“O Espiritismo na Arte” de Léon Denis, breve tratado sobre o destino sublime de todas as humanidades

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Wassily Kandinsky, Montanha (1909) óleo s/ tela, 109 x 109 cm, visto em WikiPaintings – Visual Art Encyclopedia – Städtische Galerie im Lenbachhaus, Munique, Alemanha

Os visitantes encontrarão um ficheiro PDF da obra referida ao fundo destes textos que pedem a vossa boa atenção de leitores.

O livro que aqui se apresenta, “O Espiritismo na Arte”, da autoria de Léon Denis, é muito difícil de sintetizar, pela abundância de qualidades e informações que nos oferece.
O entendimento da arte é uma área especializada de conhecimentos e, certamente, uma daquelas que mais genuinamente acompanha e sinaliza a evolução dos espíritos.

São incessantes as indicações de parte dos autores da obra que nos dão a conhecer a impossibilidade de compreendermos certas ideias expressas devido ao condicionamento evolutivo das almas. Com efeito, muitas das coisas que são ditas chocam na barreira intransponível de uma linguagem incapaz de ir além da troca das ideias de sentido sempre muito relativo; o das nossas palavras, cujo significado se restringe ao que os dicionários pobremente nos oferecem para defini-las, infinitamente longe das linguagens do pensamento dos altos céus inundado de luz e música.

Falei atrás em autores e quem lê deverá ficar um pouco surpreendido por esse facto, pois que a autoria designada da obra é de uma só pessoa, Léon Denis. O seu conhecimento das coisas, nesta como ao longo de toda a sua monumental e excelente tarefa de estudioso, escritor e divulgador do espiritismo, também se configura como um “ensinamento comunicado pelos espíritos” dada a interpenetração de noções elaboradas pela sua própria sensibilidade. Incluo portanto na autoria da obra a pluralidade das entidades que “comunicam”, isto é – que escrevem (espíritos um e os outros!…).
A vasta percepção dos ensinamentos adquiridos pela leitura das obras de Léon Denis constitui sempre um eco genuíno do “diálogo entre humanidades”, isto é – entre a nossa vivente no corpo material – e a sua fraterna e tão íntima contraparte vivente no mundo do Além.
Não vou muito para além disto nesta apresentação para não tornar longas as razões que a leitura do livro pode fornecer melhor que a sua mesmo que entusiástica apresentação. A minha apresentação é, ou deseja ardentemente ser, entusiástica, não somente pelo que o livro nos diz mas sobretudo pela janela aberta de ansiedade esperançosa que desenha na mente de quem o leia; Janela aberta que dá para as altitudes que nos esperam depois da grande jornada de revisitação das vidas.
Muitas e muitas das coisas ditas no livro deixam-nos perplexos, com mais dúvidas que certezas, mas tão luminosamente ansiosos de espaço e de emoções que vale a pena correr o risco de lê-lo, para que disso tenhamos consciência, ou para que disso recolhamos um certamente vigoroso impulso nessa direcção.
Entusiasmado com esse facto fiz os possíveis, ao “tratar” o livro para uma leitura ao meu gosto, de prepará-lo para terceiros com a intenção honesta de entendimento o mais fácil possível.
Não vou expandir-me em razões que justifiquem esse trabalho. Aceito, por isso, todas as críticas que queiram fazer-me e prometo corrigi-las, se fizerem o favor de me escrever, fornecendo as respectivas razões.

Um dos reparos que foi feito a Léon Denis a respeito de certos momentos desta obra, refere a tendência, muito francesa, de se deixar entusiasmar pela bondade das tradições culturais gaulesas. A adjectivação de alguns críticos é pesada e não vou elaborar muito a esse respeito.
A já muito provecta idade do autor quando escreveu este trabalho, os vários sofrimentos importantes que o seu corpo físico lhe impôs – entre eles, o da cegueira – obrigam-me a aceitar como uma dádiva excepcionalmente generosa da sua abnegação, o trabalho que fez com toda a habitual lucidez nos últimos anos da sua existência.
Atendendo que os escritos não foram por ele colocados em livro e que apenas os publicou numa revista do seu próprio país para uma minoria sócio cultural com características muito próprias, deram-me coragem para omitir no texto as referidas ideias de algum “chauvinismo francófilo”. Coloquei nesses pontos o símbolo seguinte: (…)
Quem quiser dar-se ao trabalho pode ir lê-las nos textos originais, dado que os dou a conhecer com toda a clareza.

Ilustrações de Wassily Kandinsky

Tenho uma enorme admiração pela obra deste artista e as imagens que incluo são todas anteriores a 1922, ano em que foram publicados os artigos mensais de Léon Denis. Não tenho dúvidas que um artista da craveira de Wassily Kandinsky, que residiu muito tempo em Paris na fase derradeira da sua vida, deve perfeitamente ter sido do conhecimento do cultíssimo Léon Denis. Foi aliás não apenas um artista criador de enorme talento mas também um pensador do mais elevado valor intelectual e, impossível seria omiti-lo, profundamente espiritualista.
É mundialmente famosa a sua notável obra “Do espiritual na Arte”, que gostaria de vir a abordar nestas páginas com o devido cuidado e aprofundamento.
Sem ser uma obra espírita, seria uma forma excelente de reforçar tantas das empolgantes afirmações que nos oferece “O Espiritismo na Arte”, obra raríssima pelo tema e pelos seus admiráveis conteúdos.
Nela, pela mão e com os comentários de Léon Denis, outros insignes autores sem explicarem o que não é possível explicar, estimulam a convicção profunda da elevação sem limites que o nosso destino nos reserva, na longa estrada que merece ser percorrida com plena coragem, com vontade inabalável e a mais segura certeza de vamos alcançá-la.

espiritismo.cultura@gmail.com

Comentário final a “O Espiritismo e a Arte” da autoria de Léon Denis:

O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte incide nos mais vastos problemas do pensamento e da vida. Mostra-nos a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo.
Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, desenvolvem-se ao mesmo tempo que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.
A alma chega a executar a sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; É penetrada pela harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e interpreta-a segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona; felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever.
Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.
A lei soberana, o supremo objetivo do Universo é, por conseguinte, o belo.
Todos os problemas do ser e do destino se resumem em poucas palavras. Cada vida deve ser a realização do belo, o cumprimento da lei. O ser que alcança uma concepção elevada dessa lei e das suas aplicações, deve ajudar todos aqueles que, abaixo dele, persistem no esforço por se elevarem .
Por sua vez, os seres inferiores devem trabalhar para assegurar a vida material e, em seguida, tornar possível a liberdade de espírito necessária aos pensadores e aos pesquisadores. Assim se consolida a imensa solidariedade dos seres, unidos numa ação comum.
Toda a ascensão da vida em direção aos cumes eternos, todo o esplendor das leis universais se resumem em três palavras: beleza, sabedoria e amor!.

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Léon Denis – O Espiritismo na Arte

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