O Espiritismo na sua expressão mais simples, de Allan Kardec

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Sem caridade não há salvação;
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei; Fé inquebrantável, só aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.

Exposição sumária do ensino dos Espíritos e da natureza das suas manifestações

Tradução a partir de um texto original francês ao gosto pessoal de leitura do autor deste blogue e conforme a língua portuguesa de Portugal

“O Espiritismo na sua Expressão mais simples”

 Este é um começo ideal no estudo dos textos base mais importantes e legítimos do espiritismo. O livrinho que Allan Kardec escreveu em 1862, ainda não estava completa a série de obras da codificação, poderá constituir – conforme aqui se procura demonstrar – um precioso auxiliar na divulgação rápida do Espiritismo.
Chamou-se em francês “Le Spiritisme à sa plus Simple Expression”.

Por ser um texto muito rico, recheado de ideias fundamentais e momentos fortes, tomei a iniciativa de criar um encadeado de sub-títulos que servirão para individualizar esses momentos, criando um ritmo de leitura propício à reflexão.
Com a boa-vontade com que foram colocados, tenho a ideia que o professor Hipólito Leão não iria zangar-se…
José da Costa Brites

RESUMO HISTÓRICO DO ESPIRITISMO

O início das comunicações organizadas com os espíritos

Por volta de 1848, começou a prestar-se atenção nos Estados Unidos da América a certos fenómenos estranhos, ruídos, pancadas e movimento de objectos sem causa conhecida.
Esses fenómenos sucediam com frequência de modo espontâneo, com uma intensidade e uma persistência singulares; notou-se também que se produziam especialmente sob influência de certas pessoas designadas como “médiuns”, que podiam provocá-los à sua vontade, ou seja, podiam repetir as experiências.
Foram usadas para isso mesas; não por serem objectos mais práticos do que outros, mas unicamente porque é o móvel mais cómodo para alguém se sentar à sua volta.
Obteve-se, dessa maneira, a rotação das mesas, depois movimentos em todos os sentidos, sobressaltos, quedas, levantamentos, pancadas com violência, etc.

Foi o fenómeno designado a princípio, como das “mesas girantes” ou “dança das mesas”

Até aí o fenómeno podia perfeitamente explicar-se por razões electromagnéticas, ou por acção energética desconhecida, e essa foi mesmo a opinião que se formou.
Não tardou porém a reconhecer-se nesses fenómenos a categoria de efeitos inteligentes.
Isso porque o movimento obedecia ao que era solicitado; a mesa movia-se para a direita ou para a esquerda em direcção à pessoa designada e, uma das pernas da mesa levantava-se podendo dar o número certo de pancadas no chão, a compasso, etc., tudo conforme fosse pedido.

As mesas falavam porque eram controladas por seres inteligentes

Desde então tornou-se evidente que a causa não era puramente física e, de acordo o axioma de que:  “Se todo o efeito tem uma causa, todo o efeito inteligente deve ter uma causa inteligente”.
A conclusão que se tirou foi de que o fenómeno deveria ser provocado por uma vontade inteligente.
Qual era a natureza dessa inteligência?
O primeiro pensamento foi que isso poderia ser um reflexo da inteligência do médium ou dos assistentes, mas a experiência logo demonstrou ser impossível; os resultados obtidos eram completamente alheios ao pensamento e aos conhecimentos das pessoas presentes, e mesmo contrários às suas ideias, à sua vontade e ao seu desejo.

A origem da ação inteligente só podia pertencer a um ser invisível.

O meio para averiguar isso era muito simples: Era necessário entrar em conversação com o ser que provocava os efeitos observados, o que se fez por meio de pancadas da perna da mesa.
De acordo com o número combinado, as pancadas significariam um SIM ou um NÃO a certas perguntas, ou ajudariam a designar certas letras do alfabeto para com elas formar palavras. Inventou-se assim uma forma de fazer perguntas e de obter respostas do ser que provocava os fenómenos.

Os seres inteligentes eram os espíritos e a sua mensagem era coerente

A partir desse momento as mesas deixaram de ser “dançantes” ou “girantes” e passaram a chamar-se MESAS FALANTES porque comunicavam deliberadamente mensagens.
Os seres que comunicavam tais mensagens, interrogados sobre a sua natureza, declararam ser Espíritos e pertencerem a um mundo invisível.
Tendo-se repetido os mesmos efeitos em grande número de localidades, por intermédio de pessoas diferentes e testemunhados por pessoas sérias e esclarecidas, tornou-se impossível aceitar que todos fossem vítimas de ilusão.

Dos Estados Unidos para vários países na Europa

Da América o fenómeno passou para a França e para o resto da Europa onde, durante alguns anos, as mesas girantes e falantes estiveram em moda nos salões onde se buscava entretenimento. Deixando de ser novidade, foram postas de lado em benefício de novas distrações.
O fenómeno não tardou a assumir um novo aspeto, deixando de ser uma mera curiosidade. Dado que a brevidade deste resumo não nos permite descrever todas as fases desse processo, passamos a descrever quais os aspetos que passaram a atrair, sobretudo, a atenção dos mais sérios interessados.
Digamos à partida e de passagem que a realidade do fenómeno encontrou numerosos contradictores; Alguns, sem levarem em conta o desprendimento material e a honradez dos experimentadores, apenas viram neles malabarismo hábil e passes de ilusionismo.
Aqueles que nada admitem para além da matéria, que só acreditam no mundo visível, que pensam que tudo morre com o corpo, os materialistas, numa palavra: aqueles que, por se sentirem “espíritos fortes”, imunes a patranhas, rejeitam a existência dos espíritos invisíveis que arrumam na classe de fábulas absurdas; classificaram de loucos aqueles que levavam essas experiências a sério e tentaram acabrunhá-los com sarcasmos e troça.
Outros, não podendo negar os fatos, e sob o império de uma certa ordem de ideias, atribuíram esses fenómenos à influência exclusiva do diabo e procuraram, por esse meio, atemorizar os tímidos.
Actualmente o medo do diabo perdeu o estatuto que possuía; tanto dele se falou, foi pintado de tão variadas formas que se trivializou, tendo muita gente ficado com a ideia que talvez não fosse pior ideia acabar por conhecê-lo para ver como de facto é.
O resultado disso é que, à parte um pequeno grupo de mulheres receosas, o anúncio de chegada do verdadeiro diabo não deixava de causar sensação junto dos que apenas o tinham visto pintado na tela ou às piruetas no palco.
Tornou-se por isso um atractivo que pregou uma partida aos que quiseram servir-se dele para colocar uma barreira frente a novas ideias, tendo acabado de desempenhar – contra vontade – o papel de eficazes denunciadores dos disparates de que foram inventores.
Os outros críticos não tiveram maior sucesso, porque perante os fatos concretos e os raciocínios categóricos, só puderam opor desmentidos.
Lede o que publicaram e por toda parte encontrareis a prova da ignorância e da falta de observação séria dos fatos, jamais tendo conseguido demonstrar a sua impossibilidade.
Tudo o que afirmaram se resumia a dizer que “não acredito, por isso, nada existe”; “todos os que acreditam são parvos”; “só nós é que temos o privilégio da razão e do bom-senso”.
O número dos adeptos produzidos pela crítica séria ou brincalhona é incalculável, porque por todo o lado só se encontram opiniões pessoais vazias de provas de impossibilidade. Prossigamos, pois, com a nossa apresentação.

A evolução das técnicas de comunicação com os espíritos

As comunicações por pancadas eram lentas e incompletas; Verificou-se que adaptando-se um lápis a um objecto móvel: cesta, prancheta ou outro qualquer que se segurasse com os dedos, esse objecto punha-se em movimento e desenhava letras.
Mais tarde concluiu-se também que tais utensílios eram dispensáveis, demonstrando a prática que o o espírito podia actuar directamente por intermédio dos membros do médium, que escrevia a mensagem pela sua própria mão. Isso deu origem aos médiuns de escrita, isto é, pessoas que escrevem involuntariamente sob a influência dos espíritos de quem se tornam instrumentos ou intérpretes.

Finalmente: falar em direto com os espíritos

A partir daí as comunicações tornaram-se mais fáceis e a troca de pensamentos pôde começar a fazer-se como entre pessoas vivas, com rapidez e fluência. Foi um vasto campo que se abriu à exploração e descoberta de um mundo novo: o mundo dos invisíveis, da mesma forma que o microscópio tinha revelado o mundo das coisas ínfimas.
O que são esses espíritos? que papel desempenham no universo? Com que propósito comunicam com os mortais? Eram essas as primeiras perguntas que era necessário esclarecer. Em breve se soube, por eles mesmo, que não eram seres à parte na criação, mas sim as próprias almas dos que tinham vivido sobre a terra ou noutros mundos; almas que, libertas do seu veículo, ou envoltório corporal , povoavam e percorriam ainda o espaço.

Os espíritos dão provas porque são pessoas conhecidas ou de família

Deixou de poder duvidar-se da proximidade dos espíritos quando, dentre as várias entidades contactadas, foi possível reconhecer amigos e familiares; Quando estes mesmo vieram dar provas de existirem, demonstrando:

− que neles apenas haviam falecido os corpos;
− que os espíritos continuavam vivos, que estavam ali junto de nós, observando-nos e vendo-nos como quando viviam ainda materialmente, rodeando de atenções os seus entes queridos cuja recordação continuava a ser para eles a mais doce satisfação.

A constituição científica de todos os seres humanos como nós

Tem-se geralmente dos espíritos uma ideia completamente falsa. Não são, como é vulgar imaginá-los, seres abstractos, vagos e indefinidos, nada que se pareça com uma mancha luminosa ou uma centelha. Pelo contrário são seres bem reais, individualizados e com formas definidas. Pode-se ter uma ideia aproximada a seu respeito da seguinte maneira:

As pessoas enquanto materialmente vivas são constituídas por três elementos essenciais:

1º − a alma ou espírito, princípio inteligente no qual reside o pensamento, a vontade e o sentido moral;
2º − O corpo, parcela, ou invólucro material, pesado e comparativamente mais denso, que serve para que o espírito se relacione dom o mundo exterior;
3º − o perispírito, parcela ou sistema energético, muito leve, que serve de elemento de ligação e intermediário entre o espírito e o corpo.

A morte não existe

Quando a parcela ou invólucro material, o corpo, se gasta e deixa de funcionar, o espírito desembaraça-se dele como fruto da casca ou como quem despe um fato já usado.
A morte é só a destruição desse elemento mais denso se comparado com o espírito e que lhe serve de veículo durante a vida terrena.
Durante toda essa vida o espírito está constrangido às limitações da matéria à qual é transitoriamente associado e que condiciona parte significativa das suas faculdades.
A morte do corpo liberta-o desse constrangimento, do qual se vê livre recuperando a liberdade natural que lhe é própria, tal borboleta que se desprende da crisálida.
Mas só se liberta do corpo material, mantendo a seu serviço e levando consigo para o mundo espiritual o já falado perispírito, que passa a ser o seu corpo etéreo e vaporoso, cuja imponderabilidade conserva o aspecto humano, sua forma-tipo.

As propriedades do perispírito

No seu estado normal o perispírito é invisível para nós, podendo o espírito imprimir-lhe modificações que o tornam momentaneamente acessível à vista e ao tacto, como se passa com o vapor condensado. É sob essa forma que pode revelar-se-nos em aparições.
Com a ajuda do perispírito, o espírito pode actuar sobre a matéria, produzindo ruídos, movimentando objectos e provocando actos de escrita.

As manifestações dos espíritos

Certos ruídos e movimentação de objectos são meios de que os espíritos se servem para dar provas da sua presença e chamarem a atenção, da mesma forma que fazemos para revelar a nossa presença. Em certos casos não se limitam a ruídos moderados, indo ao ponto de simular grande barulheira de louça partindo-se, portas abrindo e fechando-se, ou móveis que caiem ao chão.
Pelas pancadas e movimentos combinados puderam começar a revelar os seus pensamentos, oferecendo-lhes a escrita um processo mais rápido e cómodo. Foi esse o que preferiram. Do mesmo modo que puderam traçar letras passaram a guiar as mãos executando desenhos, compondo música, e tangendo instrumentos musicais. Numa palavra, não dispondo já de corpo activo, serviram-se do corpo dos médiuns para se manifestar aos homens de forma perceptível.
Há ainda outras formas pelas quais se podem manifestar os espíritos, entre outras pela vista e pela audição. Certas pessoas, chamados médiuns auditivos têm a faculdade de ouvir, e podem por isso conversar com eles.

