Apóstolos de Verdade ~ lugar@lfa

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O LIVRO DOS ESPÍRITOS, OBRA VIVA, OBRA ABERTA!…


NOTA: a categorização de “O Livro dos Espíritos” como obra viva/obra aberta esteve sempre em mente do trabalho que desenvolvemos, por oposição ao estatismo de um livro até certo ponto intocável ou inamovível. O intuito de trazer para a linha da frente da abordagem do espiritismo o ensino dos Espíritos metodizado e categorizado pelo autor/fundador da obra que o apresentou à modernidade, com verdadeiro sentido emancipador e luminoso, começou imediatamente a dar frutos.

lugar@alfa, noutra casa, noutra cidade, noutra cabeça, um site espírita que é uma selecta espírita de relevo exemplar, deu o primeiro passo.

Começou a abordar de modo especializado, divulgando, a primeira NOTA FINAL que figura entre outras CINQUENTA E NOVE, que conferem teor de contextualização histórica, filosófica e científica à tal obra a que só raríssimos autores ousaram acrescentar também NOTAS FINAIS, algumas das quais, de resto, citadas também por nós.
Todas as cabeças, em todas as casas de todas as cidades, podem desde já começar a fazer esse exercício, publicando o resultado do mesmo, o que dá corpo (e alma!…) ao propósito da *obra viva/obra aberta*.
Na importante tarefa da renovação lexical que colocámos em marcha, há um conjunto de palavras (que possuem profundo significado no contexto de uma tradução feita com “espirito próprio”) e que mereceram o devido esclarecimento, que pretendemos ir desenvolvendo no futuro, na reedição deste LIVRO e, quem sabe, na CONTINUAÇÃO DA TRADUÇÃO DE TODA A OBRA DE KARDEC!,,,


OS AMIGOS CAMINHAM SORRIDENTES, DE MÃOS DADAS, AMANDO A VERDADE SEM RECEIOS…

apóstolos de verdade ~

lugalf-01Para visitar a notícia original em lugar@lfa, com a grande alegria dos amigos pela leitura atenta, é favor clicar a imagem, para o maravilhoso encontro das grandes descobertas!…


[ 1 – O Espiritismo é uma religião? ] – Nota final situada na página nº 256.

Este é um assunto que tem tido interpretações diferentes no meio espírita. No livro “O que é o Espiritismo?” Kardec diz-nos:

“O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, trata das relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, esclarece as consequências morais derivadas dessas relações”.

Numa definição de Espiritismo tão clara como esta, Allan Kardec (i) não menciona o termo “religião”. Talvez prevendo que esse problema pudesse colocar-se no futuro, explicou muito bem o seu ponto de vista no discurso que fez na Sociedade de Paris, no dia 1 de Novembro de 1868, publicado na REVISTA ESPÍRITA do mês seguinte, com o título: “O Espiritismo é uma religião”? Todo o artigo é bastante importante e merece uma leitura integral. Porque é muito longo, vamos aqui ver só alguns excertos.

Kardec utiliza como ponto central do seu discurso a importância daquilo a que chamou “a comunhão de pensamentos.” Falou do poder da união de pensamentos capaz de gerar reacções extraordinárias de efeitos morais e físicos.

Revista Espírita de Dezembro de 1868 (excertos”):

“…Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; com efeito, é aí que podem e devem exercer a sua força, porque o objectivo deve ser a libertação do pensamento das amarras da matéria. Infelizmente, a maioria afasta-se deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo o seu dever consistir na realização da forma, se julga livre de dívidas para com Deus e para com os homens, já que praticou uma fórmula.

Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de fraternidade em relação aos outros assistentes; fica isolado no meio da multidão e só pensa no céu para si mesmo.

Por certo não era assim que o entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.” Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, a sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e acções…”

“…Se é assim, perguntarão: então o Espiritismo (ié uma religião? Sem dúvida! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e vangloriamo-nos por isso, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que motivo, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Por não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, é que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem.

Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com o seu cortejo de hierarquias, de cerimónias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a nossa opinião se levantou.

Não tendo o Espiritismo nenhuma das características de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que motivo simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.

As reuniões espíritas podem ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembleias religiosas.

Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuance é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada ideia …”.

CONCLUSÃO:

Lidos atentamente estes excertos da REVISTA ESPÍRITA (i), ficamos com ideias suficientemente esclarecidas para não confundirmos o espiritismo com as organizações histórico culturais dogmáticas, com fortíssimas ligações aos poderes político-estratégicos, que têm assumido o papel das: “…castas sacerdotais com o seu cortejo de hierarquias, cerimónias e privilégios; (…) e das “…ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a nossa opinião se levantou. HUMBERTO MARIOTTI (19051982) (i), grande intelectual que foi por duas vezes presidente da Confederação Espírita Argentina, no fim dos anos 30 e durante os anos 60, elaborou no prólogo escrito para a obra “El Sermón de la Montaña”, uma síntese especialmente feliz que nos ajuda a acomodar uma cultura científico-filosófica de índole positiva e racionalista, com a espiritualizada atitude íntima de tantos dos adeptos espíritas:

“…O Espiritismo, nos estudos universais que realiza, dedica à inteligência a ciência, ao pensamento a filosofia e ao sentimento a religião…”

Esta distribuição dos diferentes horizontes que o espiritismo contempla pelas diversas formas do potencial humano, permite-nos acomodar a análise da fenomenologia mediúnica (i) com o pensamento racional e com a subjectividade íntima. Os factos devem ser considerados como factos, as ideias ordenadas como ideias, restando livres os sentimentos para vibrar do modo que mais convier à pessoa humana. Isso só pode suceder num plano totalmente livre dos constrangimentos do dogma, do pensamento fechado, da repressão íntima e da intolerância colectiva.

Os adeptos e estudiosos do espiritismo são tão fortemente sensíveis à ideia de Deus como ao uso da razão crítica; são tão assíduos praticantes e beneficiários da prece, como estão disponíveis para entender a complexidade do mundo e a memória da Humanidade e as suas contradições.

O desenvolvimento das relações sociais humanas e as contingências do trabalho e da vida não os incapacitam de se sentirem perto dos seus queridos ausentes, íntimos confidentes e agentes invisíveis da espiritualidade envolvente. Porque é sempre possível analisar racionalmente factos concretos, ao mesmo tempo que se organizam ideias produtivas e harmoniosas, enquanto se eleva o pensamento a Deus com um sorriso, uma lágrima ou uma prece.

Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Notas Finais [ 1 – O Espiritismo é uma religião? ] – in Prefácio dos tradutores, pag. 8. Edição “espiritismo cultura” (i), uma tradução para o português de Portugal, de José da Costa Brites e Maria da Conceição Brites © 2016 – todos os direitos reservados; fragmento do livro.

(imagem de contextualização: São Luís com a coroa de espinhos, lápis e giz de Alexandre Cabanel)

Música proposta e oferecida in lugar@lfa:

(DvořákSinfonia nº 9 in E menor “Sinfonia do Novo Mundo” | Symphonieorchester Des Bayerischen Rundfunks, direcção de Mariss Jansons)

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