade de Königsberg”. Assim, após passar a adolescência estudando num colégio protestante, foi para a Universidade de Königsberg, em 1740. Foi ali professor e conferencista associado, depois de se ter doutorado em filosofia, tendo estudando também física e matemática, além de leccionar Ciências Naturais. Em 1770, assumiu a Cátedra de Lógica e Metafísica, quando terminou a chamada fase pré-crítica de Kant, na qual predominava a filosofia dogmática. Seus textos mais emblemáticos dessa época foram “A História Universal da Natureza” e “Teoria do Céu”, de 1775. Na segunda fase do autor, é superada a “letargia dogmática” a partir do choque sofrido pela leitura dos escritos do filósofo escocês, David Hume (1711-1776). Kant revelou que o espírito, ou razão, modela e coordena as sensações, das quais as impressões dos sentidos externos são apenas matéria prima para o conhecimento. Foi um entusiasta do iluminismo, acerca do qual publicou a obra “O que é o Iluminismo?” (1784). Nessa obra, sintetiza a possibilidade do homem seguir sua própria razão, o que seria a sua saída da menoridade, definida como a incapacidade de fazer uso do seu próprio entendimento. Ou seja, o facto de não ousar pensar, por motivos de cobardia e preguiça, são as principais razões da menoridade humana. Nessa fase, Kant irá escrever ainda “A Crítica da Razão Pura” (1781) e “Crítica da Razão Prática” (1788). Kant nada tinha feito de excecional até aos 50 anos de idade, quando teve início a sua segunda fase, na qual produziu freneticamente. Era metódico, sistemático e pontual. Precisamente às 15h30, saía para passear, de forma que se tornou hábito emblemático para os seus conterrâneos.
Frases de Kant
“A missão suprema do homem é saber do que precisa para sê-lo.”
“O sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca.”
“Não somos ricos pelo que temos, mas pelo que não precisamos de ter.”
“Ciência é o conhecimento organizado. A sabedoria é a vida organizada.”
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (2009) e Mestre em Ciências da Educação, no domínio “Educação, Comunidades e Mudança Social”, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto – FPCEUP (2020), em Portugal. Foi professor de Filosofia do Ensino Médio (SEEDUC-RJ), entre 2010 e 2018, e do Ensino Fundamental II (SMECE – Seropédica – RJ), entre 2015 e 2018. Atuou como Diretor Adjunto do C. E. Ministro Orozimbo Nonato nos anos de 2017 e 2018. Participou como bolsista do Laboratório de Licenciatura e Pesquisa sobre o Ensino da Filosofia (LLPEFil – UERJ) em 2007 e 2008. Realizou cursos na área de Educação e Novas Tecnologias.
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A leitura das obras de Paulo Henrique de Figueiredo:
oferecem uma contextualização histórico-filosófica do espiritismo, em função da evolução das ideias progressistas que se desenvolveram no mundo e, especialmente, durante do século XVIII e no decurso do século XIX, com a referência ordenada dos principais estudiosos e homens de ideias desses mesmos anos. Esta visão das coisas alarga substancialmente a ideia que é geralmente apresentada do espiritismo.
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Este trabalho, feito no interesse de pesquisa de dois portugueses, seguidores e divulgadores da mensagem de Paulo Henrique de Figueiredo, apresenta a leitura integral e cuidadosa, com facilidade de pesquisa e inter-relação de conteúdos, de todos os artigos publicados entre 12/Jun/2016 e 28/Set/2017, por Paulo Henrique de Figueiredo na sua página pessoal. Está publicado num ficheiro PDF, ao fundo deste artigo.>
A REVOLUÇÃO ESPÍRITA é o título de um livro que recebemos do Brasil, que começámos a ler com entusiasmo no momento em que nos demos conta da importância da sua mensagem, das reflexões e das propostas construtivas que consigo transporta. Como é sabido de muitos e muitos milhares de referências Históricas, a REVOLUÇÃO FRANCESA, assim escrita, com maiúsculas, representa – com as inerências dolorosas de todos os grandes dramas da História da Humanidade, e estamos a pensar, nada mais nada menos que no sacrifício do cidadão Jesus de Nazaré – um ponto absolutamente essencial na viragem dos tempos, das atitudes e das conceções das sociedades organizadas, pelo menos no hemisfério que habitamos. A REVOLUÇÃO ESPÍRITA de Paulo Henrique de Figueiredo, evidencia à partida o lúcido reconhecimento das realidades que estiveram na base do maior levantamento político-social e ideológico que sacudiu a Europa, ao fim de muitos séculos de abominável dogmatismo, intolerância, desigualdades e inenarráveis violências institucionais, quase sempre “sacralizadas”.
A REVOLUÇÃO ESPÍRITA que Paulo Henrique de Figueiredo nos apresenta possui, porém, potencial transformador muito mais vasto, pode dizer-se, universal, porque reside na consciência; procede pelo raciocínio, pelo sentido de liberdade e pelo mais absoluto respeito pela paz e pela elevação moral.
Intelectualmente pode abarcar a antiguidade e a seriedade das mesmas razões que fundamentaram a Revolução Francesa. Surgem deste modo, aglutinando muitas outras, as referências ao pensamento inspirador de Jean-Jacques Rousseau e ao seu desenvolvimento filosófico levado a cabo por Immanuel Kant. Segue-se, no encadeado complexo de muitas razões e acontecimentos (entre elas o avanço científico proposto por Franz Anton Mesmer) a tarefa de metodização efetuada por Allan Kardecde conhecimentos excecionais, embora radicados na antiguidade do Homem, e que o relacionam com a transcendência, a sua origem e o seu destino. Uma Revolução faz pensar na outra. Não são iguais nem parecidas, nem nas suas motivações fundamentais, nem nos processos utilizados e muito menos nos objetivos alcançáveis. Uma faz pensar na outra porque ambas permanecem dificílimas de concretizar, e porque oferecem a perspetiva de mudanças radicais. Mas a Revolução Espírita, no âmbito e na projeção dos seus objetivos é muitíssimo mais vasta, profunda e intemporal. O desenvolvimento da sociedade humana é de uma complexidade trágica. Mas é o único caminho inevitável e indispensável, porque vai ordenando lentamente as vontades e as atitudes individuais e coletivas em direção ao grande e necessário Progresso. Haja a coragem para estudá-las a ambas, na íntegra seriedade das suas causas e consequências.
Quanto à que chamaremos nossa, a REVOLUÇÃO ESPÍRITA, a ser conduzida em PAZ, progresso intelectual e elevação moral será certamente – neste Terceiro Milénio – a grande – a SUPERIOR transformação de toda a HUMANIDADE!…
Para ter acesso ao ficheiro PDF com a totalidade dos artigos acima referida, é favor clicar neste “link”:
Para cada salto em frente da Humanidade há sempre tentativas perversas para falsificar, adulterar e contrariar o progresso que desperta e a esperança que se configura.
O espiritismo, logo de início, defrontou-se com uma teoria que o reduzia aos horizontes retrógrados do dogmatismo imperante em todas as religiões, que se servem da heteronomia para imporem o seu poder pelo medo dos infernos, do sentimento do pecado e da culpa!…
Essa teoria foi criada por iniciativa de um francês contemporâneo de Allan Kardec que se chamava Jean-Baptiste Roustaing, que se tornou malfadadamente conhecida como “roustainguismo” e foi adotado no Brasil, há mais de 100 anos, como tema obrigatório de estudo e divulgação pela federação espírita brasileira. E como o tal o inscreveu nos seus próprios estatutos oficiais.
As consequências culturais de um tal absurdo são incalculáveis dada a enorme quantidade de mal-entendidos, conceitos erróneos, conflitos e divisões a que deu origem no seio do movimento espírita, durante mais de 100 anos.
Foi, no nosso entender, o mais extraordinário factor para a falta de prestígio científico e cultural, que fez do espiritismo uma cultura confidencial, altamente minoritária e confinada a pequenos círculos de carácter místico e ritualista, quando poderia ter-se tornado uma frente de reforço consistente da PAZ, do PROGRESSO e da EVOLUÇÂO de toda a Humanidade.
O espiritismo é um avanço inovador que oferece à Humanidade as perspectivas mais avançadas da AUTONOMIA que é tema de uma valiosa obra de Paulo Henrique de Figueiredo, cuja leitura se recomenda a todos os visitantes: “A HISTÓRIA JAMAIS CONTADA DO ESPIRITISMO”:
Esperamos que, com a devida celeridade, esta lúcida mensagem, apoiada em factos concretos e investigações idóneas, abranja o maior número possível de interessados, para que o espiritismo possa, o mais urgentemente possível, alcançar a notoriedade prestigiada que merece.
Acrescentamos apenas a página disponínel para poderem ter acesso a um alargado conjunto de palestras e apresentações de Paulo Henrique de Figueiredo:
CITAÇÕES EXTRAÍDAS DOS TEXTOS DA “REVISTA ESPÍRITA”, ABAIXO CITADOS, QUE CONSIDERAMOS FUNDAMENTAIS PARA SE COMPREENDEREM AS CONTRADIÇÕES QUE TÊM INCREMENTADO O ESPIRITISMO RELIGIOSO QUE É SEGUIDO NO BRASIL PELA FEB E NOS LOCAIS ONDE SÃO SEGUIDAS AS SUAS ORIENTAÇÕES DOGMÁTICAS:
…. o movimento espírita brasileiro desaconselha a evocação dos Espíritos, e o periódico no qual temos trabalhado é justamente para divulgar o Espiritismo prático conforme ensina Allan Kardec nas suas obras.
…. sabe−se que o guia do movimento espírita religioso não é Allan Kardec, mas um Espírito que se denominou Ismael, por isso a instituição que o representa foi fundada como “Casa de Ismael” (tal como é conhecida no Brasil a “Federação Espírita Brasileira”).
….Talvez o ponto mais difícil, no que diz respeito aos homens que têm buscado livrar−se do período religioso−dogmático do Espiritismo, é não perceberem com muita clareza o quão vacilante ainda lhes é a fé. A chama da fé é neles atualmente um desenho estático. Eis um primeiro passo que custa muito a ser admitido, mas é necessário para que, vendo−se o problema, se consiga trabalhar na sua solução. E tal solução está no estudo aprofundado do Espiritismo, principalmente por seu lado prático.
….Foi por isso que vos inspiramos a divulgação da Revista Espírita digital, com a finalidade de mostrar, pelos exemplos práticos, esse caráter essencial do Espiritismo que é capaz de desenvolver nos falsos crentes a fé verdadeira.
01 / SETEMBRO / 2021
UM ESPÍRITA DOGMÁTICO
Parte 1 – SENHOR X
−Estávamos no mês de Dezembro de 2020. Há alguns dias que me vinha à memória a imagem do Sr. X., um amigo que era espírita e que tinha morrido há pouco mais de um ano. Tinha vindo passar alguns dias em nossa casa um jovem médium, amigo da família que mora no Rio de Janeiro, para estudarmos juntos, como temos o costume de fazer. Desta vez trabalharíamos nos preparativos finais da Revista Espírita digital, que em breve seria publicada. Falei-lhe da lembrança do Sr. X., e o jovem disse-me que tinha entrado em contato com esse senhor, que lhe indicara o site do Ipeak, e que foi graças a essa indicação que nos conheceu no início de 2016, pelo que lhe tinha ficado muito grato. Na manhã do dia 19 de Dezembro de 2020, evocámos nosso mestre Allan Kardec para pedir−lhe algumas instruções, e aproveitámos para perguntar−lhe sobre a situação do Espírito do Sr. X., e se sua evocação poderia ser−lhe útil e também a nós.Disse-nos o seguinte:
− Reconhece-se como Espírito e tem mesmo visto os vossos planos de divulgação da Revista.
Vê com preocupação essas providências, pois teme que prejudiquem aquilo que considera ser o mais adequado, segundo o movimento espírita pelo qual se guiou em vida. Trouxeste então para a vigília, o desejo de evocá−lo para que essas conversas sejam proveitosas, tanto para ele, quanto para vós, pois sabes que é um objeto de estudo no que diz respeito ao proveito que os espíritas devem dar à doutrina que professam.
1. Então, julga que a evocação desse Espírito pode ser útil neste momento? − Sim, será.
2. Temos a impressão de que o senhor Napoleão, que também era conhecido do Sr. X. em vida, tem tentado ajudá−lo. É certo?
− Tem tentado alertá−lo a respeito das companhias que segue, mas não tem tido sucesso. O Sr. Napoleão acompanha os vossos trabalhos e tem o desejo de contribuir com a Revista, e ficou feliz por ter podido fazê−lo já nesse primeiro momento. Continuará de muito bom grado, se for útil.
Observação: o Espírito referia-se ao artigo: Perfil de Allan Kardec, publicado na Revista Espírita de Janeiro de 2021.
Sessão particular, em 21 de Dezembro de 2020
Primeira conversa com o Sr. X.
No dia 21, fizemos a prece “Pelas pessoas a quem tivemos afeição”1, em favor do Sr. X., e em seguida evocámo-lo, em nome de Deus. − Estou aqui.
1. Quem nos fala? − Sou eu, X. Agradeço pelas suas palavras, muito gentis, e pela prece que fizeram por mim.
2. Foram palavras sinceras. − Sim, eu percebo. Venho rapidamente, pois há algum tempo gostaria de lhe dizer algumas palavras, porque consideração por si, como amiga, e as preces que faz por mim só reforçam a nossa amizade. (Fazíamos preces pelo Sr. X. desde que, há pouco mais de um mês, soubemos que ele havia morrido.)
3. Estou a ouvi-lo, pode falar. − Gostaria de adverti-la sobre esse projeto ao qual se tem dedicado bastante. Percebo, agora olhando do mundo dos Espíritos, que talvez não seja o mais adequado para divulgar nosso Espiritismo para as pessoas. Temo que esteja a contribuir para uma má divulgação, que pode confundir os nossos correligionários. Tome cuidado com essas coisas. Sugiro que releia com calma as recomendações dos Espíritos, que tanto nos vêm ajudando aqui no Brasil. Isso porque, publicando essa Revista seria desviar os leitores do caminho que eles traçaram para nós. Tome cuidado, minha amiga. Eu sei o quanto você é dedicada ao Espiritismo, mas digo-lhe que nem sempre tomamos decisões muito boas, e podemos errar mesmo querendo acertar. Acredito que seja esse o caso, e não poderia deixar de dizer-lhe. Parece−me que se esse trabalho for publicado, gerará muitos problemas, e acabará sofrendo por isso, e não quero vê-la sofrer.
Observação: o movimento espírita brasileiro desaconselha a evocação dos Espíritos, e o periódico no qual temos trabalhado é justamente para divulgar o Espiritismo prático conforme ensina Allan Kardec nas suas obras.
4. Agradeço a sua preocupação. Sei do seu empenho na divulgação do Espiritismo. O meu desejo sincero, tal como o seu, é divulgar as obras de Allan Kardec com as quais muito se ocupou, quando no corpo. Agradeço pela sua preocupação e pergunto-lhe se veio de boa vontade conversar comigo.
− Sim, de facto.
5. Há muito que desejava falar comigo? − Sim, sobretudo quando percebi com o que se ocupava e me pareceu que esse projeto se trata de um desvio do melhor caminho. Por isso quis alertá−la.
6. No entanto, não conseguiria falar comigo da maneira que está falando agora, se eu não o tivesse evocado, porque talvez não conseguisse ouvi−lo só pela inspiração. Não é verdade? − Posso falar consigo agora de forma mais clara, de uma maneira que , mas já havíamos falado durante a emancipação pelo sono. Algumas vezes também lhe falava quando trabalhava nesse seu projeto de divulgação, mas é mais difícil dessa forma. Por isso lhe disse que viria rapidamente, porque facilita que nos falemos e que eu possa dizer com mais clareza, e de uma maneira que não se esqueça das coisas que lhe digo.
Observação: como adepto do movimento espírita religioso, o Sr. X. devia estar receoso de vir falar, quando evocado, mas atendeu ao chamado por julgar que nesse caso os fins justificariam os meios.
7. Não gostaria de falar assim também com os seus filhos e sua esposa, aos quais tanto ama, e aliviar um pouco seus corações da saudade que sentem de si?− Já tenho feito o possível. Não vou negar que seria bom desse modo, mas nem tudo é como nós queremos. Sei que esse contato poderia prejudicar a outras pessoas que, com a minha iniciativa, também poderiam fazer da mesma forma e acabariam atrapalhando os Espíritos familiares que estão na mesma situação que eu. Muitos iriam fazer isso, e a evocação dos parentes poderia tornar−se comum, mas os vivos puxariam os familiares mortos enquanto eles deveriam prosseguir seu caminho. Você entende agora por que me preocupo com a divulgação da Revista digital?
8. Eu entendo. No entanto, lembre−se de que no “Livro dos Médiuns”, numa resposta dada pelo Espírito de Verdade a uma pergunta feita por ALLAN KARDEC, diz ele que o aspeto mais belo e mais consolador do Espiritismo é a comunicação entre os afetos que estão separados pela morte e sofrem, por acharem que seus amores estão perdidos para sempre.
Além disso, a comunicação com os Espíritos afasta toda as dúvidas sobre a imortalidade da alma. Negar essa lei seria negar o supremo apelo que Deus dirige aos nossos corações, pelo Espiritismo.
Conversar com os afetos mortos é dar-lhes uma prova do nosso bem-querer, e uma possibilidade de auxiliar os Espíritos familiares que sofrem no além-túmulo. Com que argumento refutaríamos o que disse o próprio Cristo, que agora se apresenta como Espírito de Verdade?
Além disso, sabe quem nos fez o convite para divulgar o Espiritismo prático? Está aqui, ao nosso lado, e é alguém que a amiga também ama e respeita. Pode vê−lo, se desejar, e então perceberá o verdadeiro responsável pelo que julga ser a minha perdição. Ele está aqui e quer fazer−lhe um convite, porque compreende que você age de boa−fé. É meu mestre, a quem amo e considero meu pai espiritual, porque foi com ele que aprendi a amar a Deus, a conversar com meu Anjo guardião, a ter mais fé e, quando possível, aliviar o sofrimento do meu próximo sob a assistência dos bons Espíritos. Seria uma tremenda ingratidão da minha parte não lhe dar ouvidos a ele, que tomou um corpo de carne para vir à Terra escrever, com letras claras, o supremo apelo que Deus dirige aos nossos corações pelo Espiritismo. Está a vê-lo, X.? − Ah, Sim. Não o via antes…
9. Foi ele quem nos fez o convite para divulgar o Espiritismo prático, com que nos temos ocupado há quase quinze anos. − Para ser sincero, não imaginei que ele estivesse neste mundo, mas é inegável que é ele!
Observação: nota−se uma hesitação da parte do Espírito por causa do preconceito de que os Espíritos superiores estão distantes da Terra e não se ocupariam com os homens. Esse preconceito denota ignorância sobre a missão dos Espíritos superiores e sobre a facilidade que eles têm para se movimentarem pelo Universo.
10. Ele lhe é grato, não é? − Sim. Mostra que foi ele mesmo que me ajudou em alguns momentos dos meus trabalhos relativos à divulgação das suas obras.
11. Chamamo-lo por afeto e por conhecer o seu trabalho, a sua boa disposição, e para convidá−lo a entrar na equipe de Allan Kardec, e servir sob o olhar do Espírito de Verdade, nosso bom Jesus. − Eu preciso pensar, pois estou confuso… não são da mesma equipe aqueles que eu sigo?
12. Os Espíritos que dizem que Kardec e Jesus estão longe não podem ter boas intenções, pois divulgam assim uma mentira. Alguns querem dominar os homens e agem para esse fim. O Espírito de Verdade, Allan Kardec, e todos os Espíritos que agem em nome deles querem que nos emancipemos como Espíritos, e não medem esforços para nos aproximar de Deus pelo conhecimento das suas leis, que é o que nos ensina o Espiritismo. − Mas quando houve essa divisão? Nós oramos a eles também…
13. Jesus é nosso mestre, nosso modelo e guia, não há outro. Aqueles que servem a Jesus, servem a Deus, e vieram para nos libertar do cárcere terreno, já que a Terra é um mundo de expiação e de provas. É a Jesus e a Kardec, seu lugar-tenente, que nós desejamos servir. − Sinto−me confuso agora, porque vejo os Espíritos que me acompanham e vejo Kardec.
Observação: sabe−se que o guia do movimento espírita religioso não é Allan Kardec, mas um Espírito que se denominou Ismael, por isso a instituição que o representa foi fundada como “Casa de Ismael” (tal como é conhecida no Brasil a “Federação Espírita Brasileira”).
14. Cabe-lhe a si decidir a quem deseja servir. Kardec estende a mão e faz-lhe um convite. Quanto aos Espíritos a quem você tem servido, talvez não queiram que se emancipe. − Mas não é o que eu sinto. Eles não me aprisionam, ao contrário, temos trabalhado tanto juntos.
15. O que nós lhe propomos é que busque servir a Allan Kardec, mas é apenas um convite, como o que nos foi feito há alguns anos, e nós aceitámos. Naquele tempo você ainda estava no corpo. Kardec previu, ainda em 1863, que o Espiritismo passaria pelo período religioso. Nós desejamos seguir o Espiritismo como ciência, como filosofia, pois foi esse o supremo apelo que Deus nos enviou. O que queremos é libertar−nos das nossas imperfeições com o auxílio dos Espíritos superiores. Você não precisa decidir agora. Pode pensar, aconselhar−se com Allan Kardec, ouvir os seus argumentos, e só então se decidir. − Eu vou fazer isso, porque quero que ele me ajude a refletir. Confesso que não consigo entender como eles estão numa posição diferente, do outro lado. Mas agora me parece um bom convite esse que você me fez. Vejo Allan Kardec aqui, e se você me der licença gostaria de conversar com ele.
16. Sim, conversaremos numa outra oportunidade. Kardec o esclarecerá de muito bom grado e com amor, o verdadeiro amor que ele tem por toda a Humanidade. Depois, respeitando sempre o seu livre−arbítrio, você poderá tranquilamente decidir a quem servir. − Sim, vou falar com ele. Está aqui e já se mostra disposto a ouvir-me.
17. Que Deus o abençoe. − Obrigado. Que vos abençoe também a Vós.
18. Nós agradecemos.
(Por psicofonia, em 21 de Dezembro de 2020.)
Esclarecimentos de Espinosa sobre a conversa anterior
Após a conversa com o Sr. X., nós evocamos Espinosa, que é um dos nossos Guias, para nos dar ideias.
− Estou aqui. É Espinosa quem fala. 1. Nosso bom Guia, desejamos ouvir comentários a respeito da conversa que acabamos de ter com o Sr. X., e também receber orientações em nome de Deus. − As perguntas que preparaste facilitarão as minhas respostas.
2. Como se sentiu o Espírito do Sr. X. após a nossa conversa? O senhor vê nele alguma possibilidade de mudar de ideia quanto à importância do Espiritismo prático? − Está agora a trocar impressões com o próprio Kardec. Ambos se encontram aqui. Vemos nele uma sinceridade de trabalho bastante grande. É sério no que faz e, tirando as confusões iniciais, das quais se livrará em breve, conseguirá voltar−se para o bom trabalho.
3. Estava a tentar que desistíssemos da divulgação do Espiritismo prático? − Sim. Foi convidado a fazê-lo pelos Espíritos que venerava. Ao contrário do que pensaste, não foi o Sr. Napoleão que o aproximou de ti, mas que te inspirou a ideia de evocá−lo, já que isso contribuiria para evitar mais um pequeno empecilho às tuas tarefas, e também para auxiliar o Sr. X.
4. Que objetivo do erro de não evocar os nossos mortos? − É para desunir e afundar os homens na sua materialidade. Desunir, para mais facilmente dominar, não é para vós uma tática desconhecida. Sabem, aqueles que inspiram tais ideias, que o Espiritismo realizará o seu papel pela união entre os Espíritos e os homens. Pensam poder evitar essa união, e empregam parte considerável dos seus esforços para manter os Espíritos e os homens nessa ideia, como sabeis. Fazem-nos contentar-se com a certeza da imortalidade da alma, mas todo o restante é construído por raciocínios, por argumentos, de modo a garantir a continuação de seu império, tanto sobre os Espíritos, que continuam a servi-los, como no caso do Sr. X., e também sobre os homens. Não podendo destruir por completo o Espiritismo, por ser ele uma lei natural, querem fazer−lhe apenas uma concessão no que diz respeito à imortalidade da alma. No entanto, partindo da existência e imortalidade da alma, apontam numa direção totalmente oposta, de maneira a servir os seus próprios interesses. “Somos devedores uns dos outros e a regeneração só será possível pela união sincera e fraterna entre os Espíritos e os encarnados.” Espírito Lacordaire / Constantina, Argélia, 1863
5. Isso prejudica a fé na vida futura, como orienta Kardec, nos itens 291 e 292 do Livro dos Médiuns, adquirida ou fortalecida justamente na conversa com os Espíritos familiares, com amigos ou contemporâneos. − Sim, de maneira que a crença na imortalidade da alma, a fé na vida futura, se tornam mero artigo de crença confessada mais com os lábios do que com o coração do crente, mas que pouco é capaz de alterar sua conduta, seu comportamento. Se lhes perguntardes, eles dirão que não duvidam, mas se observassem o próprio agir facilmente concluiriam que ainda não têm fé verdadeira na vida futura. Talvez o ponto mais difícil, no que diz respeito aos homens que têm buscado livrar−se do período religioso−dogmático do Espiritismo, é não perceberem com muita clareza o quão vacilante ainda lhes é a fé. A chama da fé é neles atualmente um desenho estático. Eis um primeiro passo que custa muito a ser admitido, mas é necessário para que, vendo−se o problema, se consiga trabalhar na sua solução. E tal solução está no estudo aprofundado do Espiritismo, principalmente por seu lado prático. Foi por isso que vos inspiramos a divulgação da Revista Espírita digital, com a finalidade de mostrar, pelos exemplos práticos, esse caráter essencial do Espiritismo que é capaz de desenvolver nos falsos crentes a fé verdadeira. Com as reflexões e as observações que lhes faculta o Espiritismo, em sua verdadeira aceção, poderão substituir o desenho estático pela chama verdadeira da fé. Assim, a regeneração individual será muito mais facilitada. Não esqueçais que o principal objetivo do Espiritismo é a vossa evolução e que é para a alcançar que é permitido aos Espíritos informarem-vos sobre a vida futura, dando exemplos benéficos de que podeis aproveitar. Quanto mais conhecido for o mundo que vos espera, menos será sentida a saída do mundo material. Eis aqui, em suma, o objetivo concreto da revelação.
6. Parece que o preconceito religioso ainda é um grande empecilho para que vejamos a vida futura como dinâmica e desejável. − Sim. Estais certos ao pensar que a ideia que se generalizou, a respeito do mundo dos Espíritos, em romances duvidosos, sobretudo nessas últimas décadas, torna−o pouco desejável. Trata−se de uma estratégia de propaganda falsa que empregaram a fim de cada vez mais desgostar os adeptos espíritas da vida futura, e hoje colhe−se o resultado. Ainda aí, como disse há pouco, o Espiritismo experimental é o que mais facilmente mostrará a falsidade das ideias que se tenha a respeito da vida futura. Por isso é que não nos cansamos de incentivar a que cada um investigue, na prática, essa realidade; que evoquem seus parentes, seus amigos, sem ideias preconcebidas, mas desejando conhecer, com a maior riqueza de detalhes possível, seu estado atual, suas ocupações, a natureza de seu estado moral. Se vos ocupardes constantemente com essas questões, percebereis que gradualmente a imagem do mundo dos Espíritos perderá as tintas pálidas e deturpadas que lhes foram dadas durante tantos anos, e adquirirá as tintas vivas da realidade. Nos tempos em que os Espíritos começaram a se manifestar de modo conjunto, no século XIX, nós, do lado dos Espíritos, víamos a efervescência moral que a realidade espírita provocava nos adeptos do Espiritismo nascente; cada um via com clareza a vida futura, sem os aspectos que lhe foram gradualmente acrescentados de forma mentirosa. Os adeptos ardiam de esperança, e foi isso que contribuiu para a divulgação tão rápida da nova ciência naquele tempo; foi a esperança que propagou tão rapidamente a Doutrina Espírita pelo mundo. Agora é preciso que ela volte a propagar−se rapidamente, e será ainda pelo mesmo meio que isso se dará: pela esperança que a relação com os Espíritos desperta nos homens.