Os médiuns videntes

Outras pessoas podem ver os espíritos, são os médiuns videntes. Os espíritos que se manifestam dessa forma apresentam-se geralmente de forma análoga àquela que tinham em vida, embora vaporosa.
Certas vezes, porém, esse aspecto reproduz exactamente um ser vivo, ao ponto de provocar a ilusão completa das pessoas em carne e osso com as quais foi possível conversar e apertar a mão, sem reparar que se tratava de espíritos, senão no momento da sua desaparição súbita.
A visão permanente e geral dos espíritos é raríssima, mas as aparições individuais frequentes, sobretudo no momento da morte.  Os espíritos que se libertam da vida material parece terem urgência de ver os seus familiares e amigos, como para avisá-los de que deixaram a terra e que continuam vivos.
(NT.: ter em atenção o fenómeno das “visões no leito de morte” estudado e recenseado por especialistas de diversas áreas, mesmo sem ser espíritas).
Se as pessoas em geral fizerem um inventário de recordações ver-se-á ao certo qual o número de factos deste género a que não se deu atenção e que sucederam não apenas de noite, durante o sono, mas em pleno dia no estado mais completo de vigília. Outrora entendiam-se tais fenómenos como sobrenaturais e maravilhosos, e atribuíam-se à magia ou à feitiçaria. Os incrédulos levam-nos à conta de imaginários, mas, desde a altura que a ciência espírita esclareceu as suas causas, sabemos como se produzem e que são acontecimentos da ordem dos fenómenos naturais.

Os espíritos nem são todos bons nem são todos sábios

Acreditou-se além disso que os espíritos, pela simples razão de o serem, dominariam toda a ciência e toda a sabedoria. É um erro que a experiência não tardou a revelar. Dentre as comunicações dos espíritos há as que têm uma sublime profundidade, eloquência, sabedoria, moral e que só respiram bondade e benevolência. Paralelamente há as que mostram vulgaridade, ligeireza, trivialidade e mesmo grosseria, revelando que o espírito comunicante revela instintos os mais perversos. É evidente que esta diversidade de comunicações não deriva das mesmas fontes e que tanto existem espíritos bons como espíritos maus.
Os espíritos, que não passam de almas humanas, não podem tornar-se perfeitos no momento em que deixam o corpo físico. Até que se não dê a sua evolução, conservam todas as imperfeições da vida corporal. É por esse motivo que existem espíritos de todos os graus de bondade e de maldade, de sabedoria e de ignorância.

Quem fundou o espiritismo foram os espíritos, que são almas dos homens

Os espíritos comunicam com as pessoas deste mundo com prazer, sendo para eles uma satisfação ver que não foram esquecidos. Descrevem com boa vontade as suas impressões a respeito da partida para o mundo espiritual e da sua nova situação, a natureza das suas alegrias e dos seus sofrimentos no mundo em que se encontram,
Uns são muito felizes, outros infelizes, alguns passam mesmo por tormentos horríveis, segundo a maneira como viveram e de acordo com o bom ou mau emprego, útil ou inútil, que fizeram da sua vida. Observando-os em todas as fases da sua nova existência, de acordo com as posições que ocuparam na terra, o género de morte pelo que passaram, os seus caracteres e hábitos enquanto homens chega-se a um conhecimento, senão completo, pelo menos bastante exato do mundo espiritual, o que nos permite avaliar as nossas futuras condições e pressentir que sorte nos espera, feliz ou infeliz.
As instruções dadas por espíritos de ordem elevada a respeito dos assuntos que interessam à humanidade, as respostas que deram às perguntas que lhe foram apresentadas, tendo sido recolhidas e coordenadas com cuidado, constituem toda a ciência, toda a doutrina moral e filosófica que tem o nome de Espiritismo.

O Espiritismo É, POIS, a doutrina fundada sobre a existência, as manifestações e o ensinamento dos espíritos.
Essa doutrina encontra-se exposta de maneira completa em:
− “O Livro dos Espíritos” nos seus aspectos filosóficos;
− “O Livro dos Médiuns” nos aspectos da sua prática experimental;
− “O Evangelho segundo o Espiritismo” nos seus aspectos morais;

Nota do tradutor: ao tempo da publicação desta pequena obra – em 1862 – não estavam ainda publicados os restantes livros da codificação espírita, a saber: “O Céu e o Inferno” e “A Génese”.)
Podemos ajuizar, pela análise que fornecemos conjuntamente dessas obras da variedade, da extensão e da importância das matérias que a doutrina referida abarca.
Tal como foi dito acima o Espiritismo teve o seu início no fenómeno vulgar das mesas girantes, que falava mais aos olhos que à inteligência e estimulava mais a curiosidade que o sentimento.
Uma vez esgotada a novidade, no caso de nada se ter compreendido, o interesse morria.
Esse panorama mudou por completo quando foram tiradas as devidas conclusões a respeito dos factos e se atingiram as causas respetivas.
Sobretudo quando se concluiu que essas “mesas girantes”, que tinham servido serões de divertimento, tinham a capacidade de produzir uma doutrina moral dirigida às almas;
− dissipando a dúvida angustiante da origem e do futuro das nossas vidas;
− e preenchendo o enorme vazio provocado pela falta de esclarecimento sobre o destino da humanidade;
as pessoas sérias receberam de braços abertos o benefício dessa nova doutrina que, desde logo, longe de declinar, se viu progredir na sociedade com incrível rapidez.

(…)

O Espiritismo, contudo, não é uma descoberta moderna. Os factos e os princípios sobre os quais se apoia perdem-se na noite dos tempos, encontrando-se os seus vestígios nas crenças de todos os povos, em todas as religiões e na maior parte dos escritores dos textos sagrados e profanos. Somente os factos, incompletamente observados foram frequentemente interpretados de acordo com as superstições da ignorância, e deles não se tinham retirado as respetivas conclusões.
Com efeito o Espiritismo fundou-se na existência dos espíritos, que eram exatamente as almas dos homens.
Desde que há homens, há espíritos; o Espiritismo nem os descobriu nem os inventou.
Se as almas, ou espíritos podem manifestar-se aos vivos é porque isso está na própria natureza e é por isso que tais manifestações se verificaram desde sempre.
Por esse facto, são de todos os tempos e de todos os lugares as provas de tais manifestações, especialmente abundantes sobretudo nos textos bíblicos.

O Espiritismo: a verdade comprovada pelos fatos

O que é moderno é a explicação lógica dos factos, o conhecimento mais completo da natureza dos espíritos, do seu papel e das suas formas de agir, da revelação do nosso estado futuro, enfim, da constituição de um corpo científico e doutrinário e suas aplicações.
Os antigos conheciam os princípios e os modernos conhecem os detalhes.
Na antiguidade o estudo destes fenómenos era privilégio de certas castas que só os revelavam aos iniciados em tais mistérios. Na Idade Média aqueles que se dedicavam ostensivamente a tais estudos eram olhados como feiticeiros e eram queimados nas fogueiras.
Hoje não há mistérios para ninguém, já não se mandam pessoas para as fogueiras. Tudo se passa às claras e todos têm o direito de aprender e de fazer experiências, porque os médiuns abundam.
A própria doutrina que é hoje ensinada pelos espíritos nada tem de novo. Encontra-se fragmentada pela maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e por inteiro nos ensinamentos do Cristo.

Os efeitos do Espiritismo

A que vem agora o Espiritismo?
Vem confirmar novos testemunhos, demonstrados pelos factos verdades desconhecidas ou mal compreendidas e colocar no seu devido lugar ideias que têm sido mal interpretadas.
O Espiritismo não ensina nada de novo, é certo. Mas é muito importante provar de modo claro e inegável a existência da alma, a sobrevivência e a conservação da individualidade depois da morte, a imortalidade, as penas e recompensas futuras!…
Imensa gente acredita nessas coisas, mas com uma vaga reserva de incertidão, dizendo de si para consigo: “Se calhar, as coisas não são bem assim!” Muitos terão sido levados à incredulidade por lhes ter sido apresentado o futuro de maneira que não podiam conceber racionalmente.
Para o crente duvidoso é fundamental poder dizer para si próprio de uma vez por todas: “Agora, tenho a certeza!” Tanto como para o cego é fundamental poder ver claramente de novo.

Pelos factos e pela sua lógica o Espiritismo vem

− dissipar a ansiedade da dúvida e trazer à fé aqueles que dela se tinham afastado;
− revelando-nos a existência do mundo invisível que nos rodeia, e no meio do qual vivemos sem disso fazer a mínima ideia, dá-nos a conhecer, pelo exemplo daqueles que deixaram de viver, as condições que nos cabem da felicidade ou da infelicidade que nos espera.
− Explica-nos a causa dos nossos sofrimentos na vida terrena e os meios que de que dispomos para aliviá-los.

A propagação do Espiritismo terá como consequência inevitável a destruição das doutrinas materialistas que não podem resistir à evidência dos fatos.
O homem, convencido da grandeza e da importância da sua existência futura, que é eterna, compara-a à incertidão da vida terrestre, que é tão curta, e eleva-se pelo pensamento acima das questiúnculas humanas.
Conhecendo a causa e o propósito das suas misérias, suporta-as com paciência e resignação, porque sabe que são um meio para alcançar um estado de melhor evolução.
O exemplo daqueles que vêm de além-túmulo descrever o seu júbilo e as suas dores, como provas da vida futura, prova de igual modo que nenhum vício fica impune e nenhuma virtude fica sem recompensa.
Acrescentemos enfim que as comunicações com os entes queridos que nos deixaram são causa da doce consolação de que eles existem, e que mais próximos deles nos encontramos que se – estando vivos – tivessem ido morar para qualquer país estrangeiro.

Em resumo o Espiritismo abranda a a amargura dos desgostos da vida,

− acalma os desesperos e as agitações da alma,
− dissipa as incertezas e os receios do futuro,
− desencoraja o intuito de encurtar a vida pelo suicídio; por isso mesmo torna felizes aqueles que à vida e ao futuro se entregam; e é esse o grande segredo da sua rápida propagação.

Sob o ponto de vista religioso o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões : Deus, a alma, a imortalidade, as penas e recompensas futuras, mas é independente de qualquer espécie de culto.
A sua finalidade é a de provar àqueles que negam ou que duvidam que a alma existe, não só que ela existe como sobrevive ao corpo; que, após a morte, sofre as consequências do bem e do mal que tenha feito durante a vida corporal. Isso, é de todas as religiões.
O Espiritismo, como crença nos espíritos é igualmente de todas as religiões e de todos os povos, porque onde há homens há almas e espíritos e de todos os tempos são as manifestações cujos relatos em todas se podem encontrar sem exceção.
Pode ser-se católico, grego ou romano, protestante judeu ou muçulmano, e acreditar-se nas manifestações dos espíritos e, por conseguinte, ser-se espírita; a prova é que o Espiritismo tem aderentes de todas essas correntes religiosas.
Como moral é essencialmente Cristão, porque a moral que ensina é justamente o desenvolvimento e a aplicação da moral de Jesus, a mais pura de todas e cuja superioridade não é contestada por ninguém, o que faz dela a lei de Deus. A moral está ao serviço de todos os homens.

O Espiritismo não é uma religião

O Espiritismo, sendo independente das formas de culto, não prescreve nenhum; não se ocupando de dogmas, não é religião, dado que nem tem padres nem templos. Aos que lhe perguntam se fazem bem em seguir esta ou aquela prática, responde: “Se acreditais que a vossa consciência nisso vos empenha, fazei-o”: Deus leva sempre em conta as intenções.
Numa palavra, o Espiritismo não se impõe a ninguém nem se dirige aos que têm fé, e aos que com a fé se satisfazem, mas à categoria numerosa dos inseguros e dos incrédulos; não os tira da Igreja da qual se separaram moralmente no todo ou em parte; obriga-os a fazer três quartas partes do caminho para nela entrar – cabendo-lhe a ela fazer a parte restante da tarefa.
É certo que o Espiritismo combate algumas ideias como a das penas eternas, a do fogo do inferno e da figura do diabo, etc. Algumas destas crenças impostas como indiscutíveis produziram incrédulos ao longo dos séculos, tal como ainda hoje o fazem.
O Espiritismo, dando destes dogmas e de alguns outros uma explicação racional, devolve desse modo a fé aos que a haviam abandonado, prestando à religião um serviço de valor. A esse respeito afirmava um venerando membro do clero: “O Espiritismo faz com que se acredite em algo. E é melhor isso do que não acreditar em nada”.
Sendo os espíritos propriamente almas, não podemos negar uns sem negar as outras.
Admitindo-se a existência das almas e dos espíritos na sua expressão mais simples, a questão que se coloca é esta: as almas daqueles que já morreram podem comunicar com os que ainda estão vivos na carne?
O Espiritismo dá a essa pergunta uma resposta afirmativa baseado em factos materiais. Que provas podem dar-se de que tal não é possível?
Se tais comunicação são um facto, nem todas as negações do mundo podem pô-las em dúvida. Essas comunicaçóes não são um sistema ou uma teoria. São uma lei da natureza, contra a qual a vontade do homem nada pode. De boa ou de má vontade é preciso aceitar as suas consequências, acomodando a ela crenças e hábitos.

