EQM de Maria de Júlia Diniz, transcrição parcial

 

Experiência de Quase Morte, durante gravidez de Maria de Júlia Diniz, nos anos sessenta do século passado.

é FAVOR VER NOTÍCIA ANTERIOR
e escutar o depoimento na totalidade

INCLUI TRANSCRIÇÃO LITERAL DE PARTES FUNDAMENTAIS DO DEPOIMENTO.

Maria Júlia Diniz é portuguesa, e teve uma vida muito movimentada. Foi agente de vendas da TAP, dedicou-se muito à arte e fez trabalho voluntário a vida inteira. Casou aos 17 anos, engravidou aos 18 e teve uma Experiência de Quase-Morte, ou EQM. Muitos anos depois, é aposentada e, pela primeira vez na vida, fala sobre esta experiência. Vamos conhecer a história que teve a generosidade de nos contar?

Este registo de parte do seu depoimento é um documento fundamental para comprovar, de forma vivida, a continuidade e qualidade evolutiva de todos os seres humanos para além da morte, sendo a vida terrena apenas um intervalo de experimentação e aprendizagem, sujeito a certas dificuldades que dependem essencialmente da atitude de cada um de nós.

De salientar a perspicácia inteligente das perguntas do Dr.CARLOS MENDES, que nos colocam perante o essencial e fundamental do depoimento feito, quanto ao contexto de realidade concreta vivida por Maria Júlia Diniz.

O momento em que começa esta transcrição situa-se NO 27º MINUTO DA GRAVAÇÃO

Pergunta Dr. Carlos Mendes:
Como entende a relação entre a dimensão em que vivemos aqui, e a dimensão que viveu durante a sua experiência? Diz que sentiu que já lá tinha estado antes, como se tivesse voltado a casa.

Resposta Maria Júlia Diniz:
É um local imenso… de Paz.

P.: Voltando para cá, de que forma essa vivência, essa experiência a mudou em relação a valores, em relação à vida?

R.: Logo a seguir a este EQM fui para África, onde tinha a vontade de ser uma pessoa que cuidava… queria cuidar de todas as pessoas. Apiedava-me muito, pelas crianças, por tudo. Era uma grande empatia que sentia…
Tinha pessoas a trabalhar na minha casa, que mandavam para me ajudar, crianças com 8 ou 9 anos para serem meus criados.
Eu não queria ter uma criança de 8 anos como meu criado. Se isso acontecia… ia comprar uma boneca (risos…) e o que fazia era ensiná-la a fazer um bordado. Todos os garotos que passavam pela minha casa, muito novinhos, que eu não achava que tinham idade para trabalhar… alfabetizei-os!… Eu realmente fiz-me uma mulher virada para os outros.

(Nota histórica/informativa: Durante esses tempos do colonialismo português em África, certos funcionários, como militares e outros, dispunham de apoios especiais, que incluíam o fornecimento de serviçais domésticos…)

P.: Disse portanto que tinha tido uma mudança de visão sobre a vida, que ficou mais altruísta por causa dessa experiência que viveu?

R.: Acho que sim, porque na minha família não há ninguém que tenha a minha atitude. Estranharam muito e até chegaram a dizer-me: “Tu tens que levar dinheiro pelas coisas; não se vive do ar…”
Mas eu tenho uma perspectiva muito diferente. A felicidade para mim está… no olhar da pessoa. Isto talvez seja estranho… Estou a dizer o que é real… Gosto das coisas boas, gosto de ver coisas e fazer visitas… mas não é nisso que está o que é importante na vida.
(…)
P.: Durante o tempo em que a Senhora teve essa EQM, já disse que queria permanecer nela. Mas agora tem declarado que o que quer é viver aqui…?

R.: Agora quero muito viver, porque tenho uma missão. Sempre tive uma missão toda a vida.
Anulei-me pelo meu filho durante 25 anos. Percorri todos os hospitais de Lisboa e do Porto e de todo o lado, para conseguir médicos. E consegui!… Até mentindo, mas consegui!..
(…)
Eu quero viver porque sou uma pessoa. As pessoas precisam de mim!…
Tenho um grande amigo, que foi muito meu amigo quando estava doente.
É muitíssimo doente da cabeça, um rapaz com problemas psiquiátricos graves. Não o largo… porque ele faz parte da minha vida. É minha responsabilidade!…
34:00
P.: Trabalhou num manicómio, esteve em contacto com pessoas que tinham alucinações?

R.: Sim!…

P.: Em algum momento pensou que o que viveu poderia ter sido uma alucinação?