7. Mais alguma orientação que queira nos dar, ou podemos encerrar por ora? − Podemos encerrar.
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La Genèse, les miracles et les prédictions selon le spiritisme” (A Génese os milagres e as profecias segundo o espiritismo), de Allan Kardec
Comparação ponto por ponto, das diferenças entre as edições originais francesas: 1ª edição de 1868, feita por ALLAN KARDEC, e a 5ª edição de 1872, depois do seu falecimento, resultante de importantes adulterações.
Da pesquisa que fizemos e como nota explicativa inicial, referimos a importante publicação do investigador espírita brasileiro João Donha, intitulada “A GÉNESE (ATÉ QUE PONTO) DE KARDEC”, que nos serviu de orientação no nosso trabalho e a quem, desde já, agradecemos. Além disso, fizemos todas as leituras que encontrámos sobre este tema e seguimos as palestras de Paulo Henrique de Figueiredo e de Simoni Privato Goidanich. Consultamos ainda várias revistas espíritas brasileiras, entre elas vários números de “O dirigente espírita”. Por fim, optámos por traduzir a 1ª edição de A Génese, de 1968, que, sem qualquer dúvida, foi escrita por Allan Kardec .
Resumindo o que concluímos:
Em 2018, ano em que se comemorava o 150º aniversário da publicação de “ A Génese”, veio à luz um cuidadoso trabalho de pesquisa da autoria de Simoni Privato Goidanich, investigadora espírita e diplomata brasileira, a trabalhar e residir na Argentina, publicado nesse país com o título de “ El legado de Allan Kardec”, depois traduzido no Brasil com o nome de “O legado de Allan Kardec”. Abriu-se assim a discussão, já antiga.
Vamos transcrever, em parte, o texto da contra capa do livro para melhor esclarecimento:
“Este livro é uma investigação histórica e doutrinária do movimento espírita em França, entre os anos de 1867 e 1887. Trata-se da questão da adulteração da obra “La Genèse, les miracles et les prédictions selon le spiritisme” (A Génese os milagres e as profecias segundo o espiritismo), de Allan Kardec, de outros factos muito graves no movimento espírita da época, bem como do exemplo de espíritas pioneiros que se mantiveram fiéis ao legado de Kardec. Este livro pretende contribuir para que se corrija o erro histórico que tem levado tantas gerações, desde o século XIX, a lerem e a difundirem em vários países – como se fosse o definitivo – o conteúdo adulterado da 5ª edição de “La Génese, les miracles et les prédictions selon le spiritisme”
Decidimos dar o nosso contributo, fazendo a comparação, como dissemos acima, parágrafo por parágrafo, ítem por ítem, das diferenças entre as edições originais francesas: 1ª edição de 1868 e 5ª edição de 1872. Para melhor compreensão dos leitores portugueses, fizemos também a comparação entre as duas edições na tradução portuguesa, da nossa autoria. As alterações são muitas. Todas foram assinaladas por nós, mas, devido aos nossos limitados conhecimentos e com a humilde pesquisa que pudemos fazer, não conseguimos encontrar a razão para muitas delas. Contudo, algumas são tão graves, do ponto de vista dos preciosos princípios que A.K. nos deixou, que não hesitámos em apresentar uma explicação. Seria interessante que cada um dos nossos leitores fizesse esse exercício, em defesa da verdade do Espiritismo. Tendo decidido iniciar a tradução de “La Génese, les miracles et les prédictions selon le spiritisme”, optámos por traduzir uma edição de 1868. A razão é simples: temos a certeza que foi escrita por A.K.
MUITO IMPORTANTE
PARA COMPREENSÃO DO DOCUMENTO :
Na coluna da esquerda está a 1ª edição, de 1868. Na coluna da direita está a 5ª edição, de 1872. Só transcrevemos os itens em que houve alterações. O que está marcado a negrito, na 1ª edição, foi retirado. O que está a negrito, na 5ª edição, foi acrescentado. O que está a letra tipo normal está igual nas duas edições, e no mesmo lugar. O que está a letra azul está igual nas duas edições, mas na 5ª edição mudou de lugar. As observações estão escritas a vermelho
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Fundada em 1967 pelo Dr. Ian Stevenson, a DOPS (Division of Perceptual Studies) da Universidade de Virgínia, em Charlottesville é um grupo universitário de investigação há muito estabelecido, exclusivamente dedicado à análise de fenómenos que desafiam as correntes principais do paradigma materialista ainda dominante quanto à mente e ao cérebro, como estruturas ligadas e interdependentes. Ao contrário, os investigadores da DOPS estão a avançar no estudo dos fenómenos relacionados com a consciência como entidade independente claramente fora do corpo, bem como os fenómenos que revelam directamente a sobrevivência da consciência humana depois da morte física. Através de estudo cuidadoso, os investigadores do DOPS analisam e documentam os dados empíricos que foram registados quanto às experiências humanas que revelam a sobrevivência da consciência em casos de morte física, aparecendo a mente e o cérebro como diferentes e separados.
“É nossa a esperança de que outros cientistas de mente aberta se aproximem de nós para continuarmos os desafios de um estudo sério, o da natureza da consciência e as suas interacções com o mundo físico.”
O professor Ian Stevenson, fundador do DOPS, (1918 – 2007) que desenvolveu profundos estudos experimentais relacionados com a tese das vidas múltiplas, ou reincarnação.
As investigações da Divisão de Estudos de Perceção (DOPS) da Universidade de Virginia, entre outros, incluem:
Investigação dos meninos que, ao redor do mundo, relataram casos de memórias retidas de vidas passadas;
Investigação da consciência; casos comprovados de relacionamento da mente separada do corpo;
Estudo de imenso número de casos de Experiências de Quase-Morte (EQM, Near Death Experiences, NDE, em inglês), para sistematização científica, mediante entrevistas com os respetivos protagonistas;
Estudo de neuro-imagens de casos PSI; etc
O vídeo aqui apresentado desenvolve-se, naturalmente, em língua inglesa. Para melhorar a sua compreensão, sugere-se o uso das legendas, também em inglês, que é possível inserir num dos comandos, do lado direito em baixo. O processo de inserção é automático, por isso, não 100% perfeito.
Neste vídeo, a respeito da VIDA DEPOIS DA MORTE está documentado uma série de depoimentos de 5 professores universitários, sendo moderador um conhecidíssimo escritor e actor, John Cleese, um dos fundadores do Monty Python, e teve lugar no dia 12 de Abril de 2018 no Paramount Theatre em Charlottesville, com os seguintes participantes:
Emily Williams Kelly, Ph.D. , UVA, Assistant Professor of Research, Division of Perceptual Studies, Department of Psychiatry and Neurobehavioral Sciences:
Edward Kelly, Ph.D. Professor of Research, Division of Perceptual Studies, Department of Psychiatry and Neurobehavioral Sciences | Universidade de Virgínia;
Da noção de “campo estruturador” à ideia de Modelo Organizador Biológico
Coloquemos limalha de ferro sobre um papel e, por debaixo do papel, um íman. A limalha “organiza-se” imediatamente sobre a superfície do papel, construindo uma estrutura (ou modelo…) de fragmentos, num formato deste tipo:
O que a imagem mostra é a “ação estruturadora” de uma força magnética sobre as partículas de limalha de ferro. O “campo energético” do íman exerce um efeito mecânico sobre a limalha, que fica “organizada” sobre a folha de papel de acordo com o seu “potencial estruturador”.
No momento em que o nosso querido pai depositou no corpo de nossa querida mãe a sementinha que se associou ao óvulo que nela tinha surgido oportunamente, o nosso perispírito, devidamente alertado pelo “departamento celeste das reencarnações” tomou posição, apoderando-se imediatamente do papel que lhe coube na formação das nossas entidades pessoais.
O perispírito passou a ter, desde esse momento, sobre todas as nossas células, tecidos, órgãos e sobre todos os incontáveis aspetos da nossa individualidade, exatamente as mesmas funções de “campo energético estruturador” que o íman teve sobre a limalha de ferro.
O perispírito, em serviço instante por instante, desde a conceção até ao fim dos nossos dias!…
O íman serviu-nos aqui como ideia básica de um campo estruturador, ou seja, uma fonte de energia que pode orientar partículas de matéria segundo certo “modelo estruturado”.
É isso que faz o nosso perispírito mas, evidentemente, de forma infinitamente mais complexa e inteligente e, seja dito desde já, numa tarefa de longa duração que – além de funções de natureza transcendente – é o gestor vital do funcionamento do corpo durante a vida e se estende para além da morte, durante toda a nossa evolução, ao serviço do Espírito.
Esta sequência de imagens, meramente esquemáticas, representa aquilo que se passa no ventre das futuras mães, no que toca à vertiginosa multiplicação de células durante os primeiros 23 dias de gravidez. No 23º dia é possível ver-se já o saco amniótico, com as primícias do embrião e o próprio cordão umbilical. Elaborações complexíssimas, dirigidas por um prodigioso MODELO ORGANIZADOR BIOLÓGICO: o perispírito, sob a direcção do Espírito detentor de uma DIVINA partícula de PRINCÍPIO INTELIGENTE.
A organização de um ser, o mais complexo e extraordinário de toda a criação
Se não fosse o perispírito, o que teria acontecido ao desenvolvimento do embrião já em processo rapidamente evolutivo no corpo de nossa querida mãe?
As células corporais, multiplicando-se anarquicamente, tornar-se-iam apenas uma massa informe sem nenhum dos atributos de um corpo, capaz de servir como habitáculo funcional e dinâmico.
Com efeito, o processo normal que dá origem à gestação de qualquer ser humano é orientado por um extraordinário campo energético que é o perispírito, superiormente dirigido, não esqueçamos isso, por um ESPÍRITO em tarefa de aprendizagem e evolução positiva, incessante e infinita.
Todas as pessoas ficam enternecidas e impressionadas com a formação da vida, e todos acham prodigioso que a simples atitude de gerar filhos aconteça com tão impressionante normalidade.
O prodígio da criação dos seres assim configurado, nada tem de singelo ou casual. Deriva, sim, de um encadeado admirável de propriedades excelentes dos seres vivos, animados pelo Espírito, e destinados a nascer, crescer e desenvolverem-se norteados pelos mais extraordinários privilégios da sua condição divina.
O Espírito dos seres humanos usa o potencial energético do seu perispírito desde sempre, para governo do corpo material e para que cumpra um sem número de tarefas imprescindíveis à formação e evolução dos seres. Usa-o também como seu corpo subtil durante as existências entre encarnações, e continuará a ser dispositivo fundamental ao longo de toda a sua evolução até alcançar o invejável estatuto de Espírito puro.
Conforme claramente nos ensina a pergunta nº 186 de “O Livro dos Espíritos”: Há mundos em que o Espírito, deixando de viver num corpo material, só tem por revestimento o perispírito? – Sim, esse mesmo revestimento torna-se de tal maneira purificado que é como se não existisse. É o estado dos Espíritos puros.
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NOTA: As imagens acima foram pesquisadas e pertencem a um livro do ensino secundário em Portugal, da autoria de Jacinto Rosa Moreira, Helena Sant’Ovaia e Vítor Nuno Pinto, com revisão científica de Nuno Formigo e revisão pedagógica de Margarida Morgado, e foi editado por Areal Editores. Como referência essencial, devo acrescentar que foi usado por um dos meus netos. ……………………………………
O Homem de Vitrúvio, LEONARDO DA VINCI – 1490
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NOTA: este texto é a Nota final nº 72 da nossa tradução de “O Livro dos Espíritos”
Ao ler o conteúdo de “O Livro dos Espíritos” e tudo o que ele nos diz a respeito da evolução dos seres humanos, já ficámos com uma ideia da “concentração de complexidades” que o nosso veículo perispiritual carrega consigo. A ciência atual, oferecendo-nos informações técnico-científicas que a experiência e os factos confirmam, ajuda-nos a construir uma imagem mais compreensível da sua verdadeira natureza e propriedades.
Apresentamos algumas ideias base, ponto de partida para as pesquisas que os leitores desejarem fazer:
Texto de Gabriel Delanne, Carlos de Brito Imbassahy, e Reinaldo di Lucia, importantes expoentes de épocas diversas da investigação científica relativa a temas de espiritismo;
A seguir ao texto de Carlos de Brito Imbassahy, por fazer parte dos investigadores que ele mesmo refere, fazemos alusão a um notável cientista norte americano, Harold Saxton Burr, que trabalhou em eletrodinâmica biológica e fez investigações acerca dos “campos de vida” (fields of life) e dos “agentes estruturadores”, termos e ideias fundamentais para a compreensão da natureza e funcionamento do perispírito.
Fragmentos de Gabriel Delanne:
“…Se realmente existe no homem um segundo corpo, que é o modelo inabalável pelo qual se ordena a matéria carnal, compreende-se que – apesar do turbilhão de matéria que se movimenta no corpo humano – se mantenha em nós o tipo individual que nos caracteriza, no meio das incessantes mutações resultantes da desagregação e da reconstituição de todas as partes do corpo, comparáveis a uma máquina à qual, a cada instante, se mudassem todas as suas partes constituintes. O perispírito é o regulador das funções, o arquiteto que vela pela manutenção do edifício, porque essa tarefa não pode depender essencialmente das atividades cegas da matéria.
Reflitamos sobre:
A diversidade dos órgãos que compõem o corpo humano;
Os tecidos que servem à construção dos órgãos;
A cifra prodigiosa de muitos triliões de células aglomeradas, que formam todos os tecidos;
O número colossal de moléculas do protoplasma;
E, enfim, a imensa quantidade dos átomos que constituem as moléculas orgânicas.
Achamo-nos em presença de um verdadeiro Universo, tão variado que ultrapassa em complexidade o que a imaginação possa conceber.
A maravilha é a ordem que reina nesses milhares de milhões de ações enredadas.
(…) Se no meio desse turbilhão existe um factor que permanece estável, é lógico que seja ele o organizador ao qual a matéria obedece. Esse factor é o perispírito, visto que é evidente a sua existência durante a vida, como é evidente que existe para além da morte. Os avanços no conhecimento das suas propriedades resultarão preciosíssimos no domínio da Fisiologia e da Medicina.
O que os antigos chamavam a “vis medicatrix naturae” é o mecanismo estável, incorruptível, sempre ativo, que defende o organismo contra as ações mecânicas, físicas, químicas e microbianas às quais está sempre sujeito, e que recompõe a cada instante a integridade do ser vivo quando é afetada.
Numa palavra, o corpo não é somente um aglomerado de células justapostas: é um todo harmónico cujas partes constituintes têm funções bem definidas, subordinadas ao papel que desempenham no plano geral.
Claude Bernard (1813 – 1878) Fundador da Medicina Experimental
O perispírito é a realização física dessa “ideia diretora”, que o grande cientista CLAUDE BERNARD assinalou como a verdadeira característica da vida. Essa “ideia diretora” é também o “desígnio vital” que cada um de nós realiza e conserva ao longo de toda a sua existência…”
Texto pesquisado e traduzido a partir da obra “Documents pour servir à l’étude de la Réincarnation” (A Reencarnação). Paris: Éditions de la B.P.S, 1927.
Palavras de Carlos de Brito Imbassahy *
Breve citação de um texto visto no site Era do Espírito enviado a Ellio Mollo pelo autor no dia 2 de novembro de 2007; Tema, “O Perispírito ante a Psico-bio-física”
“…o “campo de vida” seria o que Kardec definiu como perispírito e o “agente estruturador” seria, portanto – e por correspondência – o Espírito encarnante.(.,,)
“… o campo pode ser definido como sendo a área física em torno de um agente qualquer sobre a qual sua ação é percebida. Exemplificando: em torno de uma fogueira há uma região em que seu calor é percebido; será, pois, o campo térmico da mesma. O íman é sempre o exemplo ideal porque em sua volta há uma região restrita de atração fora da qual ela não é sentida.”
“. A primeira característica de qualquer campo é a energia atuante e relacionada com o agente estruturador. O campo do imã tem a propriedade de aglutinar limalhas de ferro e níquel dando-lhes uma formação relacionada com o imã, criando imagens conhecidas como “linhas de força” do campo.
Temos aí uma ideia do que Kardec disse ao definir o perispírito como não sendo material, ou melhor, sendo semimaterial, porque teria esta propriedade aglutinadora de reunir a energia cósmica em si como o campo do imã quando atua sobre as aludidas limalhas.
Esta energia cósmica modulada por um agente físico que atua em determinada região em torno do seu agente estruturador é conhecida como sendo um dos estados físicos da energia fundamental. Assim, o conceito de “semimaterial” emitido à época de Kardec satisfaz plenamente às condições de conhecimento da atualidade. O perispírito só tem sentido porque é capaz de agir de forma semelhante, agregando energia cósmica em seu campo para poder atuar sobre as células orgânicas fetais no útero materno, quando no processo encarnatório.
campo do íman também é formado de energia agregada a ele, sem o que jamais atuaria sobre as limalhas.
Cabe lembrar que, na época de Kardec, não se conhecia a energia. O próprio Newton teria definido a energia cósmica fundamental como sendo um fluido, o FCU. Portanto, naquela época, não sendo material, só poderia ser considerado como “semimaterial”. Entenda-se, pois, desta forma, o conceito em apreciação.”
Propriedades do perispírito
(…) “…Rigorosamente coerente com o que Kardec informa em O Livro dos Médiuns e na Seleta de artigos da Revista Espírita, vamos chegar às seguintes conclusões obtidas pela verificação feita em laboratório com uso de aparelhos espectrográficos capazes de detetar o aludido “campo de vida”:
– O perispírito é elaborado pelo Espírito segundo suas necessidades junto ao mundo cósmico em que vá viver;
– É um campo quântico de natureza psíquica capaz de estruturar células orgânicas e formar corpos somáticos;
– Em decorrência da propriedade anterior, ele detém a condição de transmitir ao corpo dito somático as suas necessidades orgânicas decorrentes da vida que deva ter;
– Como tal, comparando-o ao campo de uma fita de gravador, ele pode interferir diretamente no corpo somático modulando-o para que ele se estruture segundo suas necessidades encarnatórias.
– No sentido inverso, ele pode gravar tudo o que o encarnante faça durante sua vida terrena, sendo o arquivo temporário das suas reações; dessa forma, nossas atitudes presentes podem se refletir nas vidas futuras e o “assim como fizeres, assim acharás” terá plena justificativa, lembrando que, como numa pilha elétrica, toda energia que emana de um polo volta para o outro, fechando o circuito; caso contrário, ela não circula pelo mesmo.
– Sendo transitório, como todo e qualquer campo, decorrente da ação indutora do agente, ele não poderá ser o registro de nossos atos, ou seja, a “memória inconsciente” freudiana, arquivo de todos os nossos atos passados, mas servirá de elo entre nossa vida encarnada e os demais campos e sistemas integrados do Espírito. – Do mesmo modo que um campo de um condutor elétrico se modifica de acordo com a corrente que passe por ele, também o perispírito será modulado pela índole ou variação de sentimentos do Espírito, motivo pelo qual este necessita de um ambiente compatível com a sua evolução para nele se encarnar, a fim de que seu perispírito possa atuar nas suas energias materiais.
O que se pode concluir é que tudo isso foi comentado por Kardec sem que, à sua época, se tivesse noção ou o conhecimento atual relacionado com um campo energético e principalmente, de natureza psíquica.”
* O Engenheiro e professor universitário Carlos de Brito Imbassahy é investigador espírita com formação científica, muito conhecido no universo espírita brasileiro, tem numerosos artigos e livros publicados a respeito do tema de que tratamos aqui. É filho de Carlos Imbassahy (1883-1969), advogado, jornalista e importante individualidade ligada ao espiritismo brasileiro.
– A Eletrodinâmica Biológica e a noção dos “campos de vida” e dos “agentes estruturadores” na obra de Harold Saxton Burr (citado em textos da autoria de Carlos de Brito Imbassahy).
Harold Saxton Burr (1889-1973) cientista norte americano não espírita, não foi o único investigador a ter interesse por estes temas e a estudá-los.
Na linguagem dos homens de ciência é possível afirmar que tudo o que existe, visível ou invisível, obedece ao potencial organizador de “campos de vida”, “agentes estruturadores” ou “FRAMEWORKERS”.
Harold S. Burr foi professor da “Yale University School of Medicine”, na área da neuroanatomia e da eletrodinâmica biológica. As suas principais áreas de estudo foram: “A teoria eletrodinâmica da vida”; “As características elétricas dos sistemas vivos” e “A comprovação da existência de campos eletrodinâmicos nos organismos vivos”.
Há três obras suas bastante marcantes: “A Natureza do Homem e o Significado da Existência”, “Projeto para a Imortalidade” e “Os Campos de Vida, as Nossas Ligações com o Universo”.
Na sua obra “A Natureza do Homem e o Significado da Existência” de 1962, a que tivemos acesso online, conclui de forma muito expressiva, e com argumentos científico-filosóficos, pela existência de DEUS.
Recomendamos vivamente a leitura desta obra, que pode ser consultada online, e descarregada, página a página, pelo menos nos “sites” de duas bibliotecas universitárias dos EUA.
O Perispírito / Uma abordagem do século XX
Reinaldo Di Lucia *
Incluímos esta breve citação do investigador aqui referido, por ser o documento mais recente que conseguimos encontrar, de fonte espírita, com referências científicas, a respeito do perispírito. Com efeito foi publicado no site do Instituto Cultural Kardecista de Santos em 5 de setembro e 10 de outubro de 2016, como atualização de outro artigo do mesmo autor e com o mesmo título, publicado em outubro de 2002 no Caderno Cultural Espírita.
“…Dentre todos os continuadores do pensamento de Allan Kardec, Delanne é o que maior importância atribui ao perispírito. Provavelmente, isto se dá na medida em que é de grande dificuldade para qualquer pessoa adepta ao positivismo, aceitar que o Espírito, este ser imaterial e, para muitos, puramente abstrato, possa ser o princípio de todas as manifestações intelectivas do homem.
Assim, ele vai atribuir ao perispírito uma gama significativa de funções relativas à organização ou mesmo às capacidades inteligentes do ser humano. As principais funções cujas bases são por ele atribuídas ao perispírito são sumariamente descritas abaixo.
Primeiramente, temos a formação do corpo físico. Delanne depara-se com o problema de explicar como o corpo físico pode ser formado com tantos detalhes e reconstruído, com a mesma semelhança, sempre que certas partes são destruídas. Lança mão então da explicação perispiritual:
A força vital por si só não bastaria para explicar a forma característica de todos os indivíduos, e tampouco justificaria a hierarquia sistematizada de todos os órgãos, sua sinergia em função de um esforço comum, visto serem eles, simultaneamente, autónomos e solidários. Neste ponto é que incide o ascendente da intervenção do perispírito, ou seja, de um órgão que possua as leis organogenéticas, mantenedoras da fixidez do organismo, através de constantes mutações moleculares.”
O perispírito é então, em sua opinião, o modelo fluídico, o molde que servirá para construir o corpo físico. Como veremos, esta também é a opinião de Hernâni Guimarães, atualizando o raciocínio a partir de recentes descobertas científicas.
A grande preocupação desse pensador, para atribuir ao perispírito o papel de molde do corpo está na explicação da forma. Enquanto que ele podia perfeitamente admitir uma força vital primária idêntica para todos os seres vivos, desde a planta até o homem, pressupunha que deveria existir uma outra força que diferenciasse as muitas espécies no que tange à sua forma. Essa força seria o perispírito.
Em segundo lugar, Delanne dá ao perispírito um papel psicológico fundamental. Para ele, o perispírito é a base da memória do homem, a qual, por sua vez, é fundamental para a asseguração contínua de sua identidade.
Ele baseia esta opinião sobre a ideia que, mais que qualquer outra célula do corpo humano, as do cérebro são substituídas rapidamente, o que impossibilitaria a manutenção, neste órgão, da memória.
“O cérebro, porém, muda perpetuamente, as células dos seus tecidos são incessantemente agitadas, modificadas, destruídas por sensações vindas do interior e exterior. Mais do que as outras, essas células submetem-se a uma desagregação rápida e, num período assaz curto, são integralmente substituídas.”
Partindo do principio acima descrito, o eminente pensador espírita debita ao perispírito a função da memória, já que esta não poderia ser unicamente do corpo. Em sua tese, qualquer facto guardado pela memória é registrado no perispírito. Quando uma célula cerebral morre, é substituída por outra formada pelo mesmo perispírito, que lhe imprimirá, qual disco gravado por uma matriz, as mesmas impressões que ele próprio guarda. Fica assim resguardada a memória.
Ideias semelhantes a essas são igualmente defendidas por Léon Denis e Gustave Geley, em vários dos seus livros, o que nos dá a impressão que eram bastante difundidas no meio espirita à época – apesar de não terem sido defendidas por Kardec em sua obra.
(•••)
Em resumo, as principais ideias sobre o perispírito expostas por estes eminentes pensadores, e ainda hoje bastante difundidas no movimento espírita são:
O perispírito é um envoltório do espírito, que o acompanha desde a sua criação e, portanto, preexistente ao nascimento e sobrevive à morte do corpo físico. É composto de matéria, porém, em nível diferente daquela a que os encarnados estão acostumados. Kardec afirma ser uma matéria “quintessenciada”, obtida por modificação direta do fluido cósmico (que é a matéria primordial), contendo ainda elementos do princípio vital e mesmo de componentes físicos e eletromagnéticos.
A sua composição energética é tanto mais densa, ou menos subtil, quanto menos evoluído (do ponto de vista intelectual e moral) for o espírito. Com a evolução deste, vai-se tornando mais subtil, ainda que não se saiba ao certo o que isto significa fisicamente, mas sempre acompanha o espírito.
É totalmente sujeito à vontade do espírito, que pode plasmá-lo a seu gosto e dar-lhe a forma que
Serve como elemento de ligação entre o espírito e o corpo físico, uma vez que um e outro não podem interagir diretamente devido à diferença estrutural entre ambos.
É o elemento que possibilita a manutenção de uma forma para o espírito desencarnado e, assim, permite que este possa identificar-se como uma individualidade.
É o princípio fundamental das manifestações mediúnicas, em especial daquelas caracterizadas como efeitos físicos.
É o molde do corpo físico, uma forma que conteria os elementos informacionais que permitiriam a sua formação e a sua manutenção. Esta função também é a única forma de adequar o surgimento da vida à Segunda Lei da Termodinâmica.
É a sede dos sentimentos e das faculdades, notadamente da memória. Por vezes, é apontado como sede da inteligência.
Possui órgãos e células, como o corpo físico. Este, aliás, é uma cópia daquele.
Reinaldo di Lucia *
(Nota curricular provavelmente desatualizada e inexata)
Engenheiro Químico formado pela Faculdade de Engenharia Industrial, FEI, S.Bernardo,SP; professor universitário, com especialização em Qualidade na Fundação Getúlio Vargas, Reinaldo Di Lucia tem formação em MBA executivo em Gestão Empresarial também pela FGV e pós-graduação em Engenharia de Qualidade pela Faculdade de Engenharia Industrial. Reinaldo di Lucia, da cidade de Santos, Brasil, é membro do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita- CPDoc e colunista do Jornal Abertura, mantido pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos-ICKS, em que trata de assuntos contemporâneos sob a ótica progressista do espiritismo.