RESUMO DO ENSINAMENTO DOS ESPÍRITOS

Deus

  1. Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.
    Deus é eterno, único, imaterial, imutável, todo-poderoso, soberanamente justo e bom. Deve ser infinito em todas as suas perfeições, porque supondo-se um único de seus atributos imperfeito, já não seria Deus.
  2. Deus criou a matéria que constitui os mundos; criou também seres inteligentes, que chamamos Espíritos, encarregados de administrarem os mundos materiais segundo as leis imutáveis da criação, os quais podem ser aperfeiçoados na sua própria natureza, aproximando-se por isso da divindade.

O espírito

  1. O espírito propriamente dito é o princípio inteligente. A sua natureza íntima é-nos desconhecida; para nós é imaterial porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria.
  2. Os Espíritos são seres individuais; têm um envoltório etéreo, imponderável, chamado perispírito, complexíssimo sistema energéticoflui com configuração semelhante à da forma humana. Povoam os espaços, que percorrem com a rapidez do relâmpago e constituem o mundo invisível.
  3. A origem e o modo de criação dos Espíritos são desconhecidos; sabemos apenas que foram criados simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal mas com igual aptidão para tudo porque Deus, em sua justiça, não poderia isentar uns do trabalho que tivesse imposto a outros para chegarem à perfeição. Ao princípio estão numa espécie de infância, sem vontade própria e sem consciência perfeita de sua existência.
  4. Tendo-se desenvolvido o livre arbítrio nos Espíritos ao mesmo tempo que as ideias, disse-lhes Deus: “Podeis todos aspirar à felicidade suprema quando houverdes adquirido os conhecimentos que vos faltam e cumprida a tarefa que vos imponho. Trabalhai, pois, para o vosso aperfeiçoamento. O objectivo é este:  atingi-lo-eis seguindo as leis que gravei na vossa consciência.”

O livre arbítrio e o Mal

Em consequência de seu livre arbítrio, uns tomam a estrada mais curta, que é o do bem, outros a mais longa, que é a do mal.

  1. Deus não criou o mal; estabeleceu leis e essas sempre boas, porque ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente seria perfeitamente feliz; mas os Espíritos, tendo seu livre arbítrio, nem sempre as observaram e o mal resultou, para eles, da sua desobediência. Pode dizer-se, pois, que o bem é tudo o que está conforme com a lei de Deus e o mal tudo o que é contrário a essa mesma lei.

A encarnação

  1. Para contribuir, como agentes do poder divino, para a edificação dos mundos materiais, os Espíritos revestem-se temporariamente de um corpo material. Pelo trabalho que sua existência corpórea necessita, aperfeiçoam a sua inteligência e adquirem, observando a lei de Deus, os méritos que devem conduzi-los à felicidade eterna.
  2. A encarnação não foi imposta ao Espírito, de início, como punição; ela é necessária ao seu desenvolvimento e à realização das obras de Deus, e todos devem passar por ela, tomem o caminho do bem ou do mal; somente aqueles que seguem a rota do bem, avançando mais rapidamente, demoram menos a atingir o objetivo e alcançam-no em condições menos penosas.
  3. Os Espíritos encarnados constituem a Humanidade, que não é circunscrita à Terra, mas que povoa todos os mundos disseminados no espaço.
  4. A alma do homem é um Espírito encarnado. Para ajudá-lo no cumprimento da sua tarefa, Deus deu-lhe como auxiliares, os animais que lhe são submissos e cuja inteligência e caráter são proporcionados às suas necessidades.

A evolução do espírito

  1. O aperfeiçoamento do Espírito é fruto do seu próprio trabalho; não podendo, numa só existência corpórea, adquirir todas as qualidades morais e intelectuais que devem conduzi-lo ao objetivo, faz isso por uma sucessão de existências, em cada uma das quais dá alguns passos em frente no caminho do progresso.
  2. Em cada existência corpórea, o Espírito deve dedicar-se a uma tarefa proporcional ao seu desenvolvimento; quanto mais rude e laboriosa for, mais mérito tem em cumpri-la. Cada existência, assim, é uma prova que o aproxima do objetivo. O número dessas existências é indeterminado. Depende da vontade do Espírito encurtar o seu número, trabalhando ativamente pelo seu aperfeiçoamento moral; do mesmo modo que depende da vontade do obreiro que tem uma tarefa reduzir o número de dias que leva para cumpri-la.
  3. Quando uma existência foi mal empregada não terá proveito para o Espírito, que deve repeti-la em condições mais ou menos penosas, em função da sua negligência e da sua má vontade; assim é que, na vida, pode ser-se constrangido a fazer no dia seguinte, o que não se fez na véspera, ou a fazer de novo o que se fez mal.

Os espíritos são imortais − a vida normal é passageira

  1. A vida espiritual é a vida normal do Espírito: é eterna; a vida corpórea é transitória e passageira: é apenas um instante na eternidade.
  2. No intervalo de suas existências corpóreas, o Espírito é errante. A erraticidade não tem duração determinada; nesse estado, o Espírito é feliz ou infeliz, segundo o bom ou o mau emprego que fez de sua última existência; estuda as causas que apressaram ou retardaram o seu adiantamento; toma as resoluções que procurará pôr em prática na sua próxima encarnação e escolhe, ele mesmo, as provas que julga mais ajustadas para progredir: algumas vezes engana-se ou sucumbe, não assumindo como homem as resoluções que tomou como Espírito.
  3. O Espírito culpado é punido por sofrimentos morais no mundo dos Espíritos e por penas físicas na vida corpórea. As suas aflições são consequência das faltas cometidas, quer dizer, das infrações à lei de Deus; São por isso, ao mesmo tempo, uma expiação do passado e uma prova para o futuro; o orgulhoso pode vir a ter uma existência de humilhação, o tirano uma de servidão e o mau rico uma de miséria.

A pluralidade dos mundos habitados

  1. Há mundos apropriados para diferentes graus de adiantamento dos Espíritos e onde a existência corpórea se encontra em condições muito diferentes. Quanto mais atrasado é o Espírito, mais os corpos que reveste são pesados e espessos; à medida que se purifica, passa para mundos moral e fisicamente superiores. A Terra não é nem dos primeiros nem dos últimos, mas é do grupo dos mais atrasados.
  2. Os Espíritos culpados encarnam nos mundos menos avançados, onde expiam as suas faltas pelas atribulações da vida material. Esses mundos são para eles verdadeiros purgatórios, mas depende deles saírem dali, trabalhando pelo seu adiantamento moral. A Terra é um desses mundos.

Não existem as penas eternas – a evolução será completa e igual para todos

  1. Deus, sendo soberanamente justo e bom, não condena suas criaturas a castigos perpétuos por faltas transitórias; oferece-lhes permanentemente meios de progredir e de reparar o mal que tenham podido fazer. Deus perdoa mas exige o arrependimento, a reparação e o regresso à prática do bem. A duração do castigo é proporcional à persistência do Espírito no mal; donde se conclui que o castigo seria eterno para aquele que permanecesse eternamente no mau caminho. Se a qualquer momento um clarão de arrependimento entrar no coração do culpado, Deus estende sobre ele a sua misericórdia. A eternidade das penas deve também ser entendida no sentido relativo e não no sentido absoluto.
  2. Os Espíritos, ao virem à carne, trazem com eles o que adquiriram nas suas existências anteriores; é a razão pela qual os homens mostram, instintivamente, aptidões especiais, inclinações boas ou más que parecem inatas.
    As más tendências naturais são os restos das imperfeições do Espírito das quais não está inteiramente despojado; são também os indícios das faltas que cometera anteriormente, que devem ser entendidas como o verdadeiro pecado original. E cada existência deve servir para os homens se irem lavando de algumas impurezas.

O esquecimento das vidas anteriores

  1. O esquecimento das existências anteriores é um benefício de Deus que, na sua bondade, quis poupar ao homem lembranças tantas vezes penosas. Em cada nova existência, ele é aquilo que fez anteriormente de si mesmo; um novo ponto de partida para aquele que conhece os seus defeitos atuais; sabe que esses defeitos são a consequência daqueles que tinha antes e que lhe dá a conhecer o mal que pode ter cometido cometer e isso lhe basta para trabalhar a fim de se corrigir. Se tinha outrora defeitos já vencidos, nada tem a se preocupar com isso; as imperfeições presentes são quanto lhe basta.
  2. Se a alma não viveu antes é porque é criada ao mesmo tempo que o corpo. Supondo isso não pode ter nenhuma relação com as almas que a precederam. Pergunta-se então como é que Deus, que é soberanamente justo e bom, pode tê-la feito responsável por culpas do pai do género humano, manchando-a com um pecado original que não cometeu?
    Dizendo, pelo contrário, que que ela carrega consigo ao nascer o germe das imperfeições de existências anteriores; que ela sofre na existência actual as consequências dos erros cometidos antes, dá-se do pecado original uma explicação lógica que todos podem compreender e aceitar, porque a alma só é responsável pelas suas próprias falhas.

A lógica da Criação confirma-se a si própria

  1. A diversidade das aptidões inatas, morais e intelectuais, é a prova que as almas já tiveram vidas anteriores. Se fossem criadas ao mesmo tempo que o corpo, seria contrário à bondade de Deus ter feito umas mais avançadas que as outras. Como explicar a existência dos selvagens e das pessoas civilizadas, dos bons e dos maus, dos parvos e das pessoas de espírito? Essas diferenças só se explicam dizendo que uns viveram mais do que outros e por isso mais evoluídos se encontram.
  2. Se a existência actual fosse única e determinasse o futuro da alma para todo o sempre, qual seria o destino das crianças que morrem na sua infância? Não tendo feito nem o bem nem o mal, não merecem nem recompensas nem punições. Segundo a palavra do Cristo, sendo cada um recompensado pelas suas obras, não têm direito à felicidade perfeita dos anjos, nem merecem ser privados dela. Digamos que poderão, noutra existência, realizar aquilo que não puderam fazer naquela que foi abreviada, e não há mais excepções.
  3. Pelo mesmo motivo, qual seria a sorte dos cretinos e dos idiotas? Não tendo nenhuma consciência do bem e do mal, não têm nenhuma responsabilidade pelos seus atos. Teria sido Deus justo e bom se criasse almas estúpidas para votá-las a uma existência miserável e sem frutos?
    Se admitirmos, pelo contrário, que o caso da alma de um cretino ou de um idiota se trata de um espírito em punição, vivendo aprisionado num corpo incapaz de pensar, já não haverá motivo nenhum para pensarmos que algo estará em desarmonia com a justiça de Deus.