R.: Não! Nem por um minuto. A minha visão modificou-se. Durante a minha vida tenho tido uma miopia acentuada, sem óculos vejo apenas sombras. Durante a minha experiência via perfeitamente sem óculos. Via com nitidez. Via exactamente a realidade, sem precisar de óculos. E via o meu corpo, estando fora dele, passando por coisas difíceis, sem que eu sentisse dores.

P.: Acha que ainda tem alguma ligação com a vida na dimensão em que viveu a sua EQM?

R.: Sim, sinto!… Não tenho nenhum medo de morrer. Tenho medo do sofrimento antes da morte; mas isso é uma coisa que se passa com o corpo.
O nosso corpo é muito pesado!… Muito traidor!… Nós não sabemos porquê, mas tudo pode incomodar-nos. A fome, o frio… Mas quando morrer, imediatamente me sentirei segura!…
Porque aquilo é um lugar de plenitude. Um lugar quente e luminoso e que tem o dom de trazer tranquilidade e protecção. Portanto a pessoa, tem tudo!…

P.: Como é que entende hoje, qual é o estudo, o trabalho, que estão fazendo as pessoas que vivem aqui no mundo material ?

R.: Entendo que estão a tentar compreender se a alma ou a consciência são imortais (se a sua vida continua…). Porque a alma não ocupa provavelmente um espaço, um tempo, e foge para um lugar provavelmente conhecido da alma e conhecido de todas as outras pessoas que lá estão. Estando lá, em espera, estão seguras.
Não sou de praticar religiões. Não sou católica. Sou cristã. Não vou a igrejas. Há coisas nas igrejas de que não gosto.
Mas sei que há uma Luz. Eu estive dentro da Luz.  Dentro da luz não era deficiente da vista. Portanto dentro da luz era perfeita. Isto é a maneira como eu interpreto muito profundamente a situação. Se eu dentro da Luz estava feliz, é porque nada me doía. E se via é porque não era míope. Ali não há defeitos.
30:57
P.: Acha que a nossa passagem por aqui tem algum objetivo específico?

R.: Completamente. É um objetivo de crescimento.
Como já disse a minha vida teve grandes desafios e fiz grandes disparates na vida. Todos nós fazemos. Isso faz parte do percurso. Mas paralelamente acho que respondi muito bem a muitas coisas, a muitos desafios. Portanto se a minha vida foi complicada era porque o percurso tinha que ser complicado.
Portanto o meu objectivo é cumprir para com a pedras que aparecem no caminho.

P.: Sentiu a existência de uma hierarquia?

R.:Sim, o que estava à minha volta era poderoso; e eu era uma migalhinha aconchegada no algodão.

P.: Compara essa hierarquia como sendo o acolhimento de alguma coisa acima de si em termos de conhecimento?

R.: Muito acima, não tem comparação nenhuma. Como se fosse um gigante de algodão que pega numa pequenina coisa de nada, um grão de arroz, que fica feliz com aquele acolhimento. Aquilo… é colo!…

P.: A partir da experiência sentiu alguma mudança nos seus sentidos, premonições ou conhecer os sentimentos de outros?

R.: (…) Se me cruzo com alguém na rua, sinto apenas que aquela pessoa que ali vai precisa de uma palavra. Depois descubro que a pessoa precisa mesmo. Portanto a minha intuição só tem a ver com… necessidades positivas.  (41.41)

P.: No final do seu depoimento gostaria de deixar algum recado para as pessoas, levando em conta toda essa aprendizagem que teve?

R.: Queria deixar aqui muito claro que estive fora do corpo, num local de luz, que me acolheu com muito amor. Apesar dos erros que já naquela altura teria feito.
Ali há muito perdão. Uma compreensão. É um sítio extraordinário.
Acho que todas as pessoas deviam ser menos consumistas, menos preocupadas e menos invejosas por pequenas coisas.
E deviam ter um olhar maior, ter uma visão ampla no seu dia a dia, terem um projecto humano, realmente humano.
Praticar o BEM, até mesmo com um animal. Sem estar ligadas a igrejas ou a movimentos.
Todos os dias podemos encontrar alguém que precisa de nós, ou da nossa compreensão, ou do nosso carinho, ou do nosso conhecimento.
Isso ficou tão presente realmente e foi tão habitual na minha vida, que eu não sei se vem dali esse meu conhecimento.

Nessa experiência, nessa EQM eu conheci a Luz.

EU CONHECI A LUZ

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