Este artigo está disponível em formato PDF para todos os nossos prezados leitores, aqui:
Uma das áreas de estudo acerca da Vida depois da Morte que temos procurado conhecer é o que diz respeito à sua projecção internacional. No último número do órgão de OPINIÃO do Centro de Cultural Espírita de Porto Alegre foram publicados conteúdos importantes que temos muita honra em referir aqui.
CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE Será possível reconciliá-las?
Grupo de intelectuais norte-americanos aposta na possibilidade da reconciliação entre ciência e espiritualidade, um sonho que foi também de Allan Kardec.
Materialismo e Fisicalismo: diferentes faces de um mesmo tema
Nos dois séculos que se seguiram ao de Allan Kardec, parece ter-se consolidado entre psicólogos cognitivos, neuro-cientistas e filósofos o chamado “fisicalismo”. Kardec teve como objectivo principal em sua obra contrapor-se ao “materialismo”. Mais de 160 anos depois, a cultura académica é dominada pelo chamado “fisicalismo”. Ou seja: toda a realidade é determinada exclusivamente por factos físicos e as criaturas humanas são vistas tão somente como máquinas biológicas de extrema complexidade. Para os padrões científicos ora adoptados, todos os aspectos da mente e da consciência humana são gerados pelos processos neuro-fisiológicos que ocorrem no cérebro. Nessa visão, a consciência nada mais é do que um epifenómeno desses processos neuro-fisiológicos. Surge, no entanto, importante reacção de um grupo de cientistas norte-americanos a essa posição das ciências académicas.
Edward F. Kelly
Em artigo publicado no periódico britânico “The Observatory”, com o título de “Rumo à Reconciliação da Ciência e Espiritualidade:Uma Breve História do Projeto “SURSEM”, Edward F. Kelly, Professor do Departamento de Psiquiatria e Ciências Neuro-comportamentais descreve o movimento desencadeado por cerca de 50 cientistas da área, desde 1998, para mudar os conceitos acima expostos. Kelly é autor de obras como Irreducible Mind: Toward a Psychology for the 21st Century(“A Mente Irredutível: Rumo a uma Psicologia para o Século 21”) e Beyond Physicalism: Toward Reconciliation of Science and Spirituality (“Além do Fisicalismo: Rumo à Reconciliação entre Ciência e Espiritualidade”).
O grupo defende ter chegado a hora de derrogar a “arrogância” acadêmica que desprezou toda a sabedoria e a experiência coletiva acumulada pela humanidade, a qual sempre viu na espiritualidade uma fonte de conhecimentos que não podem ser menosprezados pela ciência atual.
Michael Murphy
O Projeto “SURSEM”, por eles criado no INSTITUTO ESALEN, se constituiu numa série de eventos que reuniu, sob a liderança de Michael Murphy, neurocientistas, psiquiatras, filósofos, físicos e historiadores para avaliar as provas empíricas da sobrevivência humana à morte corporal, sugerida, segundo o grupo, por fenómenos como experiências de quase morte e fora do corpo, experiências místicas, fenómenos psíquicos e crianças que se lembram de vidas anteriores. No artigo de “The Observatory”, Edward Kelly sustenta que um dos grandes desafios da modernidade é “reconciliar, de maneira aceitável, inteligível, significativa e reconhecível, ciência e religião”. O artigo pode ser baixado em versão para o português no site: http://www.mentealemdocerebro.com.br/.
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A experiência de um brasileiro
O filósofo e historiador das ciências Gustavo Rodrigues Rocha, Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (BA), que, em seu pós-doutoramento na Universidade da Califórnia, em Berkeley, EEUU, escolheu como estudo de caso o Projeto SURSEM, foi recentemente entrevistado na reportagem A mente além do cérebro e a busca pelo sentido do mundo, do jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte. A matéria pode ser lida neste site: https://www.otempo.com.br/interessa/a-mente .
Para Gustavo, o Projecto SURSEM, reunindo esses intelectuais norte-americanos, trabalha no contexto do sistema académico-científico contemporâneo, com base na tese segundo a qual a mente não pode ser reduzida unicamente ao funcionamento do cérebro. Segundo ele, o grupo SURSEM caminha no sentido de “apresentar provas experimentais e teorias que afirmam que a consciência não depende do cérebro e, nessa ordem de ideias, “algo de nossa mente sobrevive à morte corpórea”.
O professor brasileiro diz nunca ter encontrado “um grupo de académicos de tal envergadura, com uma construção tão sólida e consistente, decididos a enfrentar, numa perspectiva multi e trans-disciplinar, questões tão avançadas do actual sistema de saberes”.
PRENÚNCIOS DA ERA DO ESPÍRITO?
Parece mesmo mais adequado designar a posição dominante entre os cientistas como “fisicalismo” em vez de “materialismo”. Entre eles há professores em Universidades religiosas. Outros tantos trabalham em instituições públicas, mas têm crenças religiosas. Muitos não se definem como materialistas e vivem essa dicotomia: enquanto cientistas, adaptam-se aos padrões vigentes, onde é praticamente vedado atribuir quaisquer actividades da mente humana a causas extra cerebrais. O “espírito” ou a “alma”, para eles, são abstracções que não se aplicam à condição humana. Fazem parte do mistério do sobrenatural e não podem ser objecto de uma abordagem racional e científica. O grupo do Projeto SURSEM declara-se composto de “pesquisadores de mentalidade científica com amplos e variados interesses”. Definem-se como “espiritualizados, mas não religiosos, no sentido convencional”. Sem se filiar em qualquer crença religiosa específica, dizem-se “ancorados na ciência”, e desejam “ampliar os seus horizontes”. Identificam o cenário actual como palco de dois fundamentalismos: o religioso e o científico, e assim, propõem “uma via intermédia” entre ambos. É fácil identificar tais propósitos com os que foram expostos por Allan Kardec, ao fundar o espiritismo. Sem querer fazer dele uma nova religião, propunha explicitamente estabelecer uma “aliança entre a ciência e a religião”, apresentando o espiritismo como o “caminho neutro” a possibilitar essa aliança.
O tempo de Kardec, onde parte da ciência académica admitia o “espiritualismo racional”, era bem mais propício a esse objectivo.
Daí o optimismo presente na obra de Kardec. O século XX, porém, parece ter preferido trilhar o caminho “fisicalista”, atribuindo ao cérebro humano a inteira capacidade de gerar os processos mentais, aprisionando, assim, o espírito nos limites da fé religiosa, onde, aliás, os próprios espíritas preferiram, em maioria, se refugiar. Menos mal que há reacções, vindas do próprio meio científico, que podem estar gestando um novo tempo: a Era do Espírito, sonho de Kardec e daqueles que bem o compreenderam.
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Fundada em 1967 pelo Dr. Ian Stevenson, a DOPS (Division of Perceptual Studies) da Universidade de Virgínia, em Charlottesville é um grupo universitário de investigação há muito estabelecido, exclusivamente dedicado à análise de fenómenos que desafiam as correntes principais do paradigma materialista ainda dominante quanto à mente e ao cérebro, como estruturas ligadas e interdependentes. Ao contrário, os investigadores da DOPS estão a avançar no estudo dos fenómenos relacionados com a consciência como entidade independente claramente fora do corpo, bem como os fenómenos que revelam directamente a sobrevivência da consciência humana depois da morte física. Através de estudo cuidadoso, os investigadores do DOPS analisam e documentam os dados empíricos que foram registados quanto às experiências humanas que revelam a sobrevivência da consciência em casos de morte física, aparecendo a mente e o cérebro como diferentes e separados.
“É nossa a esperança de que outros cientistas de mente aberta se aproximem de nós para continuarmos os desafios de um estudo sério, o da natureza da consciência e as suas interacções com o mundo físico.”
O professor Ian Stevenson, fundador do DOPS, (1918 – 2007) que desenvolveu profundos estudos experimentais relacionados com a tese das vidas múltiplas, ou reincarnação.
As investigações da Divisão de Estudos de Perceção (DOPS) da Universidade de Virginia, entre outros, incluem:
Investigação dos meninos que, ao redor do mundo, relataram casos de memórias retidas de vidas passadas;
Investigação da consciência; casos comprovados de relacionamento da mente separada do corpo;
Estudo de imenso número de casos de Experiências de Quase-Morte (EQM, Near Death Experiences, NDE, em inglês), para sistematização científica, mediante entrevistas com os respetivos protagonistas;
Estudo de neuro-imagens de casos PSI; etc
O vídeo aqui apresentado desenvolve-se, naturalmente, em língua inglesa. Para melhorar a sua compreensão, sugere-se o uso das legendas, também em inglês, que é possível inserir num dos comandos, do lado direito em baixo. O processo de inserção é automático, por isso, não 100% perfeito.
Neste vídeo, a respeito da VIDA DEPOIS DA MORTE está documentado uma série de depoimentos de 5 professores universitários, sendo moderador um conhecidíssimo escritor e actor, John Cleese, um dos fundadores do Monty Python, e teve lugar no dia 12 de Abril de 2018 no Paramount Theatre em Charlottesville, com os seguintes participantes:
Emily Williams Kelly, Ph.D. , UVA, Assistant Professor of Research, Division of Perceptual Studies, Department of Psychiatry and Neurobehavioral Sciences:
Edward Kelly, Ph.D. Professor of Research, Division of Perceptual Studies, Department of Psychiatry and Neurobehavioral Sciences | Universidade de Virgínia;
diretor do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre / Brasil
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – 150 ANOS em 2014
. O Livro Número Um dos Espíritas .
Cronologicamente, não foi o primeiro livro de Allan Kardec, nem é sua mais importante obra, mas “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que completou 150 anos em 2014 é, para a maioria dos espíritas o principal e, às vezes, o único livro conhecido e referenciado nos Centros Espíritas.
A obra e seu contexto histórico
Desde que o espiritismo, contra a expressa vontade de seu fundador, Allan Kardec, se tornou uma religião, O Evangelho Segundo o Espiritismo tem sido visto quase como uma nova bíblia. Muito mais lido do que O Livro dos Espíritos, principal obra de Kardec, o ESE é proclamado como a base da “religião espírita”.
Por outro lado, lembra o escritor espírita Eugénio Lara (São Vicente, SP), há pensadores espíritas de mentalidade não-religiosa que contestam a obra, achando que nem deveria ter sido escrita. Para Eugénio, nenhuma dessas posições é a melhor: “O livro deve ser visto em seu contexto histórico e no conjunto da obra kardequiana. Nem bíblia, nem concessão, mas uma visão de Kardec dos ensinamentos evangélicos, a visão que ele tinha do cristianismo”. Eugenio Lara sustenta que “o contexto histórico exigiu de Kardec uma resposta à demanda do movimento espírita nascente”, e que “numa França católica, a posição espírita em relação ao cristianismo era uma necessidade, o que não faz do espiritismo uma nova religião ou teologia cristã”.
Também para o Delegado da CEPA no Rio de Janeiro, Rinaldo Paulino de Souza, o contexto histórico não só da França, mas de todo o mundo ocidental foi relevante, pois o ceticismo trazido pelo Iluminismo levava o Ocidente a perder a crença no mundo extramaterial e em Deus. Além disso, “era importante destacar as evidências da reencarnação nos livros sagrados cristãos, reforçando tal conexão com as explicações morais”, sustenta Souza.
Dentre os pensadores espíritas que entendem que O Evangelho Segundo o Espiritismo nem precisaria ter sido escrito está o pesquisador Mauro Quintella (Brasília/DF): “No lugar do OESE, eu teria feito um livro com uma coletânea das melhores proposições éticas da história da Humanidade, onde, evidentemente, poderia entrar o que é aproveitável nos Evangelhos”, disse Quintella, acrescentando que o nome desse livro teria sido “A Ética do Espiritismo”.
Consolador Prometido? Terceira Revelação Divina?
Licenciado em Filosofia, e também Delegado da CEPA, Ricardo de Moraes Nunes (Santos/SP), concorda que as circunstâncias históricas justificavam a publicação da obra, mas lhe parece que Kardec e os espíritos foram tomados de um exagerado entusiasmo ao classificarem o espiritismo como “o consolador prometido por Jesus”. Para ele, trata-se de tese “bastante ideológica, fugindo do campo das ideias práticas tão apreciadas por Kardec”.
Já o pesquisador Augusto Araujo (Campina Grande/PB) Doutor em Ciência da Religião, vê o ESE justamente como o livro que “inaugura o período religioso do espiritismo, previsto por Kardec em 1863”. Araujo identifica ali “uma curva em direção aos temas cristãos”, o que se deve a uma razão externa: “a perseguição do espiritismo principalmente pela Igreja Católica”; e outra interna: “Kardec defende que o espiritismo seja o sucessor histórico e profético do cristianismo”.
A pensadora espírita Glória Vetter (Petrópolis/RJ) sustenta que Allan Kardec não quis um espiritismo “igrejista”, mas “cristocêntrico”. Ela não vê problema que Kardec tenha proposto que os espíritas se apoiem nos ensinamentos de Jesus ou de outros mestres: “São contributos éticos que fortalecem os espíritos, mormente daqueles carentes de força e direção”, diz.
Há muitos anos que seguimos o trabalho desenvolvido pela CEPA Brasil, agora categorizada pela sua importante actividade internacional.
A seguir, uma referência breve às suas características culturais, doutrinárias e intelectuais, seguidas de um importante depoimento sobre a atitude de espiritualidade laica, que é marca distintiva da personalidade que cultivam. Esta última parte é da autoria deJon Aizpúrua, Ex-presidente da CEPA (1993/2000) e actual Assessor de Relações Internacionais, para a qual chamamos a melhor atenção de todos os nossos visitantes.
Nosso empenho maior concentra-se em exteriorizar em toda sua plenitude os postulados que compõem a Doutrina Espírita.
Em sua defesa e preservação nos colocamos acima das cortesias, diplomacias, relações pessoais ou institucionais.
Em consonância com essa linha mestra lutamos por uma Doutrina:
Kardecista, porque assume os ensinamentos e reflexões apreendidos da obra de Allan Kardec, que representam a essência e a base do edifício doutrinário. Orientado pela bússola da codificação kardecista, o Espiritismo manterá sempre o rumo correto e seguirá por caminhos seguros.
Progressista, porque o pensamento espírita é um instrumento para o melhoramento individual e social aliado a valores como: liberdade, justiça e igualdade. Porque proporciona uma postura dinâmica, aberta, autocrítica e capaz de ampliar os conceitos como resultado do processo de mudança do mundo.
Livre-pensadora, porque convida seus integrantes e as pessoas em geral a gozar, em sua plenitude, do direito ao livre exame de todas as idéias e ao aproveitamento de toda reflexão com critérios e métodos dentro e fora do Espiritismo. Liberdade de pensamento, de expressão e crítica são condições necessárias para um espírita autêntico poder se expressar. Direitos a que não se pode renunciar, que a CEPA. garante a todas as pessoas e às instituições a ela vinculadas.
A Palavra da CEPA
Rumo a uma espiritualidade laica
JUN 2020
Jon Aizpúrua
Ex-presidente da CEPA (1993/2000) e atual Assessor de Relações Internacionais
Denomina-se como laicidade à concepção da vida na qual defende-se a ausência de religião oficial na direcção dos Estados, enquanto que por laicismo entende-se o movimento histórico que reivindica a implantação da laicidade.
Sobre a base de seus fundamentos humanistas, sociológicos e morais, assume-se que a laicidade estabelece um vínculo comum entre as pessoas e facilita que elas convivam respeitosa e cordialmente, processando suas diferentes opiniões em um âmbito civilizado, de liberdade e igualdade. Os princípios laicos de liberdade de consciência, de pensamento, de expressão e de organização; a igualdade de direitos e obrigações, assim como a justiça social, constituem a própria essência do sistema democrático.
É conveniente salientar que um Estado laico e, portanto, não confessional, não implica seja antirreligioso ou ateu. Toda a crença religiosa é respeitável e deve sempre garantir-se a seus adeptos o direito de vivê-la intimamente, compartilhando-a com quem se deseje e difundi-la sem restrições. Diferente há de ser o clericalismo e suas pretensões de gozar de privilégios especiais no âmbito social, situar-se por sobre ou à margem da normativa civil ou jurídica, ou impor critérios teológicos em assuntos morais, científicos ou educativos.
Felizmente, uma porção considerável da humanidade evoluiu no sentido de uma concepção laica que coloca em seus precisos termos a relação entre o mundo civil e o religioso, os Estados e as Igrejas. No mundo ocidental, com maior força, vive-se, cada vez mais, em uma sociedade pós-cristã. Esse tipo de sociedade teve início na Europa a partir do Renascimento, converteu-se em um projeto com o Iluminismo, generalizou-se entre as massas cristãs na segunda metade do século XX e foi se estendendo à América e a outros países influenciados pela cultura ocidental. A partir de um ponto de vista sociológico, não tão religioso, essas sociedades podem qualificar-se de pós-cristãs, o que significa que a cosmovisão baseada no cristianismo, em torno da qual girou a vida individual e social durante séculos, vai deixando de ser sua coluna vertebral. Essa mudança progressiva de cosmovisão na tradição cristã ocidental foi-se manifestando em muitas expressões culturais que estão sendo transformadas ou abandonadas:
As festas religiosas determinavam o calendário civil e trabalhista. Agora se eliminaram a maioria delas, embora sigam sendo muito importantes o Natal e a Semana Santa, não tanto no sentido religioso, mas como ocasião de viver em família e oportunidade para férias em campos e praias. O mesmo ocorreu com as festas patronais das pequenas localidades que eram dedicadas a um santo e que agora são apenas o motivo para celebrações civis e folclóricas
Os nomes que os pais davam a seus filhos eram buscados no calendário santo e que agora são apenas motivo de celebrações civis e folclóricas. Hoje se lhes põem nomes inventados, surgidos de combinações originais, muitas vezes estranhas e até impronunciáveis.
Muitas manifestações públicas, como procissões, romarias ou peregrinações, foram se despojando de seu sentido religioso original e se vão convertendo em festas folclóricas e populares, que costumam se aproveitadas pelos líderes políticos para promover sua imagem pessoal com fins eleitorais.
Em muitos países da órbita cristã, o registo eclesiástico de batizados e matrimónios era utilizado pelos Estados como registo civil. Há muito tempo que ambos registos obedecem a propósitos diferentes e somente o civil é obrigatório e possui efeitos legais.
Os símbolos religiosos cristãos, como o crucifixo ou o juramento pela Bíblia, eram frequentes em âmbito público, como escolas e repartições governamentais. Cada vez mais se impõe a tendência de suprimir qualquer exibição religiosa pública e se reduz a presença de autoridades civis a atos religiosos, reservando-se nada mais que aqueles de especial solenidade.
A moral estabelecida pelos cultos cristãos impunha as regras para o comportamento dos cidadãos. Actualmente discutem-se, questionam-se ou se rechaçam muitos desses critérios e comportamentos, especialmente no âmbito da sexualidade e da legítima diversidade de opções que cada pessoa tem direito de escolher sem ser discriminada ou estigmatizada.
A linguagem religiosa perdeu actualidade, pertinência e relevância social. Palavras e expressões como pecado, céu e inferno, salvação, culpa, penas eternas, castigos divinos, etc. foram desaparecendo do linguajar corrente e circunscrevendo-se aos actos de culto.
Em matéria educativa pública, já não se discute a primordial competência do Estado, ficando reservado o ensino da religião ao âmbito familiar e das organizações eclesiásticas.
“Crentes mas não praticantes” declaram-se muitos hoje em dia. Essa é outra característica da sociedade pós-cristã que merece atenção. Expressa-se de muitas formas: “Eu creio em Deus, mas não nos sacerdotes”, “eu me confesso directamente a Deus, não com um homem”, “a Igreja reprime minha liberdade”, etc. Nestas e outras manifestações reflecte-se uma espécie de alergia e rechaço às instituições eclesiásticas.
Outra característica importante da sociedade pós-cristã é a separação entre confissão religiosa e organização política e social. A liberdade de culto impôs-se nos países modernos e, como consequência, o catolicismo e outras religiões cristãs deixam de gozar de privilégios e vantagens por parte de um Estado que se declara laico. Um governante, incluindo todos os membros de seu governo, podem ser crentes, mas sua fé é um assunto pessoal e não a podem impor ao resto da sociedade.
Como é muito bem sabido, o espiritismo, desde seu início, a partir do ato fundacional que o aparecimento de O Livro dos Espíritos significou, em 1857, desfraldou a bandeira do laicismo, ressaltando o valor irrenunciável da liberdade que permite a cada ser humano administrar suas crenças em matéria de religião, de fé, de transcendência, conforme os ditames de sua razão e sem temor de ser condenado, castigado, anatemizado ou perseguido.
Claro está que o laicismo no qual se inscreve o espiritismo possui uma base inequivocamente espiritualista. Muito distanciado de um laicismo materialista e ateu que promove a indiferença frente às perguntas radicais da existência humana: sua origem e destino, assim como sua referência centrada em uma explicação exclusivamente física, química, biológica, psicológica ou sociológica da vida e da morte, o espiritismo reafirma o reconhecimento da existência de Deus como Inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas; do espírito como entidade psíquica transcendente que preexiste ao nascimento e sobrevive depois do falecimento; do processo evolutivo ascendente do espírito que se verifica em inumeráveis e sucessivas existências; da incessante comunicação entre desencarnados e encarnados por diversidade de meios;
e deriva desses princípios uma cosmovisão humanista e progressista que convida à transformação pessoal e social, no quadro dos mais elevados princípios éticos.
Convidando para a compreensão do sentido espiritual da vida, insistindo no respeito pleno e na liberdade das pessoas e dos povos, e sustentado na razão e na ciência, o espiritismo conduz a uma espiritualidade laica, equidistante do catecismo sem esperança, do materialismo e do dogmatismo sectário e alheio à ciência e à racionalidade das teologias.
Uma espiritualidade aberta e tolerante, que, por sobre a base de princípios universais, promove uma cultura de entendimento, convivência, harmonia, generosidade, solidariedade e fraternidade.
Uma cultura de respeito pela vida em todas as suas formas.
Uma cultura que garanta o exercício da liberdade de pensamento, consciência e crença.
Uma cultura de não violência que promova o encontro e a solução pacífica das controvérsias.
Uma cultura da solidariedade que impulsione a criação e a consolidação de uma ordem mundial justa, em que se apaguem as ignominiosas diferenças entre privilegiados e deserdados.
Uma cultura da verdade no plano da transmissão da informação e o conhecimento, que erradique a mentira.
Uma cultura da igualdade entre os povos, as nacionalidades, as etnias ou identidades sexuais, onde não haja lugar para a discriminação.
Uma cultura do trabalho, reconhecido como instrumento fundamental da riqueza social, e que seja devidamente remunerado em um ambiente de relações justas e honestas entre empresários e trabalhadores.
Uma cultura que promova o funcionamento democrático no exercício político das nações, sustentada no sufrágio livre e transparente, e que erradique toda a sorte de regimes autoritários e tirânicos, com independência do matiz ideológico com que se identificam.
Conceitos como estes, e muitos outros que se podem acrescentar, integram o que denominamos uma espiritualidade ética de orientação espírita sustentada na cultura do amor, e traduzem em termos concretos e actuais a proposta central de Allan Kardec e dos espíritos sábios que o assessoraram, respeito à marcha evolutiva da humanidade rumo a um horizonte superior que se definiu como “um mundo de regeneração moral e social”.
Muito bem faz nossa Associação Espírita Internacional CEPA em conceituar o espiritismo como uma visão laica, humanista, livre-pensadora, plural e progressista, porque ela coincide cabalmente com o modelo de espiritismo pensado e sonhado por Allan Kardec, seu ilustre fundador e codificador.
Histórico da CEPA Brasil
A Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA – CEPABrasil completou 15 anos de atividades, no dia de 19 de outubro passado. Fundada em 2003, adotou até outubro de 2009 a sigla CEPAmigos. A CEPABrasil tem como objetivo reunir amigos e simpatizantes da CEPA residentes no Brasil, realizando atividades doutrinárias de estudos e difusão do espiritismo com base nas obras de Allan Kardec, sublinhando seu caráter livre-pensador, humanista, laico, plural, evolucionista e universalista.
Nestes breves quinze anos, foram realizados oito Fóruns do Livre-Pensar Espírita, pela ordem: João Pessoa (PB), Pelotas(RS), Guarulhos (SP), João Pessoa(PB), Fortaleza(CE), Porto Alegre(RS), Domingos Martins (ES), Salvador (BA), e quatro Encontros Nacionais, em: Itapecerica da Serra(SP), Bento Gonçalves(RS), João Pessoa (PB) e Fortaleza (CE).
A CEPABrasil foi presidida por Sandra Régis, Jacira Jacinto da Silva, Alcione Moreno, Homero Ward da Rosa e, atualmente, por Jailson Lima Mendonça.
Parabéns e muito obrigado a todos os amigos que participam com suas ideias, reflexões e sugestões, sendo presença constante nos espaços sociais e eventos da CEPABrasil e da CEPA. Vocês, amigos de todas as nacionalidades, constroem e fortalecem a união, a tolerância, a empatia e a alteridade em nosso pequeno e valoroso grupo de espíritas.
Amigos, espaços de convivência democrática não estão prontos; eles resultam do aprendizado, do esforço e do respeito às diferenças. Não pretendemos hegemonia, pois queremos continuar pensando, concordando, discordando, aprendendo e avançando… A experiência humana se alicerça em erros e acertos – mas é insubstituível.
Diretoria da CEPABrasil
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Escolhemos das nossas pesquisas na Internet um artigo escrito por Wilson Garcia, importante estudioso e autor espírita com vasta obra feita e muitíssimo conhecido no Brasil, que no trabalho a seguir inserido apresenta o problema muito sério do papel que as federações desempenharam, e desempenham ainda, no movimento espírita. Já nos interessaria muito se fosse só isso, mas a sua publicação aqui tem o intuito de levar até junto dos leitores portugueses ideias bem claras e documentadas a respeito da história do espiritismo no Brasil.
Tendo a Federação Espírita Portuguesa ao que nos parece, pelas mais do que evidentes aparências, posicionamentos estratégicos francamente coincidentes com os da FEB, embora nunca tenha inserido nos seus estatutos a divulgação organizada e sistemática da mensagem roustainguista, julgamos muito importante o retrato bastante realista que nos apresenta Wilson Garcia, para podermos avaliar o que tais afinidades poderão significar para o espiritismo em Portugal. O trabalho em questão foi enviado ao “Portal do Espírito” por Wilson Garcia em 30/12/2015
As Federações e seu Papel no Movimento Espírita
Enviado em 30/12/2015 | Escrito por Wilson Garcia
As Federações e seu Papel no Movimento Espírita
Wilson Garcia
Embora nem sempre perguntem objetivamente, está no interesse dos dirigentes espíritas saber, sobre as entidades federativas do movimento espírita, as seguintes questões: como elas surgiram? Por que foram criadas? Qual o seu verdadeiro papel no movimento espírita? A resposta a estas questões é a chave para o relacionamento entre centro espírita e federativas.
O estudo da História do Espiritismo, como de qualquer ramo do conhecimento humano, é de vital importância para a compreensão doutrinária. Nele estão inseridos o homem e sua atuação, os princípios e seu surgimento, a realidade cultural e social, enfim, elementos que explicam os fatos e facilitam o seu entendimento. Muitos dos acontecimentos que às vezes parecem obscuros ou não apresentam explicações claras podem ser resolvidos à luz da história.
Em razão disso, vamos fazer um retrospecto no tempo, para buscar as raízes do movimento espírita brasileiro e, assim, poder compreender com maiores detalhes esta árvore que hoje abriga a milhões de pessoas, principalmente no Brasil. É preciso esclarecer que não pretendemos, neste estudo, entrar nas minúcias de todos os fatos, pela impossibilidade que isto significaria aqui. Vamos passar em revista alguns acontecimentos importantes, analisar os personagens neles envolvidos e sacar daí razões que possam beneficiar o nosso trabalho dentro das casas espíritas.