O fim das existências corpóreas e ajuda para todos na evolução

  1. Na sucessão das encarnações, ficando o Espírito pouco a pouco liberto das suas impurezas e aperfeiçoado pelo trabalho, chega ao fim das suas existências corpóreas; pertence, então, à ordem dos Espíritos puros ou dos anjos e goza ao mesmo tempo, da vida completa de Deus e de uma felicidade sem mácula pela eternidade.
  2. Aos homens em expiação sobre a terra, Deus − como um bom pai − não os deixou entregues a si próprios, sem o amparo de um guia. Em primeiro lugar têm os seus espíritos protectores ou anjos guardiões, que velam por eles e se esforçam por conduzi-los ao bom caminho. Têm ainda os espíritos em missão sobre a terra, espíritos superiores que encarnam em certas alturas entre eles, para iluminarem o caminho pelos trabalhos que realizam e fazer avançar a humanidade. Embora Deus tenha gravado a sua lei na consciência dos homens, entendeu dever formulá-la de uma forma explícita; enviou-lhes primeiro Moisés, cujas leis foram apropriadas para os homens do seu tempo. Só lhes falava da vida terrestre, das penas e recompensas temporais. O Cristo veio de seguida completar a lei de Moisés com ensinamentos mais elevados. A pluralidade das existências, a vida espiritual, as penas e recompensas morais. Moisés conduziu os homens pelo temor, O Cristo conduziu-os pelo amor e pela caridade.
  3. O Espiritismo, melhor compreendido actualmente, associa para os incrédulos as provas à teoria; prova o futuro por meio de factos concretos, diz em termos claros e inequívocos aquilo que Jesus disse por parábolas; explica verdades mal conhecidas ou falsamente interpretadas; revela a existência do mundo visível, ou dos espíritos, e inicia os homens nos mistérios da vida futura; vem combater o materialismo que é uma revolta contra o poder de Deus; vem enfim instaurar entre os homens o reino da caridade anunciada pelo Cristo. Moisés lavrou, o Cristo semeou e o Espiritismo vem fazer a colheita.
  4. O Espiritismo não é uma luz nova, mas uma luz resplandecente, porque surgiu por toda a terra por intermédio das palavras daqueles que já viveram. Tornando claro o que era obscuro, elimina as falsas interpretações ligando os homens em torno de uma mesma crença, porque só existe um Deus, sendo as leis as mesmas para todos os homens; demarca enfim a era dos tempos previamente anunciados pelo Cristo e pelos profetas.
  5. Os males que afligem os homens sobre a terra têm por origem o orgulho, o egoísmo e todas as más paixões. Pelo convívio com os seus vícios os homens tornam-se reciprocamente infelizes e agridem-se uns aos outros. A caridade e a humildade devem substituir o egoísmo e o orgulho, deixando de se causar dano. Respeitarão os direitos de cada um e farão reinar entre si a concórdia e a justiça.
  6. Como destruir o egoísmo e o orgulho que parecem ser inatos no coração do homem? O orgulho e o egoísmo estão no coração do homem, porque os homens são espíritos que seguiram desde o princípio o caminho do mal e foram exilados na terra para punição dos seus vícios; aí reside ainda o seu pecado original do qual muitos ainda não se libertaram. Pelo Espiritismo Deus vem efectuar um último apelo à pratica da lei ensinada pelo Cristo, a lei do amor e da caridade.
  7. Tendo a Terra chegado ao momento marcado para se tornar estância de felicidade e de paz, Deus não quer que os espíritos encarnados continuer a trazer distúrbios em prejuízo dos que são bons. É por isso que devem desaparecer. Irão expiar o seu endurecimento em mundos menos avançados onde continuarão a trabalhar para a sua evolução numa série de existências ainda mais infelizes e penosas que na Terra.
    Formarão nesses mundos uma nova raça mais esclarecida cuja tarefa será de fazer progredir os seres atrasados que ali habitam, com o auxílio dos conhecimentos adquiridos. Só sairão para mundos melhores quando tenham o devido mérito, e assim por diante até terem atingido a purificação completa. Se a Terra fora para eles um purgatório, esses mundos serão o seu inferno, um inferno, contudo, de onde a esperança nunca estará ausente.
  8. Considerando que a geração proscrita vai desaparecer rapidamente, uma nova geração aparecerá, cujas crenças estarão fundadas no Espiritismo cristão. Assistimos à transição que se opera, prelúdio da renovação moral cuja chegada é marcada pelo Espiritismo.

NORMAS DERIVADAS DO ENSINAMENTO DOS ESPÍRITOS

  1. O objectivo essencial do Espiritismo é o aperfeiçoamento dos homens. Essencialmente nos domínios do progresso moral e intelectual.
  2. O verdadeiro espírita não é aquele que acredita nas manifestações, e sim o que tira proveito dos ensinamentos dos espíritos. De nada serve a crença se não servir ao homem para avançar no caminho do progresso e se não o tornar melhor para o seu próximo.
  3. O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme e a maledicência são para a alma as ervas daninhas que é preciso todos os dias ir desbastando, e que têm por antídoto: a caridade e a humildade.
  4. A crença no Espiritismo só é proveitosa para aqueles de quem possa dizer-se: Vale mais hoje do que valia ontem.
  5. A importância que o homem atribui aos bens temporais está na razão inversa da sua fé no mundo espiritual; é a dúvida a respeito do futuro que o leva a procurar as alegrias deste mundo, satisfazendo as suas paixões, nem que seja à custa do próximo.
  6. As aflições sobre a terra são os remédios da alma; tratam-na para o futuro como uma operação cirúrgica salva a vida de um doente. É a razão pela qual o Cristo disse: “bem aventurados os aflitos, porque serão consolados.
  7. Nas vossas aflições, olhai abaixo de vós e não acima; pensai naqueles que sofrem ainda mais que vós.
  8. O desespero é natural naquele que acredita que tudo acaba com a vida do corpo; é um contra-senso naquele que tem fé no futuro.
  9. O homem é, frequentemente, o artífice de sua própria infelicidade neste mundo; Pense na fonte dos seus infortúnios e verá que na sua maior parte são resultado da sua imprevidência , do seu orgulho e da sua avidez e, por conseguinte das suas infracções às leis de Deus.
  10. A prece á um acto de adoração. Orar a Deus é pensar n’Ele, é aproximar-se d’Ele e colocar-se em comunicação com Ele.
  11. Aquele que ora com fervor e confiança fica mais forte contra as tentações do mal e Deus envia bons espíritos para ajudá-lo. É um pedido de ajuda que nunca é recusado quando é feito com sinceridade.
  12. O essencial não é orar muito, mas orar bem. Certas pessoas julgam que todo o mérito está no tamanho da prece, enquanto que ignoram os seus próprios defeitos. A prece é para elas uma ocupação, um passatempo, mas não um estudo de si mesmas.
  13. Aquele que pede a Deus perdão das suas faltas, só o obtêm mudando de conduta. As boas ações são a melhor das preces, porque os atos valem mais do que as palavras.
  14. A prece é recomendada por todos os bons Espíritos; ela é, por outro lado, pedida por todos os Espíritos imperfeitos como um meio de aliviar seus sofrimentos.
  15. A prece não pode mudar os decretos da Providência; mas, vendo que alguém se interessa por eles, os Espíritos sofredores sentem-se menos abandonados; são menos infelizes; a sua coragem é reforçada, aumenta o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação das faltas, e pode desviá-los dos maus pensamentos. É nesse sentido que ela pode não somente aliviar, mas abreviar seus sofrimentos.
  16. Orai, cada um, segundo suas convicções e da maneira que acredita a mais conveniente, porque a forma não é nada, o pensamento é tudo; a sinceridade e pureza de intenção são essenciais; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras, que se assemelham ao ruído de um moinho e de onde o coração está ausente.
  17. Deus fez homens fortes e poderosos para serem o sustentáculo dos fracos; o forte que oprime o fraco é maldito de Deus; frequentemente, recebe castigo disso ainda nesta vida, sem prejuízo de possíveis penas futuras.
  18. A fortuna é como um depósito em dinheiro de que o titular não tem mais do que o usufruto temporário. Não o levará para o túmulo e com toda a certeza terá de prestar contas rigorosas do uso que fez com ele.
  19. A fortuna é uma prova mais arriscada do que a miséria porque é uma tentação para cometer abusos e excessos. As pessoas de fortuna têm muito mais dificuldade em ser moderado do que em ser resignado.
  20. O ambicioso que triunfa e o rico que se deleita com prazeres materiais são mais de lastimar do que de invejar, porque é necessário olhar às consequências. O Espiritismo, pelos exemplos terríveis daqueles que viveram e que nos vêm falar da sua sorte, revela a verdade destas palavras do Cristo: “Aqueles que se exalta será humilhado e aquele que se humilha será exaltado”.
  21. A caridade é a lei suprema de Cristo: “Amai-vos uns aos outros como irmãos, amai o vosso próximo como a vós mesmos, perdoai aos vossos inimigos; não façais aos outros o que não quereis que vos façam”, tudo isso se resume numa palavra: caridade.
  22. A caridade não está somente na esmola, porque há caridade em pensamentos, em palavras e em atos. Aquele é caridoso em pensamentos porque é indulgente com as faltas do seu próximo; caridoso em palavras porque nada diz que possa agravar o seu próximo; caridoso em atitudes porque ajuda o próximo na medida das suas possibilidades.
  23. O pobre que reparte o seu pedaço de pão com alguém ainda mais pobre do que ele é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus do que aquele que dá do que lhe é supérfluo sem de nada se privar.
  24. Quem quer que alimenta contra o seu próximo sentimentos de animosidade, ódio, ciúme e rancor não é caridoso, mente se se diz cristão e ofende a Deus.
  25. Homens de todas as castas, de todas as ideologias e de todas as cores, todos vós sois irmãos, porque Deus a todos chama para si; estendei a mão a toda e qualquer pessoa, qualquer que seja a vossa forma de culto ou a vossa maneira de adorar a Deus e não lanceis maldições sobre ninguém, porque a maldição é a violação da lei da caridade proclamada pelo Cristo.

SEM CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

  1. Com base no egoísmo os homens estão em luta perpétua, com base na caridade viverão em paz.
    Apenas a caridade, como base das instituições, pode garantir a felicidade aos homens neste mundo; de acordo com as palavras do Cristo apenas a caridade pode garantir a felicidade futura, porque encerra em si mesma todas as virtudes que podem conduzir à perfeição.
    Com a verdadeira caridade tal como a ensinou e praticou o Cristo, deixará de haver egoísmo, orgulho, ódio, ciúme e maledicência, além de deixar de haver apego desordenado aos bens materiais deste mundo. É essa a razão pela qual para o Espiritismo cristão tem por lema o seguinte princípio: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

Os incrédulos podem rir dos espíritos e fazer troça daqueles que acreditam nas suas manifestações; Riam se se atrevem do princípio que ele acaba de ensinar e que é a vossa própria salvaguarda, porque se a caridade desaparecesse da face da Terra os homens matavam-se uns aos outros e vós seríeis talvez as primeiras vítimas.
Não está longe o tempo em que esta regra, proclamada abertamente em nome dos Espíritos, será uma garantia protetora e um título de confiança em todos aqueles que a trouxerem gravada no seu coração.
Um Espírito disse: “Troçaram das mesas girantes; não se troçará jamais da filosofia e da moral que delas derivaram”.
Já estamos longe desses primeiros fenómenos que serviram de distração passageira do ócio e da curiosidade. Essa moral é antiquada, dizem alguns: “Os espíritos deveriam ter bastante mais espírito para nos dar realmente novidades”  foi dito por graça por mais de um crítico.
Se é antiquada, tanto melhor, isso prova que é de todos os tempos. Aos homens cabe a culpa de não a ter praticado, porque só as verdades eternas é que são autênticas.   Os Espíritos vêm chamar-vos, não por uma revelação isolada feita a um único homem, mas pela voz dos próprios Espíritos.
Esta, como trombeta final, vêm proclamar: “Podem acreditar  que aqueles que chamam mortos, estão mais vivos que vós, porque eles vêem o que não vedes e ouvem o que não ouvis.
Será fácil reconhecer naqueles que vos vêm falar, os vossos pais, os vossos amigos e todos aqueles que amastes na Terra e que acreditastes perdidos sem regresso.
Infelizes aqueles que julgam que tudo acaba com o corpo, porque serão cruelmente desenganados; infelizes aqueles que tiverem falta de caridade, porque sofrerão o que tiverem feito os outros sofrerem!
Escutem a voz daqueles que sofrem e que vêm dizer: “Nós sofremos por termos ignorado o poder de Deus e por ter duvidado da sua infinita misericórdia; sofremos pelo nosso orgulho, pelo nosso egoísmo, pela nossa avareza e por todas as más paixões que não soubemos  reprimir; sofremos por todo o mal que fizemos aos nossos semelhantes por termos esquecido a caridade”.
Incrédulos! Será para rir uma doutrina que ensina semelhantes coisas? Será boa ou má?

Encarando-a do ponto de vista da ordem social, dizei se os homens que a pratiquem seriam melhores ou piores, felizes ou infelizes!

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A respeito do nome de Jesus, origem do designativo “Cristo”

“Head of Christ,” c. 1648 1650 by Rembrandt Harmensz. van Rijn, Dutch, is a part of the “Heads of Christ” series shown at the Philadelphia Museum of Art through Oct. 30.