É preciso, também, esclarecer que vamos apresentar fatos que muitas vezes chocam com aquilo que gostaríamos de ver. Nós não criamos estes fatos, antes, eles existiram e falam por si: são, portanto, críticos. Com isto, não temos intenção de agredir aqui e ali, muito menos temos interesse de diminuir esta ou aquela instituição. Os fatos, vistos por seu prisma verdadeiro, por mais chocantes que sejam, sempre possibilitam a melhoria do conhecimento doutrinário e de sua prática no centro espírita. Pior acontece com aqueles que, colocados em postos de comando, não querem saber dos acontecimentos: preferem ignorar o passado, como se o presente não fosse o resultado da ação do homem.
Desconhecer o passado pode significar, quando pouco, a má concretização do ideal doutrinário e, na melhor das hipóteses, a sua prática imperfeita, incompleta ou deficiente.
As raízes do movimento espírita brasileiro
Não se pode precisar, com segurança, quando e de que modo a Doutrina Espírita aportou no Brasil. A coisa mais correta a esse respeito talvez seja mesmo o verbo aportar: o Espiritismo aqui chegou, sem dúvida, viajando de navio, na segunda metade do século passado. Imperava no país, principalmente na Corte, a influência da cultura francesa. Tudo o que vinha de Paris era considerado de classe superior. A música, a literatura e o teatro. O Espiritismo, codificado a partir do trabalho de Kardec, era também um dileto filho francês. Deu-lhe bem cedo boas vindas a intelectualidade cabocla.
A cultura indígena estava praticamente abafada. A Igreja Católica espalhara seus tentáculos por todas as partes. Os negros caminhavam para a consolidação do sincretismo de suas crenças com os ídolos católicos. Várias entidades espirituais africanas estavam perfeitamente identificadas com os santos romanos e a essência da religião negra, inclusive seus cultos através do comportamento mediúnico e da crença reencarnacionista, corriam então menor risco. Houve, sem dúvida, uma certa cumplicidade do clero com a manutenção das concepções e práticas negras, uma espécie de acordo mudo com o senhorio, de tal forma que as três partes envolvidas pudessem de alguma forma manterem-se vivas.
Foi nesse ambiente que o Espiritismo se estabeleceu: chegou, convenceu, criou fama, foi fortemente combatido, sofreu influências, permaneceu e alcançou os dias atuais. O primeiro dado conclusivo que se pode tirar é esse: o Espiritismo chegou ao Brasil pelas portas da intelectualidade e com o aval do berço francês. Só mais tarde ele alcançaria as classes mais baixas da escala social, até fixar-se como uma doutrina da classe média brasileira.
Engana-se quem imagina que os fatos espíritas só aconteceram a partir da vinda da doutrina. Absolutamente. Antes mesmo de aqui chegar o primeiro passageiro com O Livro dos Espíritos na mala, já muitos acontecimentos chamados fenômenos mediúnicos ocorriam em locais isolados, muitos deles freqüentados por criaturas dispostas a tirar conclusões sérias.
Parte da intelectualidade assumida apresenta dois aspectos conflitantes: é arrojada, de um lado, e presunçosa, de outro. Para muitos daqueles que retornariam da Europa tocados pelo pensamento kardequiano pouco se lhes dava se o clero se opunha a esse pensamento. Eis aí a demonstração de arrojo. De outra parte, essa intelectualidade não titubearia em criar apêndices para o pensamento kardecista, na presunção de possuir poder para tal. Essa ousadia precoce não demoraria a trazer certos desentendimentos para o coração da nova ordem de sociedade que viria a ser formada. Mais tarde, fato semelhante vai ocorrer com a popularização da doutrina: a classe menos esclarecida, em virtude de suas concepções religiosas e de seus preconceitos, acaba por mesclar a prática doutrinária com ídolos e comportamentos totalmente contrários aos princípios kardecistas. Atualmente, um dos pontos de maior debate reside exatamente neste aspecto.
Se a origem francesa era como que um passaporte para a entrada no país de tudo o que nossos navios traziam, é certo que muito daquilo que vinha de além mar não correspondia à fama. Pouco depois de Kardec, aqui chegou a doutrina de Roustaing, envolvida da mesma aura novidadesca. O pensamento do Codificador a seu respeito não veio junto, sequer poderia ser conhecido. Mais tarde foi até posto de lado. Bem ou mal, Roustaing se estabeleceu e já na chegada instaurou discórdias, sendo com toda certeza a primeira grande divergência do movimento espírita brasileiro. Esta é a segunda conclusão a que se chega. A divergência é tão profunda que vai ultrapassar os tempos, alcançando os dias atuais.
É importante relatar estes fatos porque eles vão influir decisivamente nos destinos do movimento espírita nacional, desde as instituições primeiras que aqui se formaram até os mais letrados pensadores da doutrina dos nossos dias. A Federação Espírita Brasileira, por exemplo, fundada em 1884, acabará se constituindo no principal reduto do pensamento roustanista. Seu Estatuto vai chegar ao ponto de estabelecer como condição “sine qua non” para o associado ascender a cargos diretivos, a sua crença na doutrina de Roustaing.
Esse tipo de posicionamento, em defesa de teses discutíveis, se encontra na liberdade doutrinária um ponto de apoio, de outra parte acaba sendo fator de enfraquecimento da instituição perante o próprio movimento – atualmente há as Federações estaduais a favor de Roustaing e aquelas que não o aceitam. Em alguns outros aspectos, fatos semelhantes acontecerão.
O aparecimento das Federações
No ano de 1884, no Rio de Janeiro, capital da República, sede da cultura nacional, centro de todas as atenções do país, aparecia a Federação Espírita Brasileira, criada a partir do desejo de alguns espíritas cariocas de unir fraternalmente as sociedades espíritas, entre eles o fotógrafo Augusto Elias da Silva, que no ano anterior havia fundado a revista “Reformador”, a qual passou a ser órgão da própria Federação, desde então.
Antes da Federação, várias dissidências haviam sido registradas no principiante movimento espírita brasileiro. O primeiro agrupamento espírita juridicamente legalizado no Brasil, de que se tem notícia, foi o Grupo Confucius, criado no Rio de Janeiro em 1873. Durou pouco: menos de três anos.
Problemas internos levaram ao seu fracasso. Depois foram surgindo outras: Sociedade de Estudos Deus, Cristo e Caridade, Sociedade Espírita Fraternidade, União Espírita do Brasil etc.
Por um bom período, duas instituições desenvolveram atividades paralelas de filiação de entidades espíritas: a União Espírita do Brasil e a Federação Espírita Brasileira. Ambas no Rio de Janeiro. Por fim, e não sem muitos traumas, venceu a Federação. Recorde-se que ao nascer, tanto a União Espírita do Brasil (1882) quanto a Federação Espírita Brasileira (1884) tinham por finalidade reunir debaixo de uma só bandeira os centros e sociedades espíritas do país. Só mais tarde, já neste século, estando a Federação consolidada do ponto de vista político e econômico, é que ela vai se dedicar ao trabalho junto às Federações estaduais. Note-se, ainda, o detalhe: a Federação não surgira do interesse de organização dos centros existentes, mas do desejo de alguns espíritas, individualmente, saídos da divergência de outros grupos e que se reuniam na residência de Augusto Elias da Silva. As lutas internas no incipiente movimento espírita de então, sempre em busca de supremacia de um grupo sobre outro, fez com que o ideal de união das sociedades espíritas permanecesse letra morta por um longo período. A Federação, já com Bezerra de Menezes à frente, não se entendia com o Grupo da Fraternidade, nem com a União Espírita do Brasil e assim por diante. Eis que Frederico Júnior, na Fraternidade, recebe uma mensagem de Allan Kardec, intitulada “Instruções aos Espíritas do Brasil” (ver transcrição ao final deste texto), que provoca grandes discussões no movimento. Sob o comando de Bezerra, resolveu-se fundar uma nova sociedade, com incumbência federativa, tendo o apoio da Federação e outros grupos, exemplo esse que será mais tarde repetido em São Paulo, na fundação da USE. Durou pouco a nova instituição. Ficou Bezerra nela abandonado.
Passaram-se os anos. Em 1903, no Rio de Janeiro, a Federação Espírita Brasileira resolve comemorar o centenário de nascimento de Allan Kardec, organizando um programa de três dias.
Convida as sociedades espíritas do Brasil para estarem presentes. Na qualidade de Federação estadual então existente, apenas a do Amazonas comparece, na pessoa de representantes nomeados. De São Paulo, participou o português Antônio Gonçalves da Silva “Batuíra”, figura exemplar e que dirigiu na época o maior agrupamento espírita do Estado, juntamente com o jornal “Verdade e Luz”, por ele fundado.
Uma decisão tomada então vai ter importância decisiva nos destinos do movimento espírita brasileiro: ficou decidido que se fariam esforços para a fundação de federações estaduais nos “moldes da Federação Espírita Brasileira”. Isso significa que os fatores positivos e negativos da Federação passariam para as que fossem fundadas, inclusive a questão polêmica do roustanismo. Foi o que se deu. Além disso, prosseguiria o sistema de fundar federações através de gestões individuais e não coletivas.
Atualmente, temos no Brasil as federações que aceitam Roustaing e aquelas que não o aceitam.
Criadas para unir o movimento, as Federações não cumprem seu papel
Grande parte das dissenções iniciais, em relação a organismos como a Federação Espírita Brasileira, era resultado da luta pelo poder. Esta questão permanece nos dias atuais, mas já não se constitui em aspecto principal. Vencida esta etapa, à medida em que a consciência dos dirigentes espíritas se abria para a importância da unificação, passou-se a cobrar das federações uma atuação mais precisa.
Assim, em princípios da década de 30, vozes se levantavam de várias partes do país, principalmente das regiões Sul-Sudeste, clamando por uma presença eficaz da Federação Espírita Brasileira junto ao movimento. A Federação havia praticamente abandonado os seus deveres junto a este movimento, preocupando-se acima de tudo com questões de sua própria sobrevivência.
Postada no pedestal de Casa Máter, os dirigentes da Federação não davam ouvidos às reclamações, até que se iniciou um movimento contrário, que aos poucos foi tomando forças e acabou desembocando na realização de uma Assembléia Nacional Constituinte, no Rio de Janeiro, em 1926, voltada para a organização do movimento espírita brasileiro, fundando-se na ocasião a Liga Espírita do Brasil.
A notícia da realização próxima daquele evento fez os diretores da Federação saírem da inércia. Em oposição à Constituinte, ela convocou uma reunião para o mesmo ano e na mesma cidade, onde compareceram representantes de instituições espíritas, ocorrendo assim, a primeira reunião do Conselho Federativo, onde se propôs a dinamização do movimento espírita nacional. A Federação tratou de cooptar os principais elementos que levaram avante a Constituinte e por sua influência a Liga Espírita modificou seus objetivos iniciais, entregando-se às diretrizes da Federação e, mais tarde, transformando-se na entidade federativa estadual do Rio de Janeiro. Estava vencida, assim, mais uma etapa na vida da Federação e podia ela, mais uma vez, respirar aliviada.
Amainados os ânimos, rendidas as resistências, não tardou a Federação a retornar ao estado de inércia anterior, no que diz respeito à direção do movimento espírita brasileiro. O aparecimento do médium Chico Xavier e seu primeiro livro, Parnaso de Além Túmulo, constitui para a Federação uma razão mais forte de atuação: a área do livro, que ela já vinha desenvolvendo a duras penas há vários anos, recebe uma injeção forte. É onde ela concentra suas energias.
A maioria das Federações estaduais seguem-lhe os passos, no que diz respeito ao movimento regional, ou seja, quase nada realizam em prol dos centros filiados, apesar do número restrito destes. Falta-lhes uma visão real daquilo que deveriam realizar. Suas atividades se restringem a reuniões de diretoria, onde boa parte dos diretores quase nunca aparecem, e à luta para pagar aluguéis e outras despesas de sobrevivência. Vale observar que as diretorias destas federações eram compostas quase sempre por pessoas de nome na sociedade, mas cujo verdadeiro ideal espírita ainda não as havia alcançado.
Portanto, elas davam mais atenção aos seus compromissos sociais e profissionais do que ao comparecimento na instituição.
Em São Paulo, o dinamismo não impede a ocorrência de velhas deficiências
A doutrina cedo alcançou São Paulo. E não tardaram a surgir figuras de proa, tomando para si a tarefa de sua divulgação. Uma delas foi um português autodidata, amigo dos estudante da famosa Faculdade de Direito do Largo São Francisco, veloz nas pernas e no pensamento. Seu nome: Antônio Gonçalves da Silva. O apelido: Batuíra. Depois dele, inúmeros outros marcariam o movimento espírita bandeirante. Não se sabe até que ponto as decisões tomadas em 1903, no Rio de Janeiro, se materializaram em São Paulo. Em 1916, surgiu uma estranha instituição, fundada por outro português, Antônio José Trindade, com o nome de Sinagoga Espírita São Pedro e São Paulo. Dois anos após, passa a chamar-se Sinagoga Espírita Nova Jerusalém, em virtude de uma cisão interna, que separou os seus diretores. E após ela, a Liga Espírita, a União Federativa e a Federação Espírita do Estado de São Paulo (Feesp).
É curiosa a história da Feesp. Em 1926, dirigia a revista Verdade e Luz, sucessora do jornal Verdade e Luz, fundado por Batuíra, o dr. Lameira de Andrade. Motivado pelo movimento da Constituinte Espírita e vendo o Espiritismo em São Paulo padecendo dos mesmos males do brasileiro, Lameira resolve, com o apoio de alguns dirigentes de centros espíritas, fundar na capital a Federação Espírita do Estado de São Paulo, o que de fato consegue. Mas, durou pouco esta primeira Feesp, assim como pouco duraria a Liga Espírita do Brasil, consoante os princípios em que fora criada.
As razões desse desaparecimento estão ainda por serem devidamente apuradas. Sabe-se, entretanto, que Lameira de Andrade fora, em São Paulo, ardoroso defensor da Constituinte e que era opositor ferrenho da obra de Roustaing, tendo divulgado diversos manifestos contra suas teses e, inclusive, publicado um livro em que debatia mais profundamente o assunto.
Morta a primeira, surge, dez anos depois, a segunda Feesp, agora sob a direção de outros espíritas e sem contar com o apoio dos centros. Após um período de dura sobrevivência, em que o seu desaparecimento era mais certo do que a continuidade de sua vida, durante o qual o trabalho junto aos centros espírita jamais vingou, a Feesp finalmente se firma como instituição, devido principalmente à chegada daquele que seria, por mais de 30 anos, o seu mais importante dirigente: Edgard Armond. Figura controvertida, esoterista e maçom, Armond soube vencer as adversidades administrativas e levar a Feesp a uma posição de destaque.
Em 1947, Armond convenceu seus pares a convocar um Congresso para dar fim à desorganização em que se achava o movimento espírita paulista. Iria repetir-se em São Paulo o mesmo caso havido no Rio de Janeiro, ao tempo de Bezerra de Menezes. Apenas o desfecho será outro, como veremos. O diagnóstico levantado mostra uma situação alarmante na época, com os espíritas desunidos e praticando mal sua doutrina nos centros espíritas. Ei-lo:
1 – Dispersão sistemática e generalizada, em caminho de desintegração, por força de interferências estranhas e de dissensões que, forçosamente, levariam à formação de cismas ou desmembramentos sectários.
2 – Desvirtuamento da Doutrina por força de interpretações capciosas e individualistas e de práticas nocivas visando interesses e ambições pessoais, com evidente desprezo dos seus postulados fundamentais, mormente os do campo moral.
3 – Disseminação de práticas exóticas, misto de magia e de superstição, com a introdução de ritos de outros credos e cerimônias religiosas de estranho aspecto e significação, tudo o que está designado como “baixo espiritismo” mas que realmente não passa de “falso espiritismo”.
4 – Arbítrio e personalismo, imperantes na maioria das instituições, transformando-as, muitas vezes, em propriedades particulares de uns e de outros, do que resultava afrouxamento cada vez maior da comunhão geral, no campo da fraternidade.
5 – Clandestinidade de muitas instituições existentes que, propositamente, fugiam a uma organização regular e ao intercâmbio, para exercerem práticas condenáveis e explorações da credulidade pública, causando assim confusão e profundo dano à segurança moral da expansão da Doutrina.
6 – Infiltração nas fileiras espíritas de ideologias estranhas, ligadas a movimentos políticos-revolucionários e tentativas reiteradas de dominação político-partidária, tudo incompatível com os sãos princípios e com as finalidades essenciais da Doutrina.
7 – Desconhecimento completo que se tinha do vulto e da extensão do movimento espírita e do perigo que representava para a própria Doutrina a expansão desordenada, sem diretrizes uniformes, sem disciplina, sem subordinação a um organismo central coordenador.
8 – Por último, a ignorância ou o desinteresse que demonstravam inúmeras instituições a respeito do papel e das responsabilidades que o Espiritismo assume, como cristianismo redivivo, na esfera da coletividade mundial.”
A Federação é a mãe do Congresso
Espíritas de várias partes do estado vieram participar do primeiro grande evento unificador em terras paulistas. Foi da Federação, também, a tese vitoriosa, que resultou na fundação de uma nova entidade, a União Social Espírita, depois mudada para União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (Use). A USE foi a primeira entidade federativa do país a nascer da vontade coletiva, do interesse dos centros espíritas, que realmente vingou.
A ela foi entregue os destinos do movimento espírita no estado. As quatro grandes instituições federativas, então existentes: Feesp, Liga, União e Sinagoga, mais os dirigentes de centros espíritas, ao aprovar a tese de criação da Use acordaram que a ela caberia a incumbência de coordenação deste movimento. E acordaram mais, de que lhe dariam o indispensável apoio para sobreviver e alcançar seus objetivos. Com isto, as quatro se retirariam dos trabalhos federativos, deixando a Use livre para realizá-los.
Três cumpriram a palavra. A Feesp, não. Armond abrigava a idéia de que a criação da Use resolveria o impasse da ocasião, beneficiando o movimento. Mas ele queria mais: desejava unir a Use à Feesp, prevalecendo finalmente esta. Era o poder que estava em jogo. Mas o destino assim não quis. A Feesp, alimentando a esperança de prevalecer sozinha no trabalho federativo, abrigou em sua sede, por muitos anos, a Use. De um lado, cumpria o dever de apoiá-la (e o fez com o ônus material), mas de outro tinha-a sob sua mira. Também por muitos anos, o presidente da Federação era vice-presidente da Use e vice-versa – o presidente da Use era vice na Feesp.
Na década de 70, com a Feesp continuando a federar centros, paralelamente à Use, formou-se uma comissão pró-fusão das duas entidades. Antes do fim daquela década, ambas viram baldados os esforços – o Conselho Estadual da Use convenceu-se de que a fusão seria maléfica para a Use e para o movimento espírita. A decisão acirrou os ânimos, que já estavam de fato exaltados.
O fato marcante deste processo histórico é que, tendo fundado a Use com o objetivo de incorporá-la posteriormente, a Feesp não calculou bem o futuro. Ela criou um filho, mas perdeu sobre ele o domínio antes mesmo que ele alcançasse a maioridade.
A Use cresceu rápido, devido ao trabalho desencadeado logo após sua fundação. O interior do estado, o mais abandonado do movimento, tornou-se alvo de suas atenções. Enquanto contou com colaboradores dedicados, a Use varreu o estado, levando a consciência do trabalho unificado. Logo, surgiram os espíritas useanos, aqueles que nasceram e cresceram doutrinariamente sob o lema da unificação, suficientemente educados na filosofia política da entidade, expressa em conceitos como “a Use somos todos nós”. Assim como os useanos vibravam com o sentimento democrático de sua entidade-mãe, viam na Feesp uma entidade sem as características mínimas indispensáveis ao trabalho de unificação. Esse sentimento cresceu e, nos momentos críticos, exacerbou-se.
Para os useanos, a Feesp era nada mais do que um “centrão”, termo este que passou a ser, na época, sinônimo de Feesp e de um certo modo com contornos pejorativos. Eles a viam com todas as características de um centro espírita que cresceu demasiadamente e que tinha em suas atividades, práticas discutíveis do ponto de vista doutrinário. Não aceitavam a forma como os passes eram dados, uma das heranças de Armond. Este, atendendo aos princípios da organização, tratou de padronizar os passes, após definir-lhe diversas classificações. Aos useanos, passes padronizados passaram a ser sinônimo de ritualismo. Ademais, os cursos criados pela Federação também continham os seus pontos críticos. O que mais influía, porém, era a filosofia paternalista da Feesp, que contrariava a Use, já então plenamente aceita e estabelecida.
Um acontecimento em meados da década de 70 veio abalar ainda mais o trabalho em torno da fusão.
A Feesp, inadvertidamente, lançou no mercado uma nova tradução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, elaborada por Paulo Alves de Godoy, que continha gritantes falhas, incorrendo o tradutor em erros considerados inaceitáveis. À frente deste movimento postou-se um crítico ferrenho da Feesp, Herculano Pires. Apesar das resistências iniciais, a Feesp acabou sucumbindo ante a grita geral e não mais editou aquela tradução.
A decisão da Use, de não aceitar a fusão pretendida pela Feesp, causou entre os diretores da Federação um mal estar indiscutível. O sentimento de perda do poder ecoou na classe dirigente da instituição com tal intensidade que decidiram dar uma resposta à Use, na forma de aprovação, para a própria Federação, do Estatuto preparado para a nova Feesp que surgiria da fusão. Isto só fez os useanos sentirem-se mais fortes e seguros ante a decisão que haviam tomado.
Assim, a Feesp prosseguiu, agora com mais liberdade, filiando e atendendo os centros espíritas, dentro de suas características paternalistas, com as quais leva a todos, os cursos, os passes padronizados, palestrantes e orientações diversas. A Use seguiu o seu caminho, livre do apoio material da Feesp e sem o compromisso da fusão. A nova situação obrigou-lhe a partir para a superação de dificuldades que até então não a preocupavam. A necessidade de uma sede própria surgiu como meta impostergável, o que lhe tomaria alguns anos de luta, até finalmente consegui-la. E assim ela vive, nos tempos atuais.
O “Pacto Áureo” e suas conseqüências
A fundação da Use, em São Paulo, em 1947, inicialmente não foi bem vista pela Federação Espírita Brasileira. Tanto é isso verdade que o representante de São Paulo junto a ela era na ocasião a União Federativa, que assim continuou por algum tempo, mesmo tendo sido criada a Use. Somente a força irresistível dos fatos levaria a Federação, mais tarde, a aceitar a Use. Havia, na verdade, entre os espíritas paulistas e cariocas uma animosidade semelhante à que preponderava nos aspectos regionais. Como dissemos atrás, após vencer as resistências em 1926, com o advento da Constituinte Espírita, entrou a Federação em novo período de hibernação com relação aos seus deveres perante o movimento de unificação. Em 1949, essa situação estava insustentável, pois de todos os lados surgiam as reclamações contra a Federação.
O movimento que deu origem à Use espalhou-se por várias partes do país. São Paulo, como Estado-nação, já era visto como uma grande locomotiva. As dissensões São Paulo/Rio influíam, de alguma forma, nos espíritas de ambos os Estados. Ademais, historicamente, São Paulo sempre foi o estado mais próximo do sentimento racional, confrontando com o sentimento exageradamente místico dos espíritas cariocas. Roustaing, em São Paulo, era mal visto e encontrava, constantemente, um obstinado crítico. Em 1949, essa dura tarefa cabia ao professor Júlio Abreu Filho, o responsável pela tradução da Revista Espírita para o português. Júlio não só criticava a aceitação e imposição de Roustaing pela Federação, como também as atitudes de seus diretores no tocante às edições de obras espíritas. Neste clima, a Use organizou e realizou dois anos após a sua fundação o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, com a seguinte justificativa: “A situação do Espiritismo em São Paulo”, ante o aparecimento da União Social Espírita, se bem que em escala reduzida e atenuada, refletia o que se passava em todo o País. E foi analisando estes aspectos e meditando sobre suas ruinosas conseqüências que se resolveu, sem mais delongas, iniciar o urgente trabalho da unificação.
Três eram os objetivos do congresso, todos demonstrando a ineficácia da atuação da Federação: 1- a unificação do Espiritismo nos estados. Planos de execução. 2- A unificação do Espiritismo nacional. Sistema a adotar. 3- Estudo dos problemas de interesse fundamental e urgente para a marcha do movimento espírita nacional.
A Federação não só esteve ausente do congresso como também desenvolveu intenso trabalho para desestimular a presença dos representantes das federativas estaduais. Conseguiu-o em parte, pois várias daquelas que inicialmente se comprometeram a participar acabaram desistindo. Isto, porém, não diminuiu em muito o evento. A Federação do Rio Grande do Sul, por exemplo, apresentou proposta de criação de uma Confederação Espírita Brasileira, que assumiria o papel Federativo Nacional, que a Federação teimava em não realizar.
O Congresso terminou por aprovar que a Federação do Rio Grande do Sul desenvolveria esforços para a criação de uma entidade federativa social e patrimonialmente autônoma. Para tanto, contaria todas as federativas estaduais e apontaria os caminhos. A Federação Espírita Brasileira agiu imediatamente, sob o argumento de ser a Casa Máter do Espiritismo, escolhida por Ismael. E mais uma vez, sozinha, derrotou a coletividade. Espíritas de diversos estados, ainda em 1949, estando no Rio de Janeiro, assinaram um documento denominado “Pacto Áureo”, em que a Federação se propunha a realizar o trabalho de unificação, dinamizando o Conselho Federativo, criado em 1926 mas adormecido desde então. O congresso de unificação de São Paulo estava, pois, morto.
O Pacto Áureo foi recebido com profundas desconfianças por muitos espíritas de São Paulo.
Herculano, um dos seus críticos, chamou-o de pacto aéreo, apoiado por dezenas de outros adeptos. A Federação Espírita Brasileira, porém, silenciando-se publicamente, mas agindo sempre com eficácia nos bastidores, mais um vez manteve sob seu domínio o poder. Ainda hoje, o Espiritismo brasileiro, em termos de organização administrativa, está sob o poder da Federação. O Conselho Federativo é um apêndice dela. Acima dele está o Conselho da Federação, constituído de seus sócios individualmente, o qual pode, a qualquer momento, tomar atitudes contrárias aos interesses dos representantes das federativas que ali se reúnem.
Estaria a situação em nossos dias melhor do que no passado?
Resumindo, a situação do movimento espírita brasileiro, atualmente, é mais ou menos esta: as federativas estaduais ainda estão longe de realizarem o ideal da unificação. Os centros espíritas, de uma forma geral, ainda vivem entregues a si mesmos. Algumas federativas, em virtude da adoção de certos princípios discutíveis, não têm força moral suficiente para comandar o trabalho. Por outro lado, as divisões em vários estados enfraquecem o movimento local. Em São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Ceará existem mais de uma entidade federativa, o que provoca confrontos ideológicos perturbadores do movimento.
A luta pela sobrevivência ainda existe em algumas federativas, prejudicando o trabalho do movimento. Em outras, a falta de uma visão profunda do movimento e o desconhecimento da realidade dos centros espíritas as impede de trabalharem como deveriam.
Em São Paulo, a Use se constitui hoje como um verdadeiro monumento a ser preservado, tanto pela sua filosofia quanto pelo exemplo que representa de entidade criada pelos e para os centros espíritas.
A Use não possui sócios individuais, somente coletivos, o que a diferencia de todas as demais federativas.
Não se quer dizer que a Use seja um primor de entidade, nem que ela não possua as suas deficiências.
Ela as possui e deve por isto ser estimulada a melhorar sempre. Por ser o Estado de São Paulo o que maior quantidade de centros possui, é crível acreditar que boa parte deles não têm apoio e a consciência que precisariam ter, existindo até os que desconhecem a existência da Use.