Caros Amigos,
A respeito do nome de Jesus, e da origem do designativo “Cristo”, tomo a liberdade de inserir a Nota final nº 11 que inserimos na nossa tradução de “O Livro dos Espíritos”:

[11 – O nome de Jesus] – Introdução VI
É neste ponto de “O Livro dos Espíritos” que surge a primeira referência ao nome de Jesus, tendo utilizado Allan Kardec o adjetivo “Cristo”, o que nos obriga a esclarecer qual foi o motivo que nos levou, ao longo de toda esta obra, a usar exclusivamente o seu verdadeiro nome para designá-lo.

Há dois mil anos, no Próximo Oriente como em muitas outras partes do mundo, as pessoas não tinham nomes tão organizados como agora, com sobrenomes e apelidos. Tinham apenas um nome pessoal ao qual se juntava um designativo para diferençar homónimos: o seu local de origem, a profissão ou uma caraterística muito própria do indivíduo. Jesus (derivado do nome judaico Joshua ou Jeshua) era conhecido no local onde vivia como filho de José, o carpinteiro, e mais genericamente como “o nazareno”. É muito comum, em meio espírita, usar-se esta designação: Jesus de Nazaré.

No tempo de Allan Kardec, numa sociedade profundamente influenciada pelo pesadíssimo predomínio católico, “Jesus Cristo” era designação usual, tanto que uma imensa maioria de católicos julgava que “Cristo” seria parte integrante do nome de Jesus, o que não é verdade.

Sendo o espiritismo uma cultura que é orientada pela ordenação racional de factos comprováveis pela experiência, isto é, uma filosofia não dogmática que parte de uma ciência de observação, não pode correr o risco de se deixar embalar por ideias que não são apenas diferentes, são antagónicas.

Ou seja, o espiritismo não aceita dogmas como o da designada “santíssima trindade”, que sacralizou Jesus de Nazaré, afastando-o da sua natureza humana, escamoteando o seu papel fundamental de modelo de comportamento moral que nos propõe o ensino dos Espíritos.
Isto é muito claro ao lermos a pergunta 625 de O Livro dos Espíritos, que pedimos leiam com a melhor atenção, bem como o comentário de Allan Kardec que se lhe segue.
Sendo Jesus de Nazaré modelo de todos os seres humanos, é impossível conceber Jesus como entidade constituído de forma artificialmente diferente de qualquer um de nós, seus irmãos, também muito legitimamente honrados pela categoria inalienável de filhos de Deus.
“Cristo”, por seu turno, é um nome que deriva da palavra grega “christos”, que no contexto do cristianismo primitivo de influência greco-judaica inseria Jesus no elenco do messianismo judaico, que quer dizer exatamente “o messias”, “o enviado”, “o ungido”.
S. Paulo, que nunca conheceu pessoalmente Jesus, deu um primeiro passo nessa direção, quando criou “O Cristo da fé” que se afastava muito do Jesus histórico, cuja vida e mensagem lhe não interessavam, uma vez que centrava toda a sua doutrina na “morte e ressurreição” de Jesus.
Quando o cristianismo começou a helenizar-se e a expandir-se entre os gentios (os não judeus), o título de Cristo passou a ser uma espécie de sobrenome.
Depois do colapso do poder dos Césares de Roma, esvaziados da prerrogativa da sua divinização que lhes era conferida pelo paganismo, tiveram que lançar mão da popularidade crescente e progressiva do cristianismo.
Este tinha avançado de forma imparável, impulsionado pelos ensinamentos de Jesus de Nazaré, em coerência com as antigas sabedorias e com a vanguarda científico filosófica das escolas de pensamento Grego, nomeadamente Pitágoras, Sócrates e Platão (Ver capítulo III da Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo).
O Império romano, aliado ao poder de alguns altos dignitários do cristianismo nascente, apoderou-se do cristianismo para impor a universalidade da sua influência política e estratégica.
Cristo foi-se tornando uma expressão corrente, enquanto o Jesus ressuscitado recebia o sobrenome de “senhor” ou “kyrios”, fórmula que encaixa adequadamente nas determinações políticas que foram assumidas no Concílio de Niceia, no ano de 325, pelo Imperador Constantino, o grande, para obedecer exclusivamente a interesses de predomínio político e estratégico.
Allan Kardec usou indistintamente as palavras Jesus, Cristo, e até Jesus Cristo com o mesmo significado. Porém, quer na ordem das ideias de carácter doutrinário, quer na ordem da consideração histórica da pessoa de Jesus, cento e cinquenta anos depois da elaboração de O Livro dos Espíritos, entendemos que é forçoso fazer opções quanto à utilização desta diversidade de nomes, que pode carregar consigo o peso de graves contradições. A nossa decisão não é apenas linguística nem apenas doutrinária: respeita e faz a devida utilização da memória dos povos, leva em conta as trágicas consequências de mais de 1.700 anos de dogmatismos impiedosamente intolerantes e sangrentos.
Reforçando ideias, repetimos as esclarecidas palavras de Kardec (ver comentário pergunta nº 625 desta obra): “…Se alguns dos que pretenderam instruir os seres humanos na lei de Deus algumas vezes os desviaram para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como leis divinas o que eram apenas leis humanas, criadas para servir as paixões e dominar os homens.”jose (04/12/2021 13:23:30)

José da Costa Brites/Maria da Conceição Brites/
https://palavraluz.com/

Questionner l’existence

Cercle Spirite Allan Kardec

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Questionner l’existence


Éclairant les grandes questions existentielles de l’être humain sur l’origine et le sens de la vie, le spiritisme répond à l’essence même du message humaniste et propose une formule de partage, de liberté, et d’émancipation pour tous les êtres humains, tous les peuples sans distinction.

Champ inépuisable de réflexion, la philosophie spirite découle de la manifestation des esprits et apporte des réponses aux questions existentielles du sens de la vie, de son origine et de la place de l’être humain dans la société.

Le spiritisme résulte de l’enseignement de milliers de communications avec des personnes décédées appelées esprits. Domaine d’expérimentation depuis les années 1850, il est basé sur l’observation et l’analyse des manifestations produites par ces esprits, par l’intermédiaire de personnes ayant une sensibilité particulière appelées médiums.

Le souhait universel des esprits est que chaque être humain évolue intellectuellement, moralement et spirituellement tout en participant à la transformation progressive de l’humanité.

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« Ne souffrant d’aucune sorte de dogme ni de rite initiatique, le spiritisme s’adresse à tous les Hommes avides de connaissance et d’émancipation morale et intellectuelle »

Extrait de message spirite d’Allan Kardec (Mars 1985)

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Décrypter des phénomènes inexpliqués Le spiritisme se définit comme une science d’observation, s’intéressant aux phénomènes inexpliqués et délaissés par la science matérialiste, dans une réelle démarche d’analyse à caractère scientifique.Démystifiant les mécanismes de la vie et de la mort, de l’existence de l’esprit et de sa destinée, des interactions entre le monde des morts et le monde des vivants, le spiritisme traite de la nature, de l’origine, et de la destinée des esprits, ainsi que leurs rapports avec le monde matériel.Du milieu du 19e siècle jusqu’aux années 30, de nombreux scientifiques ont étudié minutieusement les phénomènes spirites, apportant les preuves de l’existence de l’esprit au-delà de la matière par multiples expériences, sous couvert de protocoles expérimentaux rigoureux.La somme de tous ces enseignements a permis d’approfondir les lois spirites quant aux facultés psychiques et phénomènes médiumniques, apportant un éclairage inédit sur la capacité des esprits, l’impact de la force pensée, et les possibles contacts avec les esprits désincarnés.
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Un changement d’état Que deviennent les décédés une fois que le voile de la mort a éteint le dynamisme de la vie ? Où sont passés nos proches et ceux que nous avons tant aimés ?Celles et ceux que nous avons aimés, à qui nous continuons de penser, peuvent nous entendre, nous comprendre, nous suivre, et parfois peuvent sans doute nous faire des signes. Peu importe la manière qui dépend surtout des circonstances et leur latitude à se manifester, c’est leur façon à eux de nous interpeller.Beaucoup quittent leur corps et passent le tunnel de lumière, rejoignant cet au-delà à la rencontre de leurs amours passées ou présents. Ils continuent d’apprendre dans leur nouvel état afin poursuivre leur chemin d’évolution. Ils peuvent alors avoir envie de dire ce qu’ils pensent et ce qu’ils découvrent, manifestant leur enthousiasme à affirmer leur survivance et que tout continue malgré l’absence et la séparation physique.
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Percevoir au-delà

La médiumnité est une sensibilité exacerbée qui permet à certaines personnes appelées médiums d’être réceptifs aux manifestations des esprits et d’en être les intermédiaires

A partir des enseignements du spiritisme et selon l’expérience acquise au sein de notre structure, nous distinguons trois grandes catégories essentielles en médiumnité permettant un effet intelligent : les médiumnités intuitives ou semi-automatiques, les médiumnités par automatismes, et les médiumnités faisant intervenir un phénomène de transe.

Aucune échelle de valeurs n’est établie entre toutes ces formes de médiumnité, car tout mode de communication, s’il est correctement développé et pratiqué, permet aux esprits de s’exprimer et d’apporter des informations dans la richesse et la complémentarité entre ces différentes facultés.

La diversité des médiumnités est alors un avantage, permettant aux esprits d’utiliser tous les modes possibles de l’expression humaine, tels la parole et le geste, l’écriture, le dessin, la peinture, la sculpture, la musique.

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Renaître encore Parmi les principes fondamentaux de la pensée spirite, la réincarnation correspond à l’addition d’expériences de vie différentes et nécessaires au développement de la morale et de l’intellect de chaque individu.La réincarnation répond à une évolution positive de l’esprit. Au fil de nos vies successives sur de multiples mondes habités d’évolutions différentes, l’âme se transforme alors progressivement et évolue en connaissance et en moralité. Chaque vie est une nouvelle expérience qui nous met au contact de nos semblables, celles et ceux que nous avons connus antérieurement ou non.Chaque vie est ainsi l’apprentissage de choses nouvelles, faite de réalisations différentes à atteindre, confrontant l’être à de multiples expériences dans le contexte d’une société, d’une culture, ou d’une civilisation.
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« Naître, mourir, renaître encore, et progresser sans cesse, telle est la loi. »

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Allan Kardec

Un mouvement structuré

Notre cercle s’inscrit dans la continuité évolutive du mouvement spirite, fondé par Allan Kardec en 1858, et poursuit les expériences de communications avec les esprits, assurant le renouveau d’un propos actualisé à la lumière des esprits.

L’histoire du Cercle Spirite Allan Kardec débute en 1974. Il est un organisme à but non lucratif (loi 1901) représenté aujourd’hui à Nancy, Paris, Besançon, Belfort, Montpellier-Béziers, Toulouse, et Lyon.

Disposant d’une structure appropriée et expérimentée, la mission principale de l’association est de promouvoir la diffusion de la pensée spirite au travers de livres, d’une revue trimestrielle “Le Journal Spirite”, d’événements proposés au public (conférences, forums, expositions, etc). Les membres adhérents sont des bénévoles issus de tout milieu, ayant le désir d’apprendre, d’étendre leurs connaissances, de participer à ce renouveau spirite, et de répondre par un engagement sincère et volontaire aux buts que s’est fixée l’association.

ARTIGO VISTO EM: https://www.spiritisme.com/spiritisme

A REVOLUÇÃO ESPÍRITA – Teoria esquecida de Allan Kardec

AS INVESTIGAÇÕES DE PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

Um passo em frente na caracterização filosófica da ideia espírita

De Immanuel Kant se disse que, depois dele, nada seria como dantes no pensamento ocidental. Depois de assimilado o avanço conceptual proposto por Paulo Henrique de Figueiredo, nada será igual no espiritismo em português.


RECEBI, OPORTUNAMENTE,  DE UM JOVEM BOM AMIGO BRASILEIRO O FAVOR DA REMESSA DE DOIS LIVROS IMPORTANTÍSSIMOS PARA O PRESENTE E PARA O FUTURO DO ENSINO DOS ESPÍRITOS, TAL COMO NOS FOI LEGADO POR ALLAN KARDEC.
SÃO
OBRAS ESSENCIAIS, RESULTANTES DE MUITOS ANOS DE PESQUISAS DE PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO, PARA QUE DESPERTE E SE RENOVE UMA CULTURA QUE MUITOS INSISTEM EM  ANESTESIAR, DETURPAR OU DEMOLIR:

REVOLUÇÃO ESPÍRITA – A teoria esquecida de ALLAN KARDEC
MESMER – A ciência negada do magnetismo animal

O essencial desta notícia é a oferta aos visitantes de uma introdução às ideias de PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO, de que tomei conhecimento pela generosidade comunicativa das suas palestras e da sua página pessoal.