O trabalho da Feesp é conhecido apenas na capital. Ainda assim, é ineficaz e se desenvolve estritamente ao nível do paternalismo. A Federação ainda não perdeu as esperanças de domínio do poder. Ela desenvolve gestões atualmente, embora sem o declarar, à procura de conseguir um lugar no Conselho Federativo Nacional. Sua atividade paralela à da Use enfraquece o movimento estadual.
Na ponta de tudo está o centro espírita, unidade do movimento, que poderia ser melhor apoiado.
A Use não surgiu com o sentido paternalista que vigora na base da cultura brasileira. Seus diretores não são eleitos para levar soluções aos centros espíritas, mas para administrar o desejo e as necessidades coletivas. Este é o seu maior desafio, uma vez que coexistem no movimento, centros espíritas ainda hoje em maioria, dependentes das ações desenvolvidas pelas chamadas autoridades máximas, e outros, em menor escala, cujos dirigentes alcançaram a consciência da filosofia que estabelece: “A Use somos todos nós”.
Bibliografia
Anais do 1º. Congresso Espírita do Estado de São Paulo, 1947 * Anais do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, 1948
Livro do Centenário, 1906
Livro do Conselho Federativo, 1926
Bezerra de Menezes, por Canuto de Abreu
Coleção da Revista Espírita
Revista Alvorada de uma Nova Era
Os Intelectuais e o Espiritismo, Ubiratan Machado
Coleção da Verdade e Luz, segunda época
Coleção da Revista de Metapsíquica
Documentos diversos
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Aqui se apresentam duas obras de imenso interesse da autoria de TEREZINHA COLLE que tratam do importantíssimo tema das Reuniões Espíritas Familiares da forma como foram desenvolvidas por Allan Kardec, no momento histórico em que fundou o espiritismo.
O tema é muito vasto, vamos por isso dar a palavra à autora dos livros, fazendo uma citação substancial de um capítulo da sua primeira obra, chamando ao fim a Vossa atenção para a segunda.
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4. As vozes do céu – necessitamos delas e as desejamos
Em nossos dias ainda pensa-se que apenas alguns médiuns têm o privilégio de se comunicar com os Espíritos, ou melhor, receber deles “mensagens”. Fala-se que somente se pode conversar com os Espíritos em determinados lugares, tidos por únicos a receber a “proteção do Alto”. Diz- se que as evocações, as instruções solicitadas aos Espíritos superiores “foram importantes no tempo de Kardec” para estruturação do Espiritismo, e que hoje em dia não se tem mais necessidade delas, ou até mesmo que seria perigoso alguém dedicar-se a tal prática.
Para ilustrar o que acabamos de dizer reproduzimos aqui pequenos trechos de orientações dadas por Espíritos, e que notoriamente são contraditórias com os ensinos de Kardec, mas tidas como verdadeiras por boa parte dos espíritas atuais:
“Coibir-se de evocar a presença de determinada entidade, no curso das sessões, aceitando, sem exigência, os ditames da Esfera Superior no que tange ao bem geral. (André Luiz, Conduta Espírita, cap. 11, “No templo”.)
“Abolir a prática da invocação nominal dessa ou daquela entidade, em razão dos inconvenientes e da desnecessidade de tal procedimento em nossos dias, buscando identificar os benfeitores e amigos espirituais pelos objetivos que demonstrem e pelos bens que espalhem.”
(André Luiz, Conduta Espírita, cap. 25, “Perante os mentores espirituais”.)
369 – É aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos?
– “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exequilibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto, no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bem-intencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o merecimento do seu coração.
Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidade de méritos ainda distantes da esfera de atividade dos aprendizes comuns.” (Emmanuel, O Consolador, pergunta 369.)
Preferimos, no entanto, nos embasar, quanto a esses pontos, nas próprias instruções de nosso mestre Allan Kardec, espalhadas por diversos lugares de sua obra, inclusive em uma das mais folheadas pelos Espíritas dos nossos dias: “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Vejamos o que escreveu Kardec:
“Esta obra é para uso de todos. Dela podem todos haurir os meios de conformar com a moral do Cristo o respectivo proceder. Aos espíritas oferece aplicações que lhes concernem de modo especial. Graças às comunicações estabelecidas doravante e de maneira permanente entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, ensinada a todas as nações pelos próprios Espíritos, não será mais letra morta, porque cada um a compreenderá, e será incessantemente solicitado a colocá-la em prática, a conselho de seus guias espirituais. As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho.” [1]
Kardec deixa claro que as comunicações com os Guias espirituais, para fins de instrução, é para ser estabelecida doravante e permanentemente, e por todos aqueles que desejem viver de conformidade com a moral do Cristo e não se julguem autossuficientes para consegui-lo sem o auxílio dos bons Espíritos.
Ainda a esse respeito, encontramos as respostas dadas por Kardec ao interlocutor que ele denominou “O Visitante”, em seu opúsculo intitulado “O que é o Espiritismo?”
“O Visitante – Solicito-vos uma última questão. O Espiritismo tem poderosos inimigos; não poderiam eles fazer interditar seu exercício e as sociedades e, por esse meio deter sua propagação?
Allan Kardec – Seria um modo de perder a partida um pouco mais rápido, pois a violência é o argumento daqueles que não têm boas razões. Se o Espiritismo é uma quimera ele cairá por si mesmo, sem que para isso precise tanto esforço; se o perseguem é por que o temem, e só se teme o que é sério. Se é uma realidade, ele está, como eu disse, em a Natureza, e não se revoga uma lei natural com um traço de pena [caneta].
Se as manifestações espíritas fossem privilégio de um homem, não há dúvida que, colocando-se de lado esse homem, se poria um fim às manifestações; infelizmente para os adversários, elas não são um mistério para ninguém; não contém nada de secreto, nada de oculto, tudo se passa às claras; elas estão à disposição de toda gente, e se produzem desde o palácio até a mansarda. Pode-se proibir seu exercício público, mas sabe-se precisamente que não é em público que elas melhor se produzem; é na intimidade; ora, podendo cada pessoa ser médium, quem pode impedir uma família em seu lar, um indivíduo no silêncio do seu gabinete, o prisioneiro em seu cárcere, de obter comunicações com os Espíritos, mesmo nas barbas da polícia e sem que ela saiba?
Admitamos, entretanto, que um governo fosse forte bastante para impedi-las em seu território; impediria também nos territórios vizinhos, no mundo inteiro, pois não há país algum, nos dois hemisférios, onde não haja médiuns?
O Espiritismo, além disso, não tem sua fonte entre os homens; ele é obra dos Espíritos, que não podem ser queimados nem encarcerados. Ele consiste na crença individual, e não nas sociedades que absolutamente não são necessárias. Se se chegasse a destruir todos os livros espíritas, os Espíritos ditariam outros. (…)[2]
[1] O Evangelho segundo o Espiritismo – Introdução – I – Objetivo desta obra.
[2] O que é o Espiritismo?, cap. I – Pequena conferência Espírita – Segundo diálogo – O céptico – Interdição do Espiritismo.
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– REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA – Março 2016 (Ver abaixo)
ESPAÇO DO EDITOR MEDIUNIDADE NO “CATIVEIRO”
MEDIUNIDADE LIMITADA
Por que será que muitos dos Centros Espiritas brasileiros limitam tanto os médiuns e a mediunidade?
É de conhecimento básico do espiritismo que a mediunidade é seu principal “agente”, ou seja, sem a mediunidade não existiria o espiritismo, principalmente porque a fonte base de informações é proveniente do trabalho beneficente dos médiuns, afinal, são eles quem transmitem a informação proveniente do mundo espiritual.
Também é de conhecimento geral espirita que, “a opinião de um espírito é somente uma opinião”, sendo assim esse pressuposto garante (e entende) que um espírito, ao se comunicar, está passando as informações que lhe são tangíveis baseada nas suas próprias percepções e seu grau evolutivo.
Tanto é assim que Kardec havia elaborado um método que “cruzava” informações de vários médiuns e espíritos para poder chegar a alguma conclusão sobre um assunto ou tema, lembrando que isso nunca foi, e nem deve ser definitivo, como muitos idólatras e dogmáticos pretendem, isso porque a conclusão final ainda é humana e condicionada ao tempo (Era) do observador/pesquisador, que é limitada.
Então, se toda a fonte básica de conhecimento (e ajuda em muitos casos) é proveniente da mediunidade, por que muitos Centros Espíritas limitam o desenvolvimento mediúnico?
A resposta é simples e o atual cenário mundial a que passamos é o mesmo: Excesso de padronização!
Esse “mal ” não atinge somente o espiritismo, mas empresas onde tem se implantando um sistema de padronização e metodologia de processos que parece, em muitos casos, tender a perdermos os propósitos básicos e a essência do que somos ou devemos fazer.
A padronização não é de toda ruim, melhor dizendo, é necessária, mas parece que esta, ao entrar fortemente num meio, passa a sufocar ou aniquilar a razão básica por excesso. Devido a isso, é possível percebermos que o problema não reside na padronização em si, mas sim nas pessoas que as impõe dentro de um grupo.
Na prática, referindo-me ao meio espirita atual (especificamente aos Centros Espíritas confederados e federados), podemos ver um excesso de controles, tanto de médiuns como de âmbito geral, parecendo que os princípios básicos tem ficado de lado.
Tal fato parece direcionar o entendimento de que os espíritos e médiuns é que trabalham num Centro Espirita e não que este foi criado para permitir o trabalho dos médiuns e dos mentores.
Esse tema vem sendo discutido em diversos grupos e, dias atrás, foi tema num grupo fechado sobre espiritismo.
Quem defende a ideia do controle, argumenta a necessidade e responsabilidade que as entidades possuem perante a sociedade e a Doutrina (dentro de um entendimento restrito do grupo), por outro lado, temos os que defendem maior liberdade aos médiuns e aos trabalhos.
Essa liberdade, por exemplo, é a de exercer a mediunidade de forma plena e não controlada como exigem certos CEs.
Médiuns reclamam de não ser permitido ficarem inconscientes durante as sessões, ou de terem que atuar conforme rege ou organiza-se o mundo encarnado, ao invés de ouvirem os mentores sobre como deveriam ser feitos os trabalhos.
Independente de ambas as opiniões, o fato é que o espiritismo kardequiano brasileiro tomou um rumo arriscado, onde muitos jovens desistem de atuar e onde muitos médiuns preferem abrirem seus próprios estabelecimentos (ou atuar em suas casas) e dai já passam a serem excluídos e chamados de espiritualistas.
Com isso perdemos todos nós, pois assim surge o preconceito, as separações e deixamos de ser uma grande família onde poderíamos avançar juntos, com um desenvolvimento pleno da mediunidade e, consequentemente, de um aprimoramento no conhecimento e na moralidade mais exata.
Não é incomum eu visitar muitos lugares e encontrar os médiuns ostensivos fora dos CE federados, me pergunto então:
Será que os médiuns que permanecem nos CEs Federados, em sua absoluta maioria, não são ostensivos ou não os permitem serem?
Esta é a continuação do trabalho iniciado há dias, de publicação de um conjunto de estudos de divulgação dos diversos capítulos de A Génese de Allan Kardec, para estimular o interesse nessa importantíssima obra, recentemente envolvida em problematizações complexas, que também iremos abordar, depois de publicada toda a série destes PowerPoints.
De autoria de uma grande amiga e colaboradora deste blogue, que construiu este interessante conjunto de trabalhos, para divulgação num numa sala de estudos da nossa terra.
Nesta semana trazemos aos nossos leitores o
Capitulo V – Antigas e modernas visões do mundo
O PowerPoint respectivo pode ser descarregado no link abaixo inserido:
Uma aplicada colaboradora de “espiritismo cultura” tem estado a realizar um importante trabalho pedagógico num activo centro cultural espírita dirigido por pessoas muito dedicadas e competentes, nossas amigas.
Temos o prazer de iniciar essa proveitosa colaboração, que irá prosseguir, com a publicação do Capítulo IV de A Génese de Allan Kardec, que tem por subtítulo “O Papel da Ciência na Génese”.
O PowerPoint respectivo pode ser descarregado no link abaixo inserido:
A FEAL, em Junho de 2018 lançou edição especial de “A Génese” e anunciou o projeto do Instituto Canuto Abreu
Em 8 de Junho de 2018, a capital paulista foi palco de um importante evento espírita promovido pela FEAL – Fundação Espírita André Luiz, com o lançamento de uma edição do livro A Génese de Allan Kardec, que, aliás, está num ano jubilar . Esta publicação da Editora FEAL consagra a campanha de resgate do texto original da obra kardequiana, sendo então traduzida para o nosso português a partir da 1ª edição francesa em alternativa às tradições tradicionais feitas da 5ª edição, que ficou demonstrada, conforme intenso trabalho de pesquisas históricas, ser uma obra adulterada.
O evento contou com a presença da diplomata brasileira e pesquisadora espírita Simoni Privato Goidanich, autora do marcante livro O Legado de Allan Kardec. Na sua exposição, Simoni apresentou um resumo da sua pesquisa na evidenciação da adulteração da obra de Kardec a partir da 5ª edição, de 1872, quando o codificador espírita já tinha desencarnado (31 de março de 1869).
Em seguida, o pesquisador Paulo Henrique de Figueiredo (de São Paulo) discorreu sobre alguns pontos doutrinários atacados nas alterações feitas com a 5ª edição, em prejuízo ao entendimento espírita. Logo após foi a vez do advogado Júlio Nogueira (de Salvador, Bahia) fazer uma leitura técnica sobre a adulteração considerando as normas jurídicas vigentes inerentes aos direitos autorais da obra. E, fechando o ciclo programado da exposição, Marcelo Henrique (Florianópolis, SC), mestre em ciência jurídica, fez palestrou sobre a necessidade de os espíritas tomarem de forma efetiva o legado deixado por Allan Kardec em face do projeto espírita de promover a evolução espiritual da humanidade.
Grande surpresa: projeto Instituto Canuto Abreu
Além do lançamento oficial desta obra histórica, a FEAL fez um anúncio importantíssimo para o Movimento Espírita: o projeto de instauração do Instituto Canuto Abreu, em parceria com familiares herdeiros do emérito médico, advogado e grande pesquisador espírita Canuto Abreu.
Neste espaço será exposto ao público o seu valioso acervo espírita, contando, dentre outras preciosidades, com cartas pessoais e artigos doutrinários originais — muitos dos quais inéditos até então — escritas por Allan Kardec e outros memoráveis colaboradores da primeira geração do Espiritismo, por exemplo, Léon Denis e Gabriel Delanne.
Os participantes do evento da FEAL também tiveram a satisfação de conferir uma pequena amostra do acervo do Dr. Canuto: livros raros, manuscritos de Kardec e Léon Denis, além de algumas fotografias forma exibidas a todos.
Amostra do acervo do Instituto Canuto de Abreu
Essa novidade foi uma surpresa e nos encheu de alegria com a possibilidade de resgatar verdadeiros tesouros históricos e doutrinários do Espiritismo que foram salvos pelo Dr. Canuto Abreu. O material do Instituto, que é de milhares de peças, está sendo catalogado e a promessa é a de que todo o seu conteúdo será disponibilizado ao público.
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Diz-nos João Donha, com toda a razão de sempre:
O inusitado dos blogs é que, tal como nos mangás, os primeiros textos que vemos são, na verdade, os últimos. Assim, quem quiser acompanhar o pensamento do bloguero na sequência em que surgiu, deve começar pelo fim, para encontrar o início.
A compreensão natural da vida depois da morte e de outros factos relacionados com a transcendência já não dependem da crença, ou de qualquer predisposição religiosa, MUITO MENOS DOGMÁTICA.
Com a abundância de dados científicos que existem, basta ter vontade e coragem intelectual, para enfrentar os dados existentes, tal como muitos que aqui são apresentados..
As provas evidentes de uma outra vida têm muito diversas áreas de afirmação científica. Vamos abrir com um caso especial e muito completo de “experiência de quase morte” (EQM), por serem conhecidos por todo o mundo milhões de casos recentes. São conhecidos, entretanto, um bom número de casos históricos que atingiram notoriedade mundial.
Há pessoas, vítimas de acidentes ou de outras situações limite, depois de uma comprovada morte clínica, com paragem cardíaca e paralização completa da actividade cerebral, que têm sido reanimados por processos agora crescentemente difundidos em acções de salvamento ou socorro de emergência hospitalar. Do número total dessas pessoas, há cerca de 18% que se lembra da sua viagem ao outro lado da existência, com variável quantidade de recordações, mas inapagáveis. Mais do que isso: a ocorrência tem efeitos transformadores do carácter e das concepções de vida, libertando os protagonistas completamente do medo da morte!
O fenómeno em si é antiquíssimo, e pode ter ocorrido no passado por mera casualidade, mesmo sem a intervenção de recursos médicos.
Platão, num dos livros da República, descreve o “mito de Er”, o Arménio, Panfílio de nascimento, um soldado que “morre” e vem de novo a si, narrando a sua odisseia no além, duma forma em tudo compaginável com os actuais depoimentos das pessoas que passam por NDE’s (em inglês) EQM’s (em português) ou EMI’s (em francês)!
Há muitos registos desde a antiguidade, até textos na Bíblia que podem ser conotados com esta ordem de fenómenos e tantos outros depoimentos e casos ao longo da História, como o do notabilíssimo caso do sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772).
Os casos deste tipo abundam em todo o mundo, inclusivé em Portugal, e temos um vizinho aqui onde vivemos, uma pessoa bem conhecida, com a qual se passou esse fenómeno.
O nosso vizinho e bom amigo é categórico: o medo da morte para ele deixou de existir, a sua confiança no futuro é, quanto isso, absolutamente tranquila!…
AO FUNDO APRESENTAMOS UM CONJUNTO DE TRÊS VÍDEOS COM UM DOS MAIS ESPANTOSOS CASOS DE QUE TIVEMOS CONHECIMENTO, PUBLICADO PELO CONHECIDÍSSIMO SITE BRASILEIRO “AFINAL O QUE SOMOS NÓS”.
NOTA: este texto é a Nota final nº 72 da nossa tradução de “O Livro dos Espíritos”
Ao ler o conteúdo de “O Livro dos Espíritos” e tudo o que ele nos diz a respeito da evolução dos seres humanos, já ficámos com uma ideia da “concentração de complexidades” que o nosso veículo perispiritual carrega consigo. A ciência atual, oferecendo-nos informações técnico-científicas que a experiência e os factos confirmam, ajuda-nos a construir uma imagem mais compreensível da sua verdadeira natureza e propriedades.
Apresentamos algumas ideias base, ponto de partida para as pesquisas que os leitores desejarem fazer:
Texto de Gabriel Delanne, Carlos de Brito Imbassahy, e Reinaldo di Lucia, importantes expoentes de épocas diversas da investigação científica relativa a temas de espiritismo;
A seguir ao texto de Carlos de Brito Imbassahy, por fazer parte dos investigadores que ele mesmo refere, fazemos alusão a um notável cientista norte americano, Harold Saxton Burr, que trabalhou em eletrodinâmica biológica e fez investigações acerca dos “campos de vida” (fields of life) e dos “agentes estruturadores”, termos e ideias fundamentais para a compreensão da natureza e funcionamento do perispírito.
Fragmentos de Gabriel Delanne:
“…Se realmente existe no homem um segundo corpo, que é o modelo inabalável pelo qual se ordena a matéria carnal, compreende-se que – apesar do turbilhão de matéria que se movimenta no corpo humano – se mantenha em nós o tipo individual que nos caracteriza, no meio das incessantes mutações resultantes da desagregação e da reconstituição de todas as partes do corpo, comparáveis a uma máquina à qual, a cada instante, se mudassem todas as suas partes constituintes. O perispírito é o regulador das funções, o arquiteto que vela pela manutenção do edifício, porque essa tarefa não pode depender essencialmente das atividades cegas da matéria.
Reflitamos sobre:
A diversidade dos órgãos que compõem o corpo humano;
Os tecidos que servem à construção dos órgãos;
A cifra prodigiosa de muitos triliões de células aglomeradas, que formam todos os tecidos;
O número colossal de moléculas do protoplasma;
E, enfim, a imensa quantidade dos átomos que constituem as moléculas orgânicas.
Achamo-nos em presença de um verdadeiro Universo, tão variado que ultrapassa em complexidade o que a imaginação possa conceber.
A maravilha é a ordem que reina nesses milhares de milhões de ações enredadas.
(…) Se no meio desse turbilhão existe um factor que permanece estável, é lógico que seja ele o organizador ao qual a matéria obedece. Esse factor é o perispírito, visto que é evidente a sua existência durante a vida, como é evidente que existe para além da morte. Os avanços no conhecimento das suas propriedades resultarão preciosíssimos no domínio da Fisiologia e da Medicina.
O que os antigos chamavam a “vis medicatrix naturae” é o mecanismo estável, incorruptível, sempre ativo, que defende o organismo contra as ações mecânicas, físicas, químicas e microbianas às quais está sempre sujeito, e que recompõe a cada instante a integridade do ser vivo quando é afetada.
Numa palavra, o corpo não é somente um aglomerado de células justapostas: é um todo harmónico cujas partes constituintes têm funções bem definidas, subordinadas ao papel que desempenham no plano geral.
Claude Bernard (1813 – 1878) Fundador da Medicina Experimental
O perispírito é a realização física dessa “ideia diretora”, que o grande cientista CLAUDE BERNARD assinalou como a verdadeira característica da vida. Essa “ideia diretora” é também o “desígnio vital” que cada um de nós realiza e conserva ao longo de toda a sua existência…”
Texto pesquisado e traduzido a partir da obra “Documents pour servir à l’étude de la Réincarnation” (A Reencarnação). Paris: Éditions de la B.P.S, 1927.
Palavras de Carlos de Brito Imbassahy *
Breve citação de um texto visto no site Era do Espírito enviado a Ellio Mollo pelo autor no dia 2 de novembro de 2007; Tema, “O Perispírito ante a Psico-bio-física”
“…o “campo de vida” seria o que Kardec definiu como perispírito e o “agente estruturador” seria, portanto – e por correspondência – o Espírito encarnante.(.,,)
“… o campo pode ser definido como sendo a área física em torno de um agente qualquer sobre a qual sua ação é percebida. Exemplificando: em torno de uma fogueira há uma região em que seu calor é percebido; será, pois, o campo térmico da mesma. O íman é sempre o exemplo ideal porque em sua volta há uma região restrita de atração fora da qual ela não é sentida.”
“. A primeira característica de qualquer campo é a energia atuante e relacionada com o agente estruturador. O campo do imã tem a propriedade de aglutinar limalhas de ferro e níquel dando-lhes uma formação relacionada com o imã, criando imagens conhecidas como “linhas de força” do campo.
Temos aí uma ideia do que Kardec disse ao definir o perispírito como não sendo material, ou melhor, sendo semimaterial, porque teria esta propriedade aglutinadora de reunir a energia cósmica em si como o campo do imã quando atua sobre as aludidas limalhas.
Esta energia cósmica modulada por um agente físico que atua em determinada região em torno do seu agente estruturador é conhecida como sendo um dos estados físicos da energia fundamental. Assim, o conceito de “semimaterial” emitido à época de Kardec satisfaz plenamente às condições de conhecimento da atualidade. O perispírito só tem sentido porque é capaz de agir de forma semelhante, agregando energia cósmica em seu campo para poder atuar sobre as células orgânicas fetais no útero materno, quando no processo encarnatório.
campo do íman também é formado de energia agregada a ele, sem o que jamais atuaria sobre as limalhas.
Cabe lembrar que, na época de Kardec, não se conhecia a energia. O próprio Newton teria definido a energia cósmica fundamental como sendo um fluido, o FCU. Portanto, naquela época, não sendo material, só poderia ser considerado como “semimaterial”. Entenda-se, pois, desta forma, o conceito em apreciação.”
Propriedades do perispírito
(…) “…Rigorosamente coerente com o que Kardec informa em O Livro dos Médiuns e na Seleta de artigos da Revista Espírita, vamos chegar às seguintes conclusões obtidas pela verificação feita em laboratório com uso de aparelhos espectrográficos capazes de detetar o aludido “campo de vida”:
– O perispírito é elaborado pelo Espírito segundo suas necessidades junto ao mundo cósmico em que vá viver;
– É um campo quântico de natureza psíquica capaz de estruturar células orgânicas e formar corpos somáticos;
– Em decorrência da propriedade anterior, ele detém a condição de transmitir ao corpo dito somático as suas necessidades orgânicas decorrentes da vida que deva ter;
– Como tal, comparando-o ao campo de uma fita de gravador, ele pode interferir diretamente no corpo somático modulando-o para que ele se estruture segundo suas necessidades encarnatórias.
– No sentido inverso, ele pode gravar tudo o que o encarnante faça durante sua vida terrena, sendo o arquivo temporário das suas reações; dessa forma, nossas atitudes presentes podem se refletir nas vidas futuras e o “assim como fizeres, assim acharás” terá plena justificativa, lembrando que, como numa pilha elétrica, toda energia que emana de um polo volta para o outro, fechando o circuito; caso contrário, ela não circula pelo mesmo.
– Sendo transitório, como todo e qualquer campo, decorrente da ação indutora do agente, ele não poderá ser o registro de nossos atos, ou seja, a “memória inconsciente” freudiana, arquivo de todos os nossos atos passados, mas servirá de elo entre nossa vida encarnada e os demais campos e sistemas integrados do Espírito. – Do mesmo modo que um campo de um condutor elétrico se modifica de acordo com a corrente que passe por ele, também o perispírito será modulado pela índole ou variação de sentimentos do Espírito, motivo pelo qual este necessita de um ambiente compatível com a sua evolução para nele se encarnar, a fim de que seu perispírito possa atuar nas suas energias materiais.
O que se pode concluir é que tudo isso foi comentado por Kardec sem que, à sua época, se tivesse noção ou o conhecimento atual relacionado com um campo energético e principalmente, de natureza psíquica.”
* O Engenheiro e professor universitário Carlos de Brito Imbassahy é investigador espírita com formação científica, muito conhecido no universo espírita brasileiro, tem numerosos artigos e livros publicados a respeito do tema de que tratamos aqui. É filho de Carlos Imbassahy (1883-1969), advogado, jornalista e importante individualidade ligada ao espiritismo brasileiro.
– A Eletrodinâmica Biológica e a noção dos “campos de vida” e dos “agentes estruturadores” na obra de Harold Saxton Burr (citado em textos da autoria de Carlos de Brito Imbassahy).
Harold Saxton Burr (1889-1973) cientista norte americano não espírita, não foi o único investigador a ter interesse por estes temas e a estudá-los.
Na linguagem dos homens de ciência é possível afirmar que tudo o que existe, visível ou invisível, obedece ao potencial organizador de “campos de vida”, “agentes estruturadores” ou “FRAMEWORKERS”.
Harold S. Burr foi professor da “Yale University School of Medicine”, na área da neuroanatomia e da eletrodinâmica biológica. As suas principais áreas de estudo foram: “A teoria eletrodinâmica da vida”; “As características elétricas dos sistemas vivos” e “A comprovação da existência de campos eletrodinâmicos nos organismos vivos”.
Há três obras suas bastante marcantes: “A Natureza do Homem e o Significado da Existência”, “Projeto para a Imortalidade” e “Os Campos de Vida, as Nossas Ligações com o Universo”.
Na sua obra “A Natureza do Homem e o Significado da Existência” de 1962, a que tivemos acesso online, conclui de forma muito expressiva, e com argumentos científico-filosóficos, pela existência de DEUS.
Recomendamos vivamente a leitura desta obra, que pode ser consultada online, e descarregada, página a página, pelo menos nos “sites” de duas bibliotecas universitárias dos EUA.
O Perispírito / Uma abordagem do século XX
Reinaldo Di Lucia *
Incluímos esta breve citação do investigador aqui referido, por ser o documento mais recente que conseguimos encontrar, de fonte espírita, com referências científicas, a respeito do perispírito. Com efeito foi publicado no site do Instituto Cultural Kardecista de Santos em 5 de setembro e 10 de outubro de 2016, como atualização de outro artigo do mesmo autor e com o mesmo título, publicado em outubro de 2002 no Caderno Cultural Espírita.
“…Dentre todos os continuadores do pensamento de Allan Kardec, Delanne é o que maior importância atribui ao perispírito. Provavelmente, isto se dá na medida em que é de grande dificuldade para qualquer pessoa adepta ao positivismo, aceitar que o Espírito, este ser imaterial e, para muitos, puramente abstrato, possa ser o princípio de todas as manifestações intelectivas do homem.
Assim, ele vai atribuir ao perispírito uma gama significativa de funções relativas à organização ou mesmo às capacidades inteligentes do ser humano. As principais funções cujas bases são por ele atribuídas ao perispírito são sumariamente descritas abaixo.
Primeiramente, temos a formação do corpo físico. Delanne depara-se com o problema de explicar como o corpo físico pode ser formado com tantos detalhes e reconstruído, com a mesma semelhança, sempre que certas partes são destruídas. Lança mão então da explicação perispiritual:
A força vital por si só não bastaria para explicar a forma característica de todos os indivíduos, e tampouco justificaria a hierarquia sistematizada de todos os órgãos, sua sinergia em função de um esforço comum, visto serem eles, simultaneamente, autónomos e solidários. Neste ponto é que incide o ascendente da intervenção do perispírito, ou seja, de um órgão que possua as leis organogenéticas, mantenedoras da fixidez do organismo, através de constantes mutações moleculares.”
O perispírito é então, em sua opinião, o modelo fluídico, o molde que servirá para construir o corpo físico. Como veremos, esta também é a opinião de Hernâni Guimarães, atualizando o raciocínio a partir de recentes descobertas científicas.
A grande preocupação desse pensador, para atribuir ao perispírito o papel de molde do corpo está na explicação da forma. Enquanto que ele podia perfeitamente admitir uma força vital primária idêntica para todos os seres vivos, desde a planta até o homem, pressupunha que deveria existir uma outra força que diferenciasse as muitas espécies no que tange à sua forma. Essa força seria o perispírito.
Em segundo lugar, Delanne dá ao perispírito um papel psicológico fundamental. Para ele, o perispírito é a base da memória do homem, a qual, por sua vez, é fundamental para a asseguração contínua de sua identidade.
Ele baseia esta opinião sobre a ideia que, mais que qualquer outra célula do corpo humano, as do cérebro são substituídas rapidamente, o que impossibilitaria a manutenção, neste órgão, da memória.
“O cérebro, porém, muda perpetuamente, as células dos seus tecidos são incessantemente agitadas, modificadas, destruídas por sensações vindas do interior e exterior. Mais do que as outras, essas células submetem-se a uma desagregação rápida e, num período assaz curto, são integralmente substituídas.”
Partindo do principio acima descrito, o eminente pensador espírita debita ao perispírito a função da memória, já que esta não poderia ser unicamente do corpo. Em sua tese, qualquer facto guardado pela memória é registrado no perispírito. Quando uma célula cerebral morre, é substituída por outra formada pelo mesmo perispírito, que lhe imprimirá, qual disco gravado por uma matriz, as mesmas impressões que ele próprio guarda. Fica assim resguardada a memória.
Ideias semelhantes a essas são igualmente defendidas por Léon Denis e Gustave Geley, em vários dos seus livros, o que nos dá a impressão que eram bastante difundidas no meio espirita à época – apesar de não terem sido defendidas por Kardec em sua obra.
(•••)
Em resumo, as principais ideias sobre o perispírito expostas por estes eminentes pensadores, e ainda hoje bastante difundidas no movimento espírita são:
O perispírito é um envoltório do espírito, que o acompanha desde a sua criação e, portanto, preexistente ao nascimento e sobrevive à morte do corpo físico. É composto de matéria, porém, em nível diferente daquela a que os encarnados estão acostumados. Kardec afirma ser uma matéria “quintessenciada”, obtida por modificação direta do fluido cósmico (que é a matéria primordial), contendo ainda elementos do princípio vital e mesmo de componentes físicos e eletromagnéticos.
A sua composição energética é tanto mais densa, ou menos subtil, quanto menos evoluído (do ponto de vista intelectual e moral) for o espírito. Com a evolução deste, vai-se tornando mais subtil, ainda que não se saiba ao certo o que isto significa fisicamente, mas sempre acompanha o espírito.
É totalmente sujeito à vontade do espírito, que pode plasmá-lo a seu gosto e dar-lhe a forma que
Serve como elemento de ligação entre o espírito e o corpo físico, uma vez que um e outro não podem interagir diretamente devido à diferença estrutural entre ambos.
É o elemento que possibilita a manutenção de uma forma para o espírito desencarnado e, assim, permite que este possa identificar-se como uma individualidade.
É o princípio fundamental das manifestações mediúnicas, em especial daquelas caracterizadas como efeitos físicos.
É o molde do corpo físico, uma forma que conteria os elementos informacionais que permitiriam a sua formação e a sua manutenção. Esta função também é a única forma de adequar o surgimento da vida à Segunda Lei da Termodinâmica.
É a sede dos sentimentos e das faculdades, notadamente da memória. Por vezes, é apontado como sede da inteligência.
Possui órgãos e células, como o corpo físico. Este, aliás, é uma cópia daquele.
Reinaldo di Lucia *
(Nota curricular provavelmente desatualizada e inexata)
Engenheiro Químico formado pela Faculdade de Engenharia Industrial, FEI, S.Bernardo,SP; professor universitário, com especialização em Qualidade na Fundação Getúlio Vargas, Reinaldo Di Lucia tem formação em MBA executivo em Gestão Empresarial também pela FGV e pós-graduação em Engenharia de Qualidade pela Faculdade de Engenharia Industrial. Reinaldo di Lucia, da cidade de Santos, Brasil, é membro do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita- CPDoc e colunista do Jornal Abertura, mantido pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos-ICKS, em que trata de assuntos contemporâneos sob a ótica progressista do espiritismo.
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Este género de publicações dirige-se a um largo número de visitantes que tem o conhecimento de línguas estrangeiras. Estas entrevistas abordam temas fundamentais nos dias de hoje e não posso, infelizmente, incluir traduções de todas elas
What Really Happens When You Die
– Interview with Peter Fenwick
Peter Fenwick (born 25 May 1935) is a neuropsychiatrist and neurophysiologist who is known for his pioneering studies of end-of-life phenomena.
In this interview he talks about near-death-experiences (NDE), death-bed-visitors and how we can achieve a good death.
NDE research is at the cutting edge of consciousness research and offers a convincing model for the understanding of what happens when we die. Peter Fenwick describes the different transitional phases of the dying process and highlights the importance of letting go at the end of ones life.
He offers fascinating insights into common phenomena at the end of life, such as premonitions, seeing a light, death-bed-visions and coincidences.
In his opinion everybody should know about death and the dying process, because it is a normal part of living.
Rupert Sheldrake / entrevista
Ateísmo, Espiritualidade e Consciência
Galileo Commission adviser Rupert Sheldrake joins Umar & Tahir Nasser, two UK-based doctors and founders of Rational Religion and the In Dialogue podcast.
In this interview with the “world’s most controversial scientist,” Rupert Sheldrake takes us on the journey of his life – from a sceptical undergraduate to a ground-breaking scientist.
Rupert Sheldrake, who gave the famous ‘banned TED talk’, and recently seen on the Joe Rogan podcast and Russell Brand’s ‘Under the Skin’ Podcast, joins Rational Religion for a discussion on atheism, spirituality, and consciousness.
In Dualogue Ep. 5, the author of “The Science Delusion” and “Science and Spiritual Practices,” and originator of the ‘morphic resonance’ theory, discusses the big questions he encountered along the way.
In Dialogue brings you fresh perspectives from a range of diverse voices challenging the status quo in science and society.
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A vida para além da morte está cabalmente provada pela absoluta evidência da vida antes da vida!…
Se observarmos uma qualquer criança pequenina no dia a dia dos seus primeiros meses ou anos de vida, poderemos notar que revela de forma evidente ter guardada na sua capacidade de ver e de sentir uma vastíssima e complexa memória de percepções e sentimentos baseados em muitas vidas já vividas.
É impossível que a inteligência afectiva, os recursos de ordem prática e todas as variadíssimas reacções de carácter intelectual objectivo e subjectivo possam ter sido achados e desenvolvidos por acaso, sem memórias muito anteriores ao seu respectivo nascimento.
É evidente que o materialismo dogmático vai poder encontrar razões unicamente materiais e orgânicas para tudo isso…
Onde as coisas podem atingir uma incompreensível e inatingível complexidade é nos casos como o dos meninos Tsung Tsung, Evan Le, Shinichi Nakamoto, e Anna Lee, tocando Paganini… solista de orquestra! abaixo documentados, por tantas e tão intrincadas razões que não ousamos (nem é preciso…) enumerá-las.
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ESTE TRABALHO É DESTINADO AOS PORTUGUESES QUE SE ENTREGAM A UM ESPIRITISMO TOTALMENTE CONFIGURADO NO BRASIL, SEM TEREM A MÍNIMA IDEIA DO ITINERÁRIO HISTÓRICO QUE A DOUTRINA ALI PERCORREU E QUAIS AS TRANSFORMAÇÕES PORQUE PASSOU.
A intenção deste trabalho é a de abrir janelas sobre esse fenómeno, dando prioridade às opiniões que em Portugal não têm sido ouvidas. As estruturas federativas pretendem dar uma imagem de unanimidade pacífica e de concordâncias inexistentes. Quem perde é a mensagem dos Espíritos como nos foi legada por Allan Kardec, que a todos serve com nobreza e legitimidade. As contradições desse processo, acarretam inconvenientes graves para a grande cultura espirita que esclarece as principais questões da vida e da morte, apontando-nos o caminho seguro para uma evolução sem limites.
Os espíritas brasileiros, muito embora sejam uma minoria fragmentada em várias tendências, representam um universo muito rico. Pode lá ir buscar-se o espiritismo que melhor nos sirva, mais aproximado ou mais afastado da mensagem de Allan Kardec.
O MEIO ESPÍRITA PORTUGUÊS DOS CENTROS FEDERADOS VIVE COMPLETAMENTE SOB TUTELA DA FEB – FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA, pelo que tenho recomendado aos interessados que se aproximem da doutrina de forma cultural, pelos seus próprios meios – de preferência lendo e estudando o mais possível metodicamente toda a obra de Allan Kardec.
Nada perdem com isso, sendo muito fácil observar que nos centros espíritas em Portugal, a prática do diálogo aberto é nula, falam sempre os mesmos e dizem sempre o mesmo. QUANTO AO ROUSTAINGUISMO OFICIAL E ESTATUTÁRIO DA FEB-Federação Espírita Brasileira, ninguém lhe falará nisso!…
ATENÇÂO, porque aqui vai divulgar-se amplamente o que muitos dos nossos bons amigos brasileiros – grandes e cultíssimos estudiosos da causa espírita – sabem e esclarecem a esse respeito num clima aberto de diálogo racional e anti-dogmático!…
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Hipólito Leão Denizard Rivail, fundador da doutrina científico-filosófica com objectivos morais, chamada espiritismo, termo por ele criado em 1857, no momento em que publicou o livro fundamental da doutrina dos Espíritos, isto é: “O Livro dos Espíritos” que assinou sob o pseudónimo de Allan Kardec.
O “roustainguismo” afinal existe ou não em Portugal?…
Esta é a dificuldade principal dado que o “roustainguismo” em Portugal não corre à superfície.
ESTÁ OCULTO DEBAIXO DAS PRÁTICAS QUE SE FORAM APODERANDO DE PRATICAMENTE TODAS AS CASAS ESPÍRITAS FEDERADAS.
Uma explicação completa deste tema é difícil de fazer exactamente por causa dessa ocultação enganosa.
Nenhum dirigente espírita em Portugal vos dirá que é adepto do roustainguismo e muito menos apresentará sequer o assunto. Um pouco envergonhadamente, quer a teoria quer a prática dessa escola de actuação e pensamento, lá vai passando na prática diária, sem timidez.
É NA PRATICA CONCRETA DE TODOS OS DIAS E DE TODAS AS ACTIVIDADES que essa tendência se exercita da forma mais evidente.
A desvalorização progressiva de obra de ALLAN KARDEC
Como é sabido de todas as pessoas que se dedicam ao estudo destes temas, a origem mais nítida e a consequência mais séria deste fenómeno é a SUBALTERNIZAÇÃO, A INDIFERENÇA E O EMPOBRECIMENTO DO ESTUDO ACTIVO DA OBRA DE ALLAN KARDEC.
Nunca ninguém fez uma estatística séria das pessoas “espíritas” que nunca leram os cinco livros principais que constituem o núcleo essencial da cultura espírita, e julgo até que uma grande maioria dos que se consideram espíritas nunca leram sequer, de modo atento e metódico, “O Livro dos Espíritos”.
Fazendo a pergunta às avessas, para não ser tão contundente, gostaria de saber, ainda que aproximadamente, qual a percentagem dos dirigentes espíritas mesmo, que ainda não teve tempo para ler e reflectir convenientemente sobre toda a obra de Kardec?!…
Donde, a aceitação sem critério das mil e uma penetrações esotéricas que fazem parte integrante do dia a dia das palestras dos centros espíritas em Portugal, com a integração de vocabulários completamente alheios à cultura espírita propriamente dita, QUE CONSTITUI UM SISTEMA CIENTÍFICO-FILOSÓFICO, com objetivos morais, ESTRUTURADO COM A MÁXIMA SERIEDADE na obra de ALLAN KARDEC, nos seus cinco livros principais e enriquecido e documentado largamente noutras obras de sua autoria, sem esquecer as seis mil páginas publicadas durante onze anos na REVISTA ESPÍRITA.
Os grupos esotéricos que proliferam por todo o mundo, já para não falar nas igrejas organizadas e poderosíssimas do cristianismo dogmático, cujo vocabulário é cada vez mais abundantemente utilizado pelos palestrantes e dirigentes espíritas, não tem perante o espiritismo a mesma atitude permissiva e laxista.
Experimentem os espíritas que me lêem, se o não fizeram já, dialogar com católicos, evangélicos ou qualquer membro dos inúmeros grupos espiritualistas, frequentemente muito mais fortes e bem organizados que o desarticulado meio espírita, e saberão com desconforto e desagrado do que estou a falar, concluindo pelo seu explícito anti-espiritismo.
A respeito de algumas destas organizações religiosas, poderosíssimas e globalmente influentes, lancemos quanto mais não seja um breve olhar à História da Humanidade, observemos as abomináveis consequências da sua atitude perante povos e continentes inteiros, e isto inclui de forma evidentemente clara toda a América Latina!…
• Um dos sintomas mais claros da invasão silenciosa da influência roustainguista nos meios espíritas, é a prática constante da CRISTOLATRIA, com laivos crescentes de DOGMATISMO, em tudo paralelos ao que se verificou, de há muitos séculos, com as doutrinas dogmáticasbaseadas navisão distorcida dos ensinamentos de JESUS DE NAZARÉ que nada tem a ver com Jesus, o Cristo (o “ungido”, ou filho unigénito de Deus!…).
• A Cristolatria deriva directamente das concepções da sacralização de Jesus, ao qual se fazem as orações nos centros espíritas, no princípio, no meio e no fim das sessões e palestras.
• O espiritismo é monoteísta e baseia-se na existência de uma inteligência suprema criadora de todas as coisas, a que chamamos DEUS. A chamada santíssima trindade foi inventada há mil e setecentos anos pelas igrejas dogmáticas, seguindo interesses políticos bem caracterizados e nada religiosos, que desvalorizaram Jesus de Nazaré e os seus ensinamentos. Até lhe trocaram o nome passando a chamar-lhe CRISTO, adjectivo que não é nome, mas que serviu para a sua sacralização e consequente instrumentalização político-institucional.
Além disso observa-se nos centros federados:
• a prática enraizada de ritualismos vários, como a “água fluidificada” o “passe padronizado”, etc. – coisas ausentes do ensino dos Espíritos, longe da pureza inicial do passe pela imposição das mãos, como fez Jesus;
• o formalismo da igreja confidencial, esotérica e ocultista com catecismo, clero informalmente muito bem organizado (a falta de diálogo impera e limita o conhecimento da cultura espírita).
• Nos centros espíritas a palavra é reservada apenas aos concordantes incondicionais, aos dirigentes da casa, e aos “convidados especiais”, muitos deles brasileiros;
• Na aceitação vulgarizada de dados culturais exóticos que nada têm a ver com o espiritismo; os orientalismos e sincretismos de vária ordem, de origem espiritualista, teosófica e esotérica etc. donde a grande variedade de termos esquisitos alheios à cultura espírita;
• e em muitas atitudes interiores que não enganam porque têm a marca influente de quem as criou e desenvolveu, sem que tenham a ver – nem muito nem pouco – com essa outra cultura a que podem chamar os que a amam e respeitam: o espiritismo.
Caros espíritas portugueses,
O estudo da doutrina espírita pode perfeitamente fazer-se de forma individual e independente, de acordo com a sensibilidade de cada um.
O autor deste trabalho tem sido sempre muito interessado a respeito do espiritismo, que tem estudado de forma independente, na versão racional e aberta, científico-filosófica e com profundos objectivos morais, tal como foi organizada em meados do século XIX por Hippolyte Léon Denizard Rivail, aliás Allan Kardec.
Na internet não faltam elementos para estudar o espiritismo da vertente que mais nos agradar e para os interessados haverá sempre um amigo com quem dialogar, estando o autor deste trabalho permanentemente disponível para estabelecer o diálogo, registar ideias, sugestões ou críticas e responder às questões que lhe forem remetidas, pelos comentários ou pelo e.mail desta página: espiritismo.cultura@gmail.com
É fundamental que se entenda que os livros genuínos da cultura espírita, não são só para ler, mas para estudar com toda a atenção.
Quanto as esta publicação só ganhará a devida expressão com a necessária continuidade e com a participação dos visitantes. Para esse efeito solicito o seguimento e a leitura atenta dos visitantes deespírito aberto, dialogante e anti-dogmático.
Os textos que aqui vão aparecer reúnem estudos de investigadores espíritas brasileiros DO MÁXIMO VALOR que têm, ao longo de muitos anos, feito a crítica corajosa de um estado de coisas muito complicado de desmontar, repleto de ocultações sem nome e distorções lamentáveis.
O objectivo é defender uma cultura essencial para viver a vida com serenidade de consciência, confiança e optimismo.
O Espiritismo é uma visão essencialmente positiva e optimista das origens e do destino da humanidade, no contexto da mais surpreendente realidade, que nos é oferecida a todo o instante no maravilhoso Universo que nos rodeia, fruto sem limites nem fronteiras do magnânimo e imperturbável pensamento de Deus.
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José Passini (foto) é natural de Nova Itapirema, interior de São Paulo, mas reside há muito tempo na cidade mineira de Juiz de Fora. Espírita desde a infância, Passini considera a Doutrina codificada por Kardec como uma bússola em sua vida, assim como ele mesmo diz. Segundo ele, o Espiritismo pode ser comparado a um farol que ilumina seus caminhos. “Ele me faz assumir, cada vez mais, a minha condição de espírito imortal, temporariamente encarnado, isto é, consciencializando-me da minha cidadania espiritual.” Esperantista conhecido internacionalmente, Passini foi reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutor em Linguística, seu extenso currículo revela a ocupação de diversos cargos em casas espíritas.
CRÍTICA LITERÁRIA
Os Quatro Evangelhos
Autor: Diversos Espíritos / J.B. Roustaing Médium: Emile Collignon Editora: Federação Espírita Brasileira Número de Páginas: (4 volumes) Análise de José Passini
O Espiritismo, na sua condição de Cristianismo redivivo, não poderia deixar de receber os ataques das forças contrárias ao esclarecimento e libertação do espírito humano. Embora pareça ironia, o volume e a intensidade dos ataques constituem um verdadeiro atestado da legitimidade do Consolador.
A primeira, e talvez a mais forte das investidas, foi a publicação da obra de J. B. Roustaing, conhecida, em língua portuguesa como “Os Quatro Evangelhos”.
Na obra “Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho”, Roustaing é citado como pertencente à equipe de Kardec. Há aqueles que contestam a autenticidade de tal afirmativa. Entretanto, sabe-se que todo missionário que vem à Terra traz consigo uma equipe, constituída de Espíritos, trabalhadores de boa vontade, mas sujeitos a falhas. Zamenhof veio à Terra com um grupo de Espíritos, para a implantação do Esperanto. Dentro dessa equipe, houve um Espírito que falhou, traindo mesmo o grande Missionário, a ponto de ser chamado Judas por alguns biógrafos exaltados. E Roustaing, embora tenha reencarnado com tarefa definida junto à obra de Kardec, desejou produzir obra própria, tornando-se presa fácil de fascinação. Esse não foi o primeiro, nem o último caso na Humanidade da falência de um Espírito pertencente a um grupo de trabalho. Judas, da equipe de Jesus, falhou redondamente.
Os quatro volumes de “Os Quatro Evangelhos” de J.B. Roustaing constituem obra fantasiosa, repetitiva, que pretendeu dar nova versão à tese da virgindade de Maria, através de uma pseudo-gravidez, que teria culminado no aparecimento de um bébé fluídico, surgido de um parto fictício, de uma lactação aparente, de um desenvolvimento físico falso e de uma desencarnação enganosa.
Entretanto, não é a tese do corpo fluídico o ponto mais grave da obra. Há afirmativas que contrariam frontalmente as bases doutrinárias do Espiritismo. Vejamos algumas, dentre muitas:
Evolução do Espírito:
Com Kardec, aprende-se que o princípio inteligente percorre, durante milénios incontáveis, as trilhas da evolução, antes de atingir o estágio de humanidade. Aprende-se que a consciência moral que caracteriza o ser humano, libertando-o gradualmente do jugo dos instintos, desabrocha lentamente, revelando a perfeição imanente no Ser:
Pergunta 607 a, de “O Livro dos Espíritos” :
– Já dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende para a unidade. É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, e se prepara para a vida, como dissemos.
É, de certa maneira, um trabalho preparatório como o da germinação, a seguir ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. É então que começa para ele o período de humanidade, e com este a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos. Como depois do período da infância vem o da adolescência, depois a juventude, e por fim a idade madura. Aliás, nada há nessa origem que deva humilhar o homem.
Os grandes génios sentem-se humilhados por terem sido fetos informes no ventre materno? Se alguma coisa deve humilhá-los é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para sondar a profundeza dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regulam a harmonia do Universo.
Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia que faz com que tudo seja solidário na natureza. Crer que Deus pudesse ter feito qualquer coisa sem objetivo e criar seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade que se estende sobre todas as suas criaturas.
Segundo as mensagens registadas por Roustaing, dar-se-ia uma transformação do instinto em inteligência – num determinado momento – levada a efeito por agentes exteriores e não através do próprio processo evolutivo, o que faz pensar numa espécie de fim de curso ou licenciatura espiritual. Interessante notar, nesse caso, que o Espírito, depois de todas as aquisições individuais retorne ao “todo universal”, onde, certamente, perderia a sua individualidade. Além disso, como teria, um Espírito recém-saído da animalidade ter um perispírito tão subtil a ponto de quase ser invisível aos Espíritos Superiores?
No 1º volume da obra de Roustaing, na página 308 pode ler-se:
Como é que, chegado ao período de preparação para entrar na humanidade, na espiritualidade consciente, o Espírito passa desse estado misto, que o separa do animal e o prepara para a vida espiritual, ao estado de Espírito formado, isto é, de individualidade inteligente, livre e responsável?
“É nesse momento que se prepara a transformação do instinto em inteligência consciente. Suficientemente desenvolvido no estado animal, o Espírito é, de certo modo, restituído ao todo universal, mas em condições especiais é conduzido aos mundos ad hoc, às regiões preparativas, pois que lhe cumpre achar o meio onde elaboram os princípios constitutivos do perispírito.
(…) Aí perde a consciência do seu ser, porquanto a influência da matéria tem que se anular no período da estagnação, e cai num estado a que chamaremos, para que nos possais compreender, letargia.
Durante esse período, o perispírito, destinado a receber o princípio espiritual, se desenvolve, se constitui ao derredor daquela centelha de verdadeira vida. Toma a princípio uma forma indistinta, depois se aperfeiçoa gradualmente como o gérmen no seio materno e passa por todas as fases do desenvolvimento. Quando o invólucro está pronto para contê-lo, o Espírito sai do torpor em que jazia e solta o seu primeiro brado de admiração. Nesse ponto, o perispírito é completamente fluídico, mesmo para nós. Tão pálida é a chama que ele encerra, a essência espiritual da vida, que os nossos sentidos, embora subtilíssimos, dificilmente a distinguem.” : (1º vol., pág. 308).
Segundo a mensagem de Kardec, os Espíritos ensinam que o Espírito emerge lentamente da animalidade, das necessidades materiais, através de sucessivas encarnações, que se constituem em oportunidades absolutamente necessárias ao progresso do Espírito.
O Livro dos Espíritos, pergunta 609: Tendo entrado no período da humanidade, o Espírito conserva os traços do que havia sido precedentemente, isto é, do estado em que se encontrava no período anterior à humanidade?
– Isso depende da distância que separa os dois períodos e do progresso realizado. Durante algumas gerações pode conservar um reflexo mais ou menos pronunciado do estado primitivo, porque na natureza nada se faz por transição brusca; há sempre elos que ligam as extremidades da cadeia dos seres e dos acontecimentos.
Mas esses vestígios apagam-se com o desenvolvimento do livre arbítrio. Os primeiros progressos realizam-se lentamente, porque não são ainda apoiados pela vontade. Seguem depois uma progressão mais rápida à medida que o Espírito adquire consciência mais perfeita de si mesmo.
Os Espíritos, respondendo a Roustaing, afirmam que o Espírito só volta à vida material por castigo. Se só é humanizado após a primeira falta, depreende-se que a população da Terra é constituída de Espíritos faltosos: (…)
No 1º volume da obra de Roustaing, na página 317 pode lêr-se: “…para o Espírito formado, que já tem inteligência independente, consciência de suas faculdades, consciência e liberdade dos seus atos, livre-arbítrio e que se encontra no estado de inocência e ignorância, a encarnação, primeiro, em terras primitivas, depois, nos mundos inferiores e superiores, até que haja atingido a perfeição, é uma necessidade e não um castigo?
A encarnação humana não é uma necessidade, é um castigo, já o dissemos. E o castigo não pode preceder a culpa. O Espírito não é humanizado, também já o explicamos, antes que a primeira falta o tenha sujeitado à encarnação humana. Só então ele é preparado, como igualmente já o mostramos, para lhe sofrer as consequências.”
Em Kardec, aprende-se que o progresso do Espírito é irreversível, o que é racional, pois se não houvesse a irreversibilidade do progresso espiritual não haveria segurança nem estabilidade no Universo.
“O Livro dos Espíritos”, pergunta nº 118: Os Espíritos podem degenerar?
“Não. À medida que avançam, compreendem o que os afastava da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e já não o perde. Pode estacionar, mas não recua no seu aperfeiçoamento.”
Roustaing admite possa um Espírito que já desempenhou funções elevadas no Mundo Espiritual ser tomado pela inveja, pelo orgulho, etc., o que evidencia uma nova versão para a “queda dos anjos”, conforme a teologia Católica Romana e, também, a Protestante.
No 1º volume da obra de Roustaing, na página 311 pode lêr-se:
“…Já tendo grande poder sobre as regiões inferiores, cujo governo aprenderam a exercer, no sentido de que, sempre sob as vistas dos Espíritos prepostos à missão de educá-los e sob a do protetor especial do planeta de que se trate, aprendem a dirigir a revolução das estações, a regular a fertilidade do solo, a guiar os encarnados, influenciando-os ocultamente, muitos acreditam que só ao merecimento próprio devem o que podem e, desprezando todos os conselhos, caem. É a queda pelo orgulho.