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AO FUNDO está incluído para descarga um ficheiro PDF da transcrição livre de uma dessas palestras de 17 de Setembro de 2016.
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Reparei depois que o texto da mensagem de agradecimento que mandara ao meu jovem amigo brasileiro, com o entusiasmo com que a escrevi, pode servir como abertura para esse tema:

Caríssimo amigo “J”

“…Deves estar lembrado do Pdf que te enviei a respeito das ideias e da investigação de Paulo Henrique de Figueiredo…”
A propósito disso, tenho estado a assentar ideias a respeito de Immanuel Kant e de todos os antecedentes culturais que poderão fundamentar a lógica histórico-filosófica do aparecimento do ensino dos Espíritos, tal como nos foram transmitidos pela notabilíssima  obra de Allan Kardec.
Esse processo implica a visão abrangente e coordenada da História da Humanidade e da marcha do pensamento filosófico, tarefa a que PHF tem vindo a dedicar a sua melhor atenção, já há dezenas de anos, e que preenche uma lacuna antiga do estudo e da apreciação do conhecimento espírita em português.
Faço esta compartimentação linguística da grande cultura, porque os franceses, que foram os seus legítimos percursores – quer na teoria, quer na prática – deram-se ao luxo de a deixar um pouco ao Deus dará e não a integraram de forma consequente na vasto seio da cultura europeia.
A essa tarefa meteu ombros este brasileiro universalista iluminado por uma formidável lucidez cultural, que veio buscar ao velho continente – provando largamente a abundância de dados e conceitos entretanto negligenciados – a panaceia adequada para um sem número de sincretismos já dramaticamente enraízados na versão tropical do legado de Allan Kardec.
Levará tempo a clarear essa mescla de impulsos desencontrados, conforme também esclarece Paulo Henrique de Figueiredo. Felizmente que a clarividência emancipadora do ensino dos Espíritos não nos foi comunicada por palavras limitadas do quotidiano confuso do suor e das lágrimas de quem caminha lenta, mas persistentemente, para a Luz. Foi-nos comunicada pelo pensamento enorme de quem contempla o mundo de alto e de largo.

Por isso também nós traduzimos “O Livro dos Espíritos” para a língua portuguesa dos dias de hoje, para novas gerações de leitores, alheios à estratificação do pensamento formalista. O que está nas páginas daquele livro não são as palavras petrificadas de um século passado. São ideias luminosas e esclarecidas que dia a dia se renovam, assim haja a lucidez para entender a cada instante a libertadora mensagem dos Espíritos.

Sendo o ensino dos Espíritos uma culminância da modernidade é evidente que os pontos mais elevados e sensíveis da marcha das ideias filosóficas e do desenvolvimento dos factos históricos, têm obrigatoriamente de ter uma correspondência activa e consequente com o seu aparecimento.

Kant não hesitou em definir a sua filosofia como uma “revolução copernicana” na história do pensamento, pois a sua obra significava uma revolução equivalente à que representara o heliocentrismo de Copérnico para a ciência.
Kant foi, indiscutivelmente, o fundador da filosofia moderna: com a sua obra completa-se essa viragem rumo à subjectividade, timidamente iniciada por Descartes e radicalizada por David Hume, que caracterizou toda a filosofia até aos nossos dias.
Após as suas famosas três Críticas (Crítica da Razão Pura, 1781; Crítica da Razão Prática, 1788 e Crítica do Juízo (ou da Faculdade de Julgar), 1790) nada voltaria a ser como dantes.

 A importância fantástica que tem a obra de Paulo Henrique de Figueiredo é ser o avanço mais consequente e organizado que eu conheço no estabelecimento e solidificação dessa correspondência activa!…
A virtude conceptual e ideológica que tem esse avanço é constituir uma ultrapassagem, uma superação, de um conjunto de debates mesquinhos e infindáveis, que estorvam a compreensão das qualidades essenciais do espiritismo, mesmo para alguns que – de certa forma – se julgam adeptos certificados.
PHF, para além de lançar um desafio sem precedentes aos interessados activos na proposta espírita, tal como foi delineada por ALLAN KARDEC, identifica vários aspectos em que tem sido omissa a compreensão dos antecedentes  que possibilitaram a sua eclosão e de várias contingências do seu devir histórico.
Relativamente ao seu próprio país, a redescoberta e elucidação de estudiosos fundadores como Manuel José de Araújo Porto-Alegre, Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias, desmistifica mitos pseudo-inauguradores de um movimento irremediavelmente marcado por cismas fracturantes e sincretismos incompatíveis com o espiritismo como impulso intelectual emancipador e universalista com profundas raízes intelectuais.
Há sectores, ditos “progressistas”, do espiritismo, que ainda não chegaram às ideias de Immanuel Kant, resumidamente, porque ainda não perceberam a natureza de uma ideologia e de um exercício programático caracterizado pelo sentido da AUTONOMIA, pela ideia da EVOLUÇÃO, e pela CONSCIÊNCIA como residência originária da orientação MORAL, ou seja – ainda não chegaram ao ponto zero da “revolução copernicana” de Kant!…
Estou a ler um livro muito inspirado e envolvente, que é da autoria de Joan Solé, um jovem catalão para aí da tua idade, excepcionalmente bem escrito, que oferece numa bandeja de analogias multi culturais (até artísticas…) o perfil das ideias de Kant, e que se chama exactamente ” A revolução copernicana na filosofia”:

Nota: Esse livro faz parte de uma colecção de 40 obras a respeito dos principais filósofos e da marcha das ideias filosóficas; foi editada em Portugal, por um semanário, sob o título “Descobrir a Filosofia”. Deve ter sido editada no Brasil, pela certa.
Se leres bem em Espanhol (a língua castelhana, atenção…) posso-te mandar 30 pdf’s de 30 dessas obras. Para quem quiser completar ideias a respeito da Filosofia, ou inaugurá-las, é um apetitoso convite à leitura.

O projecto da colecção foi dirigido por Manuel Cruz, catedrático de Filosofia na Universidade de Barcelona, com a colaboração de muito conceituados especialistas!…
O Paulo Henrique de Figueiredo tem sido muito simpático e já pré-anunciou a sua autorização para publicar o Pdf com a transcrição  da apresentação do livro: Revolução Espírita – A Teoria Esquecida de Allan Kardec

Aqui fica o link para a notícia que diz respeito à obra. O site – do próprio autor – tem uma variedade de artigos a não perder. Como requinte técnico que é raro, cada artigo é antecedido da indicação do número de minutos que leva a ler!…

Felicidades e os melhores votos de saúde

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PDF com a transcrição livre, de minha inteira responsabilidade, da palestra devidamente identificada de PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO:

REVOLUÇÃO ESPÍRITA – A teoria esquecida de ALLAN KARDEC.

 

Revolução Espírita, de Paulo Henrique de Figueiredo

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Este trabalho, feito no interesse de pesquisa de dois portugueses, seguidores e divulgadores da mensagem de Paulo Henrique de Figueiredo, apresenta a leitura integral e cuidadosa, com facilidade de pesquisa e inter-relação de conteúdos, de todos os artigos publicados entre 12/Jun/2016 e 28/Set/2017, por Paulo Henrique de Figueiredo na sua página pessoal.
Está publicado num ficheiro PDF, ao fundo deste artigo.>

A REVOLUÇÃO ESPÍRITA é o título de um livro que recebemos do Brasil, que começámos a ler com entusiasmo no momento em que nos demos conta da importância da sua mensagem, das reflexões e das propostas construtivas que consigo transporta.
Como é sabido de muitos e muitos milhares de referências Históricas, a REVOLUÇÃO FRANCESA, assim escrita, com maiúsculas, representa – com as inerências dolorosas de todos os grandes dramas da História da Humanidade, e estamos a pensar, nada mais nada menos que no sacrifício do cidadão Jesus de Nazaré – um ponto absolutamente essencial na viragem dos tempos, das atitudes e das conceções das sociedades organizadas, pelo menos no hemisfério que habitamos.
A REVOLUÇÃO ESPÍRITA de Paulo Henrique de Figueiredo, evidencia à partida o lúcido reconhecimento das realidades que estiveram na base do maior levantamento político-social e ideológico que sacudiu a Europa, ao fim de muitos séculos de abominável dogmatismo, intolerância, desigualdades e inenarráveis violências institucionais, quase sempre “sacralizadas”.

A REVOLUÇÃO ESPÍRITA que Paulo Henrique de Figueiredo nos apresenta possui, porém, potencial transformador muito mais vasto, pode dizer-se, universal, porque reside na consciência; procede pelo raciocínio, pelo sentido de liberdade e pelo mais absoluto respeito pela paz e pela elevação moral.

Intelectualmente pode abarcar a antiguidade e a seriedade das mesmas razões que fundamentaram a Revolução Francesa. Surgem deste modo, aglutinando muitas outras, as referências ao pensamento inspirador de Jean-Jacques Rousseau e ao seu desenvolvimento filosófico levado a cabo por Immanuel Kant.
Segue-se, no encadeado complexo de muitas razões e acontecimentos (entre elas o avanço científico proposto por Franz Anton Mesmer) a tarefa de metodização efetuada por Allan Kardec de conhecimentos excecionais, embora radicados na antiguidade do Homem, e que o relacionam com a transcendência, a sua origem e o seu destino.
Uma Revolução faz pensar na outra. Não são iguais nem parecidas, nem nas suas motivações fundamentais, nem nos processos utilizados e muito menos nos objetivos alcançáveis.
Uma faz pensar na outra porque ambas permanecem dificílimas de concretizar, e porque oferecem a perspetiva de mudanças radicais. Mas a Revolução Espírita, no âmbito e na projeção dos seus objetivos é muitíssimo mais vasta, profunda e intemporal.
O desenvolvimento da sociedade humana é de uma complexidade trágica. Mas é o único caminho inevitável e indispensável, porque vai ordenando lentamente as vontades e as atitudes individuais e coletivas em direção ao grande e necessário Progresso.
Haja a coragem para estudá-las a ambas, na íntegra seriedade das suas causas e consequências.

Quanto à que chamaremos nossa, a REVOLUÇÃO ESPÍRITA, a ser conduzida em PAZ, progresso intelectual e elevação moral será certamente – neste Terceiro Milénio – a grande – a SUPERIOR transformação de toda a HUMANIDADE!…

Para ter acesso ao ficheiro PDF com a totalidade dos artigos acima referida,
é favor clicar neste “link”:

REVOLUÇÃO ESPÍRITA, de Paulo Henrique de Figueiredo

“AS PALAVRAS TÊM ALMA” apontamentos tradução OLE

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para ter acesso ao “Caderno”, é favor clicar sobre a imagem

NOTA: esta artigo foi publicado inicialmente como complemento da nossa tradução de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, no ano de 2017.

“LIVRO DOS ESPÍRITOS”, obra VIVA, obra ABERTA

Um livro é um objeto fabricado algures por alguém que vale pelo que nos conta, pelas informações que nos dá, pelos sentimentos e convicções morais que nos transmite. O Livro dos Espíritos tem várias dessas qualidades, vertidas num formato que tem a grande vantagem da dignidade intelectual e a difícil superioridade da solidez moral.

Um livro assim não deve ficar apenas confiado à justificada veneração pelo seu autor, ou pela suposta intimidade com a transcendência – da qual todos somos filosoficamente equidistantes.

Um livro como este – amadurecidamente antigo ou palpitantemente moderno – deve ser, antes de tudo, uma porta aberta à vontade de torná-lo entendido até à fronteira limite do que nos diz.

Depois de termos dado esse passo, sentimos como um dever ajudar mais pessoas a encontrar essa porta, a abri-la e entrar por ela. Dar vida a um gesto participativo, comunicar o pensamento, o abraço aberto à fraternidade, à verdade e à justiça.

As pessoas que têm um conhecimento razoável dos textos e da palavra de Allan Kardec conhecem bem as definições que deu do ensinamento dos Espíritos, nomeadamente no pequeno livro de apresentação, “O que é o Espiritismo”:

“O Espiritismo é simultaneamente uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, abrange todas as consequências morais que derivam dessas relações.

Pode definir-se da seguinte forma:

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.”

É praticamente impossível redigir uma outra definição da ideia que seja tão organizada, sucinta e completa como esta. Quanto à definição do espiritismo e dos efeitos inspiradores que produz em nós a obra que realizou, embora admirando aquela que transcrevemos acima, podemos optar por uma fórmula mais próxima da realidade vital imediata:

Quando planeamos uma viagem a um país distante necessitamos de um bem elaborado guia de viagem, que nos diga o que nos espera e que nos ensine a movimentarmo-nos.

Se comprarmos um aparelho complicado no seu funcionamento – um computador, por exemplo – precisamos de um bom livro de instruções ou, de preferência, de um curso avançado de informática.

Simplificando muito, “O Livro dos Espíritos” é, para nós, um esplêndido guia de viagem para toda a aventura da vida, para que saibamos qual a sua razão de ser, as suas determinações originais e os seus objetivos finais, isto é: tudo o que se segue na continuação da “viagem”.

Como livro de instruções e orientação pessoal, familiar, social e espiritual, “O Livro dos Espíritos” é o patamar essencial de um curso avançado a respeito de nós mesmos, da realidade que nos cerca e da transcendência que nos determina.

A proposta ousada de fazer deste Livro uma obra VIVA e ABERTA sempre terá – como teve no passado – a mais séria razão de ser.

Este “Caderno de apontamentos da tradução de O Livro dos Espíritos” descreve a forma como entrámos no Livro como se fosse coisa nossa, com consciência do valor das palavras que usamos todos os dias, pensando nos homens de génio e sensibilidade que construíram a nossa língua, instrumento da fala de quase trezentos milhões de pessoas espalhadas por todo o mundo.

Obedecemos com isso ao imperativo de fazer de “O Livro dos Espíritos” uma obra VIVA e ABERTA

José da Costa Brites e Maria da Conceição Brites
Braga, Portugal –  22 de Abril de 2017

Apontamentos da tradução de O Livro dos Espíritos para português de Portugal

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“O Céu e o Inferno” de Allan Kardec, tradução em português de Portugal

   

Tendo começado há algum tempo a tradução para a língua portuguesa de Portugal dos nossos dias, das cinco obras principais da cultura espírita da autoria de Allan Kardec, apresentamos agora a versão digital de “Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo”.
Não sendo membros de nenhuma organização espírita, temos divulgado nesta página todas as nossas traduções de Allan Kardec a que demos o carácter de iniciativa sem objectivos materiais.
As centenas de obras que já foram descarregadas em diversas plataformas importantes por todo o mundo, nada custaram aos interessados, e enchem-nos de satisfação.


A ADULTERAÇÃO DAS DUAS ÚLTIMAS OBRAS DE ALLAN KARDEC, APÓS A SUA MORTE

Este fenómeno é dificílimo de compreender, agora como no tempo em que ocorreu, sem levarmos em conta o muito escasso interesse que o espiritismo suscitou, sobretudo em França, ao longo de tempos muitíssimo conturbados por conflitos imensos de toda a ordem.
O espiritismo é, no país em que nasceu, uma minoria sem categoria estatística, e o grande interesse que merece o espiritualismo científico quer na Europa quer noutros continentes, é algo que só minorias muito isoladas associam a Allan Kardec.
As piores consequências dessas adulterações, tiveram os seus efeitos no Brasil, onde a percentagem de pessoas interessadas naquilo que se chama ali “o espiritismo”, e que tem variadíssimas facetas, chegou a alcançar uma expressão estatística como em nenhuma outra parte do mundo.
A precedência histórica e social nesse vastíssimo país, era marcada pela poderosa influência do catolicismo, o que facilitou, quase naturalmente, a insinuação da trágica deformação do “roustainguismo”, inventada em França, como o próprio espiritismo, mas que naquele país não teve os mesmos efeitos e projecções que no Brasil.
Se um bom número de franceses tivesse tomado a devida nota do conteúdo e do significado das autênticas obras espíritas, as falsificações que ocorreram logo após a morte do seu autor, não teriam a mínima hipótese, porque teriam defendido – como era justo – uma grande obra universalista, que seguirá em frente, ajudada pelos bons Espíritos, com grande esperança e fervor da nossa parte.
Os próprios contemporâneos franceses que sobreviveram a Allan Kardec e que tinham o conhecimento exacto do conteúdo dos seus livros, alguns houve que deram conta das movimentações dos péssimos sucessores herdeiros de Kardec e, tendo tomados posições claras, não conseguiram fazer-se ouvir nem impor as suas razões.
A instabilidade geral da França em termos político-estratégicos e sócio-económicos, nessa época, teve efeitos avassaladores e o espiritismo, praticamente, foi esquecido.
O roustainguismo e a teosofia, entre várias outras formas de adulteração do espiritualismo, tiveram a sua vida facilitada e foram ostensivamente divulgadas na revista que sucedeu àquela que Kardec tinha fundado. Não tiveram uma propagação notável, mas ajudaram muitíssimo a desprestigiar o verdadeiro espiritismo.

OS TRABALHADORES HUMILDES – OS MAIS DEVOTADOS SEGUIDORES DO ESPIRITISMO

 Em França, a classe que principalmente apoiava e tinha interesse no espiritismo era a dos trabalhadores humildes dos principais sectores da economia. Conflitos tremendos e confrontações sangrentas a nível nacional e internacional transtornaram de tal forma toda a sociedade – e sobretudo as classes trabalhadoras – que não foi possível evitar o pior que, neste caso também foi essencialmente prejudicial para a cultura espírita em todo o mundo.
Um século e meio depois, com a disponibilidade evidente de originais franceses das obras autênticas de Kardec em certas bibliotecas públicas e particulares, se o espiritismo fosse matéria devidamente estudada na Europa, o nome de Allan Kardec não seria tão escandalosamente ausente em quase todas as obras que falam no espiritualismo nas suas várias facetas, que hoje se afirmam das mais diversas maneiras em várias sociedades.
Dedicamo-nos há vinte anos à investigação de tais matérias e temos originais franceses não adulterados, que foram aqueles pelos quais fizemos as nossas traduções.
Para dispor deles não tivemos que sair de casa. Quem faz as buscas na internet em mais do que uma língua, pode consegui-los sem dotes milagrosos, basta ter interesse e saber escolher.
Sempre encarámos o Espiritismo com maiúscula, como ele é para nós, e sempre tivemos o roustainguismo, com seus sucedâneos e afins, como incompreensíveis aberrações.
Já publicámos a tradução em português de Portugal de “A Génese” expurgada dessas adulterações, publicando agora a tradução de “O Céu e o Inferno”, igualmente fiel à às palavras de Allan Kardec.
Chamamos a atenção para um estudo exaustivo de todas as modificações introduzidas pelas adulterações em “A Génese”:

É favor ver: https://palavraluz.com/2021/01/13/compgeneseporponto/

É evidente que tentaremos publicar simultaneamente com esta tradução um trabalho semelhante aplicado ao texto de “O Céu e o Inferno”.
Um prefácio que esclarecesse todos os factos desta área de problemas, teria a dimensão de uma obra extensíssima, que não só referisse a sua origem histórica, como as gravíssimas consequências prejudiciais a uma cultura importantíssima que se viu desfigurada de alto a baixo, durante mais de século e meio após o seu início.
Isto deu-se pelas movimentações originadas no Brasil, da parte de entidades federadas, que conseguiram poderes invulgares de intervenção e vantagens materiais que têm tido reflexos em diversos outros países, atendendo à vitalidade comunicativa dos brasileiros.

A NOSSA TRADUÇÃO DE “O CÉU E O INFERNO”

Esta tradução da última das grandes cinco obras de Allan Kardec, foi feita, em princípio, para nossa própria utilidade de aprendizes de uma sabedoria que achamos fundamental para o entendimento e construção das vidas da actualidade e de todas as outras que se seguem.
Não temos como objectivo criar uma escola, ou formar uma tendência. As nossas traduções foram feitas como leitura aprofundada dos originais para nossa própria conveniência, largamente acompanhados pela leitura atenta da Revista Espírita, também publicada por Allan Kardec.
Temos seguido o princípio de redigir prefácios que revelam a visão que temos de cada uma dessas magníficas obras, ao mesmo tempo que procuramos tomar conhecimento do desenvolvimento de ideias convergentes com esta, de base científica.
A reincarnação, as memórias de outras vidas e até a própria semelhança fisiológica e os sinais corporais de fenómenos ocorridos em vidas anteriores, têm sido investigadas a nível académico-científico em vários países muito desenvolvidos, bem como muitos outros fenómenos cuja naturalidade não poderia escapar a uma imensidade de observadores, durante muitos séculos. Basta procurar ler o que existe a este respeito em várias das línguas mais conhecidas no mundo, na imensíssima área de pesquisa que é a Internet. 

A CHAMADA “REVOLUÇÃO ESPÍRITA”

Apareceu recentemente no Brasil um movimento esclarecedor das gravíssimas adulterações das duas últimas obras de Allan Kardec, logo depois do seu falecimento, “A Génese” e “O Céu e o Inferno”.
Temos seguido todo esse fenómeno, embora para nós – que temos investigado sempre por fontes legítimas pesquisadas em arquivos franceses – não constituiu de forma nenhuma novidade.
Podíamo-nos ter enganado, é evidente, e até nem vale a pena acrescentar razões. As recentes investigações de SIMONI PRIVATO GOIDANICH e de LUCAS SAMPAIO, feitas nos arquivos franceses vieram consagrar as escolhas que fizéramos antes, confirmando a felicidade óbvia das nossas pesquisas de exemplares originais.

A EXTRAORDINÁRIA IMPORTÂNCIA DA OBRA DE PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

A mais importante série de obras que tem vindo, na nossa opinião, a transformar positivamente a visão do espiritualismo racional no Brasil deve-se a Paulo Henrique de Figueiredo.
Recorrendo a um processo naturalíssimo de referenciação histórico-cultural, PHF remete o início da odisseia do espiritualismo racional para muito mais atrás de Allan Kardec, recuperando com especial incidência a figura de Franz Anton Mesmer e o prodigioso trabalho que fez a respeito do magnetismo animal, referido claramente por Allan Kardec na primeira de todas as suas Revistas Espíritas, tal como PHF nos informa com toda a justificação, no início do Capítulo VIII da sua obra “Mesmer, a ciência negada do magnetismo. animal”, ao aludir às “Ciências solidárias”.

Nessa obra, como noutras, PHF recheia páginas e páginas de uma magnífica sequência de citações à cultura desse tempo, que não esquece, antes valoriza, a imensa antiguidade do profundo relacionamento que a Humanidade sempre desenvolveu com o Mundo dos Espíritos.

A sua passagem à obra “REVOLUÇÃO ESPÍRITA – A teoria esquecida de Allan Kardec” é uma tentativa apaixonada para preencher esse esquecimento, enriquecendo a perspectiva habitualmente traçada em vôo de pássaro por sobre acontecimentos arriscadamente simplificados da história “habitual” do espiritismo. Como nós temos tentado mostrar, há imensidade de exemplos, desde os tempos mais remotos da Antiguidade ao progresso evidente de todas as ciências e da evolução do pensamento nos últimos séculos, que revelam o Espírito como cenário principal da vida profunda e da evolução sem fim.

Nesse grande Teatro de ideias sempre disponível para os Espíritos abertos, como seria possível prestar atenção, um instante que fosse, à perspectiva cruel dos dogmatismos absurdos?

Como poderia acreditar-se num Deus que criasse Céus para espíritos de cores imóveis e luz fluorescente, e Infernos povoados de criaturas abandonadas para todo o sempre, devoradas pela solidão da dor e do medo?

SIMÓNI PRIVATO GOIDANICH e LUCAS SAMPAIO

Um dos livros mais importantes publicados no Brasil a respeito do espiritismo, foi “O LEGADO DE ALLAN KARDEC”, resultante das investigações feitas por Simoni Privato Goidanich nos arquivos franceses a respeito das adulterações feitas em França dos dois últimos livros daquele autor. Na mesma linha foram feitas investigações, também em França, por Lucas Sampaio que, juntamente com Paulo Henrique Figueiredo publicaram um texto chave para todas estas questões, com a obra “Nem Céu nem Inferno”.