Outros, por nem sempre compreenderam a ação poderosa de Deus, não admitem haja uma hierarquia espiritual e acusam de injustiça aquele que os criou, porquanto é Deus quem cria, não o esqueçais. Esses os que caem por inveja. Até o ateísmo – por mais impossível que pareça – até o ateísmo se manifesta naqueles pobres cegos colocados no centro mesmo da luz. (…) Nesse caso, sobretudo nesse caso, mais severo é o castigo. É um dos casos de primitiva encarnação humana. Preciso se torna que os culpados sintam, no seu interesse, o peso da mão cuja existência não quiseram reconhecer. Qualquer que seja a causa da queda, orgulho, inveja ou ateísmo, os que caem, tornando-se, por isso, Espíritos de trevas, são precipitados nos tenebrosos lugares de encarnação humana, conforme o grau de culpabilidade, nas condições impostas pela necessidade de expiar e progredir.” (1º vol., pág. 311)
Kardec obtém dos Espíritos Superiores resposta que deixa muito claro que o Espírito que atingiu a humanização não retorna jamais às formas animais, o que contraria frontalmente a teoria da Metempsicose,
“O Livro dos Espíritos”, pergunta 612:
Poderia encarnar num animal o Espírito que animou o corpo de um homem?
“Isso seria retrogradar e o Espírito não retrograda. O rio não remonta à sua nascente.”
Em Roustaing, vê-se que, além de admitir a Metempsicose, afirmam seus interlocutores possa um Espírito voltar à Terra, ou a outros mundos, animando corpos primitivíssimos, como larvas!
Haveis dito que os Espíritos destinados a ser humanizados, por terem errado muito gravemente, são lançados em terras primitivas, virgens ainda do aparecimento do homem, do reino humano, mas preparadas e prontas para essas encarnações e que aí encarnam em substâncias humanas, às quais não se pode dar propriamente o nome de corpos, nas condições de macho e fêmea, aptos para a procriação e para a reprodução. Quais as condições dessas substâncias humanas?
No 1º volume da obra de Roustaing, na página 312/313 pode lêr-se: “São corpos ainda rudimentares. O homem aporta a essas terras no estado de esboço, como tudo que se forma nas terras primitivas. O macho e a fêmea não são nem desenvolvidos, nem fortes, nem inteligentes. Mal se arrastando nos seus grosseiros invólucros, vivem, como os animais, do que encontram no solo e lhes convenha. As árvores e o terreno produzem abundantemente para a nutrição de cada espécie. Os animais carnívoros não os caçam. A providência do Senhor vela pela conservação de todos. Seus únicos instintos são os da alimentação e os da reprodução. Não poderíamos compará-los melhor do que a criptógamos carnudos. Poderíeis formar ideia da criação humana, estudando essas larvas informes que vegetam em certas plantas, particularmente nos lírios.”
Autenticidade da Encarnação de Jesus:
Kardec mostra Jesus como o modelo mais perfeito para a evolução humana, logo, o seu corpo deveria ter a mesma constituição do corpo daqueles aos quais ele deveria servir de modelo, e seu testemunho basear-se na verdade:
O Livro dos Espíritos, perguntas 624 e 625:
Qual o caráter do verdadeiro profeta?
“O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus actos. Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para a ensinar a verdade.”
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
“Jesus.”
Roustaing mostra um Jesus que estaria fingindo estar encarnado, desde o seu nascimento até a sua morte, que teria sido também um simulacro, uma verdadeira encenação teatral. Além do mais, ainda o chama de um Deus milagrosamente encarnado!
No 1º volume da obra de Roustaing, na página 242/243 pode lêr-se:
“(…) um homem tal como vós quanto ao invólucro corporal e, ao mesmo tempo, quanto ao Espírito, um Deus: portanto, um homem-Deus.
Em “A Génese”, capítulo XV, números 65 e 66 Kardec afirma categoricamente que Jesus teve um corpo carnal e um corpo fluídico, como todos encarnados temos:
“A estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte.
No primeiro, desde a sua concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida. Desde o seu nascimento até a sua morte, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias de sua vida, revela caracteres inequívocos de corporeidade. (…) também forçoso é se conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode duvidar, é que ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda gente.” “Aos fatos materiais juntam-se fortíssimas considerações morais. Se as condições de Jesus, durante sua vida, fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor, nem as necessidades do corpo.
Supor que assim haja sido, é tirar-lhe o mérito da vida de privações e de sofrimentos que escolhera, como exemplo de resignação. (…) e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida, numa comédia indigna de um homem simplesmente honesto, indigna, portanto, e com mais forte razão de um ser tão superior. Numa palavra, ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e da posteridade. Tais as consequências lógicas desse sistema, consequências inadmissíveis, porque o rebaixariam moralmente, em vez de o elevarem.
Jesus teve, pois, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenómenos materiais e pelos fenómenos psíquicos que lhe assinalaram a existência.”
Roustaing, ao contrário, mostra um Jesus que estaria fingindo estar encarnado, que fingia alimentar-se, desde o seu nascimento. (1º vol, págs. 243, 362 e 363)
“Quando Maria, sendo Jesus, na aparência, pequenino, lhe dava o seio – o leite era desviado pelos Espíritos superiores que o cercavam, de um modo bem simples: em vez de ser sorvido pelo menino, que dele não precisava, era restituído à massa do sangue por uma ação fluídica, que se exercia sobre Maria, inconsciente dela.” (pág. 243)
“Os Espíritos superiores que o cercavam em número, para vós, incalculável, todos submissos à sua vontade, seus dedicados auxiliares, faziam desaparecer os alimentos que lhe eram apresentados e que não tinha para ele utilidade. Aqueles Espíritos os subtraiam da vista dos homens, de modo a lhes causar completa ilusão, à medida que pareciam ser ingeridos por Jesus, cobrindo-os, para esse fim, de fluidos que os tornavam invisíveis.”
Aparição de Moisés e Elias:
Inegavelmente, as afirmações mais claras a respeito da reencarnação, contidas no Novo Testamento, encontram-se nos Evangelhos de Mateus (17: 10-13) e de Marcos (9: 11), onde se lê que Jesus dialogou com Moisés e Elias no Tabor, diante dos discípulos Pedro, Tiago e João. Questionado quanto à identidade de Elias, o Mestre afirma categoricamente que João Batista foi a reencarnação do Profeta Elias.
Em Roustaing, de maneira fantasiosa e completamente inverossímil, numa tentativa de desacreditar a reencarnação, misturando fatos e fantasias, é declarado que Moisés, Elias e, consequentemente, João Baptista são o mesmo Espírito, e que ali, no Monte Tabor, um outro Espírito tomou a aparência de Moisés e conversou com Jesus:
“O que, porém, Jesus naquela ocasião não podia nem devia dizer e que agora tem que ser dito é o seguinte: Moisés – Elias – João Baptista – são uma mesma e única entidade. Estamos incumbidos de vos revelar isso, porque chegou o tempo em que se tem de “realizar” a “nova aliança”, em que todos os homens (Judeus e Gentios) se têm que abrigar debaixo de uma só crença, da crença – em um Deus, uno, único, indivisível, Criador incriado, eterno, único eterno: o Pai; em Jesus-Cristo, vosso protector, vosso governador, vosso mestre: o Filho; nos Espíritos do Senhor, Espíritos puros, Espíritos superiores, bons Espíritos que, sob a direção do Cristo, trabalham pelo progresso do vosso planeta e da sua humanidade: o Espírito Santo. (2º vol., págs 497 / 498)
A obra é volumosa, pesada, extremamente repetitiva, escrita em tom catedrático, pretensioso, que nos remete diretamente a “O Livro dos Espíritos”, item 104, no magistral estudo que o Codificador faz a respeito da “Escala Espírita”, quando se refere aos Espíritos pseudo-sábios.
São Espíritos pertencentes a comunidades espirituais que teimam em manter erros doutrinários relativamente à interpretação da Mensagem Cristã, para as quais o Espiritismo representa grande perigo por esclarecer a Humanidade.
A respeito desses Espíritos, Emmanuel faz séria advertência, que serve também como alertamento, diante dessa verdadeira “onda editorial” que está alimentando a vaidade de médiuns invigilantes e enriquecendo editoras: “As próprias esferas mais próximas da Terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas.”
(“A Caminho da Luz,” cap. 12).
Felizmente, a onda de roustainguismo está passando. Mas como existem ainda muitos volumes dessa obra em bibliotecas e livrarias, animamo-nos a fazer estas anotações.
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“Aquellos que no recuerdan el pasado, están condenados a repetirlo.” ― George Santayana
―Não é possível avaliar certos factos importantes da vida, nem discutir as ideias, os princípios morais e a natureza das relações colectivas sem cultivar a memória culta dos povos.
A História é a ciência que regista os caminhos que a Humanidade foi trilhando e quais os bons e os maus passos que foi dando. Recordar com inteligência as figuras, os factos e os exemplos mais marcantes que configuraram a alma colectiva é o primeiro passo para o progresso de todos e de tudo.
Esquecer é deitar fora tesouros valiosíssimos da experiência, é correr o risco de estar sempre a regressar aos mesmos erros, facto que acontece com lamentável frequência.
A esse respeito vem muito a propósito falar daqueles que souberam defender a memória como património da Humanidade, alicerce principal das condutas individuais e colectivas.
Os povos, os países, as culturas de qualquer género são aquilo que for a memória que os habita, que os ilumina e que os conduz.
Vou recordar dois homens importantes e moralmente marcantes nos países em que viveram, visto que o exercício de relembrar os bons exemplos é a parte que toca aos cidadãos no trabalho muito sério de reforçar e valorizar a memória.
Falo de José Herculano Pires, individualidade que, em meio espírita, não é necessário apresentar e de um outro insigne HERCULANO, desta vez a excepcional figura de escritor, investigador e cidadão português que foi Alexandre Herculano.
A associação entre estes dois nomes não é apenas derivada da presença comum do nome “Herculano”.
Entre não crentes, aqueles que só levam em conta aquilo que é trivialmente imediato, o pouco que tocam com as mão e alcançam com a vista, esse facto não passará de uma mera coincidência ou pura casualidade.
Os espíritas, habituados a entender e estudar toda a outra maior parte do Universo, aquela que não se revela através dos nossos limitadíssimos cinco sentidos, para esses, o campo da pesquisa é muito mais extenso e as hipóteses de compreensão muito mais numerosas.
Chamo pois a atenção dos leitores para a obra de Jorge Rizzini: “J. Herculano Pires, o Apóstolo de Kardec – o Homem, a Vida, a Obra”, na qual traça a biografia do prestigiado professor, também seu grande amigo.
Ali se tece uma relação especialíssima entre esses dois homens de memória qualificada que é mais do que a de simples familiaridade, um dos tais elos misteriosos engendrados pela trama admirável da sucessão das vidas.
Leiamos pois algumas linhas da citada obra de Rizzini, a respeito das impressões que trocara com Herculano Pires a respeito da sua anterior encarnação e que era para guardar em segredo, pelo menos enquanto fosse vivo:
“…Herculano Pires, certamente tomado por um súbito sentimento de pejo, não revelou o nome que tivera na existência anterior em Portugal, mas anos depois de sua desencarnação pesquisei a vida dos grandes vultos da literatura lusitana do século XIX e descobri inúmeros pontos de contato (a começar pelo nome) entre ele e o célebre jornalista, romancista, poeta e historiador Alexandre Herculano, o qual ao tempo de Allan Kardec se exilara na França. O mesmo caráter impoluto e inflexível; o sentimento religioso; a oposição ao clero; o amor à literatura, particularmente à poesia e ao romance; e, sobretudo, a fidelidade à verdade. A propósito da extremada fidelidade à verdade, medite o leitor sobre o seguinte texto, mas procurando descobrir se o autor é o Herculano nascido em Portugal ou o brasileiro:
“Quando a justiça de Deus põe a pena na destra do historiador, ao passo que lhe põe na esquerda os documentos indubitáveis de crimes que pareciam escondidos para sempre debaixo das lousas, ele deve seguir avante sem hesitar, embora a hipocrisia ruja em redor, porque a missão do historiador tem nesse caso o que quer que seja de divina.”
(Texto extraído do volume terceiro, página 192, da obra Opúsculos, de Alexandre Herculano (autor, inclusive, da História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal).
Parece-nos evidente tratar-se de um só Espírito. As informações sobre a reencarnação de Herculano Pires foram por mim guardadas, sigilosamente, durante décadas. Somente dias atrás, em conversa com Heloísa Pires, referi-me à pesquisa, mas antes que lhe revelasse o resultado ela exclamou sorrindo: – Meu pai é a reencarnação de Alexandre Herculano. O pai, certa vez, comentou isso! Não foi, pois, por outra razão que quatro anos antes da desencarnação Herculano Pires redigira um extenso e belo artigo exaltando sua antiga pátria e o renascimento do movimento espírita lusitano. Vide a revista “Estudos Psíquicos”, de Lisboa, edição de junho de 1975. Não estamos, porém, dogmatizando, mesmo porque o julgamento final cabe, evidentemente, ao leitor.”
Como forma de coroar a ideia de que a memória é um apetrecho fundamental na cultura do aperfeiçoamento das sociedades, nada melhor que publicar, em complemento coerente com o direito (e o dever…) de enriquecer a memória, uma das mais notáveis, entre todas as outras muito notáveis obras de Alexandre Herculano, mas de que se fala pouco:
História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal – 1854-1859
inserção que me foi sugerida pela própria referência que foi feita por Jorge Rizzini na parte do texto que acima está inserido. Clicar no texto a seguir, para ter acesso ao livro: História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal
(1854/1859)/Alexandre Herculano (1810-1877)
Nona edição definitiva conforme com as edições da vida do autor
dirigida por David Lopes (1867-1942)/Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Homenagem ao generoso sentido de partilha do povo brasileiro
Faço aqui uma muito singela homenagem à vitalidade participativa e à grande generosidade de partilha dos brasileiros.
A inserção desta obra nesta página foi tornada mais fácil e vantajosa devido ao enorme trabalho que os brasileiros desenvolvem em torno da partilha de livros e outros documentos, da sua e de outras culturas – que neste caso são muitíssimo beneficiadas – como é o caso da cultura portuguesa, em muitíssimos aspectos.
Esta edição da referida obra de Alexandre Herculano também pode ser consultada em Portugal, numa edição antiga, nomeadamente no muito vasto site da Biblioteca Nacional de Portugal.
A edição que preferi foi encontrada num site generosíssimo de partilha de livros:
porque a edição em causa, além de nos oferecer a obra em si, também tem carácter informativo quanto ao direito livre ao seu acesso, para efeitos não comerciais e de divulgação cultural, como é este caso. Inclui também a abrir uma breve apresentação biográfica do autor, o que tem interesse.
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Dito assim, soa a blasfémia. Mas onde está, o que terá sofrido ou de que modo foi alienado o preciosíssimo legado documental que reunia todos os escritos, cadernos com comunicações mediúnicas, publicações, correspondências, registos e outros vestígios do prodigioso e hercúleo trabalho feito pelo abnegado professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo seu pseudónimo: Allan Kardec?…
É disso que tratam os textos abaixo publicados, sendo elementos principais os artigos de investigação e questionamento histórico da autoria do professor João Donha da cidade de Curitiba, estado do Paraná, no Brasil.
As considerações de abertura feitas a seguir são da responsabilidade do autor deste blogue:
No pequeno colectivo familiar de que faço parte temos dedicado o melhor dos nossos últimos tempos a ler, directamente do francês, algumas das obras que o nosso muito estimado professor Hipólito Rivail publicou sob o pseudónimo de Allan Kardec.
Para o trazermos para junto de nós, ou para nos transportarmos até junto dele, fizemos um mínimo esforço indispensável para rememorar a História de França, na turbulenta passagem do “ancien régime” aristocraticamente absolutista, decadente e sanguinário, para situações sociais e humanas infelizmente pouco compatíveis com o almejado horizonte de “liberdade, igualdade e fraternidade”, tal como sonharam os cidadãos que fizeram, com dores de muito sofrimento, a “grande revolução”.
Uma das coisas que mais nos doeu nas conclusões que atingimos, foi verificar ter sido Hipólito Rivail um homem praticamente só, a braços com uma tarefa ciclópica.
Empreendeu o seu trabalho já numa idade avançada, com a tremenda falta de meios técnicos, que as pessoas dos dia de hoje mal podem imaginar. Num tempo de violentos contrastes e injustiças, sob o peso esmagador de conceitos religiosos dogmáticos de sentido totalitarista, sombrio e infernal.
Em 1854 o céptico e positivista Hipólito Rivail ouviu, pela primeira vez, o seu amigo Fortier falar-lhe nas mesas girantes. Em 1857 publicou a primeira edição de “O Livro dos Espíritos” e, tendo cumprido integralmente o destino que assumiu, apenas escassos doze anos depois faleceu, completamente exausto.
A história que assim tão brevemente se descreve tem a ver com as interessantíssimas informações abaixo apresentadas nos trechos do professor João Donha, que confirmam de modo inequívoco as conclusões que tirámos da leitura sossegada e da íntima convivência que tivemos o distinto prazer de estabelecer com Hipólito Rivail.
Isto, evidentemente, quanto à falta de solidariedades activas e atitudes organizadas de seguidores atentos que quisessem e pudessem ter salvaguardado, de modo digno e conveniente para todo o entendimento futuro, o verdadeiro teor das intenções e ensinamentos cientifica e filosoficamente tão bem sistematizados por Hipólito Rivail.
Tal circunstância não derivava de nenhuma vocação isolacionista; era a sua própria índole de pessoa sem pretensões de poder, que não recomendava federações nem agremiações de elevado número de adeptos, porque via nesse modelo de associação a raiz o mal, a semente daninha do poder.
Hipólito Rivail, a pessoa íntegra que lutou tudo enquanto pode, não quis fazer-se dono de nada. Nunca foi cabeça de cartaz em comícios, nem convocou concílios, nem se fez fotografar ao lado de poderosos!…
As poucas, muito poucas fotografias que restaram de Hipólito Rivail, mostram-no mais do que apenas sério e compenetrado. Hipólito Rivail revelava nessas imagens o olhar recolhido e receoso de quem teme pelo grande tesouro que lhe coube acautelar com zelo e decisão. Onde está, ao fim e ao resto, toda documentação preciosa resultante do trabalho acumulado por Hipólito Rivail?
A primeira dramática conclusão que temos diante de nós, é de que foi, à partida, desprezada pelos próprios franceses, num país que é justamente considerado uma das vanguardas culturais e humanistas da velha e contraditória Europa!…
Depois disso, independentemente dos vários enredos incertos, uma coisa é real: a preciosa documentação dorme em esconderijos onde não há quem os estude e muito menos quem queira revelar às claras, de forma honesta e válida, o seu conteúdo, os valores de que é portadora.
Já que nada mais nos resta, não nos constituamos cúmplices desse mau cuidado e desse desprezo pelos valores mais insignes. Ainda ficou muito, muitíssimo, do generoso trabalho de Hipólito Rivail.
Vamos tentar chegar até junto dele. Ou façamos, com delicada atenção, que venha sentar-se a nosso lado.
Mãos à obra, amigos, mãos e mentes à obra!…
O blogue “João Donha – Espiritismo” é daqueles que vale a pena ler de uma ponta à outra, porque não nos diz o mesmo que muitos outros, nem o diz da mesma forma.
Pedimos desculpa do extenso preâmbulo acima, que serviu unicamente para contextualizar no domínio das nossas próprias indagações, realidades quase confidenciais, embora muito significativas. Ora vejamos :
Esta imagem é interessante por dois motivos. Mostra-nos a entrada da “Passage de Sainte Anne”, à frente da qual pode ver-se o professor João Donha, autor da parte essencial deste trabalho. Foi para aqui que o casal Rivail (Rue de Sainte-Anne nº 59) se mudou em 1860, e onde residiu e tão intensamente trabalhou nos últimos 9 anos de vida de Hipólito Rivail. Foi aqui que se situou inicialmente o escritório da “Revue Spirite” e onde foram escritas as obras espíritas essenciais de Allan Kardec.
EM BUSCA DO SANTO GRAAL
Primeiro artigo publicado por João Donha em 7 de dezembro de 2012
“Essa espontânea concentração de forças dispersas deu lugar a uma amplíssima correspondência, monumento único no mundo, quadro vivo da verdadeira história do Espiritismo moderno, onde se reflectem ao mesmo tempo os trabalhos parciais, os sentimentos múltiplos que a doutrina fez nascer, os resultados morais, as dedicações, os desfalecimentos; arquivos preciosos para a posteridade, que poderá julgar os homens e as coisas através de documentos autênticos. Em presença desses testemunhos inexpugnáveis, a que se reduzirão, com o tempo, todas as falsas alegações da inveja e do ciúme?…” (Allan Kardec; G, I, 52, N.1).
Onde está essa “amplíssima correspondência”? Onde foram parar esses “arquivos preciosos” de “documentos autênticos” com os quais a posteridade poderia “julgar os homens”?
Os documentos históricos do espiritismo sofreram as consequências de terem sido, os negócios da doutrina, tratados sempre como algo de família, constituindo heranças e, consequentemente, dependendo de herdeiros.
Kardec pretendia criar uma sociedade impessoal, mas não deu tempo. Morreu antes de concretizar seus planos e, tudo o que era do espiritismo (sociedade, obras, revista, documentos) tornaram-se a herança de sua esposa, Amelie Boudet.
De início, ela disse que ia tudo gerir; mas, talvez pela idade ou a solidão, acabou por entregar tudo nas mãos do Pierre-Gaëtan Leymarie, que criou uma tal “Sociedade para continuar a obra de Allan Kardec”.
Após a morte da herdeira, Amélie, em 1883, e como único remanescente da tal sociedade, Leymarie tornou-se o dono absoluto dos documentos de Kardec.
Uma parte, ele foi publicando na “Revue Spirite”, e acabou por usar em “Obras Póstumas”; outra parte, segundo uma lenda, ele teria enviado para a FEB, onde se encontra sepultado num cofre-forte.
É bom lembrar que Leymarie tinha muita afinidade com o Brasil, particularmente no Rio; ele esteve exilado aqui em 1851, quando houve o golpe do Luís Napoleão. Ademais, nunca escondeu amizades e afinidades roustainguistas.
O que sobrou na França foi herdado (novamente em família!) pelo filho dele, o Paul Leymarie.
Este, após um breve intervalo de três anos em que os negócios ficaram com sua mãe Marina, tornou-se, em 1904, dono absoluto dos destinos do espiritismo até 1914, quando, em função da I Guerra Mundial, desistiu. O que não foi de todo mal, pois o Paul Leymarie vendia até bolas de cristal pela Revue.
Antes mesmo de terminar a I Guerra, em 1916, um rico empresário francês, o Jean Meyer, assumiu o movimento órfão (Léon Denis e Gabriel Delanne eram sumidades intelectuais; eram referências; mas alguém tinha que cuidar dos negócios). As pessoas malvadas, como eu, imaginamos o Meyer compensando regiamente o Paul.
Meyer criou a Casa dos Espíritas (“Maison des Spirites”, na imagem acima), para onde levou os documentos e objetos pessoais de Kardec.
Este mesmo mecenas fundou o “Instituto de Metapsíquica”, sob o comando inicial do Gustave Geley, e onde foi gerado o “Tratado de Metapsíquica”, no qual Charles Richet diz que o “espiritismo é inimigo da ciência”. Jean Meyer foi o dono do movimento até sua morte em 1931. Foi ele quem inaugurou a vocação assistencialista do espiritismo. Bem, até aí os jacobinos; a partir daí, os xenófobos.
Assume Hubert Forestier, e torna-se tão particularmente dono que, em 1968, chega a registrar a Revue em seu nome no órgão de propriedade industrial. Morre em 1971, deixando um movimento mais que anêmico, agonizante mesmo.
Seus herdeiros, não sabendo o que fazer de tal herança, vendem tudo por um franco para o André Dumas. A essa altura os direitos autorais das obras de Kardec já tinham caducado. O resto – muito pouco: o nome da Revue e da Societé – ficou nas mãos do Dumas. André Dumas, seja por ter mudado suas preferências filosóficas, seja por constatar que o status de espírita não conferia mais prestigio, resolveu liquidar tudo: em 1975, mudou o nome da “Revue Spirite” para “Renaitre 2000”, e a Societé para uma tal “sociedade para pesquisa da consciência e sobrevivência”, colocando, dessa forma, duas ou três pás de cal sobre o “espiritismo francês”.
Dizem que os brasileiros tentaram recuperar o nome da Revue Spirite,uma vez que o cidadão não pretendia mais publicá-la, mas o Dumas não aceitou. Alegou que o movimento no Brasil se desviara para o religiosismo e não abriu mão.
Paralelamente, surge na França o Jacques Peccatte dizendo que o próprio Kardec se comunicou no grupo dele, o “Cercle Spirite Allan Kardec”, em 1977, e o mandou ressuscitar o movimento. Ele o tenta até hoje.
Mas, pelo lado digamos, oficial, o Roger Perez, retornando das desativadas colônias, resolveu, certamente com o patrocínio da FEB, retomar as coisas.
Conseguiu reaver do André Dumas, na justiça, o nome da Revue, e passou a editá-la pela “Federação Espírita Francesa e Francófona” (já extinta), da qual foi fundador. Ali pelo ano 2000 passou os direitos para o CEI – Conselho Espírita Internacional.
E os documentos de Kardec, suficientes para comprovar ou desmentir o famoso “controle universal” num julgamento pela posteridade, não deveriam acompanhar toda essa trajetória de mandos e poderes, acondicionados num majestoso baú?
Deveriam, mas o baú transformou-se num “cálice sagrado”, num Santo Graal, ou seja, numa lenda.
Conta Wallace Leal que quando tentava aproximação com Hubert Forestier (aquele que foi dono de 1931 a 1971) para saber dos documentos, ele respondia friamente que a “Maison des Spirites” tinha sido “pillée” (pilhada) pelos alemães.
Dizem que os papéis de Kardec foram queimados para aquecer os soldados alemães, aquartelados na “Casa dos Espíritas”, por uns quatro invernos, os mais rigorosos do século.
Mas, existe outra saga…
Em 1939, Canuto Abreu seria um adido na embaixada brasileira em Paris, quando foi procurado por algumas pessoas que se diziam a mando dos espíritos – que por certo realizaram escutas espirituais no gabinete do Hitler e souberam da iminente invasão alemã à Cidade Luz – e lhe entregaram valiosos documentos de Kardec, para que ele os salvasse trazendo para o Brasil.
Para que não se fuja à regra lendária, tais documentos, “salvos dos alemães”,acabaram transformando-se numa herança, ora sepultada em mãos dos descendentes do Canuto.
Assim, a lenda divide os famosos documentos tão cuidadosamente arquivados e citados por Kardec em três conjuntos:
um nos porões da FEB;
outro com os herdeiros do Canuto;
e, o que ficou na França, queimado como combustível pelos nazistas.
Consideremos perdido este último lote.
O que está em poder da FEB, segundo a lenda, foi-lhe dado pelo Leymarie, na época legítimo proprietário dos mesmos, legitimando, dessa forma, sua apropriação por essa entidade.
Mas, e o lote em poder dos descendentes do Canuto? Ao Wallace, Forestier teria dito que foram “pilhados”, sem se referir à história do Canuto. Teriam, aquelas misteriosas figuras, entregue ao Canuto sem o conhecimento do Forestier, seu proprietário no momento? Não teria havido, assim, uma apropriação indébita?
Por outro lado, considerando as simpatias do governo brasileiro por Hitler – o que só mudaria com as mudanças no rumo da guerra, lá por 1942 – e os agrados despendidos pelas grandes potências no jogo político internacional, se um adido da embaixada brasileira em Paris se dirigisse à autoridade militar alemã, invasora, e solicitasse permissão para “retirar alguns documentos daquela “Maison des Spirites” que seus soldados ocuparam”, seria prontamente atendido. Daí, a “pilhagem” não teria sido feita propriamente pelos nazistas.
Mas, e as datas?…
Os tais “ET’s” teriam aparecido em 1939, e a invasão alemã ocorreu em Junho de 1940. Bem, se esta for uma história dispersiva surgida duas ou três décadas após o ocorrido, um deslocamento de seis meses é bastante viável.
Neste caso – e considerando-se a moda atual de buscarem, os países, nos foros internacionais, documentos, relíquias e artefatos arqueológicos que lhes foram pilhados durantes séculos de guerras e colonizações – o que poderia acontecer se o Roger Perez, ou o Estado Francês – ou mesmo um franco-atirador – se dessem conta de que importantes documentos franceses, pilhados durante a ocupação alemã, se encontram escondidos em São Paulo?
Porque, se esta historia for verdadeira – e, não, apenas uma lenda, como parece ser – há uma diferença em relação às cartas de Kardec que temos visto em leilões.
Uma carta, uma vez enviada e recebida, passa a integrar o acervo do destinatário. Portanto, se o Freud tivesse escrito uma carta à minha bisavó, e agora ela me coubesse por herança, eu faria dela o que quisesse.
Enfim, como em toda lenda, aqui há mais perguntas que respostas.
CURIOSIDADE HISTÓRICA – Os atentados aos documentos de Kardec.
Segundo artigo publicado por João Donha em 7 de Fevereiro de 2014
“Nossa expectativa não foi em vão, e a circulação foi precariamente restabelecida; os Correios ainda estão desorganizados, mas as cartas chegam de todas as partes ao nosso escritório na Rue de Lille, salvo das chamas pela vigilância inquieta de um espírita, o Senhor X., tenente de embarcação. Diga-se de passagem que o Senhor X., ocupando a área com os seus marinheiros, frustrou, por meio de um monitoramento constante, duas tentativas de incêndio contra o que ainda restava da Rue de Lille, o que teria por resultado condenar à aniquilação o que foi possível salvar desse maravilhoso ‘quartier’. Estamos felizes em fazer, nesta circunstância, junto ao Senhor X., eco aos agradecimentos do mundo espírita europeu pelo papel que ele desempenhou no salvamento dos nossos documentos.”
Quem já leu os percalços pelos quais passaram os documentos de Kardec no texto “Em busca do Santo Graal”, pode acrescentar mais este aí, relatado pelo Desliens na Revista Espírita de Julho de 1871.
Em 19 de Julho de 1870, cerca de quinze meses após o decesso de Kardec, o Imperador Napoleão III, provocado por Bismarck, declarou guerra à Prússia.
A batalha decisiva ocorreu em 2 de Setembro, quando os franceses foram derrotados e o Imperador aprisionado pelos prussianos.
Mas Bismarck estendeu a guerra até o final de Janeiro do ano próximo com o fim de enfraquecer bastante a França e ficar em definitivo com a Alsácia-Lorena.
Os alemães só deixarão a França em 1873, cobrando pesadas compensações de guerra (“Levando nossas riquezas, a Prússia leva uma parte dos nossos vícios; pois ao ficarmos menos ricos, por certo ficaremos mais virtuosos”, diz uma das cartas recebidas pela Revue).
Em 8 de Fevereiro de 1871, a recém-instalada III República realiza eleições para a Assembléia Nacional.
O interior vota nos conservadores e enrustidos monarquistas;
Paris, vota nos socialistas, anarquistas, liberais e republicanos autênticos.
O líder da assembléia, Thiers, instala o governo em Bordéus, depois em Versalhes.
A cidade luz se revolta: é instalada a Comuna de Paris. Thiers tenta, em 18 de Março, tomar os canhões da Guarda Nacional; o povo reage e fuzila os generais. Então, Bismarck liberta e arma os cem mil prisioneiros de guerra para que se unam ao pequeno exército de Thiers e reprimam a Comuna.
O cerco se inicia em 21 de Maio.
Dada a superioridade dos conservadores, a população provoca incêndios na tentativa de conter os soldados. Paris em chamas! É a “semana sangrenta”, que dura até 28 de maio, quando a Comuna se extingue em meio a vinte mil mortos e dez mil prisioneiros ou exilados.
O último reduto caiu em Menilmontant, próximo à porta por onde eu e minha esposa entramos no Père Lachaise quando lá estivemos.
É interessante como os preciosos arquivos, com os quais “a posteridade poderia julgar os homens”, correm o risco de extinção desde o começo de sua existência.
Terá valido a pena, o arriscado esforço do valoroso marinheiro espírita e seus comandados, dando uma sobrevida a este “quadro único da história do espiritismo moderno”? Dizem que alguns anos depois, Leymarie, então todo-poderoso gerente do espólio kardeciano, enviou vários desses documentos aos seus amigos do Brasil.
O restante do acervo foi novamente ameaçado quando seu filho, assustado com uma “reentrée” dos canhões germânicos e franceses ameaçou abandoná-los à própria sorte.
Foram salvos, desta vez, pelo Jean Meyer, que os recolheu na Maison des Spirites, onde distribuíram suas luzes por um quarto de século, até a Maison virar quartel de tropas, novamente germânicas, e serem pilhados e sepultados impunemente nos porões dos descendentes de quem os retirou de seu devido lugar.
Seria a força do destino tentando se contrapor à força das coisas?
Ex-professor eventual de português e história; ex-quase-escritor; ex-funcionário estatal;…
Algumas publicações infanto-juvenis; artigos e poesias em diversos periódicos.
E… nada a “completar”… a não ser o exercício atual de duas profissões não regulamentadas (graças a Deus):
a de “fiscal da natureza”, exercida na rive gauche do rio Cachoeira, e a de “palpiteiro contumaz”, que pode ser verificada aqui no blog.
Palavras para uma jovem vidente que não sabe bem o que vê, para que viva em paz com esse dom e seja feliz, dando – se for possível e se quiser – importantíssimo testemunho do mesmo.
Soube de uma jovem que, além de ver o que todos vêem, tem o privilégio de ver os espíritos. Outrora teve graves problemas mas habituou-se e aprendeu a viver com isso. Não retirou lições nem procurou conhecer tal fenómeno, o que foi pena.
O que escrevi foi para ela em primeiro lugar mas resolvi partilhar com todos os visitantes deste sítio.
Minha amiga,
É muito importante que saiba que poder ver os espíritos não é sintoma de doença ou desarranjo mental. Muita gente, sobretudo as crianças têm tido dons iguais ou parecidos, a que a indiferença e a ignorância têm virado as costas, tornando desconfortável uma realidade que pertence à natureza e à ordem normal das coisas. Sentir realmente uma presença invisível andar pela casa, um olhar que observa atrás de nós os nossos gestos, por isso já toda a gente passou, sem saber explicar bem o que é.
Outra coisa é ver mesmo os vultos silenciosos de pessoas reais, figuras indistintas que avançam pela casa – como me diz – sem fazerem parte do número dos vivos.
Vou tentar fazer para si um resumo simples de conhecimentos que levam muito tempo a acumular, essenciais para compreender esse facto, sabendo tirar partido dele e podendo utilizá-lo em benefício de terceiros.
O MUNDO VISÍVEL E O OUTRO
As suas visões dão prova indesmentível da realidade abrangente da natureza, a mesma que contemplamos e sentimos com os nossos vulgares cinco sentidos: a vista, o ouvido, o olfato, o tato e o gosto.
A minha amiga tem a prova de que há gente que passeia por aí – espíritos iguais ao nosso, num outro estado, esperando talvez receber um aceno de simpatia ou um recado que lhes dê coragem para continuar a viagem seguindo os seu caminho.
Em concreto: Depois de mortos todos nós vamos continuar vivos de outra maneira.
Os vultos que tem visto, são figuras reais e representam pessoas que deixaram a vida material e que possuem outras faculdades e dispõem de outra forma de estar e de se deslocarem.
Não podem fazer-nos mal algum nem intervir nas nossas vidas no plano material. No plano mental são quase como outra pessoa qualquer com quem nos cruzamos na rua, embora tenham outras capacidades que são importantes.
Que fique muito claro: se tivermos bem construída a nossa personalidade e se estiver bem colocada a nossa força de vontade, os espíritos não podem fazer-nos mal algum.
Se alguém quiser vender-nos uma enciclopédia ou um conjunto de panelas inox, pode bater à nossa porta para nos convencer a isso. A decisão da compra depende exclusivamente da nossa vontade.
O trato com os espíritos está quase ao mesmo nível, embora o seu potencial de influenciar vontades deva ser melhor esclarecido.
A NATUREZA REAL DOS ESPÍRITOS
Quando acordarmos do outro lado da vida quando esta que vivemos agora se acabar, também seremos espíritos como aqueles que vê lá em casa.
Libertos das dores do corpo e das múltiplas limitações seremos, mental e moralmente, as mesmas pessoas que éramos antes, com preocupações pessoais inerentes à nossa individualidade. Estaremos livres das nossas limitações e necessidades físicas e teremos faculdades muito especiais, que são bem conhecidas e podem ser explicadas.
Com o falecimento não há perda de autonomia de individualidade e o mais natural é que o espírito liberto siga o seu caminho de evolução e aprendizagem. Há muitos casos também de espíritos menos preparados que ficam por aqui, pendentes das suas preocupações anteriores, de tal forma que há muitos que julgam que ainda estão vivos e insistem em habitar entre nós.
A observação experimental de milhões de casos de que há conhecimento comprova isso de forma clara.
Os espíritos mais bem informados e com melhor condição evolutiva passam logo em frente, avançando por uma estrada de aprendizagem, aperfeiçoamento e até de felicidade. Mas para atingir esse patamar teremos que desempenhar com brio, humildade e abnegação todas as tarefas que nos competem!…
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O AMBIENTE OPRESSIVO DO PLANETA TERRA
A sina deste mundo, na condição material e muito problemática em que estamos mergulhados, é ter de ficar a conviver com aqueles espíritos que ainda não tiveram a lucidez e a vontade de entender que o caminho é para cima e para a frente. No espaço do nosso mundo é muito mais numeroso o contingente dos espíritos invisíveis (que estão por todo o lado) do que o número de pessoas materialmente vivas.
Esses espíritos insistem em ficar presos ao desconforto da vida terrena. São esses, minha amiga, que vê passear silenciosa e misteriosamente em sua casa, nos momentos em que diz ao seu simpático marido: “Olha, hoje temos visitas!…”
Não serão só esses que vêm visitá-la, pode estar certa. Mas por agora não vou complicar este simples resumo.
FACTOS IMPORTANTES DE NATUREZA CIENTÍFICA
Ninguém deve ter medo do universo oculto que nos rodeia e de que só muito poucas pessoas se apercebem, como a minha amiga. A nossa atitude deve ser de uma grande naturalidade, confiança e espírito positivo.
Os contratempos e a perturbação pelos quais passou e aos quais demorou a habituar-se por ignorar as razões substanciais que estavam por detrás deles, tinham sido evitados de forma muito fácil.
Por isso estou aqui a conversar consigo, fazendo votos de que a mensagem possa servir a mais gente, isto é, a mais espíritos.
Quanto mais esclarecida for a nossa posição, melhor será a influência de que vamos poder usufruir E TRANSMITIR a muitas dessas almas perturbadas, confusas e não obrigatoriamente más.
Algumas estarão apenas temporariamente perdidas sem saber o que fazer.
O conhecimento das leis da natureza que governam as interações dos espíritos é fundamental, e bem assim a influência das nossas atitudes sobre o NOSSO PRÓPRIO espírito.
A lei da causa e do efeito e a lei das afinidades, de que falo mais abaixo, governam todo o género de interinfluências positivas e negativas que determinam a nossa lucidez, a FELICIDADE e, como no seu caso, a própria SAÚDE. Moral da história: para certos problemas que podem resolver-se pelo conhecimento das suas causas naturais não é preciso andar a tomar drogas que nem fazem bem à saúde e muito menos resolvem o problema.
Como está explicado em “O Livro dos Mediuns” capítulo I, nº 54 o ser humano é composto de três elementos distintos.
A alma, ou espírito, é o princípio inteligente da nossa personalidade cuja constituição e natureza não conseguimos discernir com exatidão. De imensa complexidade, caracteriza-se por elevado grau de imaterialidade.
O corpo físico é aquele que conhecemos com mais intimidade mas que, ainda assim, encerra muitos segredos quanto à sua integral e complexa natureza.
Há um terceiro componente dos seres humanos, a que chamamos perispírito, que constitui um plano intermédio entre os dois primeiros e que – além de inúmeras funções incompletamente conhecidas – constitui uma ferramenta de que o espírito dispõe para governar o corpo.
Em termos práticos o perispírito está alojado no mesmo espaço do corpo material (ele é o seu “principio activo”, veículo e ferramenta do espírito junto dos tecidos orgânicos e da natureza intelectual e sensível do homem) e por isso recolhe influência de ambos os lados: do espírito e do corpo.
Para os videntes muito dotados o perispírito constrói à volta do corpo físico uma espécie de reflexo brilhante e colorido. Experiências científicas muito avançadas, aliás, já conseguiram fotografá-lo.
O nascimento de um novo ser corresponde à vontade dos pais em gerar uma criança, mas só se torna uma realidade concreta porque o processo da Criação atua imediatamente após esse episódio, entrando em ação junto de cada novo ser o novo perispírito que o acompanhará toda a vida até ao dia da sua extinção, falecimento, morte ou – como dizem os espíritas – desencarnação.
É interessantíssimo estudar e conhecer todo este fenómeno que explica de forma clara uma quantidade de momentos específicos da própria vida, da morte, do sono e dos sonhos, e tantíssimos outros.
Outra propriedade fundamental do perispírito é a de ir registando todas as aprendizagens que a alma carrega durante a sua vida neste mundo, sendo – em estreita dependência do espírito – a memória de todas as vivências e aperfeiçoamentos anteriores. Por isso as reflete nas cores e no brilho que ostenta e que são visíveis aos outros espíritos.
Donde a justeza de designar-se o perispírito como interface entre o corpo material e a essência praticamente imaterial do espírito.
Citando diretamente o que está contido em “O Livro dos Mediuns”:
“…A morte é a destruição, ou, antes, a desagregação do envoltório grosseiro − invólucro que a alma abandona”. Esse envoltório é aqui designado como “grosseiro” apenas em comparação com o espírito, e é o nosso corpo físico.
Durante toda a vida, animado pela centelha do espírito o corpo evidencia capacidades complexíssimas de sobrevivência. Uma vez destituído desse princípio vital, em escassos minutos o mesmo corpo deteriora-se de forma irrecuperável, apagando-se igualmente todo o seu fulgor intelectual e anímico. Esse momento corresponde por isso, instante por instante, à saída do perispírito do tecido corporal, do qual se afasta envergado agora pelo espírito – ao qual confere vulto e fisionomia visíveis.
EM RESUMO:
– Início do ciclo da vida, fecundação do óvulo materno; início do processo de entrada em funções no tecido orgânico do ser, do perispírito – interface ou ferramenta do espírito, que torna a pessoa naquilo que ela é, com aquisições intelectuais e morais derivadas da sua experiência anterior. Esse processo só se completa no fim da idade infantil, lá pelos sete anos;
– No transe do fim da vida, falecimento ou desencarne (saída da carne): abandono pelo perispírito do veículo corporal ou organismo físico da pessoa; passagem da alma a um novo ciclo de vida, carregando as respetivas memórias e aprendizagens, sem esquecer a memória exaustiva e inamovível de todas as suas responsabilidades morais!…
A transformação radical e instantânea dos tecidos do corpo e de toda a sua capacidade vital, nesse momento, motivada pela saída do perispírito – agente ativo das funções vitais conduzido pelo espírito – torna-se um argumento irrecusável e único da importância fundamental do mesmo na instituição da vida.
O perispírito continua pois, às ordens do espírito, na grande viagem sem fim em direção ao aperfeiçoamento, à sabedoria e à felicidade, constituindo por assim dizer o seu corpo operacional para futuras reencarnações neste e noutros mundos.
Note a minha amiga o seguinte:
Esse destino não é reservado apenas aos mais bonzinhos, aos cumpridores e bem-educados da primeira hora. Todos, mas todos os seres que são entregues ao plano infinito da evolução, irão terminar construtivamente a viagem.
Uns irão mais depressa, outros mais devagar, de acordo com a sua vontade e o seu livre arbítrio – pois que a liberdade e a consciência própria é atributo essencial de todos os humanos. E todos os humanos são filhos de pleno direito de Deus, nosso pai, a quem é legítimo atribuirmos desígnios do mais absoluto sentido de justiça e de infinita misericórdia.
Quanto aos espíritos, uns aprenderão pelo amor, pela harmonia e pela vontade positiva. Outros aprenderão pelo esforço doloroso, com lágrimas e cansaços. Mas a todos está reservada a felicidade integral e o conhecimento absoluto, em modalidades de avanço e progresso que nos é completamente impossível descrevê-las.
O conhecimento destes factos também é científico, seja qual for o entendimento que tenhamos dessa palavra. Foi um conhecimento que nos foi revelado pelos espíritos, falando por intermédio de pessoas tão sensíveis como a minha cara amiga, portadores de dotes equivalentes, parecidos e complementares ao dom da mediunidade.
Chamam-se – conforme a variedade dos casos – médiuns audientes, falantes, sonâmbulos, de cura, escreventes ou psicógrafos e ainda outros que constituem um raríssimo, precioso e importantíssimo elenco de seres hipersensíveis a quem a alta espiritualidade confiou a revelação das verdades transcendentes que ajudam os homens que vieram à carne para aprender aquilo que necessitavam de aprender, a seguir em frente nos caminhos da evolução.
CONTINUEMOS A ACOMPANHAR O PERISPÍRITO:
A plasticidade semi-material de que se caracteriza, animada pelo espírito, é capaz de se configurar fisionomicamente à medida dos seus desejos e memórias, assumindo no período após o falecimento de uma pessoa, o aspecto dessa mesma individualidade como adulto jovem, no auge do seu potencial humano. Quando da morte, por esse motivo, todos ficamos mais bonitos!…
Essa transformação permite aos espíritos tornarem-se identificados por conhecidos e familiares, na multiplicidade de situações em que o encontro com eles se torne possível. Essa hipótese está largamente confirmada por diversas fontes de conhecimento científico que convergem integralmente, entre outros:
O conhecimento espírita;
O estudo das experiências de quase-morte;
e as inumeráveis regressões a vidas passados levadas a cabo pelo método da hipnose.
Estas fontes, completamente diversas entre si nos aspetos histórico-metodológicos e técnico-científicos são coincidentes, até aos mais diminutos pormenores, nas conclusões alcançadas e nas observações feitas.
DONDE:
Os corpos esmaecidos e flutuantes que são observados pelos hipersensíveis videntes não são outra coisa senão perispíritos, elementos semi-materiais configuráveis pela vontade dos espíritos. Essas são as figuras que entram lá em sua casa, sem precisar de chave ou de ter de tocar à campainha e que a amiga também verá na rua, nos cafés e até nos teatros de concertos onde muitos espíritos gostam de ir ouvir a música com que se deliciam aqui na terra, como no mundo espiritual – que de pequenos nos habituámos a chamar “o céu”.
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SEGUNDA PARTE DA NOSSA CONVERSA
− trata dos aspetos científicos que definem as leis de INTERINFLUÊNCIA entre espíritos e que nos ensinarão a colher as BOAS e recusar ou transformar as MÁS influências, seja das pessoas viventes no mundo físico, seja dos espíritos já viventes (e muito bem vivos) no mundo espiritual.
Em relação com isso, e para nossa conveniência, há um trabalho que só pode ser feito por nós.
É o governo da nossa vontade, a conquista do equilíbrio moral e o conhecimento racional da vida e do espírito, princípio inteligente que está por detrás de tudo o que fomos, o que somos e o que seremos.
Este AVISO contribui:
− para a elevação do nível que nos rodeia todos os dias;
− para a melhoria do comportamento com todos os amigos, colegas de trabalho e familiares;
− para a SAÚDE PSICOLÓGICA e FÍSICA em todos os aspetos de funcionamento do nosso organismo e desenvolvimento da NOSSA FELICIDADE imediata e futura.
A LEI DAS AFINIDADES
Se eu entrar num lugar qualquer onde esteja muita gente com quem é que vou reunir-me?
− Às pessoas de que eu gosto, aos meus amigos e conhecidos, é claro. Se possível vou para junto daqueles que me amam e daqueles que eu amo, na hipótese mais favorável.
Para junto das pessoas que eu não goste, daqueles que me maltratam e hostilizam?
− Não, para junto desses não vou!…
Nós somos espíritos − nada mais, nada menos − espíritos de vivos que se deslocam e sobrevivem temporariamente no mundo em corpo material. Os espíritos dos que já faleceram, envergados pelo perispírito, fazem exatamente o mesmo que os espíritos dos que ainda não morreram: uns e outros vão para junto dos seus iguais; procuram de modo infalível aqueles que vibram no mesmo comprimento de onda, partilhando AFINIDADES.
VEJAMOS O QUE PODEMOS FAZER PARA VIVER BEM:
É muito aconselhável para todos nós manter contactos frequentes com espíritos positivos, andar pela vida de mão dada com as pessoas que nos ajudem a viver bem, com respeito pela nossa sensibilidade e em obediência aos princípios e desejos que achamos mais corretos. Não vamos, por uma questão de solidariedade humana – a fundamental e imprescindível caridade – virar as costas a todos os outros, os que não sabem, os insensíveis e os impreparados. A esses será preciso estender a mão, abrir o entendimento, ajudar por amor – numa palavra – instituir a partilha de valores.
Mas temos que saber fazer tudo isso sob o influxo das melhores influências – ganho de causa entre valores positivos e valores negativos que só o conhecimento possibilita e a razão moral pode sustentar.
NOTAR que o mal não vem apenas dos outros.
Nós, por defeito de atitude ou pela tendência para os maus pensamentos, a crispação e a impaciência podemos também alinhar com a negatividade, gerar forças que nos abatam o moral. Os nossos maus pensamentos são um fator fundamental a ter em conta. Uma energia que se torna a mais perigosa de todas, porque está cá dentro.
Seguindo por aí, não tendo cuidado em escolher a boa ajuda e não dispondo de energias para retificar tendências negativas, lá vamos ter de tomar logo de manhã o antidepressivo que nos amortece os sentidos da alma, não dispensado ao deitar o tranquilizante que nos consinta o sono.
NOTA IMPORTANTE:
− Quando falo aqui em melhores companhias muita gente irá pensar que me refiro às pessoas – amigos e conhecidos com quem convivo no dia-a-dia.
ATENÇÃO!… Essa não é a totalidade das companhias que podem vir lançar atrapalhação e mal estar. Se leram com atenção desde princípio lembrar-se-ão que também grande quantidade de espíritos de pessoas já ausentes (os mais materializados e de menor evolução espiritual) andam por aí em grande número.
Se nos abandonarmos a pensamentos negativos e a preocupações obscuras, se fugirmos a momentos elevados de sensibilidade espiritual:
− as boas leituras como as boas acções;
− a melhor cultura como os gestos altruistas;
− as conversas e atitudes edificantes como as atitudes generosas;
− o exercício altamente importante e espiritualizante da PRECE!…
os espíritos com baixas vibrações e pensamentos negativos serão atraídos para o nosso convívio, porque estaremos fatalmente a vibrar à mesma frequência.
MUITO CUIDADO!… Esse risco arrasta-nos para a depressão, para o abatimento – numa palavra, para a obsessão!…
A LEI DA CAUSA E DO EFEITO
Se eu plantar laranjeiras, colho laranjas. Se plantar ventos, colho tempestades. Se semear afetos, mereço colher afetos. Ao semear, porém, já sou beneficiário da boa intenção, que me beneficia desde o primeiro instante. A colheita é contingente, mas é possível. Semear é um dever inabalável de potencial altamente retributivo. Lembrem-se: além dos atos produtivos as boas intenções têm muitíssimo valor!…
A aliança de todos os gestos generosos pode não fazer sempre todos os milagres. Mas encurta o caminho para a perfeição.
Os espíritos que a minha amiga vê passear pela casa necessitam de nós como amigos, como vontades solidárias. Além de semearmos laranjeiras, para colher laranjas, tenhamos o gesto solidário, a palavra de carinho, a prece essencial de apelo às mais elevadas instâncias. Não olhemos de lado as estranhas visitas cujo nome desconhecemos, quer vendo-as, quer se apenas as persentimos. Com os espíritos não alimentemos o medo; Usemos o melhor da nossa hospitalidade.
Quem sabe será aquele vulto um vizinho conhecido em busca de apoio? Quem sabe será um ente querido há algum tempo desaparecido, em busca do perdão que lhe negámos em vida? Isso acontece, é da vida e está comprovado pelo trato com os espíritos. Nós também somos espíritos e andamos pela vida, tantas vezes, à procura de um simples gesto de carinho, de compreensão ou de auxílio generoso. E se aqueles pelos quais passamos uma e outra vez, virarem sempre o rosto para o outro lado, não querendo estender-nos e, pior do que isso, TIVEREM MEDO DE NÓS por ignorância e frieza indiferente?
Ousemos entendê-los, ousemos o afeto compreensivo.
Esse semear produzirá nos outros o melhor da transformação positiva que em nós ficará a germinar como uma árvore saudável de frutos garantidos.
Chamem-lhe laranjas, chamem-lhe boa vontade, chamem- lhe consciência tranquila ou chamem-lhe a simples alegria de dar!…
ESPÍRITOS SOMOS TODOS, EM SITUAÇÕES DIFERENTES
As pessoas que evidenciam estranheza perante os espíritos por serem coisa “do outro mundo”, caiem na rejeição irracional de abordar sequer o tema da vida depois da morte.
Daí um medo mórbido, uma terrível insegurança perante o fenómeno que a todos tocará de forma inevitável. Mesmo os ateus mais dramáticos ou as pessoas a quem a falta de coragem intelectual impede de enfrentarem o assunto, como simples tema de conversa, deveriam pensar no deficit de sentido prático que isso envolve.
Vão morrer um dia, seja de que maneira for, de forma acidental ou seguindo o itinerário mais desejável da longevidade feliz, sem dores profundas de agonia arrastada.
Nesse dia, no instante após, poderão ter necessidade de um “livro de instruções” que os liberte dos transtornos de não saber o que fazer. Havendo – como parece que há – procedimentos aconselháveis, julgo que seria bom dar uma vista de olhos ao tema.
Os cidadãos bem apetrechados costumam precaver-se sempre com cautelas, mesmo nas mais raras e improváveis voltas desta vida. Quanto à morte, essa infalível ocorrência, viram as costas ao assunto quase ofendidos ou desconcertados pela indiscreta apresentação do mesmo.
Comportamento que faz lembrar o das crianças assustadas que põem as mãozitas sobre os olhos para o que estão a ver deixe de existir, ou como se a mera hipótese da vida eterna fosse algo de somenos, sonho imerecido que não voa porque a dúvida triste lhe cortou as asas.
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NINGUÉM SE ESQUEÇA DO SEGUINTE:
− O conhecimento da cultura e da ciência espirita, para além de esclarecer as principais questões da vida − origem e destino dos seres − é importante elemento de libertação e progresso espiritual. Favorece de modo esclarecido a manutenção da saúde física e emocional e é um apoio firme da felicidade pessoal e familiar. − Não é imperioso frequentar nenhum centro, pertencer a nenhum grupo e muito menos frequentar sessões mediúnicas, que são reuniões muito reservadas que solicitam grande preparação. A cultura espírita pode desenvolver-se de forma independente mediante o interesse pessoal. O seu estudo pode ser configurado à medida dos interesses de cada um, sendo abundantíssimas as fontes de informação disponíveis, nomeadamente na internet.
Como é timbre e característica fundamental da fraternidade espírita, é sempre possível obter tais elementos de forma completamente grátis.
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