A NATUREZA DE TODOS OS SERES, A SUA ORIGEM E O SEU DESTINO

Julgamos que este título refere tópicos culturais e filosófico-científicos, que são do maior valor para toda a gente. Entendemos que o nosso prefácio já vai longo e não podemos dizer tudo.
Por isso desejamos as maiores felicidades a todos, recomendando, como pessoas de mais idade que a grande maioria dos leitores – disso não temos dúvidas – que façam o favor de usar algum do vosso precioso tempo livre para ler pelo menos, as nossas traduções dos livros de Allan Kardec.
Vai ser tempo ganho, podem crer. E contribuirá para a felicidade e o bem-estar presente e futuro de todos os que o fizerem.

Maria da Conceição Brites e José da Costa Brites

 Este trabalho não é de uma empresa editora.
É de dois cidadãos portugueses que leram Allan Kardec com a máxima atenção da primeira à última linha.

 

“A Génese” de Allan Kardec, tradução para português de Portugal

O ESPIRITISMO, REENCONTRO E CLARIFICAÇÃO

O Espiritismo encontra-se num momento extraordinário de reencontro e de clarificação de erros fundamentais que o mantiveram na penumbra dos mais graves equívocos, desde o momento em que faleceu o seu fundador, Allan Kardec.

É essencial que os leitores de “A Génese”, e também de “O Céu e o Inferno”, cuja tradução inteiramente fiel aos originais legítimos também já fizemos, tomem conhecimento das falsificações deliberadas que foram feitas nestas duas obras, logo após o falecimento do seu autor, e que depois se tornaram especialmente nefastas em todas as áreas de língua portuguesa e sul americana.

Versões falsificadas têm sido publicadas durante todo o tempo até hoje, com um conteúdo que não é diferente das obras originais em pormenores aparentemente casuais: é o conteúdo dessas obras especializadamente adulterado.

O ESCLARECIMENTO FUNDAMENTAL DE QUEM INVESTIGOU

Para ilustrar convenientemente estes temas recorremos, como finalização desta abertura, a dois textos muito importantes e recentes da autoria do conhecidíssimo investigador espírita Paulo Henrique de Figueiredo e da sua compatriota, igualmente investigadora e ativa divulgadora do espiritismo: Simoni Privato Goidanich.
Têm o intuito de revelar acontecimentos que tiveram lugar em França, logo após o falecimento de Allan Kardec, e que viriam a ter consequências muitíssimo graves para o teor e desenvolvimento do espiritismo.
Esclarecemos que a tradução que fizemos deste livro, seguiu os verdadeiros originais da autoria de Allan Kardec, expurgando todas as modificações muito especializadas que transformam radicalmente a sua verdadeira mensagem. Um prefácio que explicasse toda esta complexa ordem de razões, além de certos aspectos dos nossos próprios pontos de vista seria impossível, porque os temas são vastos.
Nestas nossas páginas da internet publicaremos em breve bibliografias base a respeito destes temas, de obras para descarga livre.

Temos dedicado os últimos anos da nossa vida a ler e a traduzir Kardec, tarefa que se nos afigura fundamental para nossa própria conveniência intelectual e moral.
Felizmente que o espiritismo é uma cultura para ser assimilada pelo indivíduo, de acordo com a liberdade que a sua intuição lhe permite alcançar. A autonomia da vontade e do raciocínio confere a independência necessária para ir adiante, adotando as melhores ideias e o nível da evolução espiritual de cada um.
Embora achemos fundamental a comunicação entre as pessoas, na troca de ideias de progresso e evolução, aconselhamos que essa busca seja independente e livre, apelando à razão e ao livre arbítrio.
Esse é, na assimilação de princípios de humanismo progressista, o caminho mais concreto para o entendimento, para a compreensão, numa palavra – PARA A PAZ NO MUNDO.

Não fazemos parte de nenhum grupo espírita nem obedecemos aos princípios de nenhum sector de opiniões. Fazemos a nossa própria investigação, de acordo com as nossas possibilidades e a nossa sensibilidade intelectual.

Maria da Conceição Brites e José da Costa Brites
Lousã/Portugal −  Ano de 2020

 

 

 

NEM CÉU NEM INFERNO

Visões de um mundo novo, sem céu nem inferno 

Não sendo profissionais, lemos Allan Kardec nas suas versões originais, com o intuito de conhecer e divulgar a sua magnífica obra.

Tendo feito o melhor trabalho que nos foi possível, oferecemos aqui a final corrigida de “O Céu e o Inferno”.
Merece descarga para o vosso arquivo e uma leitura completa.

https://pala-vra-luz.com/wp-content/uploads/2021/08/oci-17-02-2022.pdf

Portugal um dos países mais pacíficos do mundo?

Portugal é um país que os estrangeiros que nos visitam ou que para aqui vêm residir consideram pacífico, sereno e em que se pode viver sem a ameaça constante que abunda, infelizmente, por esse mundo fora.
Os portugueses, contudo, são frequentemente surpreendidos por notícias de não nos libertam, de maneira nenhuma, de preocupações pela falta de generosidade, de sentido de convivência e que, numa ordem mais geral, nos colocam longe da perfeição dos bons costumes e das práticas generosamente amigáveis.
O caso lamentável e que nos prova que estamos muito longe da melhor convivência civilizada e amistosa é – entre outros exemplos – o da violência doméstica. Chega a acontecer o caso absurdo dos namorados espancarem as namoradas, mesmo que depois se venham a casar com elas!…

Haverá em Portugal um conhecimento adequado da cultura espírita?

Os centros espíritas em Portugal são núcleos de boas pessoas, com a vontade evidente de se aproximarem de um modelo de vida óptimo, mas que têm sido muito prejudicados pela sua falta de independência face a influências ideológicas predominantemente originárias daquilo que se passa no Brasil.
Não vale a pena pormenorizar, a evidência de tal fenómeno parece-me evidente, mas está a tornar-se insuportável no momento em que no próprio Brasil se têm estado a afirmar, com imensa força moral e intelectual, transformações de ordem históricocultural, verdadeiramente extraordinárias.

O que é que isso tem a ver com a nossa tradução de “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec?….

A nossa compreensão muito fácil do ideia que temos do espiritismo, deriva do verdadeiro começo dos nossos dias, no início dos anos quarenta, devido a uma intuição fora do comum para este tipo de cultura.
Para mais, a cidade de Leiria, onde um de nós vivía, deu-nos o conhecimento bastante aprofundado de tudo que com ele se relaciona. Além disso, o nosso circulo familiar relacionava-se, há mais de cem anos, com o espiritismo.

O decurso das vidas levou-nos para longe e perdemos o contactos com os espíritas, que só retomámos, em pleno, há pouco mais de vinte anos. A nossa juventude e toda a nossa idade adulta foi vivida muito longe do trágico movimento “roustainguista”, tendo-nos parecido os raros contactos com o meio espírita muito estranhos, face à ideia que tínhamos do espiritismo.
Foi então que começámos a ler Allan Kardec, nos livros franceses antigos e autênticos, pesquisados junto de bibliotecas francesas institucionais.

A adulteração dos dois livros finais de Allan Kardec, depois do seu falecimento, em França; a “Génese” e “O Céu e o Inferno”, e o desvio dramático de toda uma cultura, cujo objectivo era a libertação da própria HUMANIDADE.

Neste blogue já inserimos notas informativas mais do que suficientes para esclarecer como se passou todo este fenómeno, nomeadamente através da abordagem do tema do aparecimento do roustainguismo e da recente ideia da Revolução Espírita, levada a cabo pelo autor brasileiro Paulo Henrique de Figueiredo, a recolocação da ideia da Autonomia e do Livre Arbítrio, fortemente relacionadas com as adulterações de “O Céu e o Inferno”, que estão cuidadosamente pesquisadas em artigo aqui publicado


Restabelecer o espiritismo ensinado por Allan Kardec

A nossa luta em defesa do espiritualismo racional
baseia-se no estudo dos antecedentes histórico-culturais que fazem da Humanidade o coração sensível e fundamental da Criação, entendendo os Universos como produto de uma Inteligência Superior impossível de definir no âmbito do nosso entendimento.
A nossa luta pela divulgação do espiritismo
adquire um sentido universalista e totalmente liberto de tutelas dogmáticas, redutoras da AUTONOMIA moral ou autogoverno.
A mensagem de ALLAN KARDEC na edificação da ideologia espírita foi, após o seu falecimento, objecto de modificações abusivas nas suas duas últimas obras, por figuras que desejavam transformá-la numa religião dogmática, destinada a comandar colectivos obedientes a projectos de poder, negócios políticos rentáveis para os seus dirigentes.
O roustainguismo (das teorias criadas pela iniciativa de Jean-Baptiste Roustaing) foi instituído no Brasil pela FEB – Federação Espírita Brasileira, que inscreveu nos seus estatutos a prática que tem levado a cabo durante de mais de um século, de divulgar o ROUSTAINGUISMO e ensiná-no metodicamente a todos os seus associados, em todos os centros espíritas brasileiros
Tendo retirado recentemente essa determinação do artigo nº 2 dos seus estatutos, pelo escândalo que representava, permanece essa determinação por efeito de outro artigo dos mesmos estatutos, conforme nos é explicado pelo investigador espírita SÉRGIO ALEIXO.
VAMOS DAR INÍCIO A UM CONJUNTO DE PUBLICAÇÕES QUE PRETENDEM CLARIFICAR ESSE TIPO DE ANORMALIDADES, GRANDEMENTE PREJUDICIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA VERDADEIRA ALMA DAS IDEIAS ESPÍRITAS, PELO MENOS EM LÍNGUA PORTUGUESA.

 

 

Página 22 deste livro:

“…Pretendemos demonstrar nesta obra que a doutrina dos espíritos defende e fundamenta uma revolucionária moralidade descoberta na era moderna: a autonomia moral ou o autogoverno.
Durante milénios, as religiões tradicionais e seu clero sustentaram a moral como sinónimo de submissão a um deus que castiga e condena por toda a eternidade aqueles que ousam enfrentar as suas ordens, perdoando e deixando todas as recompensas aos obedientes e submissos, quando chegasse o fim do mundo.
Essa é a tese da heteronomia.
Todavia, afirma o espiritismo, a transformação do nosso mundo, superando o predomínio do mal e abrindo nova era para a humanidade, não se dará por uma intervenção divina, mas pela adesão voluntária e consciente de cada ser humano.
A autonomia estará estabelecida quando os indivíduos se reconhecerem livres e responsáveis, agindo de forma solidária seguindo a lei presente na sua consciência e não obedecendo aos outros homens. Essa mudança de paradigma representa aquela modificação na disposição moral capaz de regenerar a Humanidade, como previu Allan Kardec.
Surgida na época em que os dogmas caíam no descrédito, a teoria espirita é moderna, progressista, liberal, adequada para extinguir os equívocos do velho mundo, de tal forma que “não é o Espiritismo que cria a renovação social, é a maturidade da Humanidade que faz dessa renovação uma necessidade.” (RE66, 196).
Assim, a regeneração da humanidade ocorrerá progressivamente, pela consciencialização do homem novo. Deste modo, a vocação revolucionária do espiritismo está nessa mudança de paradigma quanto ao principio moral.
No entanto, o entusiasmo de Kardec não corresponde ao que hoje se divulga como sendo sua doutrina.
Como bem viu o filósofo Herculano Pires, o espiritismo tem sido considerado como uma “seita comum, carregada de superstições.
Muitos vêem-no como uma tentativa de sistematização de crendices populares, onde todos os absurdos podem ser encontrados”, concluindo que, “na verdade os seus próprios adeptos não o conhecem (…).
O espiritismo, nascido ontem, nos meados do século passado, é hoje o grande desconhecido dos que o aprovam e o louvam e dos que o atacam e o criticam” (PIRES, 1979, p. 11). Sejam opositores ou simpatizantes, adeptos ou divulgadores, todos desconhecem o verdadeiro espiritismo.
A teoria revolucionária dos Espíritos está esquecida.
Tendo surgido num cenário histórico e cultural complexo e muito diferente do actual, o pensamento liberal espiritualista do século 19, contemporâneo da doutrina espírita, almejava a real conquista de uma sociedade solidária, livre e igualitária estabelecida pela educação universal.
Pretendia superar em definitivo os preconceitos de raça, género e classes sociais, pela igualdade de oportunidades para todos…

Acaba aqui a página 22 de “REVOLUÇÃO ESPÍRITA” da autoria de Paulo Henrique de Figueiredo.

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